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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Da justiça divina ninguém foge


Continuamos ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. O chamado determinismo aplica-se aos seres humanos?
B. Pode alguém, por algum meio, escapar à justiça divina?
C. Quando um Espírito tem acesso à lembrança do seu passado?

Texto para leitura

41. Da justiça divina ninguém foge – A alma humana dispõe, assim, até certo ponto, de faculdades que lhe permitem influir na genética, modificando-lhe a estrutura, porque a consciência responsável herda sempre de si mesma, ajustada às consciências que lhe são afins. "Nossa mente guarda consigo, em germe, os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis que a surpreenderão amanhã, assim como a pevide minúscula encerra potencialmente a planta produtiva em que se transformará no futuro", disse Sânzio. Hilário ficou intrigado, porque tais palavras feriam a complexa questão do determinismo. Ora, se trazemos hoje no campo mental tudo aquilo que nos sucederá amanhã, isso consagraria o determinismo absoluto. O Ministro elucidou: "Sim, nas esferas primárias da evolução, o determinismo pode ser considerado irresistível. É o mineral obedecendo a leis invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios organogênicos, mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Por isso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei". A explicação de Sânzio tocava, pois, na questão do livre arbítrio. Gozaria então o indivíduo desse direito mesmo nas piores posições expiatórias? "Como não? –  falou o Ministro – imaginemos um delinquente monstruoso, segregado na penitenciária. Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer liberdade na enxovia comum. Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio para ajudar ou desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de si mesmo." Disporíamos então –  indagou André –  de algum meio para escapar à justiça indefectível? O Ministro sorriu e respondeu: "Da justiça ninguém fugirá, mesmo porque a nossa consciência, em acordando para a santidade da vida, aspira a resgatar dignamente todos os débitos de que se onerou perante a Bondade de Deus; entretanto, o Amor Infinito do Pai Celeste brilha em todos os processos de reajuste. Assim é que, se claudicamos nessa ou naquela experiência indispensável à conquista da luz que o Supremo Senhor nos reserva, é necessário nos adaptemos à justa recapitulação das experiências frustradas, utilizando os patrimônios do tempo".  (Capítulo 7, pp. 92 e 93)

42. Como nascem e se nutrem as tentações – Para ilustrar o que dizia, Sânzio valeu-se do seguinte exemplo: "Figuremos um homem acovardado diante da luta, perpetrando o suicídio aos quarenta anos de idade no corpo físico. Esse homem penetra no mundo espiritual sofrendo as consequências imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou menos longo, segundo as atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor as células do veículo perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a merecer o prêmio de um corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá, naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que abandonou a posição de trabalho que lhe cabia, porque as imagens destrutivas, que arquivou em sua mente, se desdobrarão, diante dele, através do fenômeno a que podemos chamar `circunstâncias reflexas', dando azo a recônditos desequilíbrios emocionais que o situarão, logicamente, em contacto com as forças desequilibradas que se lhe ajustam ao temporário modo de ser". "Se esse homem não houver amealhado recursos educativos e renovadores em si mesmo, pela prática da fraternidade e do estudo, de modo a superar a crise inevitável, muito dificilmente escapará ao suicídio, de novo, porque as tentações, não obstante reforçadas por fora de nós, começam em nós e alimentam-se de nós mesmos." Como pode então a criatura habilitar-se para resgatar o preço da sua libertação? A esta pergunta de André, o Ministro respondeu: "Como qualquer devedor que, de fato, se empenhe na solução dos seus compromissos. Decerto que o homem, sumamente endividado, precisa aceitar restrições no seu conforto para sanar seus débitos com a suas próprias economias. Em razão disso, não pode viver à farta, mas sim com abstinência e suor, de modo a liberar-se tão depressa quanto possível". A restauração, quando a alma se encontra encarnada, deve começar nos melhores tempos da jornada física... Nesse sentido, disse Sânzio, "a meninice e a juventude são as épocas mais adequadas à construção da fortaleza moral com que a alma encarnada deve tecer gradativamente a coroa da vitória que lhe cabe atingir". Todo minuto da vida é importante para renovar e redimir, aprimorar e frutificar. A tempestade, como símbolo da crise, surgirá para todos, em determinado momento, mas quem puder dispor de abrigo certo superar-lhe-á os perigos com desassombro e valor. (Capítulo 7, pp. 93 a 95)

