A ideia espírita acerca do destino
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Há, em nosso meio, quem entenda que a
ideia de destino conflita com o conceito de livre-arbítrio proposto pelo
Espiritismo como um atributo inerente ao ser humano.
Afinal, o chamado destino existe ou não?
A questão do destino, consoante seu significado
vulgar, é tratada de modo especial nos itens 259, 851, 866 e 872 d´O Livro
dos Espíritos.
Resumidamente, ensina o Espiritismo que nem todas as
provas da vida são previstas ou propostas pelo Espírito que se prepara para
reencarnar e, com esse objetivo, elabora sua programação reencarnatória.
A chamada fatalidade existiria, assim, somente em
face da escolha que o Espírito fez de enfrentar, ao reencarnar, essa ou aquela
prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a
consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.
Na aludida programação são, porém, previstos apenas
os fatos principais, os que influem no destino humano, assim como o gênero das
provas. As particularidades correm por conta da posição em que a pessoa se achar
e são, geralmente, consequências de suas próprias ações.
Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores,
sabe a que arrastamentos se exporá. Ignora, porém, quais os atos que virá a
praticar. Esses atos resultarão do exercício de sua vontade, ou seja, de seu
livre-arbítrio.
Sabe também que, escolhendo tal caminho, terá de
sustentar lutas de determinada espécie e não ignora, desse modo, de que
natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão.
Os acontecimentos secundários de uma existência
corpórea originam-se quase sempre das circunstâncias e da força mesma das
coisas. Se tomamos uma estrada cheia de sulcos profundos, sabemos que teremos
de andar cautelosamente, porque há grande probabilidade de cairmos. Mas,
obviamente, ignoramos em que ponto cairemos e bem pode suceder que não caiamos,
se formos bastante prudentes.
Em seu livro Depois da Morte, Léon Denis
alude ao tema, confirmando o pensamento exposto na principal obra da doutrina
espírita. Segundo Denis, a fatalidade aparente que semeia de males o caminho da
vida não é mais que a consequência lógica do nosso passado, o cumprimento do
destino por nós mesmos aceito antes de reencarnarmos. “O destino é
consequência de nossos atos e de nossas livres resoluções, tomadas na vida espiritual”,
afirma o conhecido e respeitado escritor.
Quando usada, pois, com as ressalvas a que nos
reportamos, a palavra destino não apresenta nada de antidoutrinário e pode ser
perfeitamente utilizada pelos espiritistas, como, aliás, é comum vermos nas
obras de diferentes autores espíritas.
To
read in English, click here: ENGLISH |
Nenhum comentário:
Postar um comentário