Quando
um Espírito se comunica, como saber se ele está desencarnado?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Sabe-se no meio espírita que muitos Espíritos trazidos
às reuniões mediúnicas nem sempre sabem que já desencarnaram e costuma ser na
própria reunião que eles se cientificam desse fato.
Pode suceder, no entanto, que o comunicante esteja ainda reencarnado, verificando-se então a chamada comunicação mediúnica entre pessoas vivas, tema de importante obra escrita por Ernesto Bozzano, que foi também objeto do e-book Manifestações de Espírito de pessoa viva (Em que condições elas ocorrem), de Paulo Neto, que o leitor pode baixar gratuitamente clicando aqui: https://www.oconsolador.com.br/editora/51a100/Manifesta%C3%A7%C3%B5es%20de%20Esp%C3%ADrito%20de%20Pessoa%20Viva.pdf
Na
prática mediúnica, como observamos inumeráveis vezes, muitos Espíritos que se
manifestam nas sessões mostram ignorar o estado em que se encontram e, em tais
casos, é comum que se apresentem inquietos, confusos e às vezes revoltados,
porque dizem que em sua casa ninguém mais lhes fala. Eles conversam com as
pessoas da casa e ninguém responde, o que acham estranho por não perceberem que
tal situação decorre do fato de que, ao desencarnarem, tornaram-se “invisíveis”
para aquelas pessoas, seja no lar, seja na rua, seja no ambiente profissional.
Lembramo-nos
de que, na cidade onde nascemos, uma jovem professora, alguns anos depois de
sua morte corpórea, era ainda vista por um médium vidente adentrando o colégio
para ali lecionar. Segundo o médium pôde ver em várias oportunidades, ela
levava consigo os livros e demais materiais de uso do professor, o que revela
claramente que ignorava seu estado de Espírito desencarnado.
Léon
Denis narra, a respeito do assunto, um curioso fato, lembrando inicialmente que
esse gênero de manifestações introduz quase sempre um elemento de confusão e
erro nos fenômenos de “transe”, sendo preciso uma experiência consumada para os
não confundir com as manifestações dos desencarnados.
Durante
três anos consecutivos, o Espírito de uma pessoa viva manifestou-se, por via de
incorporação, no grupo que ele dirigia na cidade de Tours, França, sem que nada
o pudesse distinguir dos Espíritos desencarnados que ali habitualmente se
comunicavam.
Os
pormenores mais positivos foram pelo comunicante fornecidos acerca de sua
identidade. Dizia chamar-se B. e havia sido sacristão da vila de D., na Sarthe.
A voz arrastada, o gesto lento e fatigado, a atitude curvada contrastavam com
as atitudes e gestos próprios do médium e dos outros Espíritos familiares.
Sempre
que B. se manifestava, era possível reconhecê-lo logo às primeiras palavras
proferidas. Punha-se então a narrar por miúdo os menores incidentes de sua
vida, as admoestações do vigário, por motivo de sua preguiça e das bebedeiras
que tomava, o mau estado da igreja e dos paramentos confiados aos seus
cuidados, e até suas infrutíferas pesquisas a fim de encontrar a confirmação do
que lhe havia sido ensinado.
Tudo
nele – propósitos, recordações, pesares – dava a Léon Denis e seus companheiros
a firme convicção de estarem tratando com um desencarnado. Não foi, pois,
pequena a surpresa que todos experimentaram quando um membro do grupo, tendo
ido à indicada região e sido encarregado de proceder a uma pesquisa, descobriu
que B. ainda pertencia a este mundo. Tudo o que havia ele dito nas comunicações
era, ademais, exato.
O
companheiro de Denis pôde vê-lo e conversar com ele. Achando-se velho e cada
vez mais dado à preguiça e à embriaguez, tivera que abandonar suas funções.
Assim, todas as noites, às primeiras horas, se deitava e adormecia
profundamente. Podia então exteriorizar-se, transportar-se até o grupo de Tours
e incorporar-se em um dos médiuns, a quem o prendiam laços de afinidade cuja
causa se conservou sempre ignorada.
À
vista desse relato, nota-se que é preciso realmente experiência e argúcia para
que se faça a necessária distinção, motivo que reforça a orientação, hoje bem
conhecida, de que na doutrinação não se deve dizer ao Espírito comunicante:
“Você morreu”. Essa informação certamente, se for verdadeira, alguém lhe dará, mas
não é a nós que cabe tal tarefa.
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