Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 1
Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como Kardec
resumiu a situação do Espiritismo no final de 1863?
B. Que disse Mesmer a
respeito do mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos?
C. Reportando-se ao mesmo assunto, que lição nos
trouxe Paulo, o apóstolo?
Texto para leitura
1. Abrindo a Revista
de janeiro de 1864, Kardec reafirma que a causa do Espiritismo é a do progresso
e do bem-estar material e moral da humanidade. (P. 1)
2. Reportando-se ao
ano findo, o Codificador diz que 1863 não foi um ano fecundo para o Espiritismo
e, mais que todos os outros, foi marcado pela violência de certos ataques de
seus adversários, agressões essas que, em vez de o deter, fizeram o Espiritismo
progredir. (P. 2)
3. A campanha dos
opositores da doutrina espírita teve, além disso, o mérito de provar a
impotência das armas dirigidas contra o Espiritismo. Mas esse fato não foi o
único ponto positivo registrado em 1863, um ano marcado sobretudo pelo aumento
do número de grupos e sociedades formadas numa porção de localidades onde não
os havia, tanto na França quanto no estrangeiro. (PP. 2 e 3)
4. Após informar ser
crescente o número das sociedades que se têm colocado espontaneamente sob o
patrocínio da Sociedade Espírita de Paris, Kardec assevera: “É notório que a
doutrina do Livro dos Espíritos é hoje o ponto de convergência da imensa
maioria dos adeptos; a máxima Fora da caridade não há salvação reuniu
todos os que veem o lado moral do Espiritismo, porque não há duas maneiras de a
interpretar e ela satisfaz a todas as aspirações”. (P. 3)
5. O traço mais
característico do ano de 1863 foi, no entanto, o movimento produzido na opinião
pública, concernente à doutrina espírita. “Fica-se surpreendido - diz Kardec -
com a facilidade com que o princípio é aceito por pessoas que até há pouco o
teriam repelido e levado à troça. As resistências - e falamos das que não são
sistemáticas e interessadas - diminuem sensivelmente.” (P. 4)
6. O estado do
Espiritismo em 1863 pode assim resumir-se: ataques violentos; multiplicação de
escritos pró e contra; movimento nas ideias; notável extensão da doutrina, mas
sem sinais exteriores, de modo a produzir uma sensação geral; as raízes se
estendem, crescem os rebentos, mas não chegou ainda o momento da sua maturidade.
(P. 5)
7. Duas publicações,
elogiadas por Kardec, surgiram no aludido ano: La Ruche, de Bordeaux, e La
Verité, de Lyon, cidade que possuía o centro espírita mais numeroso da
França e, talvez, do mundo. (P. 5)
8. A respeito da
mediunidade de cura, a Revista transcreve carta de um oficial de caçadores, em
que o confrade, espírita de longa data, relata alguns casos de curas obtidas
pelo missivista através da imposição de mãos sobre os enfermos. (PP. 5 e 6)
9. Lida a carta na
Sociedade Espírita de Paris, na sessão de 18/12/1863, o Espírito de Mesmer
explica qual é o mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos. (PP. 7 e
8)
10. Informa Mesmer:
I) A vontade, que
existe no homem em diferentes graus de desenvolvimento, tanto desenvolve o
fluido animal quanto o espiritual.
II) Há vários gêneros
de magnetismo, em cujo número estão o magnetismo animal e o magnetismo
espiritual que, conforme o caso, pode pedir apoio ao primeiro.
III) Um outro gênero
de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e
desinteressada dirige a Deus.
IV) Os médiuns
curadores começam por elevar sua alma a Deus e a reconhecer que, por si mesmos,
nada podem, realizando dessa forma um ato de humildade, de abnegação.
V) Deus lhes envia,
então, poderosos socorros, porque sempre recompensa o humilde sincero,
elevando-o, ao passo que rebaixa o orgulhoso.
