O porquê da vida
Léon Denis
Parte 11
Damos sequência ao estudo do clássico O porquê da vida, de Léon Denis, com
base na 14ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo será
aqui apresentado em 13 partes.
Nossa expectativa é que ele sirva para
o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do
Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Quem era Giovana Speranzi?
B. Por que, embora formado em Direito,
Maurício Ferrand passou a viver no campo, longe da sociedade e da profissão que
havia abraçado?
C. A um jovem ainda abatido devido ao
falecimento do pai, que é que Giovana disse?
Texto para leitura
133. Na Lombardia (Itália) é conhecido
o lago de Como, esse espelho do céu caído entre montanhas, esse maravilhoso
éden em que a Natureza se entroniza, preparada para uma festa eterna. Pietro
Gerosi habitava num casebre situado nessa região, ao Norte do lago, nas
proximidades dos Alpes, onde os jardins e as plantações de oliveiras são
substituídos por sombrios pinheirais. (PP. 121 a 124)
134. Um grande cercado estendia-se por
trás da choupana. Alguns anos antes, o aspecto ali era inteiramente diferente.
O jardim, cultivado com desvelo, era produtivo, e o curral – agora vazio e
abandonado – dava abrigo a duas belas cabras e a um vigoroso jumento. (P. 124)
135. Pietro Gerosi morava em seu
pardieiro com Marta, sua mulher, e três filhas. Após anos de abundância,
sobrevieram para a família os maus dias. Acometido de moléstia grave, Pietro
foi definhando aos poucos, até que morreu. Marta o substituiu, mas, submetida a
um trabalho incessante e minada por afanosos cuidados, sentiu também suas
forças rapidamente desaparecerem. (P.
125)
136. Presa ao leito, Marta tinha junto
de si a companhia de Lena, a filha mais velha, de quinze anos, e duas
irmãzinhas menores, todas a passar por enormes privações. A família não estava,
porém, só e abandonada, porque uma jovem - Giovana Speranzi -, a providência
dos que choravam, levava-lhes regularmente sua ajuda. (PP. 125 a 127)
137. Nascida na vila de Lentisques,
Giovana contava nessa época dezoito anos. Órfã aos treze, conservava uma
saudade sempre viva pela perda dos pais e tornara-se uma criatura inteiramente
voltada para a caridade e a ajuda aos sofredores. Ela não conhecia – diz o
autor da novela – alegria mais doce, nem tarefa mais atraente do que socorrer e
consolar os infelizes. (P. 128)
138. Um dia, logo que Giovana entrara
na choupana dos Gerosi, um temporal desabou com violência sobre a região. A
corrente, engrossando extraordinariamente, misturava o murmúrio de suas águas
com o troar da tempestade. Foi então que apareceu ali um jovem vestido à
caçador, que buscou abrigo no casebre. (P. 128)
139. Chamava-se ele Maurício Ferrand,
filho de um exilado político francês, que viera para aquela região havia muitos
anos, com o menino Maurício, então com oito anos de idade e órfão de mãe.
