Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 6
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A rainha Vitória
foi médium?
B. Que diz o
Espiritismo sobre a feitiçaria e o maravilhoso?
C. Os Espíritos
disseram algo a respeito da chamada revolução industrial?
Texto para leitura
66. Kardec observa
que, embora seja censurável a inconveniência das palavras usadas pelos
adversários do Espiritismo para combatê-lo, os espíritas não devem incorrer na
mesma falta, porque é a moderação que fez a sua força. (P. 84)
67. Os jornais de
fevereiro de 1864 divulgaram que recentemente, num conselho privado, a rainha
Vitória, reportando-se à questão dinamarquesa, declarou que nada faria sem
consultar o príncipe Alberto, já falecido. Com efeito, retirando-se para o seu
gabinete, logo retornou dizendo que o príncipe se pronunciara contra a guerra.
O fato surpreendeu a todos e, acrescido de outros semelhantes, deu origem à
ideia de que seria oportuno estabelecer uma regência. (P. 85)
68. Seria médium a
rainha Vitória? Tudo indica que sim, o que não causa nenhuma surpresa,
porquanto - afirma Kardec - o Espiritismo tem adeptos até nos degraus dos
tronos, ou melhor, até nos tronos. “Tratados como loucos, os espíritas devem
consolar-se por estarem em tão boa companhia”, pondera o Codificador. (P. 85)
69. Analisando a
influência que os Espíritos exercem sobre os homens, Kardec adverte que, em
princípio, eles não nos vêm conduzir às andadeiras. O objetivo de suas instruções
é tornar-nos melhores, dar fé aos que não a têm, e não o de poupar-nos o
trabalho de pensar por nós mesmos. (P. 86)
70. Transcrevendo uma
nota pertinente ao falecimento de uma pessoa do Havre, Kardec observa que, à
exceção dos parentes próximos, poucas pessoas levam em conta o pedido que nos
fazem de orar por alguém que acaba de morrer. Com os espíritas, as coisas se
passam de forma diferente, porque eles sabem a importância da prece e a
influência que ela exerce, no momento da morte, sobre o desprendimento da alma.
(P. 88)
71. A Revista revela
que o médium Home teve de partir de Roma instantaneamente, sob acusação de
feitiçaria. Ao divulgar o fato, os jornais trocistas fizeram questão de
lamentar que em pleno século 19 ainda se acreditasse em feiticeiros; mas o mais
surpreendente não é isto - afirma Kardec -: é tentarem reviver os feiticeiros
nos espíritas, quando estes vêm provar, com as peças nas mãos, que não existem
feiticeiros nem o maravilhoso, mas somente leis naturais. (P. 88)
72. Na seção dedicada
às instruções dos Espíritos, a Revista transcreve mensagem do Espírito de
Jacquard, obtida psicograficamente pelo médium Leymarie, na qual é examinada a
questão do progresso da ciência e do aprimoramento das máquinas e utensílios
fabris, bem como o seu efeito nas relações de emprego e trabalho. (PP. 89 a 92)
73. Na mesma reunião,
enquanto Jacquard transmitia a sua mensagem, outro médium, o Sr. d’ Ambel,
obteve sobre o mesmo assunto uma comunicação assinada pelo Espírito de
Vaucanson. (PP. 92 e 93)
74. Em síntese,
ensina-nos Vaucanson:
I) O homem não foi
feito para ficar como instrumento ininteligente de produção.
II) Por suas
aptidões, por seu destino e seu lugar na criação, é ele chamado a outra função,
que não a da máquina, a um outro papel, que não a do cavalo de tiro.
III) O operário é
chamado a tornar-se engenheiro, a ver seus braços laboriosos substituídos por
máquinas ativas, infatigáveis e mais precisas.
IV) O artífice é
chamado a tornar-se artista e conduzir o trabalho mecânico por um esforço do
pensamento e não mais por um esforço dos braços.
