Continuamos
ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o estudo do
livro Ação e Reação, de André Luiz,
obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957
pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. O chamado
determinismo aplica-se aos seres humanos?
B. Pode
alguém, por algum meio, escapar à justiça divina?
C. Quando um
Espírito tem acesso à lembrança do seu passado?
Texto para leitura
41. Da justiça divina ninguém foge –
A alma humana dispõe, assim, até certo ponto, de faculdades que lhe permitem
influir na genética, modificando-lhe a estrutura, porque a consciência
responsável herda sempre de si mesma, ajustada às consciências que lhe são
afins. "Nossa mente guarda consigo, em germe, os acontecimentos agradáveis
ou desagradáveis que a surpreenderão amanhã, assim como a pevide minúscula
encerra potencialmente a planta produtiva em que se transformará no
futuro", disse Sânzio. Hilário ficou intrigado, porque tais palavras
feriam a complexa questão do determinismo. Ora, se trazemos hoje no campo
mental tudo aquilo que nos sucederá amanhã, isso consagraria o determinismo
absoluto. O Ministro elucidou: "Sim, nas esferas primárias da evolução, o
determinismo pode ser considerado irresistível. É o mineral obedecendo a leis
invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios
organogênicos, mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento
e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao
Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Por
isso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações,
não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse
determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar
liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de
almas endividadas perante a Lei". A explicação de Sânzio tocava, pois, na
questão do livre arbítrio. Gozaria então o indivíduo desse direito mesmo nas
piores posições expiatórias? "Como não? –
falou o Ministro – imaginemos um delinquente monstruoso, segregado na
penitenciária. Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer
liberdade na enxovia comum. Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no
cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e
dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o
corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio para ajudar ou
desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a
simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de
si mesmo." Disporíamos então –
indagou André – de algum meio
para escapar à justiça indefectível? O Ministro sorriu e respondeu: "Da
justiça ninguém fugirá, mesmo porque a nossa consciência, em acordando para a
santidade da vida, aspira a resgatar dignamente todos os débitos de que se
onerou perante a Bondade de Deus; entretanto, o Amor Infinito do Pai Celeste
brilha em todos os processos de reajuste. Assim é que, se claudicamos nessa ou
naquela experiência indispensável à conquista da luz que o Supremo Senhor nos
reserva, é necessário nos adaptemos à justa recapitulação das experiências
frustradas, utilizando os patrimônios do tempo". (Capítulo 7, pp. 92 e 93)
42. Como nascem e se nutrem as tentações
– Para ilustrar o que dizia, Sânzio valeu-se do seguinte exemplo:
"Figuremos um homem acovardado diante da luta, perpetrando o suicídio aos
quarenta anos de idade no corpo físico. Esse homem penetra no mundo espiritual
sofrendo as consequências imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou menos
longo, segundo as atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor as
células do veículo perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a merecer
o prêmio de um corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá,
naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que
abandonou a posição de trabalho que lhe cabia, porque as imagens destrutivas,
que arquivou em sua mente, se desdobrarão, diante dele, através do fenômeno a
que podemos chamar `circunstâncias reflexas', dando azo a recônditos
desequilíbrios emocionais que o situarão, logicamente, em contacto com as
forças desequilibradas que se lhe ajustam ao temporário modo de ser".
"Se esse homem não houver amealhado recursos educativos e renovadores em
si mesmo, pela prática da fraternidade e do estudo, de modo a superar a crise
inevitável, muito dificilmente escapará ao suicídio, de novo, porque as
tentações, não obstante reforçadas por fora de nós, começam em nós e
alimentam-se de nós mesmos." Como pode então a criatura habilitar-se para
resgatar o preço da sua libertação? A esta pergunta de André, o Ministro
respondeu: "Como qualquer devedor que, de fato, se empenhe na solução dos
seus compromissos. Decerto que o homem, sumamente endividado, precisa aceitar
restrições no seu conforto para sanar seus débitos com a suas próprias
economias. Em razão disso, não pode viver à farta, mas sim com abstinência e
suor, de modo a liberar-se tão depressa quanto possível". A restauração,
quando a alma se encontra encarnada, deve começar nos melhores tempos da
jornada física... Nesse sentido, disse Sânzio, "a meninice e a juventude
são as épocas mais adequadas à construção da fortaleza moral com que a alma
encarnada deve tecer gradativamente a coroa da vitória que lhe cabe atingir".
