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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

 



Loucura e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 12

 

Damos prosseguimento neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura e Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. 

Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

89. Nos casos de simbiose parasitária, o afastamento do obsessor pode levar o enfermo à morte?

Pode. Em casos assim os litigantes ficam tão intimamente ligados, quanto a planta parasita na árvore que a hospeda. Com o tempo, as raízes da naturalmente enxertada penetram na seiva da outra, gerando tremenda simbiose. Desse modo, os parceiros necessitam um do outro para viver. Com o desligamento, o obsessor sofre um grande desequilíbrio e o obsidiado falece. Pelo menos é isso que se dá na generalidade dos casos. (Loucura e Obsessão, cap. 19, pp. 250 a 252.)

90. Há obsessões que funcionam como uma bênção?

Parece absurdo dizê-lo, mas existem, sim, obsessões que funcionam como bênção, facilitando a liberação do algoz que, noutras circunstâncias, certamente deixaria de reparar os males perpetrados, infelicitando-se ainda mais, em face dos desatinos a que se entregaria. Sob a constrição obsessiva, além de se conter, a pessoa está quitando por meio do sofrimento uma parcela de seus erros. (Obra citada, cap. 20, pp. 255 a 257.)

91. Existe alguma relação entre as condições da desencarnação e a existência corpórea da pessoa?

Sim. Cada desencarnação se dá conforme haja transcorrido a existência carnal. Muitos fatores concorrem a fim de que os processos da morte biológica se deem. No caso de Alberto, os títulos de merecimento dos pais foram capitalizados em favor do filho enfermo, o que explicava a assistência que ele recebeu. Caso não houvesse essa assistência, o processo de agonia seria mais longo e mais penoso, aumentando-lhe o aturdimento espiritual. (Obra citada, cap. 20, pp. 261 e 262.)

92. Em que consiste o fenômeno da simbiose entre duas pessoas?

Simbiose é o mesmo que interdependência entre o explorador psíquico e o explorado, a qual se torna mais terrível à medida que a obsessão se faz mais profunda. Chega então um momento em que o perseguidor se enleia nos fluidos do perseguido de tal maneira que as duas personalidades se confundem. A ingerência do agente perturbador no cosmo orgânico do paciente termina por jugulá-lo aos condimentos e emanações da sua presa, tornando-se, igualmente, vítima da situação, impossibilitando-se o afastamento. Por outro lado, a magnetização e intoxicação fluídica do agressor sobre o hospedeiro transforma-se em alimento próprio para a organização celular, que, se não a recebe, de repente, desajusta o seu equilíbrio. (Obra citada, cap. 20, pp. 262 e 263.)

93. O afastamento dos litigantes gera outras consequências além da morte corpórea do paciente?

Sim. O explorador, a partir desse afastamento, experimenta uma forma específica de morte, que decorre da falta de alimento a que se entregou nos últimos anos. É o efeito da exploração, que agora se lhe apresenta como carência. No caso em foco, o explorador sofre as consequências da mudança, da mesma forma que uma pessoa retirada de um vale pestilento e levada a uma paisagem ampla, no acume de um monte, com oxigênio puro, experimenta a diferença de pressão atmosférica. (Obra citada, cap. 20, pp. 262 e 263.)

94. Foi o brusco afastamento do seu obsessor que determinou o falecimento de Alberto. Casos assim são comuns?

Sim. Respondendo a essa questão, Dr. Bezerra de Menezes disse: “Muito mais constante do que se pode imaginar. A minha primeira experiência, nessa área, ocorreu quando me encontrava na Terra. Compreendo a dor dos pais de Alberto, porquanto minha esposa e eu a sofremos nos recônditos da alma, quando um ser querido nosso e nós e seus familiares passamos por idêntico transe. Sensibilizado pelas nossas lágrimas, num diálogo que mantivemos com alguém que fora prejudicado pelo nosso amigo querido e que se lhe convertera em inclemente cobrador, ao suplicar que se compadecesse de todos nós, ele anuiu, após demorada conversação, porém nos alertou: ‘Sem mim, ele morrerá, tanto depende a sobrevivência do seu corpo do teor de energias que lhe forneço...’  E, prometendo não mais retornar para o seu lado, aconteceu a ruptura dos liames físicos do rapaz, que desencarnou...”. (Obra citada, cap. 20, pp. 265 e 266.)

