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quinta-feira, 20 de julho de 2023

 



CINCO-MARIAS

 

Não à discriminação

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

Para se libertarem dos preconceitos, os homens precisam antes de tudo viver numa sociedade livre. N. Bobbio

 

Já presenciei preconceito infantil. Sim, crianças que discriminam, principalmente quando estão diante de um colega portador de deficiência, com óculos, aparelho nos dentes etc. Mas qual é o papel do adulto na educação de uma criança sem preconceito?

Casa e escola são ambientes que influenciam fortemente o comportamento da criança. Considerando a realidade brasileira, é um grande desafio orientar os filhos para que não cresçam preconceituosos. O trabalho diário, sem dúvida, exige conversas pontuais, esclarecimentos sobre o que é discriminação, quando ela ocorre e por que ela é cruel, desrespeitosa, criminosa, perante as pessoas.

Em casa, o que funciona sempre é o exemplo. É crucial ter coerência entre o que falamos para as crianças e a maneira como agimos, como nos comportamos em frente das pessoas e das coisas. Se queremos crianças livres de preconceitos, temos que vigiar com atenção a nossa atitude em relação às diferenças, nossa compreensão sobre gênero, religiões, etnias, profissões etc. E caso nos deparemos com nossos próprios preconceitos, a atitude inteligente supõe enfrentá-los a fim de nos depurarmos dessas opiniões errôneas, desses estereótipos irracionais, que só causam atraso e sofrimentos.

Diálogo é muito importante. Prestar atenção nos comentários dos filhos. Às vezes, eles rotulam um colega de “chato”, de “diferente”. Aproveitar essa oportunidade para corrigir, esclarecer, frisar a importância de mostrar respeito pelas pessoas. Reforçar, portanto, que o respeito antecede as preferências.

Filhos muito protegidos tendem a crescer com visão estreita. O ideal é permitir que a criança não estude em uma única escola ou participe apenas do condomínio, da casa dos primos. Conhecer lugares frequentados por pessoas diferentes, ler livros sobre outras culturas, países, idiomas, visitar exposições, parques, mostrar à criança que o mundo é vasto e é a diversidade que o torna rico e interessante.

Por fim, quanto maior a exposição ao mundo, com mais naturalidade a criança vai encarar as diferenças e, com isso, crescerá (mais) consciente e responsável acerca de seus direitos e deveres na sociedade, ajudando o mundo a ser um lugar melhor e de paz.

 

Notinha

 

De acordo com diversos estudos e pesquisas, o tipo de preconceito mais frequente no Brasil é o racial. E o problema do racismo brasileiro é antigo: tem início por volta do final do primeiro século de colonização, quando os portugueses notaram a impossibilidade de escravizar os índios. O negro, então, foi trazido à força para o país, para servir de escravo nas plantações de cana de açúcar. Independentemente da miscigenação, o negro e os mestiços sempre foram discriminados socialmente no Brasil. A própria legislação brasileira, durante quase 500 anos, incentivou a discriminação e o preconceito. Nem após a abolição da escravatura e a proclamação da República, o negro deixou de ser discriminado. Só em 1988, com a promulgação da Constituição que está em vigor (art. 5º - inciso XLII), a prática do racismo passou a ser considerada um crime inafiançável e imprescritível, felizmente.

 

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Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

 

 

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