O porquê da
vida
Léon Denis
Parte 13 e final
Concluímos hoje o estudo do clássico O porquê da vida, de Léon Denis, realizado com base na 14ª edição
publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Nossa expectativa é que ele tenha servido para o leitor
como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que fato causou o falecimento de Giovana Speranzi?
B. Em que circunstância Giovana apareceu ao seu noivo?
C. Que é preciso fazer para evoluirmos e, desse modo,
galgarmos mundos mais elevados?
Texto para
leitura
158. Uma epidemia de tifo baixara às margens do lago e
quase todos os habitantes de Gravedona e de Domaso foram atingidos
sucessivamente. Em poucos dias, a doença deixou muitas casas vazias e, como era
previsível, não poupou os Gerosis. Primeiro foi Marta, depois a filha. Como os
médicos eram poucos, as habitações acabavam sendo abandonadas pelas famílias
atingidas pelo flagelo, ficando muitos doentes sozinhos no próprio lar. (P.
155)
159. As lamentações que ressoavam por toda parte arrancaram
Giovana de seu sossego, de sua ventura. Desprezando o perigo e surda às
súplicas de Maurício, repartiu desde então o tempo entre os infelizes
abandonados. O noivo seguiu-lhe o exemplo. Um mês inteiro Giovana passou à
cabeceira dos moribundos, e muitos, como Marta e a filha, expiraram à sua
vista. (P. 156)
160. Tantas fadigas e emoções prostraram a jovem. O tifo
também a atingiu, e Giovana, em pouco tempo, expirou nos braços do noivo
querido, que se conservou junto dela desde que despontou o primeiro sinal da
doença. A alma daquele anjo voltava, desse modo, para Aquele que a havia
criado. (PP. 155 e 156)
161. Maurício, esmagado pela dor, parecia estar embriagado.
Suas lágrimas, não podendo rebentar, recaíam sobre o seu coração e o afogavam
em ondas de um desespero feroz. “Que cruel Deus é este – pensava ele – que se
diverte assim com o nosso coração! Ter mostrado a felicidade, ter feito
tocá-la, para a arrebatar no mesmo instante!” (P. 158)
162. Realizado o sepultamento, Maurício ficou só diante da
sepultura da noiva. Então seu coração despedaçou-se, e ele se lançou por terra,
estendendo os braços em cima da morta, enquanto um soluço se avolumava no seu
peito e uma torrente de lágrimas corria dos seus olhos... (PP. 160 e 161)
163. Chegou o inverno, e o mesmo desgosto do passado
invadira a mente de Maurício, envolvido seriamente por ideias de suicídio, que
germinavam no íntimo dos seus pensamentos. Na verdade, o rapaz se comprazia
nessa obscuridade cada vez mais completa, visto não achar na vida uma razão
para viver. (P. 162)
164. Uma noite, porém, ligeiro farfalhar fez-se ouvir atrás
de onde ele estava. Maurício voltou-se e nada viu. Perto da chaminé havia um
piano e, de repente, ouviram-se sons saídos do móvel, que se encontrava
hermeticamente fechado. Era uma ária de Mignon, a predileta de Giovana, que ela
gostava de tocar à tarde, depois do jantar. Maurício se emocionou; seus olhos
se encheram de lágrimas, mas o banco do pianista permanecia vazio. Ele retornou
então para o seu lugar e viu que uma sombra branca ocupava a poltrona que ele
há pouco deixara. (P. 162)
165. Era Giovana que voltava do além-túmulo, a exibir-lhe
os mesmos olhos, os mesmos cabelos louros, a mesma boca sorridente e o mesmo
talhe esbelto. E uma voz suave e conhecida fez vibrar os ares: “Amigo, nada
receies, sou eu mesma, não tentes tocar-me, não sou mais que um Espírito”.
Maurício ajoelhou-se e, chorando, indagou: “Ó meu anjo, ó minha noiva, és tu,
então?” “Sim, sou tua noiva, tua muito antes desta vida. Escuta, um laço eterno
nos une. Nós nos conhecemos há séculos, temos vivido lado a lado sobre muitas
plagas, temos percorrido muitas existências.” (PP. 162 e 163)
166. “A primeira vez que te encontrei na Terra – informou
Giovana – era eu bem fraca, bem tímida e a vida então era dura. Tu me tomaste
pela mão, me serviste de apoio; desde esse momento, não nos deixamos mais.
Sempre seguíamos um ao outro em nossas vidas materiais, andando no mesmo
caminho, amando-nos, sustentando-nos um ao outro. Metido em combates, em
empresas guerreiras, tu não podias realizar os progressos necessários para que
teu Espírito livre, purificado, pudesse deixar este mundo grosseiro. Deus quis
experimentar-te; separou-nos. Eu podia elevar-me para outras esferas mais
felizes, enquanto que tu devias prosseguir sozinho a tua prova aqui embaixo.
