Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 11
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que disse Kardec a
respeito do magnetismo e da homeopatia?
B. Qual a posição de
Kardec em relação aos que exploram a faculdade mediúnica?
C. Por que Deus
permite que médiuns bem intencionados sejam enganados pelos Espíritos?
Texto para leitura
102. Kardec informa,
em nota posta logo abaixo da mensagem publicada na Revista, que o médium que a
recebeu é um jovem iletrado, que ignorava, segundo o Sr. Dumas, o sentido da
maioria das palavras ali contidas. Os médiuns iletrados que recebem
comunicações acima de seu alcance intelectual – diz o Codificador – são muito
numerosos. (P. 227)
103. O número de
agosto faz o elogio do ilustre filósofo Jean Reynaud, nascido em Lyon em 1808 e
morto em Paris em junho de 1863, após uma curta moléstia. Autor do livro Terre
et Ciel, obra que o popularizou, mas que, tida como perigosa para a
ortodoxia da fé católica, foi posta no Índex pela cúria romana, Reynaud é
considerado por Kardec um dos precursores do Espiritismo. Como Charles Fourier,
ele admitia o progresso indefinido da alma e a pluralidade das existências, sem
nada ter visto e baseando-se tão somente na sua intuição. (PP. 229 a 232)
104. Citando a
importância para o Espiritismo da adesão de vários escritores de renome, como
Victor Hugo, que semeavam, aqui e ali, as ideias espíritas, Kardec destaca o
valor do magnetismo e da homeopatia na disseminação do conhecimento da ação
perispiritual, fonte de todos os fenômenos espíritas. No caso da homeopatia, o
Codificador cita a facilidade com que os médicos homeopatas aceitam o
Espiritismo e não se surpreende pelo fato de a maioria dos médicos espíritas
pertencerem à escola fundada por Hahnemann. (PP. 233 e 234)
105. A Revista
transcreve trechos extraídos da obra do escritor Lamartine, os quais apresentam
alguns pontos concordantes com as ideias espíritas, como, por exemplo, sua
referência às vidas sucessivas e à vinda do Consolador prometido por Jesus, que
Lamartine entende que poderia vir como homem ou como uma doutrina. (PP. 235 e
236)
106. A Presse
de julho noticiou a publicação do livro Destino do homem nos dois mundos,
do Sr. Hippolyte Renaud, o qual – segundo Kardec – se liga de maneira muito
direta à doutrina espírita. A Revista publicou a notícia e o artigo que o Sr.
E. de Pompéry escreveu sobre referida obra. (PP. 236 a 240)
107. Em carta
dirigida ao redator da Presse, o Sr. Henri Martin, citado nominalmente
no artigo do Sr. Pompéry, apoiou a crítica que este fez à crença de alguns em
uma metempsicose indefinida e sem recordação do passado, que ele também
considerava absurda e inaceitável. O Espiritismo, como sabemos, não aceita a
metempsicose. (P. 241)
108. Dois fatos
relatados na Revista mostram como a ação do Espírito comunicante pode
estender-se ao organismo do médium:
I) No primeiro,
ocorrido em Parma, Itália, o dedo indicador do médium ficou singularmente frio.
É que se manifestava por ele um irmão morto há mais de vinte anos, cujo
indicador havia ficado anquilosado.
II) No segundo caso,
o Espírito fazia com que determinado membro ou parte do corpo do médium ficasse
paralisado. (PP. 242 a 244)
109. Kardec escreve
de novo a respeito dos espectros artificiais, um truque cênico de uma
simplicidade tão grande, que todos os teatros apresentavam os seus. Além de
lamentar a superficialidade com que a imprensa tratava do assunto, Kardec
aproveitou o ensejo para informar como se realizam as sessões nos grupos
espíritas sérios, cujo recolhimento é incompatível com a leviandade de caráter
e a balbúrdia dos curiosos. Quanto à crítica aos que fazem profissão da
faculdade mediúnica, Kardec disse que nada há a objetar, pois os espíritas
sérios também repudiam toda exploração dessa natureza, como indigna do caráter
exclusivamente moral do Espiritismo e uma falta de respeito aos mortos. (PP.
245 a 248)
110. Por que Deus
permite que médiuns bem intencionados sejam enganados pelos Espíritos? As
mistificações – responde Kardec – têm o objetivo de pôr à prova a perseverança,
a firmeza na fé e exercitar o julgamento. Se os bons Espíritos as permitem em
certas ocasiões, não é por impotência de sua parte, mas para nos deixar o
mérito da luta. Os bons Espíritos velam por nós e nos assistem, mas com a
condição de que também nos ajudemos a nós mesmos. (P. 249)
111. Suscitada por um
leitor de São Petersburgo, a objeção colocada à frase: Tudo quanto é
desconhecido é infinito, constante de O Livro dos Espíritos, é
examinada por Kardec, que, citando a Academia Francesa, entende que o vocábulo
infinito não poderia nesse caso ser substituído, como proposto, pelo vocábulo
indefinido. Embora sinônimos no sentido geral, há momentos em que um vocábulo
não substitui o outro. Diz-se, por exemplo: duração infinita ou duração
indefinida, mas não se pode dizer: a misericórdia de Deus é indefinida, em vez
de dizer: é infinita. (PP. 250 e 251)
Respostas às questões propostas
A. Que disse Kardec a
respeito do magnetismo e da homeopatia?
Ele destacou, em
artigo na Revista, o valor do magnetismo e da homeopatia na disseminação do
conhecimento da ação perispiritual, fonte de todos os fenômenos espíritas. E no
caso da homeopatia, referiu-se à facilidade com que os médicos homeopatas
aceitam o Espiritismo, não constituindo surpresa o fato de a maioria dos
médicos espíritas pertencerem à escola fundada por Hahnemann. (Revista
Espírita de 1863, pp. 233 e 234.)
B.
Qual a posição de Kardec em relação aos que exploram a faculdade mediúnica?
Ele aceitava plenamente a crítica feita aos que fazem
profissão da faculdade mediúnica, visto que os espíritas sérios também repudiam
toda exploração dessa natureza, como indigna do caráter exclusivamente moral do
Espiritismo, além de ser uma falta de respeito aos mortos. (Obra citada, págs.
245 a 248.)
C. Por que Deus
permite que médiuns bem intencionados sejam enganados pelos Espíritos?
As mistificações –
explica Kardec - têm o objetivo de pôr à prova a perseverança, a firmeza na fé
e exercitar o julgamento. Se os bons Espíritos as permitem em certas ocasiões,
não é por impotência de sua parte, mas para nos deixar o mérito da luta. Os
bons Espíritos velam por nós e nos assistem, mas com a condição de que também
nos ajudemos a nós mesmos. (Obra citada, p. 249.)
Observação:
Para
acessar a Parte 10 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/revista-espirita-de-1863-allan-kardec.html
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