Levado pelo pai, o rapaz estudou em Milão, onde fez rápidos progressos,
culminando seus estudos na Universidade de Pavia. (PP. 129 e 130)
140. Formando-se em Direito, Maurício
começou a exercitar a carreira de advogado em Milão, em que teria feito fortuna
caso se amoldasse às condições da época, onde a corrupção, a desonestidade e a
especulação desenfreada lhe abafaram os mais belos ideais. Um desgosto profundo
apoderou-se então do jovem advogado que, rejeitando as causas mais duvidosas
que lhe queriam confiar, viu reduzir-se o número dos clientes. (P. 134)
141. Invadia-o sombrio abatimento
quando lhe chegou a notícia de que o pai, gravemente doente, o chamava para
perto de si. A morte do genitor ocorreu logo depois e isso fez com que uma
sombra ainda mais espessa descesse sobre a fronte de Maurício. Sua tristeza e
sua melancolia natural cresceram. Renunciando definitivamente ao foro, o rapaz
instalou-se na pequena herdade deixada pelo pai, onde seu tempo era dividido
entre leituras e excursões. E foi num desses passeios que ocorreu o encontro
com Giovana, fato que mudou inteiramente, a partir daí, a sua vida. (PP. 134 e
135)
142. A presença de Giovana arrancava-o
da sua misantropia e fazia emanar de si uma onda de pensamentos benfazejos e
generosos, que lhe davam um ardente desejo de ser bom e de consolar. (N.R.: Misantropia significa: melancolia,
hipocondria; aversão aos homens e à sociedade.) (P. 136)
143. Maurício, vendo o exemplo de
Giovana, sentia a inutilidade de sua própria vida e compreendia que havia muito
que fazer na Terra, não sendo admissível a um homem fugir das pessoas ou
encerrar-se numa indiferença egoística. (P. 136)
144. Durante suas entrevistas, ainda
que pouco se falassem, eles trocavam mil pensamentos. É que a alma tem meios de
exprimir-se, de comunicar-se ocultamente, que a ciência humana não pode definir
nem analisar. Uma atmosfera fluídica, em correlação íntima com o seu estado
moral, circunda todos os seres e, segundo sua natureza, simpática ou adversa,
eles se atraem, se repelem, se expandem ou se concentram, e é por este modo que
se explicam as impressões que experimentamos à vista de pessoas desconhecidas.
(P. 137)
145. Algum tempo depois, quando Marta,
a viúva de Pietro Gerosi, já se havia recuperado, graças à ajuda dos dois
jovens, Giovana e Maurício se encontraram no cemitério de Gravedona, onde
estavam sepultados os restos de seus pais. Foi ali que Giovana iniciou o rapaz
nas suas crenças espiritistas, ensinando-lhe, com toda a convicção, que os
Espíritos queridos voltam e se associam às alegrias e às dores dos familiares
retidos na Terra. “Se Deus o permitisse – acrescentou Giovana –, nós os
veríamos muitas vezes ao nosso lado regozijarem-se com as nossas boas ações e
entristecerem-se com as nossas faltas.” (P. 140)
Respostas às questões preliminares
A. Quem era Giovana Speranzi?
Giovana, então com dezoito anos, órfã
aos treze, era uma jovem inteiramente voltada para a caridade e a ajuda aos
sofredores. “Ela não conhece – diz o autor da novela – alegria mais doce, nem
tarefa mais atraente do que socorrer e consolar os infelizes.” (O porquê da vida, pág. 128.)
B. Por que, embora formado em Direito, Maurício Ferrand passou a viver
no campo, longe da sociedade e da profissão que havia abraçado?
Primeiro, ele se decepcionou com a
profissão de advogado, em face da corrupção, da desonestidade e da especulação
desenfreada reinantes na sociedade da época, fato que ele não aceitava.
Invadia-o sombrio abatimento quando lhe chegou a notícia de que o pai,
gravemente doente, o chamava para perto de si. A morte do genitor ocorreu logo
depois e isso fez com que uma sombra ainda mais espessa descesse sobre a fronte
de Maurício. Sua tristeza, sua melancolia natural cresceram. Renunciando
definitivamente ao foro, o rapaz instalou-se na pequena herdade deixada pelo
pai, onde seu tempo era dividido entre leituras e excursões. (Obra citada, pp.
134 e 135.)
C. A um jovem ainda abatido devido ao falecimento do pai, que é que
Giovana disse?
Foi no cemitério de Gravedona, onde
estavam sepultados os restos de seus pais, que Giovana iniciou o rapaz nas suas
crenças espiritistas, ensinando-lhe, com toda a convicção, que os Espíritos
queridos voltam e se associam às alegrias e às dores dos familiares retidos na
Terra. “Se Deus o permitisse – disse-lhe Giovana –, nós os veríamos muitas
vezes ao nosso lado regozijarem-se com as nossas boas ações e entristecerem-se
com as nossas faltas.” (Obra citada, pág. 140.)
Observação:
Eis os links que
remetem aos textos anteriores:
Parte 8 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/08/o-porque-davida-leon-denis-parte-8.html
Parte 9 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/08/o-porque-davida-leon-denis-parte-9.html
Parte 10 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/08/o-porque-davida-leon-denis-parte-10.html
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