CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
O verdadeiro propósito do movimento não é favorecer uma melhor respiração ou
nutrição, mas servir à vida e à economia espiritual e universal do mundo. Maria Montessori
Em casa é importante
nutrir os relacionamentos com base na cooperação e solidariedade, pois é isso
que cria o sentido de comunidade e pertencimento. Mas, sem esquecer a ideia de
vida compartilhada, é bom lembrar que as crianças não podem conduzir-se como
adultos, ainda que haja, por parte dos responsáveis, um incentivo contínuo para
a sua gradativa independência.
Pensemos: uma casa
com três filhos: 11, 9 e 4 anos. Todos participam das tarefas de casa com mais
ou menos responsabilidades de acordo com a idade e as habilidades. Mas isso não
significa que o mais velho, por exemplo, seja responsável pelos mais novos,
pois a segurança em casa nunca pode estar a cargo de uma criança.
Muitos adultos, e por razões diversas, impõem aos filhos mais velhos o
papel de cuidado com os irmãos mais novos, entretanto isso é um equívoco, à
medida que lhes são atribuídos deveres que não são de sua competência porque são
simplesmente crianças…
No dia a dia, é
essencial distinguir entre preparar e educar os filhos para serem autônomos da
atitude antieducativa de lhes delegar responsabilidades cujas consequências estão
fora de seu alcance, e mesmo que existam casos de crianças “precoces”.
Ser mãe, ser pai, ser
responsável por uma criança é muitas vezes cansativo sim, pois quem tem filho
sabe que a rotina está implicada com cuidar, cuidar, cuidar. No entanto, para
as crianças lhes corresponde comportar-se como crianças e fazer as coisas como
crianças.
Não apressemos a
infância. Os filhos, sem exceção, sobretudo quando são pequenos, necessitam de
amor, companhia, supervisão, atenção, cuidados, contenção, limites, e tudo isso
depende sempre de um adulto responsável e presente.
Sabemos que há lares
nos quais as opções são restritas e mesmo assim não é admissível uma criança de
9 anos responsabilizar-se por uma de 5 anos, o que aumenta, por exemplo, os
casos de acidentes. Trata-se de procurar criar espaços seguros para os filhos.
Os adultos responsáveis, ao redor das crianças, somos os modelos através dos
quais eles experimentam e interpretam o mundo.
Há crianças em casa?
Temos que ser os adultos que não se valem de desculpas para descasos ou
delegações de funções impróprias, descabidas, e as crianças, por sua vez,
simplesmente necessitam ser crianças e enquanto a infância dure.
Notinha
Em muitas casas há
crianças parentalizadas, ou seja, crianças que assumem função do pai ou da mãe,
ditam regras, cuidam de irmãos menores etc. Essa criança parentalizada sofre,
muitas vezes adoece e se torna triste, preocupada, ansiosa, à medida que assume
funções que escapam à sua competência junto aos pais ou aos irmãos.
Criança não pode assumir
as funções dos pais. Os adultos/cônjuges precisam responsabilizar-se por suas
escolhas. Em casa, a criança, amada e orientada pelos pais, precisa desfrutar
da infância sendo vista/reconhecida como criança.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência
ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São
Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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