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quarta-feira, 8 de junho de 2022

 



Revista Espírita de 1859

 

Allan Kardec

 

Parte 10 e final

 

Concluímos hoje o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que dizer aos que entendem que na Bíblia não há referências às comunicações espíritas?

B. Pode um Espírito ainda primitivo encarnar no seio de uma sociedade mais civilizada?

C. Por que, tendo já vivido anteriormente no estado de Espírito, muitos Espíritos se espantam com o que veem depois da morte corpórea?

D. Os bons Espíritos costumam lisonjear as pessoas?

 

Texto para leitura

 

215. O Espírito de Carlos IX, ex-rei da França e filho de Catarina de Médicis, pede que sejamos mansos e pacientes com aqueles a quem ensinarmos. Carlos informa ter reencarnado como escravo na América e diz que sua mãe, após sofrer bastante, se encontrava noutro planeta. (P. 388)

216. O Espírito de Rembrand, criticando os sábios que pensam serem os únicos a possuir todos os segredos da Criação, mas não sabem nem de onde vêm nem para onde irão, diz que não há na Bíblia uma única página em que não se encontrem traços de relação entre os mundos visível e invisível. (P. 389)

217. O homem de coração reto não tem a cabeça emproada, diz um Espírito, que adverte: Há apenas um caminho que a Deus conduz – a fé e o amor aos nossos semelhantes. (P. 390)

218. O Sr. V..., excelente médium que se distingue pela pureza de suas relações com o mundo espírita, estava sendo atormentado por um Espírito que resolveu residir no seu quarto. Antigo carreteiro, esse Espírito pertencia à mais baixa classe. Consultado por Kardec, um Espírito superior diz que há dois meios do rapaz desembaraçar-se do perseguidor: o meio espiritual, pedindo a Deus, e o meio material, mudando de casa. (P. 392)

219. O fato demonstra que existem realmente lugares assombrados por certos Espíritos, que se ligam a certos locais. (P. 392)

220. Comentando o assunto, Kardec mostra como a prece é útil em tais casos e diz que esses Espíritos se sensibilizam com os nossos conselhos e as nossas preces. Por que, pois, recusaríamos ouvi-los, quando seu arrependimento e seu sofrimento podem edificá-los? (PP. 393 e 394)

221. A Sociedade Espírita de Paris, em sua sessão geral de 30/9/1859, analisa o crime cometido por um menino de 7 anos e meio, com premeditação e todas as agravantes. Interrogado, São Luís informou que o Espírito dessa criança está quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra. Pertencente às tribos mais atrasadas das ilhas marítimas, ele nasceu naquele meio na esperança de progresso. (P. 395)

222. Tratando da admissão de novos membros da Sociedade Espírita de Paris, Kardec observou: Não basta que sejam eles partidários do Espiritismo em geral; é necessário que concordem com a sua maneira de ser. A homogeneidade de princípios – diz Kardec – é condição essencial, sem a qual uma sociedade qualquer não poderia ter vitalidade. (P. 396)

223. Para comunicar-se entre si, os Espíritos não precisam da palavra: basta-lhes o pensamento. Quando se comunicam com os homens, devem traduzir seu pensamento em sinais humanos, isto é, em palavras, que tiram do vocabulário do médium de que se servem, de certo modo como de um dicionário. Por isso, é mais fácil ao Espírito exprimir-se na língua familiar do médium, embora possa fazê-lo numa língua que este desconheça. (P. 398)

224. A Sociedade Espírita de Paris, por proposta de dois membros, decidiu por unanimidade: Toda pessoa que desejar fazer parte da Sociedade deverá fazer o pedido por escrito ao presidente. O pedido deverá ser assinado por dois apresentantes e relatar: 1. que o postulante tomou conhecimento do regulamento e se compromete a observá-lo; 2. as obras lidas sobre Espiritismo e sua adesão aos princípios da Sociedade, que são os do Livro dos Espíritos. (PP. 399 e 400)