95. Por que o enfermo não resiste à separação brusca do obsessor? 

Eis a explicação dada por Dr. Bezerra: “Interrompendo-se, repentinamente, o concurso desse fator energético, o perispírito do hospedeiro sofre abalo violento e os seus centros vitais se desajustam, refletindo-se no sistema retículo-endotelial e nos gânglios linfáticos, que respondem, no plasma sanguíneo, pelo surgimento das hemácias e dos leucócitos, dos trombócitos, macrófagos e linfócitos que são o resultado de incontáveis grupamentos que se originam nos laboratórios complexos e extraordinários do baço, da medula óssea, do fígado e de todo o conjunto ganglionar... O organismo físico se desarmoniza, e a mente em desconcerto nada pode fazer em favor do reajuste e funcionamento das peças celulares, ocorrendo a expulsão do Espírito encarnado...”. (Obra citada, cap. 20, pp. 266 e 267.)

96. Por que a morte prossegue gerando tantos dissabores e infortúnios entre as pessoas? 

Não possuindo os homens a visão correta sobre a realidade da vida, geralmente investem no corpo e nos objetivos imediatos da existência física o máximo de valores, esquecendo-se de colocar na sua planificação a inevitável ocorrência da desencarnação. Como consequência, quando deparam com essa fatalidade, são tomados, quase sempre, de estupor ou desespero, de amargura ou revolta. É por isso que, ao interromper os programas estabelecidos, a morte propicia frustração e amargura naqueles que permanecem no corpo, em razão das conjunturas em que se encontram. O egoísmo fá-los anelar pela permanência física dos seres queridos, ainda que enfermos ou limitados, sem que sejam consideradas as bênçãos que os aguardam após a libertação. São poucos os que lembram que, do ponto de vista espiritual, a morte significa o retorno para o lar de onde viemos antes da reencarnação. (Obra citada, cap. 21, pp. 268 a 270.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/01/blog-post_24.html

 

 

 

 

 

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domingo, 30 de janeiro de 2022

 



O amor é o alimento principal de uma pessoa com deficiência

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Há pessoas preparadas para qualquer desafio, até mesmo quando ele se manifesta na enfermidade de um filho ou na deficiência que o nosso rebento possa trazer desde o berço.

Evidentemente nem todos são assim, havendo criaturas que não apenas lastimam ter gerado filhos com deficiência como têm vergonha de mostrá-los à sociedade. 

Nancy Puhlmann di Girolamo reporta-se a isso em dois livros dedicados ao tema.(1) A vida de uma pessoa com deficiência, afirma Nancy Puhlmann, é muito mais rica do que imaginamos.(2)

Uma revista de grande circulação nacional mostrou, anos atrás, alguns exemplos comoventes de postura oposta, em que pais revelaram o carinho, a dedicação e o afeto real que nutriam por seus filhos, independentemente da condição em que vieram ao mundo ou do grau de deficiência que apresentavam.

Allan Kardec demonstrou, ao estudar o caso do menino Charles Saint-G... (Revista Espírita de 1860, pp. 181 a 183), que tais pessoas têm consciência do seu estado e compreendem por que nasceram assim. A imperfeição dos órgãos constitui somente um obstáculo à livre manifestação de suas faculdades, mas não as aniquila, esclareceu o Codificador do Espiritismo, antecipando-se ao que hoje é sabido, ou seja, que a pessoa com deficiência entende perfeitamente se é bem ou maltratada e reage à atenção e ao afeto que lhe damos.

