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domingo, 26 de maio de 2024

 



A ideia espírita acerca do destino

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Há, em nosso meio, quem entenda que a ideia de destino conflita com o conceito de livre-arbítrio proposto pelo Espiritismo como um atributo inerente ao ser humano.

Afinal, o chamado destino existe ou não?

A questão do destino, consoante seu significado vulgar, é tratada de modo especial nos itens 259, 851, 866 e 872 d´O Livro dos Espíritos.

Resumidamente, ensina o Espiritismo que nem todas as provas da vida são previstas ou propostas pelo Espírito que se prepara para reencarnar e, com esse objetivo, elabora sua programação reencarnatória.

A chamada fatalidade existiria, assim, somente em face da escolha que o Espírito fez de enfrentar, ao reencarnar, essa ou aquela prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.

Na aludida programação são, porém, previstos apenas os fatos principais, os que influem no destino humano, assim como o gênero das provas. As particularidades correm por conta da posição em que a pessoa se achar e são, geralmente, consequências de suas próprias ações.

Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabe a que arrastamentos se exporá. Ignora, porém, quais os atos que virá a praticar. Esses atos resultarão do exercício de sua vontade, ou seja, de seu livre-arbítrio.

Sabe também que, escolhendo tal caminho, terá de sustentar lutas de determinada espécie e não ignora, desse modo, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão.

Os acontecimentos secundários de uma existência corpórea originam-se quase sempre das circunstâncias e da força mesma das coisas. Se tomamos uma estrada cheia de sulcos profundos, sabemos que teremos de andar cautelosamente, porque há grande probabilidade de cairmos. Mas, obviamente, ignoramos em que ponto cairemos e bem pode suceder que não caiamos, se formos bastante prudentes. 

Em seu livro Depois da Morte, Léon Denis alude ao tema, confirmando o pensamento exposto na principal obra da doutrina espírita. Segundo Denis, a fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida não é mais que a consequência lógica do nosso passado, o cumprimento do destino por nós mesmos aceito antes de reencarnarmos. “O destino é consequência de nossos atos e de nossas livres resoluções, tomadas na vida espiritual”, afirma o conhecido e respeitado escritor.

Quando usada, pois, com as ressalvas a que nos reportamos, a palavra destino não apresenta nada de antidoutrinário e pode ser perfeitamente utilizada pelos espiritistas, como, aliás, é comum vermos nas obras de diferentes autores espíritas.

 

 

 


 

 

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