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quarta-feira, 17 de julho de 2024

 




Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 19

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. A passagem dos irmãos Davenport pela Europa foi prejudicial ao movimento espírita?

B. Chegou a Kardec notícia sobre o Espiritismo no Brasil?

C. A fé espírita pode ajudar na prevenção de certas enfermidades?

 

Texto para leitura

 

221. O número de novembro de 1865 inicia-se com a transcrição de uma mensagem aprovada por unanimidade pela Sociedade Espírita de Paris e dirigida aos espíritas da França e do estrangeiro. Trata-se de uma moção de reconhecimento e apoio enviada pela Sociedade numa hora em que se redobravam na Europa os ataques contra os espiritistas. (Págs. 315 e 316.)

222. A alocução feita por Kardec na reabertura das sessões da Sociedade de Paris, ocorrida em outubro próximo passado, foi também transcrita na Revista. O Codificador fez ali, como não podia ser diferente, alusão ao grande barulho que ocorrera durante o recesso anual da Sociedade, embora não entrasse em detalhes, que ele considerava no momento inteiramente supérfluos. E pediu a todos os confrades que se unissem numa santa comunhão de pensamentos, para enfrentarem a tempestade, pondo de lado as suscetibilidades e as questões menores, em favor de algo mais importante, que é a causa espírita. (Págs. 316 a 319.)

223. Ficou evidente que a presença dos irmãos Davenport na Europa foi bastante prejudicial ao movimento espírita europeu. “Como se sabe – advertiu Kardec –, o que falta aos que confundem o Espiritismo com a charlatanice é saber o que é o Espiritismo. Sem dúvida poderão sabê-lo pelos livros, quando se derem à pena. Mas, que é a teoria ao lado da prática?” “Não basta dizer que a doutrina é bela; é necessário que os que a professam mostrem a sua aplicação.” (Págs. 315 e 316.)

224. Num artigo logo a seguir, Kardec diz que começava a acalmar-se a situação causada pelos irmãos Davenport, após a bordoada lançada pela imprensa contra eles e o Espiritismo. Este, contudo, saíra incólume aos golpes recebidos, porque muitas vozes respeitáveis se levantaram para mostrar que o Espiritismo não pode ser confundido com seus adeptos. Exemplo dessas manifestações publicadas pela imprensa é a carta do Sr. Breux, de Perpignan, divulgada a 8 de outubro pelo Journal des Pyrénées-Orientales. (Págs. 320 e 321.)

225. O Codificador, depois de transcrever a carta referida, acrescentou: “Todas as refutações que temos sob os olhos, e que foram dirigidas aos jornais, protestam contra a confusão que fizeram entre o Espiritismo e as sessões dos srs. Davenport. Se, pois, a crítica persiste em torná-los solidários, é porque o quer”. (Pág. 322.)

226. Em um poema intitulado “Um fenômeno”, de sua autoria, o Sr. Dombre, de Marmande, alude indiretamente ao tema tratado por Kardec, quando lembra, em sua estrofe final: “A verdade sempre tem sua contrafação:/ Cabe-nos distinguir, pela comparação,/ A verdade do embuste.” E conclui: “Para julgar direito os efeitos e as causas,/ Ao céptico faltam duas coisas:/ Um pouco de modéstia – e boa fé.” (Págs. 315 e 316.)

227. Sob o título “O Espiritismo no Brasil”, Kardec informa que no jornal Diário da Bahia fora publicada no dia 28 de setembro de 1865, a pedido de Luís Olympio Telles de Menezes, José Alvares do Amaral e Joaquim Carneiro de Campos, uma refutação a um artigo do dr. Déchambre, contrário ao Espiritismo, publicado no dia anterior pelo mesmo jornal. Elogiando a iniciativa dos confrades da Bahia, Kardec afirma que as citações textuais das obras espíritas, como eles haviam feito, são a melhor refutação das deformações que certos críticos tentam impor à doutrina, visto que esta se justifica por si mesma. (Págs. 323 a 325.)

228. Aludindo a uma carta do Sr. Repos Filho, de Constantinopla, onde o cólera acabara de fazer pelo menos 70 mil vítimas, Kardec observa que seria absurdo crer que a fé espírita pudesse ser um brevê de garantia contra a referida doença. Já estava, porém, comprovado cientificamente que o medo, enfraquecendo o moral e o físico das pessoas, torna o homem mais impressionável e mais suscetível de ser atingido pelas moléstias contagiosas. Ora, toda causa tendente a fortificar o moral é um preservativo e só assim, nesse sentido, é que se pode dizer que a fé espírita pode ajudar na prevenção de certas enfermidades, o que não significa que os espíritas sejam imunes a elas. (Págs. 325 a 328.)