Nancy Puhlmann menciona a respeito do assunto um caso bastante elucidativo que se passou com um menino nascido com a síndrome de Down. Num momento de desprendimento da alma – dela e do menino – em virtude do sono corporal, o jovenzinho lhe disse que sua desencarnação estava próxima, por lhe faltar o alimento indispensável à vida. Nancy imaginou que ele falasse de comida, mas não era disso que o garoto tratava. O alimento era o amor, o apoio, o incentivo, que ele percebia faltar em seu próprio lar, onde as pessoas, com pena do seu estado, intimamente rogavam a Deus lhe encurtasse os dias.

Coisa curiosa! O pequenino entendia até o que nas entrelinhas era dito em casa, o que torna claro que a pessoa com deficiência não é um ser condenado à vida vegetativa e que o amor que dispensamos a ela é o alimento indispensável à sua vida biológica e à saúde de sua alma, como aliás se verifica com relação a todos os nossos filhos.

 

Notas:

(1) Os livros de Nancy Puhlmann que merecem ser lidos, especialmente pelos pais de pessoas com deficiência, intitulam-se O Castelo das Aves Feridas e As Aves Feridas na Terra Voam.

(2) Em uma convenção das Nações Unidas ficou definido que o termo correto para designar alguém com um ou mais tipos de deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual) é Pessoa com Deficiência - PcD, evitando-se assim o uso do termo excepcional ou especial, comumente utilizado décadas atrás.

 

 

 

 

 

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sábado, 29 de janeiro de 2022

 



Salve, Sebastião!

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Saúde e paz, amigos!

Hoje lhes falo do resort Club Med Rio das Pedras, situado no meu saudoso Rio de Janeiro, de onde saí há 47 anos. Mas o que motiva esta nova conversa é o fato de que, no dia 20 de janeiro, dia em que se homenageia São Sebastião, patrono desta Cidade Maravilhosa, é meu desejo homenagear Sebastião Ribeiro de Oliveira, o seu Sebastião, como todos faziam questão de tratá-lo, e que recebeu esse nome por ter nascido nessa data. Se vivo fosse, seu Sebastião, que foi meu pai em sua última encarnação, faria 113 anos, haja vista ter desencarnado aos 54 anos, em 1963, e estaria concorrendo ao posto de homem mais velho, se não do Brasil, desta cidade onde nasci, pois sou carioca.

Espírita convicto, embora em sua época, como ainda é comum ocorrer, os pais espíritas costumassem batizar e crismar seus filhos na igreja católica, papai deixou-me convicto, como já citei em crônica anterior, de que nenhuma religião, como a espírita, nos proporciona a certeza sobre a justiça divina e as provas de que somos imortais e reencarnaremos tantas vezes quantas forem necessárias à nossa evolução espiritual.  Católica era minha mãe, nascida em Tombos, MG, neta de portugueses católicos, embora ela nunca se opusesse à crença do marido e até frequentasse, por vezes, reuniões espíritas e cultos afro-brasileiros. Lá em casa mesmo, era comum haver sessões mediúnicas com manifestações de entidades variadas: guias espirituais, caboclos, exus, pretos velhos etc.

Dos sete filhos que tiveram, o que mais lhes deu trabalho, na educação que nos puderam proporcionar, fui eu mesmo. Entretanto, não creio que nenhum deles tenha chorado tanto quanto eu, 11 anos, na época, ao ver o pai amado desencarnar, muito mais acabado, organicamente do que estou agora, com 16 anos a mais do que ele tinha...

Casei-me com mulher espírita e médium desde criança. Desde então, realizamos, uma vez por semana, o culto do evangelho no lar. Nos primeiros anos de nossa união, Lourdes, a esposa, teve a visão espiritual de meu pai, que lhe informou ter sido encarregado de ser o mentor espiritual de nosso culto. Por cerca de 35 anos, ele acompanhou-nos espiritualmente, especialmente nesse dia, quando costumava, vez por outra, ser visto por Lourdes, a quem transmitia palavras edificantes...

