quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 



Revista Espírita de 1864

 

Allan Kardec

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Como Kardec resumiu a situação do Espiritismo no final de 1863?

B. Que disse Mesmer a respeito do mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos?

C.  Reportando-se ao mesmo assunto, que lição nos trouxe Paulo, o apóstolo?

 

Texto para leitura

 

1. Abrindo a Revista de janeiro de 1864, Kardec reafirma que a causa do Espiritismo é a do progresso e do bem-estar material e moral da humanidade. (P. 1)

2. Reportando-se ao ano findo, o Codificador diz que 1863 não foi um ano fecundo para o Espiritismo e, mais que todos os outros, foi marcado pela violência de certos ataques de seus adversários, agressões essas que, em vez de o deter, fizeram o Espiritismo progredir. (P. 2)

3. A campanha dos opositores da doutrina espírita teve, além disso, o mérito de provar a impotência das armas dirigidas contra o Espiritismo. Mas esse fato não foi o único ponto positivo registrado em 1863, um ano marcado sobretudo pelo aumento do número de grupos e sociedades formadas numa porção de localidades onde não os havia, tanto na França quanto no estrangeiro. (PP. 2 e 3)

4. Após informar ser crescente o número das sociedades que se têm colocado espontaneamente sob o patrocínio da Sociedade Espírita de Paris, Kardec assevera: “É notório que a doutrina do Livro dos Espíritos é hoje o ponto de convergência da imensa maioria dos adeptos; a máxima Fora da caridade não há salvação reuniu todos os que veem o lado moral do Espiritismo, porque não há duas maneiras de a interpretar e ela satisfaz a todas as aspirações”. (P. 3)

5. O traço mais característico do ano de 1863 foi, no entanto, o movimento produzido na opinião pública, concernente à doutrina espírita. “Fica-se surpreendido - diz Kardec - com a facilidade com que o princípio é aceito por pessoas que até há pouco o teriam repelido e levado à troça. As resistências - e falamos das que não são sistemáticas e interessadas - diminuem sensivelmente.” (P. 4)

6. O estado do Espiritismo em 1863 pode assim resumir-se: ataques violentos; multiplicação de escritos pró e contra; movimento nas ideias; notável extensão da doutrina, mas sem sinais exteriores, de modo a produzir uma sensação geral; as raízes se estendem, crescem os rebentos, mas não chegou ainda o momento da sua maturidade. (P. 5)

7. Duas publicações, elogiadas por Kardec, surgiram no aludido ano: La Ruche, de Bordeaux, e La Verité, de Lyon, cidade que possuía o centro espírita mais numeroso da França e, talvez, do mundo. (P. 5)

8. A respeito da mediunidade de cura, a Revista transcreve carta de um oficial de caçadores, em que o confrade, espírita de longa data, relata alguns casos de curas obtidas pelo missivista através da imposição de mãos sobre os enfermos. (PP. 5 e 6)

9. Lida a carta na Sociedade Espírita de Paris, na sessão de 18/12/1863, o Espírito de Mesmer explica qual é o mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos. (PP. 7 e 8)

10. Informa Mesmer:

I) A vontade, que existe no homem em diferentes graus de desenvolvimento, tanto desenvolve o fluido animal quanto o espiritual.

II) Há vários gêneros de magnetismo, em cujo número estão o magnetismo animal e o magnetismo espiritual que, conforme o caso, pode pedir apoio ao primeiro.

III) Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.

IV) Os médiuns curadores começam por elevar sua alma a Deus e a reconhecer que, por si mesmos, nada podem, realizando dessa forma um ato de humildade, de abnegação.

V) Deus lhes envia, então, poderosos socorros, porque sempre recompensa o humilde sincero, elevando-o, ao passo que rebaixa o orgulhoso.

VI) Esse socorro enviado por Deus são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é transmitido ao doente.

VII) É por isso que o magnetismo empregado pelos médiuns curadores é tão potente e produz essas curas qualificadas de miraculosas e que são devidas simplesmente à natureza do fluido derramado sobre o médium. (P. 7)

11. Complementando a lição, o Espírito de Paulo, apóstolo, diz que os médiuns curadores, quando imbuídos dos sentimentos citados por Mesmer, têm a fé que levanta montanhas, o desinteresse que purifica os atos da vida e a humildade que os santifica. E pede a todos eles que perseverem na obra de beneficência que empreenderam, lembrando-se de que “aquele que pratica as leis sagradas que o Espiritismo ensina, aproxima-se constantemente do Criador”. (P. 8)

12. Reafirmando nesse processo o valor da prece, Paulo conclui nestes termos a mensagem: “A doçura constante do Cristo, sua submissão à vontade de seu Pai, sua perfeita abnegação, são os mais belos modelos da vontade que se possa propor para exemplo”. (P. 8)

13. Comentando o assunto, o Codificador assevera:

I) Na ação magnética propriamente dita, é o fluido pessoal do magnetizador que é transmitido.

II) Esse fluido, que não é senão o perispírito, participa sempre, mais ou menos, das qualidades materiais do corpo, ao mesmo tempo que sofre a influência moral do Espírito.

III) É, pois, impossível que o fluido de um encarnado seja de uma pureza absoluta, razão por que sua ação curativa é lenta, por vezes nula, e outras vezes nociva, porque transmite ao doente princípios mórbidos.

IV) O médium curador emite pouco de seu fluido. Sente a corrente do fluido estranho que o penetra e ao qual serve de condutor.

V) É com esse fluido que magnetiza e aí está o que caracteriza o magnetismo espiritual e o distingue do magnetismo animal. (PP. 8 e 9)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Como Kardec resumiu a situação do Espiritismo no final de 1863?

O Codificador resumiu-a nestes termos: ataques violentos; multiplicação de escritos pró e contra; movimento nas ideias; notável extensão da doutrina, mas sem sinais exteriores, de modo a produzir uma sensação geral; as raízes se estendem, crescem os rebentos, mas não chegou ainda o momento da sua maturidade. (Revista Espírita de 1864, pág. 5.)

B. Que disse Mesmer a respeito do mecanismo das curas obtidas pela imposição de mãos?

Segundo o Espírito de Mesmer, há vários gêneros de magnetismo, em cujo número estão o magnetismo animal e o magnetismo espiritual que, conforme o caso, pode pedir apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus. Os médiuns curadores começam por elevar sua alma a Deus e a reconhecer que, por si mesmos, nada podem, realizando dessa forma um ato de humildade, de abnegação. Deus lhes envia, então, poderosos socorros, porque sempre recompensa o humilde sincero, elevando-o, ao passo que rebaixa o orgulhoso. Esse socorro enviado por Deus são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é transmitido ao doente. É por isso que o magnetismo empregado pelos médiuns curadores é tão potente e produz essas curas qualificadas de miraculosas e que são devidas simplesmente à natureza do fluido derramado sobre eles. (Obra citada, págs. 7 e 8.)

C.  Reportando-se ao mesmo assunto, que lição nos trouxe Paulo, o apóstolo?

O Espírito de Paulo disse que os médiuns curadores, quando imbuídos dos sentimentos citados por Mesmer, têm a fé que levanta montanhas, o desinteresse que purifica os atos da vida e a humildade que os santifica. E pediu a todos eles que perseverem na obra de beneficência que empreenderam, lembrando-se de que “aquele que pratica as leis sagradas que o Espiritismo ensina, aproxima-se constantemente do Criador”. (Obra citada, pág. 8.)

 

 

 




 


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