Preferi, porém, esperar-te no espaço. Efetuaste duas existências desde então e,
durante seu curso, testemunha invisível de teus pensamentos, não cessei de
velar por ti.” (P. 163)
167. “Cada vez que a morte arrancava tua alma à matéria, tu
me reencontravas e o desejo de te elevares fazia-te retomar com mais ardor o
fardo da encarnação. Desta vez eu também pedi, tanto supliquei ao Senhor, que
ele me permitiu voltar à Terra, tomar aí um corpo e ser uma voz para ensinar-te
o bem, a verdade.” Dito isto, Giovana ainda disse muitas coisas ao noivo amado,
e, no final, encorajou-o a persistir na luta, afirmando: “Se queres que esta
existência terrestre seja a última para ti, se queres que ao sair dela sejamos
reunidos para nunca mais nos separarmos, consagra tua vida a teus irmãos,
ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da existência não é adquirir bens
efêmeros, mas esclarecer a inteligência, purificar o coração, elevar-se para
Deus. Revela-lhes as grandes leis do Universo, a ascensão dos Espíritos para a
perfeição. Ensina-lhes as vidas múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis,
as humanidades irmãs. Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”. “Deixa
após ti as sombras da matéria, as más paixões; dá a todos o exemplo do
sacrifício, do trabalho, da virtude. Tem confiança na divina justiça. Fita a
todo o momento a luz longínqua que ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve
reunir-nos no amor, na felicidade.” (P. 164)
168. Diz o autor desta novela ter encontrado Maurício
Ferrand, alguns anos atrás, em uma grande cidade, além dos Alpes. Ele havia
começado a sua obra. Pela pena, pela palavra, trabalhava para derramar esta
doutrina conhecida pelo nome de Espiritismo. Os sarcasmos e zombarias choviam
sobre ele de todas as partes. Céticos, devotos, indiferentes uniam-se todos
para o abaterem. Ele, porém, calmo, resignado, não perseverava menos em sua
tarefa. (P. 165)
169. A tudo isso respondia Maurício, confiante: “Que me
importa o desdém destes homens? Dia virá em que as provas os obrigarão a
compreender que esta vida não é tudo, e pensarão em Deus, em seu futuro
esplendoroso. Pode ser que então se recordem do que lhes digo. A semente neles
lançada poderá germinar. E, além disso, acrescentou, fitando o Espaço – e uma
lágrima brilhou em seus olhos –, o que eu faço é para obedecer àqueles que me
amam, é para aproximar-me deles”. (P. 165)
Respostas às
questões preliminares
A. Que fato
causou o falecimento de Giovana Speranzi?
Foi uma epidemia de tifo, que atingiu quase todos os
habitantes de Gravedona e de Domaso. Em poucos dias, a doença deixou muitas
casas vazias e, como era previsível, não poupou os Gerosis. Primeiro foi Marta,
depois a filha. Como os médicos eram poucos, as habitações acabavam sendo
abandonadas pelas famílias atingidas pelo flagelo, ficando muitos doentes
sozinhos no próprio lar. O tifo atingiu também Giovana, que pouco depois
expirou nos braços de Maurício. (O porquê
da vida, pp. 155 e 156.)
B. Em que
circunstância Giovana apareceu ao seu noivo?
Em certa noite, ligeiro farfalhar fez-se ouvir atrás de
onde Maurício estava. Ele voltou-se e nada viu. Perto da chaminé havia um piano
e, de repente, ouviram-se sons saídos do móvel, que se encontrava
hermeticamente fechado. Era uma ária de Mignon, a predileta de Giovana, que ela
gostava de tocar à tarde, depois do jantar. Maurício se emocionou; seus olhos
se encheram de lágrimas, mas o banco do pianista permanecia vazio. Ele retornou
então para o seu lugar e viu que uma sombra branca ocupava a poltrona que ele
há pouco deixara. Era Giovana que voltava do além-túmulo, a exibir-lhe os
mesmos olhos, os mesmos cabelos louros, a mesma boca sorridente e o mesmo talhe
esbelto. (Obra citada, pp. 162 e 163.)
C. Que é
preciso fazer para evoluirmos e, desse modo, galgarmos mundos mais elevados?
Uma lição nesse sentido foi dada por Giovana ao querido
noivo: “Se queres que esta existência terrestre seja a última para ti, se
queres que ao sair dela sejamos reunidos para nunca mais nos separarmos,
consagra tua vida a teus irmãos, ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da
existência não é adquirir bens efêmeros, mas esclarecer a inteligência,
purificar o coração, elevar-se para Deus. Revela-lhes as grandes leis do
Universo, a ascensão dos Espíritos para a perfeição. Ensina-lhes as vidas
múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis, as humanidades irmãs.
Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”. “Deixa após ti as sombras da
matéria, as más paixões; dá a todos o exemplo do sacrifício, do trabalho, da virtude.
Tem confiança na divina justiça. Fita a todo o momento a luz longínqua que
ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve reunir-nos no amor, na felicidade.”
(Obra citada, pág. 164.)
Observação:
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