225. O Espírito de São Luís, presidente espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desaconselha uma evocação que, segundo ele, requeria uma grande tranquilidade de espírito, enquanto que naquela noite discutiram-se ali longamente negócios administrativos. (PP. 400 e 401)

226. Alguém propôs evocar-se na Sociedade a Sra. Br..., membro titular que estava em viagem de navio para Havana. Consultado, São Luís desaconselhou a evocação informando que a Sra. Br... estava muito preocupada naquela noite, visto que o vento soprava com violência e o instinto de conservação tomava-lhe todo o pensamento. (P. 402)

227. A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas decidiu que todos os anos, na renovação do ano social, os membros honorários serão submetidos a novo voto de admissão, a fim de serem eliminados os que não mais estiverem nas condições requeridas. (P. 403)

228. O Sr. Les..., em reunião da Sociedade, diz não compreender o espanto dos Espíritos depois da morte, uma vez que, tendo já vivido no estado de Espírito anteriormente, eles não deveriam espantar-se com isso. Foi-lhe respondido: Esse espanto é apenas temporário; depende do estado de perturbação que se segue à morte, e cessa à medida que o Espírito se desprende da matéria e recupera suas faculdades de Espírito. (P. 404)

229. O Sr. Van Br..., de Haia, adepto fervoroso do Espiritismo, relatou à Sociedade Espírita de Paris que sua filha de 14 anos tornou-se um bom médium, mas sua mediunidade apresentava particularidades bizarras: a maior parte do tempo escrevia às avessas, de modo que para ler-se o que escreveu era preciso pôr as folhas diante de um espelho; além disso, muitas vezes a mesa de que ela se serve para escrever inclina-se diante dela como uma carteira e fica nessa posição até que ela acabe. (N.R.: Essa incrível mediunidade, chamada de psicografia especular, é raríssima e só se encontra em grandes médiuns.) (P. 405)

230. O Espírito de São Vicente de Paulo esclarece alguns pontos relacionados com os Convulsionários de Saint-Médard, e diz que os fenômenos ali cessaram porque eram produzidos por Espíritos pouco elevados, e não porque a autoridade terrena os interditou. No caso, houve uma conjugação de propósitos. (P. 408)

231. Kardec ensina: Os bons Espíritos aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem elogios exagerados. Estes, como toda a lisonja, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos. (P. 408)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que dizer aos que entendem que na Bíblia não há referências às comunicações espíritas?

Podemos dizer-lhes o que disse o Espírito de Rembrand, que afirmou, em mensagem publicada na Revista Espírita, que não existe na Bíblia uma única página em que não se encontrem traços de relação entre os mundos visível e invisível. (Revista Espírita de 1859, pp. 389 e 390.)

B. Pode um Espírito ainda primitivo encarnar no seio de uma sociedade mais civilizada?

Sim. A Sociedade Espírita de Paris, em sua sessão geral de 30/9/1859, analisou o crime cometido com premeditação e todas as agravantes por um menino de 7 anos e meio. Interrogado sobre o fato, São Luís informou que o Espírito dessa criança estava quase no início do período humano; não tinha mais que duas encarnações na Terra e nascera naquele meio na esperança de progresso. (Obra citada, p. 395.)

C. Por que, tendo já vivido anteriormente no estado de Espírito, muitos Espíritos se espantam com o que veem depois da morte corpórea?

Essa mesma pergunta foi formulada pelo Sr. Les..., em reunião da Sociedade Espírita de Paris. Foi-lhe, então, respondido que esse espanto é apenas temporário; depende do estado de perturbação que se segue à morte, e cessa à medida que o Espírito se desprende da matéria e recupera suas faculdades de Espírito. (Obra citada, p. 404.)

D. Os bons Espíritos costumam lisonjear as pessoas?

Não. Kardec nos ensina que os bons Espíritos aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem elogios exagerados. Estes, como toda a lisonja, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos. (Obra citada, p. 408.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/06/blog-post.html

 

 

 

 

 

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