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quarta-feira, 3 de maio de 2023

 



Revista Espírita de 1863

 

Allan Kardec

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que funções e propriedades Kardec atribui ao perispírito?

B. Para ajudar um enfermo por meio da prece, é preciso estar junto dele?

C. Que recomendações dá Kardec aos que pretendem iniciar-se na prática mediúnica?

 

Texto para leitura

 

1. Kardec abre esta edição com um novo artigo a respeito dos possessos de Morzine; o primeiro saiu em dezembro de 1862. No estudo, informa Kardec:

I) O perispírito é o princípio de todos os fenômenos espíritas e de uma porção de efeitos morais, fisiológicos e patológicos.

II) Ele é também a fonte de múltiplas afecções e, por sua expansão, a causa das atrações e repulsões instintivas, bem como da ação magnética.

III) Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito atinge a pessoa sobre a qual deseja agir: rodeia-a, envolve-a, penetra-a e a magnetiza. (P. 1)

2. Todos nós, diz Kardec, vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes contrárias que atraímos ou repelimos, mas em cujo meio o homem conserva sempre seu livre-arbítrio. (P. 2)

3. A ação dos maus Espíritos sobre as pessoas de quem se apoderam apresenta nuanças de intensidade e duração extremamente variadas, conforme o grau de perversidade do Espírito e o estado moral da pessoa que lhe dá acesso. (P. 3)

4. Citando o caso de uma senhora que perdera a razão e fora internada, um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris obteve dos Espíritos a seguinte orientação:

I) A ideia fixa que a mulher nutria atraía em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolviam com seus fluidos e alimentavam suas ideias, impedindo lhe chegassem as boas influências.

II) Para curá-la, seria necessário opor uma força moral capaz de vencer essa resistência, mas tal força não é dada a um só.

III) Cinco ou seis espíritas sinceros deveriam reunir-se todos os dias, durante alguns instantes, pedindo com fervor a Deus e aos bons Espíritos sua assistência para ela.

IV) Não era necessário estar junto à enferma, ao contrário. Pelo pensamento poderia ser levada a ela uma salutar corrente fluídica, cuja força estaria na razão de sua intenção, aumentada pelo número. (P. 5)

5. Seis pessoas dedicaram-se a essa obra de caridade e, durante um mês, não faltaram à missão aceita. Depois de alguns dias a doente estava mais calma; quinze dias depois, a melhora era manifesta; e agora ela já havia retornado para sua casa, em estado perfeitamente normal, sem saber de onde lhe viera a cura. (PP. 5 e 6)

6. A prece não tem, pois, apenas o efeito de levar ao doente um socorro, mas o de exercer uma ação magnética. Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece! Mas, infelizmente, muitos magnetizadores fazem abstração do elemento espiritual e só veem a ação mecânica, privando-se desse modo de um poderoso auxiliar. (P. 6)

7. Reportando-se aos escolhos da prática mediúnica, Kardec esclarece:

I) Antes de experimentar, é preciso estudar: o menor inconveniente da prática mediúnica sem experiência é a mistificação por parte dos Espíritos enganadores e levianos.

II) Não é o exercício da mediunidade que atrai os maus Espíritos, mas a predisposição física ou moral que torne o médium acessível à influência deles.

III) A presunção de julgar-se invulnerável aos maus Espíritos tem sido punida, muitas vezes, de modo crudelíssimo, visto que é o orgulho que lhes dá mais fácil acesso.

IV) O estudo prévio e a prece são fatores essenciais para evitar o assalto dos maus Espíritos.

V) Se nos compenetrássemos do objetivo essencial e sério do Espiritismo e nos preparássemos sempre para o exercício da mediunidade por um fervoroso apelo ao anjo da guarda e aos Espíritos protetores e se, além disso, nos estudássemos, esforçando-nos por nos purificarmos de nossas imperfeições, os casos de obsessão mediúnica seriam ainda mais raros. (PP. 6 a 8)

8. Evocando um caso descrito em dezembro de 1862 sob o título “A Choça e o Salão”, a Revista transcreve comunicação de um Espírito que foi na Terra um criado dedicado de certa pessoa conhecida de Kardec. Na comunicação, o ex-servo confirma que, no geral, os exemplos de dedicação dos domésticos aos seus amos têm por causa as vidas passadas. “Por vezes - disse ele - tais criados são membros da família ou, como eu, obrigados que pagam uma dívida de reconhecimento e seu reconhecimento lhes ajuda o progresso.” (PP. 9 e 10)

9. Falando sobre a situação da alma após a morte corpórea, Kardec diz que, ao morrer, o homem deixa na Terra apenas seu invólucro pesado e grosseiro, conservando o envoltório fluídico indestrutível, com o qual, livre do entrave que o prendia ao solo, pode elevar-se e transpor o espaço. Esse envoltório fluídico, por mais invisível e etéreo que seja, não deixa de ser uma espécie de matéria que, durante a encarnação, serve de intermediário entre a alma e o corpo. (P. 13)

10. A Revista transcreve duas matérias publicadas por um semanário de Bordeaux e pelo Écho de Sétif, da Argélia. Trata-se de depoimentos pró-Espiritismo de dois leitores daqueles periódicos. Neste último, o articulista diz que parte dos que não negam os fatos espíritas atribui as comunicações ao demônio. Ele então argumenta: “É o que não posso admitir em face de comunicações como esta: Crede em Deus, criador e organizador das esferas; amai a Deus, criador e protetor das almas (assinado: Galileu)”. (PP. 14 a 17)

11. Kardec responde a um leitor de Bordeaux explicando por que o Espiritismo não se dirige àqueles que têm uma fé religiosa qualquer, com o fito os desviar, mas sim à numerosa categoria dos incertos e dos incrédulos. (PP. 17 a 20)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que funções e propriedades Kardec atribui ao perispírito?

Segundo o Codificador do Espiritismo, o perispírito é o princípio de todos os fenômenos espíritas e de uma porção de efeitos morais, fisiológicos e patológicos, e é também a fonte de múltiplas afecções e, por sua expansão, a causa das atrações e repulsões instintivas, bem como da ação magnética. Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito atinge a pessoa sobre a qual deseja agir: rodeia-a, envolve-a, penetra-a e a magnetiza. (Revista Espírita de 1863, pp. 1 e 2.)

B. Para ajudar um enfermo por meio da prece, é preciso estar junto dele?

Não, visto que pelo pensamento pode-se levar até ele uma salutar corrente fluídica, cuja força está na razão da intenção, aumentada pelo número dos que participarem do ato. A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente o socorro, mas o de exercer uma ação magnética. (Obra citada, p. 6.)

C. Que recomendações dá Kardec aos que pretendem iniciar-se na prática mediúnica?

Kardec ensina que antes de experimentar é preciso estudar, prevenindo assim a possibilidade de mistificação por parte dos Espíritos enganadores e levianos. Diz ele que não é o exercício da mediunidade que atrai os maus Espíritos, mas a predisposição física ou moral que torne o médium acessível à influência deles. A presunção de julgar-se invulnerável aos maus Espíritos tem sido punida, muitas vezes, de modo crudelíssimo, visto que é o orgulho que lhes dá mais fácil acesso. O estudo prévio e a prece são, pois, fatores essenciais para evitar o assalto dos maus Espíritos. (Obra citada, pp. 6 a 8.)

 

 




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