Certa noite, novamente visitou-nos em espírito e disse à Lourdes que faria um curso reencarnatório no plano espiritual e, a partir de então, seria substituído por outro mentor. Desejou-nos boa sorte, abençoou-nos e despediu-se para sempre.

Neste mês de janeiro, mais uma vez, eu e Lourdes prestamos humilde homenagem a esse sábio Espírito, que me brindou com a melhor herança que um pai pode deixar a seus filhos: a certeza de que Deus existe, de que este é justo, de que Deus nos criou para sermos felizes, na eternidade da vida. A convicção de que essa felicidade é fruto da conquista de cada um, pelo bom uso do livre-arbítrio, em incontáveis reencarnações, até que alcance a perfeição. Foi o que o Cristo quis dizer-nos com sua frase: Sede perfeitos!

Paz e bem!

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 



A Vida no Outro Mundo

 

Cairbar Schutel

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP). 

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.

Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual é, segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa época? 

B. Qual cientista demonstrou que existe um quarto estado da matéria, o chamado estado radiante?

C. Que diz Cairbar Schutel acerca do pensamento aristotélico de que nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos?

 

Texto para leitura

 

1. Quando escreveu “O Espírito do Cristianismo”, Cairbar Schutel julgou que ela seria sua última obra e se alegrou por haver desinteressadamente levado aquela insignificante contribuição para o erguimento do Verdadeiro Templo Espiritual, que o Espiritismo veio construir para abrigar a Humanidade. (A Vida no Outro Mundo – Prefácio.)

2. Na verdade, não passava por sua mente a ideia de um novo livro. Um dia, porém, lembrou-se de que há muito tempo havia escrito uma conferência, cujos ensinos eram inéditos naquela época e vinham trazer nova luz sobre a vida além da morte. A doutrina expendida na citada conferência fora ilustrada com alguns mapas, que formavam um esquema de confronto entre os mundos do nosso Sistema Planetário e outros, representativos das estrelas, majestosos sóis centros de outros tantos sistemas, que representam as "muitas moradas da Casa de Deus", lembradas por Jesus segundo refere o evangelista João. (Obra citada – Prefácio.)

3. Os desenhos faziam lembrar os asteroides, os cometas, os mundos que sulcam os Universos quais frotas flutuantes, levando em seu dorso humanidades que caminham para a Perfeição – o Bem e o Belo – para a glorificação do Supremo Criador. (Obra citada – Prefácio.)

4. Passados alguns anos, ele verificou que a doutrina expendida na conferência não era ficção, nem mera fantasia de uma exaltação pela imortalidade, visto que outros tantos escritores e médiuns haviam transmitido as mesmas verdades, embora em países diversos e distantes do nosso, bem assim em outros idiomas. (Obra citada – Prefácio.)

5. Esse fato incitou-o, então, a escrever nova obra que, com justa razão, deveria intitular-se “A Vida no Outro Mundo”. Cairbar pôs mãos à obra e eis que conseguiu, com o valoroso auxílio dos seus protetores e dos caros Espíritos que dirigem nosso movimento, entregá-la à publicidade. (Obra citada – Prefácio.)

6. Como nas demais obras, o autor não se incomodou com a forma; unicamente fez questão de que as expressões que traduzem os conhecimentos que lhe foram dado receber exprimissem exatamente as ideias que desejava ver propagadas e conhecidas de toda gente. (Obra citada – Prefácio.)

7. Esforçou-se assim para usar uma linguagem popular, acessível a todas as inteligências, porque sabia que a obra teria mais divulgação entre os humildes e desprovidos da literatura que adorna os que tiveram tempo e dinheiro para se ilustrar na arte de falar bonito. Seu objetivo: levar a consolação aos aflitos, a fé aos descrentes, a verdade aos que por ela anseiam e trabalham. (Obra citada – Prefácio.)

8. Fechando o prefácio da obra, Cairbar escreveu: “Se este livro concorrer para estancar lágrimas de amor pela separação de entes caros, e para a iluminação de cérebros que se consideravam vazios de espiritualidade, eu me darei por satisfeito com o meu trabalho”. (Obra citada – Prefácio.)

