Revista
Espírita de 1859
Allan
Kardec
Parte
9
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
A prece é útil aos mortos?
B.
Nas mortes violentas a separação entre o corpo e o perispírito é mais rápida?
C.
Em que se funda a metempsicose ensinada pelos Hindus?
D.
Que advertência à juventude foi feita pelo Espírito de Privat?
Texto para leitura
193.
Pauline Roland escreve sobre os convulsionários de Saint-Médard e sobre as
curas ali obtidas, atribuídas erradamente ao Espírito do padre François Pâris,
até que as autoridades fechassem o cemitério em janeiro de 1732. Evocado, o
padre Pâris explica que nada teve a ver com as curas e que os fenômenos
cessaram porque Deus quis que terminassem, visto que haviam degenerado em abuso
e escândalo. O meio foi a ordem da autoridade. (P. 348)
194.
Em resposta ao crítico Oscar Comettant, Kardec diz que os Espíritos têm um
corpo, um envoltório invisível, e é por esse intermediário semimaterial que
agem sobre a matéria. (P. 352)
195.
Kardec diz que, se a crença em Deus se arraigasse no coração de todos, nada
deveriam temer uns dos outros. Foi por isto que determinado sacerdote disse, a
respeito da Doutrina Espírita: "O Espiritismo conduz à crença em alguma
coisa. Ora, eu prefiro aqueles que acreditam em alguma coisa aos que em nada
acreditam, pois estes não creem nem mesmo na necessidade do bem". (P. 355)
196.
O Espiritismo – ajunta Kardec – é a destruição do materialismo. É a prova
patente e irrecusável daquilo que certas pessoas chamam futilidades, a saber:
Deus, a alma, a vida futura feliz ou infeliz. (PP. 355 e 356)
197.
Um dos assinantes da Revista, dizendo-se protestante, diz que em sua Igreja
jamais se ora pelos mortos, porque o Evangelho não o ensina. Kardec responde
afirmando que a prece é útil e agradável a todo aquele por quem é feita, e
cita, a propósito, o Rev. Pe. Félix. (PP. 357 e 358)
198.
"Se os mortos não têm o conhecimento claro das preces que por eles
fazemos, é certo que sentem os seus salutares efeitos", afirma o Rev.
Félix. (P. 359)
199.
Kardec concorda e acrescenta que a prece pode até abreviar os sofrimentos. É
que a prece real incita o Espírito ao arrependimento e desenvolve-lhe os bons
sentimentos, animando-o a fazer o bem e a tornar-se útil, com o que poderá ele
sair do atoleiro em que se encontra. (P. 360)
200.
Um assinante da Revista relata um curioso fato de aparição em que o Espírito
ignorava a própria desencarnação, passados mais de três meses. "Não
consigo levantar nada", disse o Espírito. "Depois do sono que
experimentei durante a doença, fiquei mudado: não sei mais onde me encontro;
sinto-me num pesadelo." (P. 363)
201.
Kardec esclarece que a separação entre o corpo e o perispírito se opera
gradativamente, e não de modo brusco. Nas mortes violentas e nos casos em que o
indivíduo viveu mais a vida material do que a vida moral, a separação é mais
lenta, porque o apego à matéria retém a alma. (PP. 364 e 365)
202.
Sr. Tug..., em nota comunicada à Sociedade Espírita de Paris, fala sobre a
crença dos Hindus, que pensam que as almas tinham sido criadas felizes e
perfeitas e depois se rebelaram, sendo as almas falidas obrigadas a reencarnar
em corpos de animais. (PP. 367 e 368)
203.
A metempsicose dos Hindus está fundada sobre o princípio da degradação das
almas. A reencarnação ensinada pelos Espíritos está fundada no princípio da
progressão contínua. Para os Hindus, a alma começou pela perfeição para chegar
à abjeção. Para o Espiritismo dá-se o contrário. (P. 368)
204.
A Sra. Ida Pfeiffer relata em Segunda
Viagem ao Redor do Mundo um acontecimento interessante ocorrido em Java, na
residência de Chéribon, onde os Espíritos apareciam e, à noite, choviam pedras
de todos os lados, sem ferir a nenhum dos moradores. As autoridades fizeram de
tudo para descobrir a causa dos fenômenos, que mesmo assim prosseguiram, até
que o governador mandou demolir a casa. (PP. 368 e 369)
205.