VI) Esse socorro
enviado por Deus são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido
benéfico, que é transmitido ao doente.
VII) É por isso que o
magnetismo empregado pelos médiuns curadores é tão potente e produz essas curas
qualificadas de miraculosas e que são devidas simplesmente à natureza do fluido
derramado sobre o médium. (P. 7)
11. Complementando a
lição, o Espírito de Paulo, apóstolo, diz que os médiuns curadores, quando
imbuídos dos sentimentos citados por Mesmer, têm a fé que levanta montanhas, o
desinteresse que purifica os atos da vida e a humildade que os santifica. E
pede a todos eles que perseverem na obra de beneficência que empreenderam,
lembrando-se de que “aquele que pratica as leis sagradas que o Espiritismo
ensina, aproxima-se constantemente do Criador”. (P. 8)
12. Reafirmando nesse
processo o valor da prece, Paulo conclui nestes termos a mensagem: “A doçura
constante do Cristo, sua submissão à vontade de seu Pai, sua perfeita
abnegação, são os mais belos modelos da vontade que se possa propor para
exemplo”. (P. 8)
13. Comentando o
assunto, o Codificador assevera:
I) Na ação magnética
propriamente dita, é o fluido pessoal do magnetizador que é transmitido.
II) Esse fluido, que
não é senão o perispírito, participa sempre, mais ou menos, das qualidades
materiais do corpo, ao mesmo tempo que sofre a influência moral do Espírito.
III) É, pois,
impossível que o fluido de um encarnado seja de uma pureza absoluta, razão por
que sua ação curativa é lenta, por vezes nula, e outras vezes nociva, porque
transmite ao doente princípios mórbidos.
IV) O médium curador
emite pouco de seu fluido. Sente a corrente do fluido estranho que o penetra e
ao qual serve de condutor.
V) É com esse fluido
que magnetiza e aí está o que caracteriza o magnetismo espiritual e o distingue
do magnetismo animal. (PP. 8 e 9)
Respostas às questões propostas
A. Como Kardec
resumiu a situação do Espiritismo no final de 1863?
O Codificador
resumiu-a nestes termos: ataques violentos; multiplicação de escritos pró e
contra; movimento nas ideias; notável extensão da doutrina, mas sem sinais
exteriores, de modo a produzir uma sensação geral; as raízes se estendem,
crescem os rebentos, mas não chegou ainda o momento da sua maturidade. (Revista
Espírita de 1864, pág. 5.)
B. Que disse Mesmer a
respeito do mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos?
Segundo o Espírito de
Mesmer, há vários gêneros de magnetismo, em cujo número estão o magnetismo
animal e o magnetismo espiritual que, conforme o caso, pode pedir apoio ao
primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece
que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus. Os médiuns curadores começam
por elevar sua alma a Deus e a reconhecer que, por si mesmos, nada podem,
realizando dessa forma um ato de humildade, de abnegação. Deus lhes envia,
então, poderosos socorros, porque sempre recompensa o humilde sincero,
elevando-o, ao passo que rebaixa o orgulhoso. Esse socorro enviado por Deus são
os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é
transmitido ao doente. É por isso que o magnetismo empregado pelos médiuns
curadores é tão potente e produz essas curas qualificadas de miraculosas e que são
devidas simplesmente à natureza do fluido derramado sobre eles. (Obra citada,
págs. 7 e 8.)
C. Reportando-se ao mesmo assunto, que lição nos
trouxe Paulo, o apóstolo?
O Espírito de Paulo
disse que os médiuns curadores, quando imbuídos dos sentimentos citados por
Mesmer, têm a fé que levanta montanhas, o desinteresse que purifica os atos da
vida e a humildade que os santifica. E pediu a todos eles que perseverem na
obra de beneficência que empreenderam, lembrando-se de que “aquele que pratica
as leis sagradas que o Espiritismo ensina, aproxima-se constantemente do
Criador”. (Obra citada, pág. 8.)
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