9. O grande mal da nossa época é o Materialismo deprimente que envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e adormecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de "religiosos" que acreditam firmemente na sobrevivência. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

10. O materialismo penetrou no âmago dos corações, e a ignorância lavra, tristemente, obscurecendo espíritos. Afinal, no que se funda o Materialismo? Quais são os seus princípios, considerados dignos de tanta consideração e obediência? Em uma palavra – o que é a matéria? (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

11. Dizem os devotos do Materialismo: “A matéria é uma coisa inerte e tangível, composta de átomos”. E diversos sábios acrescentaram a "indestrutibilidade e irredutibilidade à matéria, bem como a sua ponderabilidade e imponderabilidade", o que levou Berthelot a dizer que "esses atributos da matéria permaneceram registrados na História como um romance engenhoso e sutil". (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

12. Como se sabe, a matéria era pouco conhecida; só se percebiam os seus três estados: sólido, líquido e gasoso. Foi em 1878 que o estudo da matéria recebeu influxo mais positivo. Na mesma ocasião em que Davy fazia conhecer a dissociação dos compostos químicos por uma corrente elétrica, William Crookes, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a existência de um quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante. E acrescentou, em suas conclusões, que esse estado (radiante) é absolutamente material, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

13. Logo depois, o ilustre físico inglês Sir Oliver Lodge fez uma comunicação à Sociedade Real de Londres sobre a matéria, cujas conclusões assim resumiu: "A evolução ou transmutação da matéria foi experimentalmente posta em evidência pelos fatos da radioatividade. Os átomos pesados dos corpos radioativos parecem desagregar e lançar no espaço átomos de peso atômico mais fraco". Eram para Lodge cargas iônicas, que outros cientistas, entre os quais William Crookes, chamaram de elétrons. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

14. Por tudo isso se vê que a matéria não tem as propriedades com que a brindaram os sábios doutro tempo. O seu estado primordial e seu último estado resumem-se no éter, e, como disse Sir Oliver Lodge, não se pode deixar de concluir que o éter é tudo, a fonte de que Deus se serve para criar tudo quanto existe, porque o éter, por si mesmo, não é inteligente, e não passa de um reservatório infinito, eterno, de forças que se materializam e modelam, e se desmaterializam, dependentes de uma Vontade Superior, de uma Inteligência Suprema, Eterna, que chamamos Deus. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

15. Se dermos, uma olhadela nos trabalhos do Dr. Gustave Le Bon, veremos que, segundo a ideia desse ilustre homem de ciência, como de outros físicos, a matéria não é senão "energia concretizada". Vê-se, pois, que os próprios materialistas têm perdido os seus princípios, mas não relutam em afirmar, embora sobre bases movediças, a realidade da sua doutrina. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

16. O interessante, porém, é que cada um deles mantém teorias meramente pessoais e discordantes uma das outras. Uns acham que o Organicismo e a Histologia são suficientes para explicar os fenômenos vitais pelo mecanismo dos órgãos. Neste caso entram em cena os efeitos das forças psicoquímicas, considerando a sensação, o pensamento, a vontade, como uma propriedade dos neurônios. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

17. Outros são materialistas porque não concebem um espiritualismo de acordo com a ciência experimental, que aconselha o estudo, a investigação, o livre-exame. Estes são os epicuristas, que afirmam: “Post mortem nihil est, ipsaque mors nihil”. (Depois da morte nada há, a morte é mesmo nada). (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

18. Sem a mais ligeira noção de psicologia, olham indiferentemente todos os fenômenos objetivos e subjetivos que se vão verificando todos os dias em toda parte, e, em face dessas manifestações inteligentes, que revelam conhecimentos muito superiores aos do indivíduo, repetem loucamente o velho aforismo aristotélico de que "nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu" (nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos), como se esses conhecimentos tivessem sido recebidos pelo sujet através dos seus sentidos físicos e na existência presente. Eles não podem ver que esse adágio, tal como aplicam, é absolutamente falso, princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