Todo minuto da vida é importante para renovar e redimir, aprimorar e
frutificar. A tempestade, como símbolo da crise, surgirá para todos, em
determinado momento, mas quem puder dispor de abrigo certo superar-lhe-á os
perigos com desassombro e valor. (Capítulo 7, pp. 93 a 95)
43. Como recordar o passado –
Hilário perguntou, na sequência, se as ações deploráveis do Espírito são
resgatadas apenas na carne. Sânzio esclareceu que as infrações à Lei Divina são
corrigidas em qualquer parte. Há, pois, expiações no Céu e na Terra, mas é
preciso lembrar que o esforço de autorreajustamento na vida espiritual, antes
da reencarnação, ameniza a posição do devedor, na maioria dos casos,
garantindo-lhe uma infância e uma juventude repletas de esperança e
tranquilidade, para as recapitulações a se efetuarem na madureza, ressalvados
naturalmente os problemas de dura e imediata expiação, nos quais a alma é
compelida a tolerar rijos padecimentos, muitas vezes desde o ventre materno. É
como ocorre nas humilhações e dores da velhice ou da longa enfermidade, antes
do túmulo, as quais suavizam a ficha dos Espíritos devedores, permitindo-lhes
abençoada trégua nos primeiros tempos de vida espiritual logo após a
desencarnação. O tempo disponível do Ministro se escoava, mas André lhe fez, ainda,
uma última pergunta, concernente à lembrança de nossas vidas e erros passados,
visto que ele mesmo, sentindo ter na retaguarda imensos débitos, não se
lembrava deles... O Instrutor esclareceu que à medida que nos demoramos na
organização perispirítica, no fiel cumprimento de nossas obrigações para com a
Lei, mais se nos dilata o poder mnemônico. "Avançando em lucidez –
asseverou Sânzio – , abarcamos mais amplos domínios da memória. Assim é que,
depois de largos anos em serviço nas zonas espirituais da Terra, entramos
espontaneamente na faixa de recordações menos felizes, identificando novas
extensões de nosso `carma' ou de nossa `conta' e, embora sejamos reconhecidos à
benevolência dos Instrutores e Amigos que nos perdoam o passado menos digno,
jamais condescendemos com as nossas próprias fraquezas e, por isso, vemo-nos
impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações difíceis e
proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária."
(Capítulo 7, pp. 95 a
97)
Respostas às questões propostas
A. O chamado determinismo aplica-se aos
seres humanos?
Até certo
ponto, sim. Segundo o Ministro Sânzio, nas esferas primárias da evolução, o
determinismo pode ser considerado irresistível. É o mineral obedecendo a leis
invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios
organogênicos. Mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento
e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao
Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Em face
disso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias
ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse
determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar
liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de
almas endividadas perante a Lei. (Ação e
Reação, cap. 7, pp. 92 e 93.)
B. Pode alguém, por algum meio, escapar à
justiça divina?
Não. "Da
justiça – diz Sânzio – ninguém fugirá, mesmo porque a nossa consciência, em
acordando para a santidade da vida, aspira a resgatar dignamente todos os
débitos de que se onerou perante a Bondade de Deus; entretanto, o Amor Infinito
do Pai Celeste brilha em todos os processos de reajuste.” Em vista disso, se
claudicamos nessa ou naquela experiência indispensável à conquista da luz, é
necessário nos adaptemos à justa recapitulação das experiências frustradas,
utilizando os patrimônios do tempo. (Obra
citada, cap. 7, pp. 92 e 93.)
C. Quando um Espírito tem acesso à
lembrança do seu passado?
De forma
resumida, Sânzio diz que à medida que nos demoramos na organização
perispirítica, no fiel cumprimento de nossas obrigações para com a Lei, mais se
nos dilata o poder mnemônico. Avançando em lucidez, abarcamos mais amplos
domínios da memória. Assim é que, depois de largos anos em serviço nas zonas
espirituais da Terra, entramos espontaneamente na faixa de recordações menos
felizes, identificando novas extensões de nosso carma. Embora sejamos reconhecidos
à benevolência dos Instrutores e Amigos que nos perdoam o passado menos digno,
jamais condescendemos com nossas próprias fraquezas e, por isso, vemo-nos
impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações difíceis e
proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária. (Obra citada, cap. 7, pp. 95 a 97.)
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