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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

 



Revista Espírita de 1864

 

Allan Kardec

 

Parte 5

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Como saber se um ensinamento dado por um Espírito é verdadeiro?

B. Uma pessoa cega pode servir de instrumento aos Espíritos?

C. A faculdade mediúnica pode constituir uma profissão?

 

Texto para leitura

 

53. Na sequência do artigo, Kardec examina a questão da evolução dos animais e afirma que nenhuma das teorias dadas até então pelos Espíritos possui um caráter bastante autêntico para ser aceita como verdade definitiva. (P. 68)

54. Só a concordância universal - explica Kardec - pode lhes dar a consagração, pois nisto se encontra o único e verdadeiro controle do ensino dos Espíritos. Um princípio, seja qual for, só adquire autenticidade pela universalidade do ensinamento, isto é, por instruções idênticas, dadas em todos os lugares, por médiuns estranhos uns aos outros, sem sofrer as mesmas influências, isentos de obsessões e assistidos por Espíritos esclarecidos. (P. 68)

55. Assim é que foram controladas as diversas partes da doutrina formulada no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns. Mas esse, declara Kardec, não era ainda o caso da questão dos animais. (P. 68)

56. Sem essa concordância, quem poderia estar seguro de ter a verdade? “A razão, a lógica, o raciocínio, sem dúvida, são os primeiros meios de controle a serem usados”, assevera o Codificador. E em muitos casos isto basta. “Mas quando se trata de um princípio importante, da emissão de uma ideia nova, seria presunção crer-se infalível na apreciação das coisas.” (P. 69)

57. Depois de examinar a questão do sofrimento dos animais e sua destruição mútua, fato que costuma chocar o analista em face da Providência, Kardec conclui nestes termos o seu artigo: “Ensina-nos o Espiritismo, e nos prova, que o sofrimento no homem é útil ao seu avanço moral. Quem nos diz que o dos animais não tem utilidade? que na sua esfera e conforme certa ordem de coisas, não seja causa de progresso?” (P. 70)

58. Examinando a questão da evolução dos Espíritos, Erasto ensina que a lei imutável dos mundos é o progresso ou o movimento para a frente, ou seja, todo Espírito que é criado está inevitavelmente submetido a essa grande e sublime lei da vida. “Só existe um ser perfeito e não pode existir senão um: Deus!”, acrescenta o instrutor espiritual. (P. 71)

59. A Revista refere um curioso exemplo de faculdade mediúnica aplicada ao desenho, verificada antes do advento do Espiritismo e mesmo antes das mesas girantes. A médium era uma religiosa cega, da aldeia de Saint-Laurent-sur-Sèvres. Explicando o fenômeno, Kardec diz que parece evidente, no caso, que a médium fosse dirigida pela segunda vista, isto é, ela via pelos olhos da alma, já que os olhos do corpo nada registravam. (PP. 72 a 75)

60. Referindo-se a uma senhora dotada de notável faculdade tiptológica e inteiramente devotada à causa do Espiritismo, Kardec aproveita o ensejo para explicar por que a faculdade mediúnica não pode constituir uma profissão ou ser objeto de comércio. (PP. 75 e 76)

61. Assevera, então, o Codificador:

I) A mediunidade não é um talento, e não existe senão pelo concurso de um terceiro. Se este se recusa, não há mais mediunidade; a aptidão pode existir, mas seu exercício estará anulado.

II) Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino.

III) Não é apenas contra a cupidez que os médiuns devem pôr-se em guarda.

IV) Há um perigo, de certo modo maior, pois a ele todos estão expostos: é o orgulho, que põe a perder um grande número.

V) O desinteresse material não tem proveito se não for acompanhado pelo mais completo desinteresse moral.

VI) Humildade, devotamento, desinteresse e abnegação são qualidades do médium amado pelos bons Espíritos. (PP. 76 e 77)

62. Kardec comenta a cura de uma jovem obtida por confrades da Sociedade Espírita de Marmande e o sermão pouco evangélico proferido pelo pároco daquela cidade, o qual se valeu de observações preconceituosas para desmerecer o trabalho dos espíritas, chamando-os de charlatães e palhaços. (PP. 80 e 81)

63. Lembrando que o pároco não acreditava na eficácia das preces em casos semelhantes, Kardec afirma: “Os espíritas creem na eficácia das preces pelos doentes e nas obsessões; oravam e curavam e nada cobravam; ainda mais, se os pais estivessem necessitados, teriam dado”. (P. 81)

64. Essas preces eram palhaçadas? Evidente que não, e se venceram é porque foram ouvidas. (P. 81)

65. A Revista transcreve, sem comentá-la, uma pastoral concernente ao Espiritismo, escrita pelo bispo de Strassburg, em que seu autor se vale da tese da ação demoníaca para explicar os fenômenos ditos espíritas. O demônio, segundo o bispo, oculta-se de todas as formas possíveis e as mesas girantes teriam sido artifícios criados por ele, para ludibriar as criaturas humanas. (PP. 82 a 84)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Como saber se um ensinamento dado por um Espírito é verdadeiro?

Só a concordância universal - explica Kardec - pode lhe dar a consagração, pois nisto se encontra o único e verdadeiro controle do ensino dos Espíritos. Um princípio, seja qual for, só adquire autenticidade pela universalidade do ensinamento, isto é, por instruções idênticas, dadas em todos os lugares, por médiuns estranhos uns aos outros, sem sofrer as mesmas influências, isentos de obsessões e assistidos por Espíritos esclarecidos. Assim é que foram controladas as diversas partes da doutrina formulada no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns. Sem essa concordância, quem poderia estar seguro de ter a verdade? “A razão, a lógica, o raciocínio, sem dúvida, são os primeiros meios de controle a serem usados”, assevera o Codificador. E em muitos casos isto basta. “Mas quando se trata de um princípio importante, da emissão de uma ideia nova, seria presunção crer-se infalível na apreciação das coisas.” (Revista Espírita de 1864, pp. 68 e 69.)

B. Uma pessoa cega pode servir de instrumento aos Espíritos?

Sim. E a propósito disso a Revista referiu um curioso exemplo de faculdade mediúnica aplicada ao desenho. A médium era uma religiosa cega, da aldeia de Saint-Laurent-sur-Sèvres. Explicando o fenômeno, Kardec diz que parece evidente, no caso, que a médium fosse dirigida pela segunda vista, isto é, ela via pelos olhos da alma, já que os olhos do corpo nada registravam. (Obra citada, pp. 72 a 75.)

C. A faculdade mediúnica pode constituir uma profissão?

Não. Referindo-se a uma senhora dotada de notável faculdade tiptológica e inteiramente devotada à causa do Espiritismo, Kardec aproveitou o ensejo para explicar por que a faculdade mediúnica não pode constituir uma profissão ou ser objeto de comércio. Disse, então, o Codificador: A mediunidade não é um talento, e não existe senão pelo concurso de um terceiro. Se este se recusa, não há mais mediunidade; a aptidão pode existir, mas seu exercício estará anulado. Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino. (Obra citada, pp. 75 a 77.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/09/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01871568663.html

 

 

 


 

 

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