E a Vida Continua...
André Luiz
Parte 9
Prosseguimos o estudo da obra E a Vida Continua..., de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.
Esta é a décima primeira obra do mesmo autor integrante da Série
Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.
Eis as questões de hoje:
65. Ernesto
Fantini não gostou de saber que Caio se havia apossado dos bens que ele próprio
adquirira em sua derradeira existência. Que lhe foi dito a respeito disso pelo
instrutor Ribas?
Notando a surpresa e a decepção de Fantini, visto que Caio –
namorado de sua filha – valera-se de um ardil para se apossar dos bens que
foram seus, o instrutor Ribas lhe disse: “Aceite a realidade, meu amigo. Todas
as suas propriedades no campo físico, mediante a desencarnação, passaram ao
domínio de outras vontades e ao controle de outras mãos. A vida reclama o que nos
empresta, dando-nos em troca, seja onde seja, o que fazemos dela, junto dos
outros..." A lição é expressiva. Os bens que detemos não nos pertencem e
podem, portanto, mudar de mãos, sem que nada possamos fazer. O apego aos bens
materiais é, em face disso, algo que devemos combater seriamente em nós mesmos.
(E a Vida Continua, cap. 22, pp. 181
e 182.)
66.
Ribas afirmou, a respeito do assunto, que Caio, ao agir como estava agindo,
enganava a si mesmo. Que é que ele quis dizer?
Primeiro, apossando-se indevidamente dos bens deixados à família
por Fantini, Caio assumia largas dívidas perante as Divinas Leis. Além disso,
segundo Ribas, ele deveria experimentar, instintivamente, a fome de ação para
enriquecer-se cada vez mais. Apaixonar-se-á pelo dinheiro e, em vez de
aproveitar as alegrias da vida simples, andará distante da verdadeira
felicidade, escravizado que ficará, por muito tempo, à ambição de ganhar e
ganhar, amontoar e amontoar. E isso tudo, no fim, será revertido em benefício
dos familiares de Fantini, principalmente de Elisa, a quem ele presentemente
impelia à desencarnação prematura, porquanto ela, prestes a desencarnar
naqueles dias, deveria reencarnar dentro de cinco a seis anos, na condição de
filha de Caio e Vera. Ela receberá então, na condição de filha, os bens que lhe
foram surrupiados, acrescidos de grandes rendimentos. (Obra citada, cap. 22,
pp. 181 e 182.)
67. Quanto
a Amâncio Terra, que havia exterminado o corpo de Desidério, que futuro, na
vida espiritual, o aguardava?
O instrutor Ribas, a respeito de Amâncio, que fora padrasto de Evelina,
disse o seguinte à jovem: "Em verdade, ele exterminou o corpo de Desidério,
seu pai, alucinado na paixão que lhe enceguecia o espírito, e apossou-se-lhe da
casa e dos recursos... É um homem ateu e evidentemente criminoso, mas
profundamente humano e caritativo. Recolheu os bens de seu pai; no entanto, ao
dilatá-los, com administração judiciosa e profícua, fez-se o esteio econômico
para mais de duzentos Espíritos reencarnados, os seus servidores e rendeiros,
com os descendentes respectivos..." A todos Amâncio protegia havia mais de
vinte anos; nunca abandonou os que enfermassem; nunca desprezou os caídos em
prova; nunca deixou crianças ao desamparo. Ele, de fato, assassinou Desidério e
responderá por essa falta nos tribunais da vida, mas dedicou-se a Brígida (mãe
de Evelina), a quem procurava satisfazer os menores desejos, na posição de marido
honesto e fiel. Tantas preces subiam do mundo, a favor dele, pelas consolações
e alegrias que espalhava, que chegou a merecer mais amplas atenções dos Maiores
da Espiritualidade. Desidério tornaria, assim, ao convívio do homem que ainda
odiava, na condição de filho adotivo, mas, ao ver-lhe as qualidades nobres,
amá-lo-ia enternecidamente, como a um pai verdadeiro, de quem receberia
abnegação e ternura, apoio e bons exemplos. (Obra citada, cap. 22, pp. 183 a
185)
68.
Segundo Ribas, o plano ora arquitetado deveria estender-se por 30 anos. A quem
estaria reservada a tarefa de execução, supervisão e acompanhamento, para que
tudo ocorresse como planejado?
Como fora esboçado, o plano previa a volta de Elisa e Túlio como
filhos de Caio e Vera, bem como o retorno de Desidério como filho adotivo de
Amâncio e Brígida. Em seguida, no momento oportuno, Elisa e Desidério se
reencontrariam para firmar matrimônio. Admirado com os projetos esboçados,
Fantini indagou de Ribas quem se responsabilizaria pela sua execução.