19. A verdade, no entanto, é que o Materialismo está, felizmente, na sua derradeira agonia. Combatido através dos tempos por inteligências de escol, como Voltaire, Malebranche, Leibnitz, Swedenborg e muitos outros, o Materialismo não pode deixar de se dar por vencido, em face dos fenômenos metapsíquicos e espíritas, constatados pelos maiores sábios do nosso mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

20. Damo-nos por felizes em assistir a essa derrocada e concorrer, embora com minúscula parcela, para que breves sejam os dias em que as águas movimentadas da nova ciência que surge atirem nas voragens insondáveis essa outra "barca" tripulada por "piratas" que tem levado a desolação ao mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Qual é, segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa época? 

É o Materialismo deprimente que envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e adormecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de "religiosos" que acreditam firmemente na sobrevivência. (A Vida no Outro Mundo – Cap. I – Ciência Materialista.)

B. Qual cientista demonstrou que existe um quarto estado da matéria, o chamado estado radiante?

Foi William Crookes quem, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a existência do quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

C. Que diz Cairbar Schutel acerca do pensamento aristotélico de que nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos?

Cairbar diz que esse adágio, tal como o aplicam, é absolutamente falso, um princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. Nem todos os conhecimentos são hauridos através dos sentidos físicos ou tão somente na existência presente. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 



CINCO-MARIAS

 

Regras e limites

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

 

“Parte das crianças fica sozinha, come se quiser, vai de perua para a escola e quase não encontra adultos. Se é de classe média, o único adulto que ela encontra é a empregada, para quem ela dá ordem.” (Mario Sergio Cortella)


Andávamos por um caminho ao longo de um capinzal e, lá embaixo, o rio raso e de águas branquinhas da fazenda dos meus avós. Íamos a favor do vento da manhã que nos levava para a frente, sem um destino certo.

– Vamos pular naquela água? – propôs meu irmão.

– Como?! Repete isso.

Mal repetiu, pulou. Pulou e arrastou junto minha irmã. Por impulso, eu, a mais velha, segui o exemplo atrevido, e todos os três ficamos deitados naquela água gelada, ondulando o vento no alto do capinzal, movendo-se impiedoso através de nossas cabeças molhadas. E assim por diante permanecemos ali distraídos, desrespeitando o aviso comunicado por nossa mãe logo cedo, à mesa, na hora do desjejum: “nada de rio hoje, porque há um vento frio e vocês estão resfriados.”

Mãe e avó foram juntas nos resgatar no rio por escrúpulos educativos.

De longe, quando avistamos aquelas mulheres andando apressadas, um exemplo de modalidade do gênero policial, em que o detetive procura os foragidos, o senso de realidade tomou conta de nossas mentes, matando na raiz qualquer desculpa estapafúrdia (as crianças têm pensamento mágico). Acatamos silenciosos o sermão ardido e, após o almoço, nada de sobremesa... E minha avó, nesses casos fascinantes, por respeito à infância, com firmeza nos dizia que nossa mãe tinha razão. “Porque é preciso cumprir os tratos desde assinzinho.”

Sim, ter filho dá trabalho. Alguém dirá o contrário? Porque educar uma criança exige do adulto amor, tempo, firmeza, atenção, exemplos que definem, de modos repetitivos, a diferença entre direitos e deveres.

Os pais precisam dar limites. E isso tem que ser feito, senão é negligência, exercício materno ou paterno irresponsável.

Mario Sergio Cortella tem razão quando afirma que “precisamos de um amor que seja exigente. Não posso dizer para meu filho ou filha ‘eu te amo e, por isso, faça o que você quiser’. A frase correta é: ‘porque eu te amo, eu não aceito qualquer coisa’, ‘porque eu te amo, eu não quero que você faça as coisas deste modo’”.