229. A razão é simples: a fé espírita dá serenidade à alma e essa serenidade secunda a eficácia dos remédios, ao passo que a perspectiva do nada mergulha o moribundo na ansiedade do desespero que em nada contribui para a sua melhora. Além dessa influência moral, o Espiritismo produz outra mais material: a moderação nos hábitos e o abandono dos excessos e dos vícios, o que concorre para uma vida mais saudável. (Págs. 328 e 329.)

230. A propósito do cólera numerosas comunicações foram dadas na Sociedade Espírita de Paris, das quais a Revista transcreveu uma delas, assinada pelo doutor Demeure. (Págs. 329 a 331.)

231. Da mensagem do dr. Demeure destacamos as informações seguintes: I – O cólera não é uma afecção imediatamente contagiosa; por isso, os que vivem onde ela grasse não devem temer prestar socorros aos enfermos. II – Não existia então um remédio universal contra essa moléstia, visto como o mal varia de conformidade com o temperamento dos indivíduos, seu estado moral, seus hábitos e o clima. III – O melhor preservativo consistia, pois, nas precauções de higiene sabiamente recomendadas pelos especialistas encarnados. IV – O medo, em casos semelhantes, é, muitas vezes, pior que o mal em si mesmo. A confiança em si e em Deus é, portanto, em tais circunstâncias, o primeiro elemento da saúde. (Págs. 329 a 331.)

232. Com o título “Um novo Nabucodonosor”, a Revista relata em todas as suas minúcias o caso do jovem Alexandre R..., que vivia na cidade de Kazan, na Rússia, onde cursava a Universidade, até que foi envolvido por uma obsessão terrível causada por seu irmão Voldemar, morto aos 16 anos. A partir daí, por mais de 20 anos, Alexandre viveu só, sem roupas, numa espécie de cabana que não possuía portas nem janelas, exposto assim ao vento e ao frio que, naquela região, chegava a 30 graus abaixo de zero. Evocado na Sociedade Espírita de Paris, o obsessor confirmou que era ele que dominava o irmão e assim o punia pelo não cumprimento de uma promessa. Um Espírito protetor, comunicando-se em seguida, confirmou a história e disse que o fato tinha origem no passado dos dois rapazes. (Págs. 331 a 337.)

233. A alusão ao rei Nabucodonosor, feita por um sonâmbulo inglês, tinha fundamento, porque Nabucodonosor – explicou o protetor espiritual – não passara de um obsidiado que agia, quando em crise, como uma fera. Alexandre R... também se comportava e dava urros como se fera fosse. (Pág. 337.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. A passagem dos irmãos Davenport pela Europa foi prejudicial ao movimento espírita?

Evidentemente. A presença deles foi bastante prejudicial ao movimento espírita europeu. “Como se sabe – advertiu Kardec –, o que falta aos que confundem o Espiritismo com a charlatanice é saber o que é o Espiritismo. Sem dúvida poderão sabê-lo pelos livros, quando se derem à pena. Mas, que é a teoria ao lado da prática?” “Não basta dizer que a doutrina é bela; é necessário que os que a professam mostrem a sua aplicação.” O mau exemplo dado pelos médiuns americanos é que deu causa a esses comentários de Kardec. (Revista Espírita de 1865, pp. 315 a 316.)

B. Chegou a Kardec notícia sobre o Espiritismo no Brasil?

Sim. Sob o título “O Espiritismo no Brasil”, Kardec informa que no jornal Diário da Bahia fora publicada no dia 28 de setembro de 1865, a pedido de Luís Olympio Telles de Menezes, José Álvares do Amaral e Joaquim Carneiro de Campos, uma refutação a um artigo do dr. Déchambre, contrário ao Espiritismo, publicado no dia anterior pelo mesmo jornal. O Codificador elogiou a iniciativa dos confrades da Bahia. (Obra citada, pp. 323 a 325.)

C. A fé espírita pode ajudar na prevenção de certas enfermidades?

Sobre este assunto, Kardec diz que toda causa tendente a fortificar o moral é um preservativo e só assim, nesse sentido, é que se pode dizer que a fé espírita pode ajudar na prevenção de certas enfermidades, o que não significa que os espíritas sejam imunes a elas. A razão é simples: a fé espírita dá serenidade à alma e essa serenidade secunda a eficácia dos remédios, ao passo que a perspectiva do nada mergulha o moribundo na ansiedade do desespero que em nada contribui para a sua melhora. (Obra citada, pp. 325 a 328.) 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0673354714.html

 

 

 

 

 

 

  

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