Revista Espírita de
1864
Allan Kardec
Parte 17
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção
do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan
Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b) texto
para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. A
música pode ajudar no abrandamento dos costumes?
B. No
tocante ao abrandamento citado na questão anterior, a música basta por si
mesma?
C. Há
diferença entre o louco e o indivíduo com retardamento mental (designado na
época de Kardec pelos vocábulos idiota e cretino)?
Texto
para leitura
198. A Revista
transcreve interessante artigo publicado originalmente pelo Sr. Chadeuil na revista
musical do Siècle de 21-6-1864, sobre a influência da música sobre os
detentos, os loucos e os idiotas. Em determinada casa de detenção de Melun o
diretor fez com que a música penetrasse nas celas dos condenados. O efeito foi
muito grande sobre o moral dos detentos. (PP. 257 e 258)
199. Em
vários hospícios, notadamente em Bicêtre - informa o artigo -, a música era
também utilizada com sucesso no tratamento dos internos. Para estes, cantar era
uma festa e o caminho de uma meia reabilitação intelectual. (P. 259)
200.
Comentando o assunto, Kardec observa que em todos os tempos tem-se reconhecido
a influência salutar da música no abrandamento dos costumes. Sua introdução
entre os criminosos constituía um progresso incontestável e só poderia ter
resultados satisfatórios, porque a música move as fibras entorpecidas da
sensibilidade e as predispõe a receber as impressões morais. (P. 261)
201.
Kardec diz, porém, que a música por si só não é suficiente para a reabilitação
dessas criaturas, porque é preciso falar à alma, após haver amolecido o
coração. O que lhes falta é a fé em Deus e no futuro, não uma fé vaga, incerta,
mas uma fé baseada na certeza, o que pode torná-la inabalável. Faz-se, pois,
necessário atingir o mal na sua raiz. (P. 261)
202. Um
dia - prevê Kardec - será reconhecida toda a extensão do socorro a encontrar
nas ideias espíritas, cuja influência já está provada pelas numerosas
transformações que operam nas naturezas mais rebeldes. O Espiritismo já não se
achava no estado de simples teoria e, conforme os resultados por ele
produzidos, podia-se afirmar sem medo que a diminuição dos crimes e delitos
seria proporcional à sua divulgação, o que o futuro se encarregaria de
demonstrar. (PP. 261 e 262)
203. No
tocante à loucura, afirma Kardec que o Espiritismo veio lançar uma luz
completamente nova sobre as doenças mentais, ao demonstrar a dualidade do ser
humano e a possibilidade de se agir isoladamente sobre o ser espiritual e sobre
o ser material. (P. 262)
204. Em
se referindo aos idiotas e cretinos, que parecem votados pela própria natureza
a uma nulidade moral absoluta, o Espiritismo experimental prova, pelo
isolamento do Espírito e do corpo, que eles são geralmente Espíritos
desenvolvidos e não atrasados, tão somente unidos a corpos imperfeitos. (P.
262)
205. A
diferença entre o louco e o cretino - esclarece Kardec - é que o primeiro, ao nascer,
é provido de órgãos cerebrais constituídos normalmente, mas que mais tarde se
desorganizam, ao passo que o segundo é um Espírito encarnado num corpo cujos
órgãos, atrofiados desde o princípio, não lhe permitem manifestar livremente o
pensamento. O que falta ao idiota não são as faculdades, mas as cordas
cerebrais correspondentes a essas faculdades, para a sua manifestação. (PP. 262
e 263)
206. A
cura radical do idiota é, por isso, impossível; tudo quanto se pode esperar no
seu tratamento é uma ligeira melhora. Não se conhecendo nenhum tratamento
aplicável aos órgãos, é ao Espírito que devemos nos dirigir quando deles
cuidamos. A música é um meio de agir sobre os seus órgãos, porque consegue
abalar essas fibras entorpecidas, como um grande ruído que chega aos ouvidos de
um surdo. (P. 263)
207. A Revista
reproduz na íntegra documento publicado em 31 de julho de 1864 no jornal El
Diário, em Barcelona, de autoria do Monsenhor Pantaleón Monserra y Navarro,
bispo daquela cidade, o qual, contendo as novas ordenações da Igreja a respeito
do Espiritismo, acusa a este de ressuscitar as antigas práticas da necromancia.
