Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 12
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como se encontrava
o espírito religioso quando do advento do Espiritismo?
B. Que causa leva a
sociedade a mergulhar no materialismo egoísta?
C. Qual é a diferença
entre expiação e prova?
Texto para leitura
112. A Revista relata
o curioso fato que se deu com o Sr. Cardon, médico, falecido em setembro de
1862, que Kardec iria inserir mais tarde no livro “O Céu e o Inferno” (Segunda
Parte, cap. III). (PP. 251 a 255)
113. Três mensagens
dadas pelo Espírito de Jean Reynaud, recentemente falecido em Paris, são
reproduzidas na Revista, antes de comporem o livro “O Céu e o Inferno” (Segunda
Parte, cap. II), publicado em 1865. (PP. 255 a 258)
114. O Espírito de
Samuel Hahnemann escreve sobre a medicina homeopática, motivado pela presença à
sessão de um médico homeopata estrangeiro que lhe pediu opinasse sobre o estado
atual da ciência. Na mensagem, Hahnemann lamenta a negligência dos colegas
terrenos que, desconhecendo as leis primordiais do Organon, exageram as doses e
não dão à trituração dos medicamentos os cuidados que ele indicara. “Nenhum
remédio é indiferente, nenhum medicamento é inofensivo - diz Hahnemann -;
quando o diagnóstico mal observado o faz dar fora de propósito, ele devolve os
germes da moléstia que era chamado a combater.” (PP. 258 e 259)
115. O Sr. T.
Jaubert, vice-presidente do tribunal civil de Carcassone, diz numa carta
dirigida à Sociedade Espírita de Paris – em que agradece sua admissão entre os
membros honorários da Sociedade – que acredita na imortalidade da alma e na
comunicação dos mortos com os vivos, tanto quanto crê no sol. “Amo o
Espiritismo como a mais legítima afirmação da lei de Deus: a lei do progresso”,
acrescentou Jaubert. (PP. 259 e 260)
116. Um artigo
escrito por F. Herrenschneider, sobre a união da Filosofia e do Espiritismo,
abre o número de setembro. Trata-se da introdução a um trabalho que o autor se
propôs a fazer sobre a necessidade da aliança entre uma e outro, do qual
extraímos estes pontos:
I) Há dez ou doze
anos que o Espiritismo se revelou na França; comunicações incessantes dos
Espíritos provocaram em todas as camadas da sociedade um movimento religioso
benéfico, que importa encorajar e desenvolver.
II) O espírito
religioso estava perdido, sobretudo entre as classes letradas e inteligentes,
porque o sarcasmo voltairiano tinha tirado o prestígio do Cristianismo e o
progresso das ciências lhes havia feito reconhecer as contradições existentes
entre os dogmas e as leis naturais.
III) O
desenvolvimento das riquezas e as invenções maravilhosas, associadas à
incredulidade e à indiferença, protestavam contra a renúncia ao mundo, dando
ensejo à paixão pelo bem-estar, pelo prazer, pelo luxo e pela ambição.