A realidade não é feita apenas de momentos felizes. Regras e limites devem ser oferecidos à criança a fim de que ela desenvolva resiliência, autonomia e competências sociais. Muitas vezes é preciso dizer não a uma criança e para que ela aprenda a lidar com frustrações e contrariedades, incorporando pouco a pouco a experiência de que tudo passa – sejam tristezas, sejam alegrias.

São os pais que têm o dever de ensinar aos filhos o que é certo e errado, dizendo “agora não”, “agora sim”, “isso não faz o menor sentido neste momento”, “já acordamos sobre isso”... Educar não é tarefa fácil, e os pais precisam assumir com amor e firmeza esse papel.

Notinha

Para educar crianças, os pais podem nortear-se por algumas diretrizes: 

1) assumir a autoridade. Mas, cuidado: autoridade não quer dizer levantar a voz, impor regras inflexíveis, faltar com respeito com a criança, não validar seus sentimentos... Autoridade quer dizer estabelecer, com respeito e firmeza, regras coerentes e lógicas, ciente o pai ou a mãe que está a educar pessoas que viverão em sociedade por conta própria;

2) aprender a colocar limites. Principalmente para que as crianças sejam no futuro pessoas resistentes à frustração e, com isso, mais disponíveis à alegria e à satisfação;

3) educação democrática. Os pais precisam mostrar à criança que as regras têm como finalidade dar instruções que ajudam as pessoas a viver em família e sociedade (as dimensões privada e pública e que se inter-relacionam). E fazer isso através de uma comunicação aberta, respeitosa, na qual todos são escutados, e sem usar o adulto duplo sentido e chantagens.

 

*

 

Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro último, trará sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação. O título – Cinco-marias – é uma alusão a um conhecido brinquedo que integra um conjunto de brincadeiras e atividades lúdicas conceituadas como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a formação em Psicanálise.

Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

 


E a Vida Continua...

 

André Luiz

 

Parte 10

 

Prosseguimos o estudo da obra E a Vida Continua..., de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Esta é a décima primeira obra do mesmo autor integrante da Série Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.

Eis as questões de hoje:

 

73. Que atitude foi tomada pelos benfeitores espirituais em face da decisão de Desidério, que não permitia que o corpo de Elisa fosse levado?

O protetor espiritual incumbido de liberá-la dos despojos físicos estava indeciso, porque, se constrangesse Elisa a largar o corpo, não lograria violentar-lhe o pensamento perfeitamente lúcido. Forçar-lhe-ia a retirada, mas não dispunha de meios para isolá-la mentalmente do companheiro rebelde. Era preciso, pois, a intervenção de alguém com poder de persuasão para compelir Desidério a mudar de atitude. Decidiu-se então que chegara o momento para a intervenção pessoal de Evelina, a quem Desidério, que fora seu pai, muito amava. (E a Vida Continua, cap. 24, pp. 200 e 201.)

74. Quando Evelina penetrou o recinto e foi vista por Desidério, qual foi a reação dele?

Aterrado, Desidério fixou a aparição e caiu de joelhos! Era ela, sim – pensou ele –, a sua filha, a sua amada filha que jamais lhe escapara da lembrança, mesmo quando estivera mergulhado em aventuras nas trevas mais densas! À medida que Evelina o fitava, entremostrando radiante e doce ternura, o infortunado genitor contemplou-se no suave clarão que a mensageira irradiava e viu-se na penúria de um sentenciado que persistisse, por anos e anos, no fundo de um cárcere, sem o menor cuidado para consigo mesmo. Qualificou-se por monstro, à frente de um anjo, e, à maneira de um cão batido e aviltado, intentou arrastar-se para fugir... (Obra citada, cap. 24, pp. 201 a 203.)

75. É correta a ideia de que todo dia é uma oportunidade para nos renovarmos e partir para um novo destino?