"Vocês já ouviram falar em guias espirituais?" – perguntou o instrutor
a Fantini e Evelina. Como ambos ficassem em silêncio, informou: "Pois é...
Vocês dois serão os encarregados do serviço em perspectiva, com todas as tarefas-satélites
que lhe forem consequentes. Esforçar-se-ão para que Serpa e Vera se consorciem;
para que Elisa se recupere após a desencarnação, no menor prazo possível; para
que Desidério volte ao renascimento físico, nas condições desejáveis, e
auxiliarão, ainda, a Elisa, no retorno à Terra, com o dever de amparar-lhes o
berço e a meninice, além de que estarão colaborando não só para que a futura
genitora de Desidério conquiste recursos adequados para acolhê-lo no claustro
materno, como também para que o nosso amigo, ao reencarnar, venha a sentir-se
convenientemente instalado, na posição de filho adotivo..." Dito isto,
Ribas acrescentou com bom-humor: "Trabalho para trinta anos, meus amigos!
Para início de ajuste, considerem-se vinculados à nossa cidade, em serviço, no
mínimo de trinta anos pela frente!..." (Obra citada, cap. 22, pp. 185 a
187.)
69. O
fracasso de Ernesto Fantini como pai é algo comum no mundo em que vivemos? Qual
fora sua falha?
Sim; trata-se de algo comum em nossa sociedade. Fantini agira
como pai da mesma forma que Ribas havia agido. Segundo palavras do próprio
Ribas, o instrutor fora na Terra o chamado esposo-legenda, isto é, casou-se e
abraçou compromissos de família, acreditando que suas responsabilidades se
limitassem a ostentar a chefia da casa e a pagar as contas de fim de mês. "A
rigor – disse Ribas – jamais compartilhei as inquietações da companheira, na
educação íntima dos filhos e, que eu me lembre, nunca me sentei, junto de
qualquer deles, para sondar-lhes as dificuldades e os sonhos, conquanto lhes
exigisse conduta que me honrasse o nome." Fantini, assinalando a delicada
objurgação, viu-se mais uma vez espicaçado pela própria consciência, porque
também não fora o esposo e o pai que deveria ter sido e somente ali, depois da
morte do corpo físico, percebia, nas duras refregas da autocorrigenda, que o
dinheiro não faz o serviço do coração. (Obra citada, cap. 23, pp. 188 e 189.)
70.
Na agressão praticada por Elisa contra seu genro Caio ocorreu alguma influência
de natureza espiritual?
Sim. Elisa se revoltara com as palavras que ouviu de Caio e se
aprestou para a reação, exclamando: "Infame!..." Surgida a
indignação, Desidério senhoreou-lhe a mente, de forma espetacular, e a crise se
desencadeou dominadora, terrível. Possessa, Elisa investiu sobre o genro,
buscando asfixiá-lo, em meio a impropérios que lhe jorravam da boca. Caio
recuou, espantado, dando lugar à paciente enfermeira que imobilizou a viúva,
enquanto que, de outro lado, Fantini tentava impedir os movimentos desordenados
do companheiro. (Obra citada, cap. 23, pp. 192 e 193.)
71.
Inútil protestar contra as leis da vida. Por que essa frase foi dita por
Fantini ao ex-amigo Desidério?
Ernesto Fantini a pronunciou quando Desidério, avisado da
próxima desencarnação de Elisa, bradou: "Elisa não partirá de meus braços,
não me abandonará!... Não a deixarei!..." Ao ouvir isso, Fantini
lembrou-lhe que eram inúteis quaisquer protestos contra as forças da vida,
porque as leis de Deus, quer gostemos ou não, se cumprirão sempre. (Obra
citada, cap. 23, pp. 194 e 195.)
72. A.
Em face da morte corpórea de Elisa, que fez Desidério?
Jungido à falecida pela força dos últimos desejos que ela mesma
enunciara, Desidério, inflamado em labaredas de ódio, retivera-lhe uma das mãos
na destra rude, impedindo-lhe a retirada. Elisa, apesar de semi-inconsciente,
percebeu que se achava presa a ele e algemada ao corpo físico, a ouvir o
desventurado companheiro dizendo, convicto, que jamais a deixaria. O fato
estabeleceu enorme dificuldade à liberação de Elisa e sua internação em
instituição adequada no plano espiritual. (Obra citada, cap. 23, pp. 198 e
199.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/01/blog-post_12.html
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