V) Eis aí a prova
irrecusável da lei do progresso, que rege todas as humanidades. (P. 93)
75. Na sequência,
indaga Vaucanson: “Que importa que cem mil indivíduos sucumbam, quando uma
máquina foi descoberta para fazer o trabalho desses cem mil?” “Para o filósofo,
que se eleva sobre os preconceitos e interesses terrenos, o fato prova que o
homem não estava mais em seu caminho, quando se consagrava a esse labor
condenado pela Providência.” (P. 93)
76. É no campo da
inteligência - prossegue Vaucanson - “que, de agora em diante, o homem deve
fazer passar a grade e a charrua que fecundam”. “Todas as nossas reflexões têm
um só objetivo: demonstrar que ninguém deve gritar contra o progresso, que
substitui braços humanos por dispositivos e engrenagens mecânicas. Além disso,
é bom acrescentar que a humanidade pagou largo contributo à miséria e que,
penetrando mais e mais em todas as camadas sociais, a instrução tornará cada
indivíduo cada vez mais apto para funções inteligentemente chamadas liberais.”
(PP. 93 e 94)
77. Concluindo sua
mensagem, adverte o instrutor espiritual: “O homem é um agente espiritual que
deve chegar, em período não distante, a submeter ao seu serviço e para todas as
operações materiais a própria matéria, dando-lhe como único motor a inteligência,
que se expande nos cérebros humanos”.
Respostas às questões propostas
A. A rainha Vitória
foi médium?
Segundo Kardec, tudo
indica que sim, o que não causa nenhuma surpresa, porquanto – afirma o
Codificador – o Espiritismo tem adeptos até nos tronos. “Tratados como loucos,
os espíritas devem consolar-se por estarem em tão boa companhia”, observou o
Codificador. A explicação foi motivada pela notícia publicada nos jornais
ingleses de fevereiro de 1864, os quais informaram que recentemente, num
conselho privado, a rainha Vitória, reportando-se à questão dinamarquesa,
declarou que nada faria sem consultar o príncipe Alberto, já falecido. Com
efeito, retirando-se para o seu gabinete, logo retornou dizendo que o príncipe
se pronunciara contra a guerra. (Revista Espírita de 1864, pág. 85.)
B. Que diz o Espiritismo sobre a feitiçaria e o maravilhoso?
A respeito desse assunto, Kardec é categórico: o
Espiritismo provou, por meio dos fatos, que não existem feiticeiros nem o
maravilhoso, mas somente leis naturais. (Obra citada, pág. 88.)
C. Os Espíritos
disseram algo a respeito da chamada revolução industrial?
Sim. Os Espíritos de
Jacquard e Vaucanson examinaram em mensagens transcritas na Revista a questão
do progresso da ciência e do aprimoramento das máquinas e utensílios fabris,
bem como o seu efeito nas relações de emprego e trabalho. Em síntese, escreveu
Vaucanson: I) O homem não foi feito para ficar como instrumento ininteligente
de produção. II) Por suas aptidões, por seu destino e seu lugar na criação, é
ele chamado a outra função, que não a da máquina, a um outro papel, que não a
do cavalo de tiro. III) O operário é chamado a tornar-se engenheiro, a ver seus
braços laboriosos substituídos por máquinas ativas, infatigáveis e mais
precisas. IV) O artífice é chamado a tornar-se artista e conduzir o trabalho
mecânico por um esforço do pensamento e não mais por um esforço dos braços. V)
Eis aí a prova irrecusável da lei do progresso, que rege todas as humanidades.
Na sequência, indagou Vaucanson: “Que importa que cem mil indivíduos sucumbam,
quando uma máquina foi descoberta para fazer o trabalho desses cem mil?” “Para
o filósofo, que se eleva sobre os preconceitos e interesses terrenos, o fato
prova que o homem não estava mais em seu caminho, quando se consagrava a esse
labor condenado pela Providência.” É no campo da inteligência – aduziu
Vaucanson – “que, de agora em diante, o homem deve fazer passar a grade e a
charrua que fecundam”. “Todas as nossas reflexões têm um só objetivo:
demonstrar que ninguém deve gritar contra o progresso, que substitui braços
humanos por dispositivos e engrenagens mecânicas. Além disso, é bom acrescentar
que a humanidade pagou largo contributo à miséria e que, penetrando mais e mais
em todas as camadas sociais, a instrução tornará cada indivíduo cada vez mais
apto para funções inteligentemente chamadas liberais.” (Obra citada, pp. 89 a
94.)
Observação:
Para
acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/09/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_0110545374.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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