Sim. Foi isso que Evelina disse a Desidério, seu pai que desencarnou quando ela era criança. Como ele se queixasse do que lhe haviam feito, atribuindo sua desdita aos criminosos que o destruíram, ela rogou-lhe: "Oh! meu pai, não acuse!... O senhor terá sofrido, mas a dor é sempre bendita perante Deus; o senhor terá suportado provas difíceis; no entanto, aprendemos, presentemente, que todo dia é ocasião de renovar e partir para destinos mais altos!..." Em seguida, ela lhe disse que conhecia toda a verdade a respeito do caso dele e a responsabilidade de Amâncio, seu padrasto, em sua morte. (Obra citada, cap. 24, pp. 203 a 205.)

76. Podemos considerar nossos irmãos delinquentes como pessoas enfermas que necessitam de socorro?

Sim. Esse pensamento, por sinal, foi manifestado por Evelina na resposta que ela deu a seu pai (Desidério), quando ele lhe disse que não acreditava que ela tivesse com relação a Caio Serpa, seu carrasco entre as paredes domésticas, a mesma benevolência que ela pedia que ele tivesse para com seus algozes. Evelina disse-lhe então que todos eles (Caio Serpa, Amâncio Terra e todos os nossos irmãos delinquentes) não passavam de enfermos, a quem devemos ajudar. Por que – perguntou Evelina – não manifestar piedade à frente das vítimas da loucura, como fazemos diante dos acidentados? Serão os mutilados de espírito diferentes dos mutilados do corpo? (Obra citada, cap. 24, pp. 205 e 206.) 

77. Deus nos permite abraçar como filhos as mesmas criaturas que não soubemos amar em outras posições afetivas?

Sim. As afeições transviadas podem ser corrigidas no santo instituto da família, através da reencarnação. Deus nos permite abraçar, como filhos, aquelas mesmas criaturas que não soubemos amar em outras posições sentimentais! (Obra citada, cap. 24, pp. 208 e 209.)

78. O apelo feito por Evelina a Desidério com relação à sua atitude de não largar o corpo de Elisa foi aceito por ele?

Inicialmente, não. Mesmo com a promessa da filha de que ele reencontraria Elisa e com ela poderia preparar uma nova existência juntos, Desidério se manteve inflexível: – "Não, não!... – trovejou ele, em crise violenta de desespero – sou um réprobo, não posso fingir!..." (Obra citada, cap. 24, pp. 208 e 209.)

79. Na sequência, Desidério foi finalmente convencido por Evelina. Que fator concorreu para que isso se desse?

Foi a oração que Evelina pronunciou, tendo as mãos pousadas na cabeça de seu pai. Quando ela concluiu a prece, as lágrimas que perolavam sua face precipitaram-se sobre o desventurado amigo, transfigurando-lhe o coração. Então, tangido por energias recônditas, Desidério desferiu doloroso gemido e largou, de imediato, a mão da falecida. Ato contínuo, abraçando os pés da filha, bradou com veemência: "Ah! Evelina, Evelina!... Minha filha, minha filha, leve-me para onde quiser!... Confio em você!... Apague a fogueira de meu espírito que tem sabido tão somente odiar!... Socorro, meu Deus!... Socorro, meu Deus!..." (Obra citada, cap. 24, pp. 209 a 211.) 

80. Como Caio Serpa se comportou durante o sepultamento de Elisa?

Caio parecia distrair-se em quadra próxima àquela em que o corpo de Elisa seria sepultado. Ele não queria ver a inumação. Colhido em cheio pela influência de Evelina, que ele, dois anos antes, levara ao sepulcro, pensava nela e, sem querer, via-lhe mentalmente o semblante na tela da memória. Ele rememorou, então, a partida da esposa e os incidentes havidos. Era crepúsculo, qual ocorria ali, e as mesmas indagações lhe vinham à cabeça. Terminaria a vida em montões de pedra e cinza? para onde se transfeririam os mortos, caso continuassem a existir? onde estariam seus pais? em que região andaria Evelina? (Obra citada, cap. 25, pp. 212 a 214.)

 

  

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/01/blog-post_19.html

 

 

  

 

 

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