Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 15
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. É possível a
comunicação mediúnica de uma pessoa encarnada?
B. O duelo pode ser
considerado um crime aos olhos do Criador?
C. Que importância
tem a fraternidade, segundo a Doutrina Espírita?
Texto para leitura
157. Em determinada
sessão evocou-se a esposa de Guillaume Remone, que se encontrava encarnada. São
João Batista, o guia da sociedade, esclareceu que naquele momento seu corpo
físico dormia e, por isso, ela poderia vir.
A primeira pergunta feita produziu-lhe, contudo, muita perturbação e ela
mesma pediu, com apoio do guia espiritual, que cessassem as perguntas. São João
explicou que se tratava de uma criança na vida corrente e a fadiga do Espírito
poderia ter uma penosa reação sobre seu corpo. (P. 329)
158. São João
prestou, então, as seguintes informações relativamente ao caso:
I - Remone e a esposa
não se haviam, ainda, perdoado.
II - Se eles se
encontrassem na Terra como encarnados teriam mútua antipatia.
III - A esposa
conservava na atual existência o sexo feminino e estava no momento com onze
anos.
IV - Filha de um rico
negociante, residia nas Antilhas, especificamente, em Havana.
V - Suas provas na
atual existência serão a perda da fortuna, um amor ilegítimo e sem esperança,
acrescido da miséria e de duros trabalhos. (PP. 329 a 331)
159. A fim de
completar o estudo em curso, o grupo resolveu, com permissão do guia
espiritual, evocar o cúmplice da Sra. Remone, um Espírito ainda muito atrasado,
que era, na época, um simples chefe de portaria no tribunal, de nome Jacques
Noulin. (PP. 331 a 335)
160. A Revista traz a
receita de uma pomada que foi ditada, por seu protetor espiritual, à senhorita
Ermance Dufaux (a médium que escreveu mediunicamente a história de Joana d’
Arc), de eficácia comprovada em toda sorte de chagas ou feridas. Um de seus
tios a trouxe da América, mas a receita se perdeu. Padecendo de um mal na
perna, muito grave e muito antigo, e que havia resistido a todo tratamento, ela
perguntou a seu protetor se para ela não haveria cura possível. Ele ditou-lhe
então a receita perdida. Em pouco tempo, a perna da senhorita Dufaux estava cicatrizada
e, como ela, sua lavadeira e um operário conhecido também foram curados.
Aplicada sobre furúnculos, abcessos, panarícios, a pomada consegue em pouco
tempo rebentar e cicatrizar. (PP. 336 a 338. Ver também nota constante da pág.
386)
161. “Meu Testamento”,
recebido pela Sra. E. Collignon, e “O Monólogo do Burrico”, pelo Sr. J.
Joubert, de Carcassone, são as poesias espíritas da edição de novembro. (PP.
338 a 341)
162. A Revista
publica, ainda, uma carta dirigida pelo Sr. J. Joubert, Vice-Presidente do
Tribunal Civil de Carcassone, ao Sr. Sabô, de Bordeaux. Kardec comenta, a
propósito, que o Espiritismo contava já, naquela época, com numerosos adeptos
nas fileiras da magistratura e da advocacia, bem como entre funcionários
públicos, embora nem todos ousassem enfrentar a opinião pública, ao contrário
do que se dava com o missivista Joubert. (PP. 342 e 343)
163. Comunicação
recebida em Bordeaux pelo Sr. Guipon, em novembro de 1861, tece várias
considerações sobre o duelo, apresentando as consequências espirituais e
humanas dessa prática. Como se sabe, duas vezes criminosos aos olhos de Deus
são os duelistas e, por isso, duas vezes terrível será sua punição, porque
nenhuma escusa será admitida, visto que por eles tudo foi friamente calculado e
premeditado. (PP. 343 a 347)
164. Felizmente,
lembra Kardec, os duelos tornavam-se cada vez mais raros, ao menos na França, o
que indicava o abrandamento dos costumes. Hoje, ao contrário de outras épocas,
a morte de um homem é um acontecimento que comove as criaturas, enquanto no
passado não se ligava a isso grande atenção. (P. 347)
165. Léon de Muriane
transmitiu em Lyon, em sessão presidida por Kardec, importante comunicação em
que fala dos fundamentos da ordem social e assevera que a fraternidade é a base
de todas as instituições morais e o único meio de elevar um estado social que
possa subsistir e produzir efeitos dignos. (P. 347)
166. O mesmo Espírito
explicou, na referida reunião, por que inspirara ao médium Émile V... a frase:
“Aqui jazem 18 séculos de luzes”, que servia de título a um quadro alegórico
onde ele pintara um féretro. Seu pensamento era que dezoito séculos se haviam passado
desde que Jesus nos legou o Evangelho, colocando sua mensagem ao alcance de
todos. Mas que lhe aconteceu? “As paixões terrestres se apoderaram dela; esta
foi metida num caixão, de onde acaba de tirá-la o Espiritismo. Eis a alegoria”,
explicou Léon de Muriane. (PP. 348 e 349)
167. Sanson, antigo
membro da Sociedade Espírita de Paris, escreve sobre o papel da Instituição
dirigida por Kardec, asseverando que ela faz jorrar seu pensamento no mundo
todo. “Sua força – diz Sanson – não está no círculo onde se realizam suas
sessões, mas em todos os países onde são seguidas as suas dissertações, em toda
parte onde ela faz lei, à vista de seus ensinos inteligentes.” (PP. 350 e 351) (Continua no próximo número.)
Respostas às questões propostas
A. É possível a
comunicação mediúnica de uma pessoa encarnada?
Sim. O caso da
ex-esposa de Guillaume Remone, que já havia reencarnado, comprova esse fato. Na
época da comunicação ela estava com onze anos, mas, ao se manifestar, falou
como uma pessoa adulta e assumiu a personalidade daquela que fora casada com o
Sr. Remone. (Revista Espírita de 1862, pp. 329 a 331.)
B. O duelo pode ser
considerado um crime aos olhos do Criador?
Sim. Duas vezes
criminosos aos olhos de Deus são os duelistas e, por isso, duas vezes terrível
será sua punição, porque nenhuma escusa será admitida, visto que por eles tudo
foi friamente calculado e premeditado. (Obra citada, pp. 343 a 347.)
C.
Que importância tem a fraternidade, segundo a Doutrina Espírita?
Base da civilização do futuro, a fraternidade foi objeto
de importante mensagem assinada por Léon de Muriane, em Lyon, numa sessão
presidida por Kardec, na qual aquele Espírito fala dos fundamentos da ordem
social e assevera que a fraternidade é a base de todas as instituições morais e
o único meio de elevar um estado social que possa subsistir e produzir efeitos
dignos. (Obra citada, p. 347.)
Observação:
Para
acessar a parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/04/blog-post_12.html
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