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domingo, 10 de março de 2024

 



Quando um Espírito se comunica, como saber se ele está desencarnado?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Sabe-se no meio espírita que muitos Espíritos trazidos às reuniões mediúnicas nem sempre sabem que já desencarnaram e costuma ser na própria reunião que eles se cientificam desse fato.

Pode suceder, no entanto, que o comunicante esteja ainda reencarnado, verificando-se então a chamada comunicação mediúnica entre pessoas vivas, tema de importante obra escrita por Ernesto Bozzano, que foi também objeto do e-book Manifestações de Espírito de pessoa viva (Em que condições elas ocorrem), de Paulo Neto, que o leitor pode baixar gratuitamente clicando aqui: https://www.oconsolador.com.br/editora/51a100/Manifesta%C3%A7%C3%B5es%20de%20Esp%C3%ADrito%20de%20Pessoa%20Viva.pdf

Muitas pessoas, diante da manifestação de um Espírito que se diz encarnado, perguntam como saber se ele está realmente dizendo a verdade ou, como é comum, apenas ignora que sua desencarnação já ocorreu.

Na prática mediúnica, como observamos inumeráveis vezes, muitos Espíritos que se manifestam nas sessões mostram ignorar o estado em que se encontram e, em tais casos, é comum que se apresentem inquietos, confusos e às vezes revoltados, porque dizem que em sua casa ninguém mais lhes fala. Eles conversam com as pessoas da casa e ninguém responde, o que acham estranho por não perceberem que tal situação decorre do fato de que, ao desencarnarem, tornaram-se “invisíveis” para aquelas pessoas, seja no lar, seja na rua, seja no ambiente profissional.

Lembramo-nos de que, na cidade onde nascemos, uma jovem professora, alguns anos depois de sua morte corpórea, era ainda vista por um médium vidente adentrando o colégio para ali lecionar. Segundo o médium pôde ver em várias oportunidades, ela levava consigo os livros e demais materiais de uso do professor, o que revela claramente que ignorava seu estado de Espírito desencarnado.

Léon Denis narra, a respeito do assunto, um curioso fato, lembrando inicialmente que esse gênero de manifestações introduz quase sempre um elemento de confusão e erro nos fenômenos de “transe”, sendo preciso uma experiência consumada para os não confundir com as manifestações dos desencarnados.

Durante três anos consecutivos, o Espírito de uma pessoa viva manifestou-se, por via de incorporação, no grupo que ele dirigia na cidade de Tours, França, sem que nada o pudesse distinguir dos Espíritos desencarnados que ali habitualmente se comunicavam.

Os pormenores mais positivos foram pelo comunicante fornecidos acerca de sua identidade. Dizia chamar-se B. e havia sido sacristão da vila de D., na Sarthe. A voz arrastada, o gesto lento e fatigado, a atitude curvada contrastavam com as atitudes e gestos próprios do médium e dos outros Espíritos familiares.

Sempre que B. se manifestava, era possível reconhecê-lo logo às primeiras palavras proferidas. Punha-se então a narrar por miúdo os menores incidentes de sua vida, as admoestações do vigário, por motivo de sua preguiça e das bebedeiras que tomava, o mau estado da igreja e dos paramentos confiados aos seus cuidados, e até suas infrutíferas pesquisas a fim de encontrar a confirmação do que lhe havia sido ensinado.

Tudo nele – propósitos, recordações, pesares – dava a Léon Denis e seus companheiros a firme convicção de estarem tratando com um desencarnado. Não foi, pois, pequena a surpresa que todos experimentaram quando um membro do grupo, tendo ido à indicada região e sido encarregado de proceder a uma pesquisa, descobriu que B. ainda pertencia a este mundo. Tudo o que havia ele dito nas comunicações era, ademais, exato.

O companheiro de Denis pôde vê-lo e conversar com ele. Achando-se velho e cada vez mais dado à preguiça e à embriaguez, tivera que abandonar suas funções. Assim, todas as noites, às primeiras horas, se deitava e adormecia profundamente. Podia então exteriorizar-se, transportar-se até o grupo de Tours e incorporar-se em um dos médiuns, a quem o prendiam laços de afinidade cuja causa se conservou sempre ignorada.

À vista desse relato, nota-se que é preciso realmente experiência e argúcia para que se faça a necessária distinção, motivo que reforça a orientação, hoje bem conhecida, de que na doutrinação não se deve dizer ao Espírito comunicante: “Você morreu”. Essa informação certamente, se for verdadeira, alguém lhe dará, mas não é a nós que cabe tal tarefa.

 

 

  

 


 

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