Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 5
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como saber se um
ensinamento dado por um Espírito é verdadeiro?
B. Uma pessoa cega
pode servir de instrumento aos Espíritos?
C. A faculdade
mediúnica pode constituir uma profissão?
Texto para leitura
53. Na sequência do
artigo, Kardec examina a questão da evolução dos animais e afirma que nenhuma
das teorias dadas até então pelos Espíritos possui um caráter bastante
autêntico para ser aceita como verdade definitiva. (P. 68)
54. Só a concordância
universal - explica Kardec - pode lhes dar a consagração, pois nisto se
encontra o único e verdadeiro controle do ensino dos Espíritos. Um princípio,
seja qual for, só adquire autenticidade pela universalidade do ensinamento,
isto é, por instruções idênticas, dadas em todos os lugares, por médiuns
estranhos uns aos outros, sem sofrer as mesmas influências, isentos de
obsessões e assistidos por Espíritos esclarecidos. (P. 68)
55. Assim é que foram
controladas as diversas partes da doutrina formulada no Livro dos Espíritos
e no Livro dos Médiuns. Mas esse, declara Kardec, não era ainda o caso
da questão dos animais. (P. 68)
56. Sem essa
concordância, quem poderia estar seguro de ter a verdade? “A razão, a lógica, o
raciocínio, sem dúvida, são os primeiros meios de controle a serem usados”,
assevera o Codificador. E em muitos casos isto basta. “Mas quando se trata de
um princípio importante, da emissão de uma ideia nova, seria presunção crer-se
infalível na apreciação das coisas.” (P. 69)
57. Depois de
examinar a questão do sofrimento dos animais e sua destruição mútua, fato que
costuma chocar o analista em face da Providência, Kardec conclui nestes termos
o seu artigo: “Ensina-nos o Espiritismo, e nos prova, que o sofrimento no homem
é útil ao seu avanço moral. Quem nos diz que o dos animais não tem utilidade?
que na sua esfera e conforme certa ordem de coisas, não seja causa de
progresso?” (P. 70)
58. Examinando a
questão da evolução dos Espíritos, Erasto ensina que a lei imutável dos mundos
é o progresso ou o movimento para a frente, ou seja, todo Espírito que é criado
está inevitavelmente submetido a essa grande e sublime lei da vida. “Só existe
um ser perfeito e não pode existir senão um: Deus!”, acrescenta o instrutor
espiritual. (P. 71)
59. A Revista refere
um curioso exemplo de faculdade mediúnica aplicada ao desenho, verificada antes
do advento do Espiritismo e mesmo antes das mesas girantes. A médium era uma
religiosa cega, da aldeia de Saint-Laurent-sur-Sèvres. Explicando o fenômeno,
Kardec diz que parece evidente, no caso, que a médium fosse dirigida pela
segunda vista, isto é, ela via pelos olhos da alma, já que os olhos do corpo
nada registravam. (PP. 72 a 75)
60. Referindo-se a
uma senhora dotada de notável faculdade tiptológica e inteiramente devotada à
causa do Espiritismo, Kardec aproveita o ensejo para explicar por que a
faculdade mediúnica não pode constituir uma profissão ou ser objeto de
comércio. (PP. 75 e 76)
61. Assevera, então,
o Codificador:
I) A mediunidade não
é um talento, e não existe senão pelo concurso de um terceiro. Se este se
recusa, não há mais mediunidade; a aptidão pode existir, mas seu exercício
estará anulado.
II) Um médium sem a
assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino.
III) Não é apenas
contra a cupidez que os médiuns devem pôr-se em guarda.
IV) Há um perigo, de
certo modo maior, pois a ele todos estão expostos: é o orgulho, que põe a
perder um grande número.
V) O desinteresse
material não tem proveito se não for acompanhado pelo mais completo
desinteresse moral.
VI) Humildade,
devotamento, desinteresse e abnegação são qualidades do médium amado pelos bons
Espíritos. (PP. 76 e 77)
62. Kardec comenta a
cura de uma jovem obtida por confrades da Sociedade Espírita de Marmande e o
sermão pouco evangélico proferido pelo pároco daquela cidade, o qual se valeu
de observações preconceituosas para desmerecer o trabalho dos espíritas,
chamando-os de charlatães e palhaços. (PP. 80 e 81)
63. Lembrando que o
pároco não acreditava na eficácia das preces em casos semelhantes, Kardec
afirma: “Os espíritas creem na eficácia das preces pelos doentes e nas
obsessões; oravam e curavam e nada cobravam; ainda mais, se os pais estivessem
necessitados, teriam dado”. (P. 81)
64. Essas preces eram
palhaçadas? Evidente que não, e se venceram é porque foram ouvidas. (P. 81)
65. A Revista
transcreve, sem comentá-la, uma pastoral concernente ao Espiritismo, escrita
pelo bispo de Strassburg, em que seu autor se vale da tese da ação demoníaca
para explicar os fenômenos ditos espíritas. O demônio, segundo o bispo,
oculta-se de todas as formas possíveis e as mesas girantes teriam sido
artifícios criados por ele, para ludibriar as criaturas humanas. (PP. 82 a 84)
Respostas às questões propostas
A.
Como saber se um ensinamento dado por um Espírito é verdadeiro?
Só a concordância universal - explica Kardec - pode lhe
dar a consagração, pois nisto se encontra o único e verdadeiro controle do
ensino dos Espíritos. Um princípio, seja qual for, só adquire autenticidade
pela universalidade do ensinamento, isto é, por instruções idênticas, dadas em
todos os lugares, por médiuns estranhos uns aos outros, sem sofrer as mesmas
influências, isentos de obsessões e assistidos por Espíritos esclarecidos.
Assim é que foram controladas as diversas partes da doutrina formulada no Livro
dos Espíritos e no Livro dos Médiuns. Sem essa concordância, quem
poderia estar seguro de ter a verdade? “A razão, a lógica, o raciocínio, sem
dúvida, são os primeiros meios de controle a serem usados”, assevera o
Codificador. E em muitos casos isto basta. “Mas quando se trata de um princípio
importante, da emissão de uma ideia nova, seria presunção crer-se infalível na
apreciação das coisas.” (Revista Espírita de 1864, pp. 68 e 69.)
B. Uma pessoa cega
pode servir de instrumento aos Espíritos?
Sim. E a propósito
disso a Revista referiu um curioso exemplo de faculdade mediúnica aplicada ao
desenho. A médium era uma religiosa cega, da aldeia de
Saint-Laurent-sur-Sèvres. Explicando o fenômeno, Kardec diz que parece
evidente, no caso, que a médium fosse dirigida pela segunda vista, isto é, ela
via pelos olhos da alma, já que os olhos do corpo nada registravam. (Obra
citada, pp. 72 a 75.)
C. A faculdade
mediúnica pode constituir uma profissão?
Não. Referindo-se a
uma senhora dotada de notável faculdade tiptológica e inteiramente devotada à
causa do Espiritismo, Kardec aproveitou o ensejo para explicar por que a
faculdade mediúnica não pode constituir uma profissão ou ser objeto de
comércio. Disse, então, o Codificador: A mediunidade não é um talento, e não
existe senão pelo concurso de um terceiro. Se este se recusa, não há mais
mediunidade; a aptidão pode existir, mas seu exercício estará anulado. Um
médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino. (Obra
citada, pp. 75 a 77.)
Observação:
Para
acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/09/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01871568663.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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