IV) Foi então que, de
repente, os mortos vieram lembrar que nossa vida presente tem um dia seguinte,
que nossos atos têm suas consequências, senão nesta, infalivelmente na vida
futura. (PP. 261 e 262)
117. Na sequência, o
Sr. Herrenschneider afirma que a renovação dessas relações com os mortos é e
continuará sendo um acontecimento prodigioso, que terá como consequência a
regeneração tão necessária da sociedade moderna. É que, quando a sociedade
humana não tem outro objetivo senão a prosperidade material e o prazer dos
sentidos, mergulha no materialismo egoísta, renuncia a todos os esforços que
não conduzem a uma vantagem palpável, só estima os que têm posses e apenas
respeita o poder que se impõe. Contra semelhante disposição moral, a Filosofia
é impotente. (P. 262)
118. O autor
desenvolve então toda uma tese, para
concluir que a união do Espiritismo com a Filosofia lhe parece de alta
necessidade para a felicidade humana e para o progresso moral, intelectual e
religioso da sociedade moderna, porque não mais estamos no tempo em que se
podia afastar a ciência humana e preferir, a ela, a fé cega. (PP. 263 a 268)
119. Kardec esclarece
dúvida apresentada por confrades de Moulins a respeito da diferença entre
expiação e prova. A expiação - diz o Codificador - implica necessariamente a
ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida. A
prova não tem relação com falta anterior, mas implica sempre um estado de
inferioridade real ou presumível do Espírito, porque quem chegou ao ponto
culminante a que aspira não necessita mais de provas. (PP. 268 a 271)
120. Kardec diz ainda
que em certos casos a prova se confunde com a expiação, ou seja, a expiação
pode servir de prova e a prova servir de expiação. E cita o exemplo do aluno
que se apresenta para receber a
graduação, submetendo-se a uma prova. Se falhar, terá de recomeçar o trabalho,
por vezes penoso, cuja carga é uma espécie de punição da negligência no
primeiro. A segunda prova é, portanto, além de prova, uma expiação. Kardec esclarece,
por fim, que é um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser
imposta, pois o próprio Espírito pode solicitá-la. (PP. 271 a 274)
121. A Revista apresenta
a segunda carta aberta dirigida por Kardec ao padre Marouzeau, na qual o Codificador
diz que as previsões feitas pelo reverendo não se cumpriram, apesar dos
ataques, dos sermões, das excomunhões e das brochuras que o clero lançou e
continuava a lançar contra a doutrina espírita, eivados todos eles das mais
grosseiras injúrias, calúnias e ultrajes pessoais. Reafirmando que a doutrina
espírita não é criação sua, mas obra dos Espíritos, Kardec encerra a carta
dizendo: “Senhor padre, eu vos dou o prazo de dez anos para ver o que então
pensais da doutrina”. (PP. 274 a 278)
Respostas às questões propostas
A. Como se encontrava
o espírito religioso quando do advento do Espiritismo?
Segundo F.
Herrenschneider, que escrevera sobre a necessidade de união entre a Filosofia e
o Espiritismo, quando surgiu o Espiritismo o espírito religioso estava perdido,
sobretudo entre as classes letradas e inteligentes, porque o sarcasmo voltairiano
tinha tirado o prestígio do Cristianismo e o progresso das ciências lhes havia
feito reconhecer as contradições existentes entre os dogmas e as leis naturais.
Foi então que, de repente, os mortos vieram lembrar que nossa vida presente tem
um dia seguinte, que nossos atos têm suas consequências, senão nesta,
infalivelmente na vida futura. (Revista Espírita de 1863, pp. 261 e
262.)
B. Que causa leva a
sociedade a mergulhar no materialismo egoísta?
Quando a sociedade
humana não tem outro objetivo senão a prosperidade material e o prazer dos
sentidos, ela mergulha no materialismo egoísta, renuncia a todos os esforços
que não conduzem a uma vantagem palpável, só estima os que têm posses e apenas
respeita o poder que se impõe. Tal é a causa geradora do materialismo e contra
isso, disse F. Herrenschneider, a Filosofia é impotente. (Obra citada, pág.
262.)
C. Qual é a diferença
entre expiação e prova?
A expiação - diz o
Codificador - implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos
penoso, resultado de uma falta cometida. A prova não tem relação com falta
anterior, mas implica sempre um estado de inferioridade real ou presumível do
Espírito, porque quem chegou ao ponto culminante a que aspira não necessita
mais de provas. Kardec diz ainda que em certos casos a prova se confunde com a
expiação, ou seja, a expiação pode servir de prova e a prova servir de
expiação. E cita o exemplo do aluno que se apresenta para receber a graduação,
submetendo-se a uma prova. Se falhar, terá de recomeçar o trabalho, por vezes
penoso, cuja carga é uma espécie de punição da negligência no primeiro. A
segunda prova é, portanto, além de prova, uma expiação. Kardec esclarece, por
fim, que é um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser
imposta, pois o próprio Espírito pode solicitá-la. (Obra citada, pp. 268 a
274.)
Observação:
Para
acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_0349399988.html
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