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domingo, 21 de janeiro de 2024

 



Que pensamos sobre o carnaval?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Para responder a semelhante pergunta é preciso distinguir a festa em si, que nada de negativo apresenta, do ambiente em que ela se manifesta e da conduta das pessoas que aí se apresentam.

Estamos, pois, diante de três aspectos distintos: a festa propriamente dita, as condições em que ela se realiza e o comportamento dos que dela participam.

No carnaval tradicional, sobretudo o realizado nas cidades do interior, em que famílias inteiras confraternizam, nada há de mau, porque seu objetivo é a busca da diversão sadia, em que não existem outros propósitos além disso.

Se, porém, a festa é tumultuada, excitante, plena de quadros de nudez e de erotismo, em que a bebida, a droga e a prática do sexo irresponsável dão o tom, eis um ambiente que o homem de juízo procurará, evidentemente, evitar.

Em artigo publicado oportunamente no jornal A Tarde, Divaldo Franco resumiu bem o que pensamos sobre o tema: “Não é o carnaval, em si mesmo, um fator de degeneração moral, social e espiritual, mas a oportunidade que faculta aos atormentados para exporem as suas feridas morais”.

Não existe nas principais obras espíritas nenhuma recomendação no sentido de que devamos ou não evitar as folias de Momo. Nesse, como em qualquer outro caso, a decisão é puramente pessoal e dela, evidentemente, prestaremos contas, certos de que, como alertou Paulo de Tarso, tudo na vida nos é lícito, mas nem tudo nos convém.

Com respeito à psicosfera que reina nos festejos momescos realizados nas grandes cidades, especialmente naquelas que atraem turistas do mundo todo, é bom relembrar o que dois eminentes autores espirituais escreveram.

Thereza de Brito, por meio das faculdades mediúnicas de José Raul Teixeira, escreveu:

 

“Muita gente se expressa com honestidade, asseverando que vai para o carnaval sem intenções malévolas, que vai apenas pela distração, pela empolgação, pelo movimento. Entretanto, a sintonização está formada. Mergulhados nas mesmas energias em que todos se encharcam, em franca cadeia de interesses similares, toda a gente se mantém no mesmo caldo de nutrição psíquica. Assim, a boa intenção contrasta com a inutilidade e materialidade dos referidos interesses, não tendo, então, o bem-intencionado a inocência ou a escusa que a si mesmo se atribui.” (Vereda Familiar, p. 92)

 

Manoel Philomeno de Miranda, em seu livro Nas Fronteiras da Loucura, obra psicografada por Divaldo Franco, reportando-se ao carnaval carioca, descreveu uma cena típica registrada na referida ocasião, que reproduzimos:

 

Num dos dias do carnaval, a cidade era um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturava à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia vencer a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor.

Grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de Espíritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno.

Algumas Entidades atacavam os burlescos transeuntes tentando prejudicá-los com suas induções nefastas. Outras buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas.

Muitas pessoas fantasiadas haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões inferiores do Além.

A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu de Dr. Bezerra o seguinte comentário: "Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com Entidades que lhes são afins. É de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso..."

Nas proximidades do sambódromo, o local mais parecia uma praça de guerra, burlescamente apresentada, em que o ridículo e a dor se ajustavam em pantomina de aflição. Dr. Bezerra disse então ao seu amigo: "Não se creia que todos quantos desfilam nos carros do prazer, se encontrem em festa. Incontáveis têm a mente subjugada por problemas de que procuram fugir, usando o corredor enganoso que leva à loucura; diversos suicidam-se, propositalmente, pensando escapar às frustrações que os atormentam em longo curso; numerosos anseiam por alianças de felicidade que os momentos de sonho parecem prometer, despertando, depois, cansados e desiludidos..." "Raros divertem-se, descontraem-se sadiamente, desde que os apelos fortes se dirigem à consunção de todas as reservas de dignidade e respeito nas fornalhas dos vícios e embriaguez dos sentidos." (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 6, pp. 51 a 54.)

 

Sobre o assunto, o leitor encontrará inúmeros textos veiculados na internet, como os abaixo indicados, publicados na revista O Consolador, cuja leitura vale a pena, se quisermos entender realmente o que nós espíritas pensamos sobre o carnaval:

1 - Wellington Balbo – “O Espiritismo e o carnaval”

http://www.oconsolador.com.br/ano2/99/especial.html

2 - Leonardo Marmo Moreira – “O Carnaval à luz da Doutrina Espírita”

http://www.oconsolador.com.br/44/leonardo_moreira.html

3 - Cláudia Gelernter – “Carnaval e problemas sociais”

http://www.oconsolador.com.br/ano6/301/claudia_gelernter.html

4 - Ricardo Orestes Forni – “Colocando a máscara”

http://www.oconsolador.com.br/ano7/315/ricardo_orestes.html

 

  

 

 

 

 

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