(PP. 264 a 273)
208.
Rebatendo as críticas mais importantes contidas no aludido documento, Kardec
esclarece que o Espiritismo não saiu do cérebro de nenhum homem. “Se os
Espíritos não se tivessem manifestado por si mesmos, não teria havido
Espiritismo”, assevera o Codificador. (P. 266)
209. Sua
fácil aceitação, longe de ser uma anomalia, é uma consequência de sua natureza,
que lhe dá posição entre as ciências de observação. Sendo o Espiritismo uma
ciência ainda muito jovem, era natural que tivesse contra si a oposição de
muitos, que Kardec classificou em 4 grupos: 1º - os que creem na matéria
tangível e negam todo poder intelectual fora do homem; 2º - certos sábios que
pensam que a natureza não tem mais segredos para eles ou que só a eles cabe
descobrir o que ainda esteja oculto; 3º - os que, em todos os tempos, se
esforçam por deter a marcha ascendente do espírito humano, por temerem que o
desenvolvimento das ideias lhes prejudique o poder e os interesses; 4º - os
que, sem ideia preconcebida e não o conhecendo, julgam-no pelo disfarce com que
o apresentam seus adversários, com vistas a desacreditá-lo. (P. 268)
Respostas
às questões propostas
A. A
música pode ajudar no abrandamento dos costumes?
Sim.
Notícia divulgada pela Revista revela que em determinada casa de detenção de
Melun o diretor fez com que a música penetrasse nas celas dos condenados e o
efeito foi muito grande sobre o moral dos detentos. Em Bicêtre, segundo a mesma
notícia, a música era também utilizada com sucesso no tratamento dos internos.
Para estes, cantar era uma festa e o caminho de uma meia reabilitação
intelectual. Comentando o assunto, Kardec observa que em todos os tempos tem-se
reconhecido a influência salutar da música no abrandamento dos costumes. Sua
introdução entre os criminosos constituía um progresso incontestável e só
poderia ter resultados satisfatórios, porque a música move as fibras
entorpecidas da sensibilidade e as predispõe a receber as impressões morais. (Revista
Espírita de 1864, pp. 257 a 261.)
B. No
tocante ao abrandamento citado na questão anterior, a música basta por si
mesma?
Não.
Comentando a notícia anteriormente referida, Kardec disse que a música por si
só não é suficiente para a reabilitação daquelas criaturas. É preciso também
falar-lhes à alma, após haver amolecido seu coração. O que lhes falta é a fé em
Deus e no futuro, não uma fé vaga, incerta, mas uma fé baseada na certeza, o
que pode torná-la inabalável. Faz-se, pois, necessário atingir o mal na sua
raiz. (Obra citada, pág. 261.)
C. Há
diferença entre o louco e o indivíduo com retardamento mental (designado na
época de Kardec pelos vocábulos idiota e cretino)?
Sim. Em
se referindo aos idiotas e cretinos, que parecem votados pela própria natureza
a uma nulidade moral absoluta, o Espiritismo experimental provou, pelo
isolamento do Espírito e do corpo, que eles são geralmente Espíritos
desenvolvidos e não atrasados, tão somente unidos a corpos imperfeitos. A
diferença entre o louco e o cretino - esclarece Kardec - é que o primeiro, ao
nascer, é provido de órgãos cerebrais constituídos normalmente, mas que mais
tarde se desorganizam, ao passo que o segundo é um Espírito encarnado num corpo
cujos órgãos, atrofiados desde o princípio, não lhe permitem manifestar
livremente o pensamento. O que falta ao idiota não são as faculdades, mas as
cordas cerebrais correspondentes a essas faculdades, para a sua manifestação.
(Obra citada, pp. 262 e 263.)
Observação:
Para acessar a Parte 16
deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/12/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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