43. Como recordar o passado – Hilário perguntou, na sequência, se as ações deploráveis do Espírito são resgatadas apenas na carne. Sânzio esclareceu que as infrações à Lei Divina são corrigidas em qualquer parte. Há, pois, expiações no Céu e na Terra, mas é preciso lembrar que o esforço de autorreajustamento na vida espiritual, antes da reencarnação, ameniza a posição do devedor, na maioria dos casos, garantindo-lhe uma infância e uma juventude repletas de esperança e tranquilidade, para as recapitulações a se efetuarem na madureza, ressalvados naturalmente os problemas de dura e imediata expiação, nos quais a alma é compelida a tolerar rijos padecimentos, muitas vezes desde o ventre materno. É como ocorre nas humilhações e dores da velhice ou da longa enfermidade, antes do túmulo, as quais suavizam a ficha dos Espíritos devedores, permitindo-lhes abençoada trégua nos primeiros tempos de vida espiritual logo após a desencarnação. O tempo disponível do Ministro se escoava, mas André lhe fez, ainda, uma última pergunta, concernente à lembrança de nossas vidas e erros passados, visto que ele mesmo, sentindo ter na retaguarda imensos débitos, não se lembrava deles... O Instrutor esclareceu que à medida que nos demoramos na organização perispirítica, no fiel cumprimento de nossas obrigações para com a Lei, mais se nos dilata o poder mnemônico. "Avançando em lucidez – asseverou Sânzio – , abarcamos mais amplos domínios da memória. Assim é que, depois de largos anos em serviço nas zonas espirituais da Terra, entramos espontaneamente na faixa de recordações menos felizes, identificando novas extensões de nosso `carma' ou de nossa `conta' e, embora sejamos reconhecidos à benevolência dos Instrutores e Amigos que nos perdoam o passado menos digno, jamais condescendemos com as nossas próprias fraquezas e, por isso, vemo-nos impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações difíceis e proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária." (Capítulo 7, pp. 95 a 97)

Respostas às questões propostas

A. O chamado determinismo aplica-se aos seres humanos?
Até certo ponto, sim. Segundo o Ministro Sânzio, nas esferas primárias da evolução, o determinismo pode ser considerado irresistível. É o mineral obedecendo a leis invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios organogênicos. Mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Em face disso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei. (Ação e Reação, cap. 7, pp. 92 e 93.)

B. Pode alguém, por algum meio, escapar à justiça divina?
Não. "Da justiça – diz Sânzio – ninguém fugirá, mesmo porque a nossa consciência, em acordando para a santidade da vida, aspira a resgatar dignamente todos os débitos de que se onerou perante a Bondade de Deus; entretanto, o Amor Infinito do Pai Celeste brilha em todos os processos de reajuste.” Em vista disso, se claudicamos nessa ou naquela experiência indispensável à conquista da luz, é necessário nos adaptemos à justa recapitulação das experiências frustradas, utilizando os patrimônios do tempo. (Obra citada, cap. 7, pp. 92 e 93.)

C. Quando um Espírito tem acesso à lembrança do seu passado?
De forma resumida, Sânzio diz que à medida que nos demoramos na organização perispirítica, no fiel cumprimento de nossas obrigações para com a Lei, mais se nos dilata o poder mnemônico. Avançando em lucidez, abarcamos mais amplos domínios da memória. Assim é que, depois de largos anos em serviço nas zonas espirituais da Terra, entramos espontaneamente na faixa de recordações menos felizes, identificando novas extensões de nosso carma. Embora sejamos reconhecidos à benevolência dos Instrutores e Amigos que nos perdoam o passado menos digno, jamais condescendemos com nossas próprias fraquezas e, por isso, vemo-nos impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações difíceis e proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária. (Obra citada, cap. 7, pp. 95 a 97.)



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