Evocada por Kardec, Ida Pfeiffer diz ter sido trazida ali, de súbito, sem o
perceber, graças a um arrastamento irresistível. (Ver sobre o assunto os casos
Dirkse Lammers e Michel François.) (PP. 369, 370 e 382)
206.
Falando sobre os fatos de Java, Pfeiffer diz que as pedras eram transportadas
pelos Espíritos, e seu objetivo foi atrair a atenção e fazer constatar um fato
do qual se tinha de procurar a explicação. (P. 371)
207.
Evocado cerca de 19 dias após sua morte, Privat d'Anglemont, conhecido homem de
letras, não tinha ainda consciência clara de sua atual situação e não podia ver
as coisas claramente como quando vivo. (P. 373)
208.
Uma semana depois, ele estava melhor e disse que cada homem tem uma missão na
Terra. "Infeliz daquele que não a desempenha com fé!", acrescentou o
Espírito. (P. 377)
209.
Três semanas mais tarde, Privat fez uma advertência à juventude. Os moços
precisam de leituras sérias, disse ele, lembrando que aquele que na primavera
da vida só pensou no prazer, prepara para mais tarde terríveis remorsos, porque
verá que os tempos perdidos jamais se recuperam. (P. 379)
210.
Falando de si mesmo, o Espírito diz que suas ocupações são quase nulas, em
virtude da vida que levou na Terra. "Aquilo que me parecia um prazer no
vosso mundo – disse ele – é agora uma pena para mim." (P. 380)
211.
O Espírito de Vicente de Paulo, após dizer que o amor é a lei da atração para
os seres vivos e organizados, ensina que o Espírito, seja qual for seu grau de
adiantamento e sua situação, seja numa reencarnação ou seja na erraticidade,
está sempre colocado entre um superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior,
perante o qual tem os mesmos deveres. (P. 384)
212.
O Espírito de Júlio César conta que teve que expiar suas faltas em várias
existências miseráveis e obscuras e, da última vez que viveu na Terra, foi Luís
IX. (P. 385)
213.
O Espírito de São Basílio diz que aquele que pretender levantar uma barragem à
marcha da verdade, será por ela arrastado inevitavelmente, qual uma criança
ante um regato impetuoso e rápido. (P. 386)
214.
O Espírito de São Lucas narra a parábola dos três cegos e a moeda do ouro,
comparando a sociedade aos cegos e o Espiritismo ao ouro. (P. 387)
Respostas às
questões propostas
A. A prece é útil
aos mortos?
Sim.
A um dos assinantes da Revista, adepto do protestantismo, que disse a Kardec
que em sua Igreja jamais se orava pelos mortos, porque o Evangelho não o
ensina, Kardec respondeu afirmando que a prece é útil e agradável a todo aquele
por quem é feita, e citou, a propósito, o Rev. Pe. Félix, que disse: “Se os
mortos não têm o conhecimento claro das preces que por eles fazemos, é certo
que sentem os seus salutares efeitos". (Revista Espírita de 1859, pp. 357 a 360.)
B. Nas mortes
violentas a separação entre o corpo e o perispírito é mais rápida?
Não.
Kardec diz que a separação entre o corpo e o perispírito se opera
gradativamente, não de modo brusco, e nas mortes violentas e nos casos em que o
indivíduo viveu mais a vida material do que a vida moral, a separação é mais lenta
ainda, porque o apego à matéria retém a alma. (Obra citada, pp. 364 e 365.)
C. Em que se funda
a metempsicose ensinada pelos Hindus?
Os
Hindus pensam que as almas foram criadas felizes e perfeitas e depois se
rebelaram, sendo as almas falidas obrigadas a reencarnar em corpos de animais.
A metempsicose deles está, pois, fundada sobre o princípio da degradação das
almas, enquanto que a reencarnação ensinada pelos Espíritos está fundada no
princípio da progressão contínua. Para os Hindus, a alma começou pela perfeição
para chegar à abjeção. Para o Espiritismo dá-se o contrário. (Obra citada, pp.
367 e 368.)
D. Que advertência
à juventude foi feita pelo Espírito de Privat?
Esse
Espírito, após deparar com a realidade da vida pós-morte, afirmou que os moços
precisam de leituras sérias, lembrando que aquele que na primavera da vida só
pensou no prazer prepara para mais tarde terríveis remorsos, visto que verá que
os tempos perdidos jamais se recuperam. (Obra citada, p. 379.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/05/blog-post_25.html
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