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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 



A Evolução Anímica

 

  Gabriel Delanne

 

Parte 7

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. A descendência animal do homem é um fato inconteste?

B. Que fatos levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma espécie de alma no homem e nos animais, a mudar de opinião?

C. O perispírito é algo concreto, real?

 

Texto para leitura

 

67. O homem não é um anjo decaído, a lamentar a perda de um paraíso imaginário, nem carrega pecado original algum que o estigmatize desde o berço. Tampouco de ninguém depende sua sorte. Não é preciso apelar ao milagre para explicar a criação. Basta observar as forças universais em sua constante atividade. As formas, tão diversificadas dos seres vivos, animais ou vegetais, são todas elas devidas a duas causas permanentes, que jamais deixaram de atuar e continuam a manifestar o seu poder: a influência do meio e a lei de seleção, o que vale dizer: a luta pela vida. (Pág. 78)

68. O solo, a atmosfera, a água são povoados de seres vivos em número infinito. Por toda parte os seres vivos se tocam, se comprimem, se abraçam, se alimentam uns dos outros. A fecundidade de algumas espécies impressiona a todos nós. O bacalhau, por exemplo, chega a produzir até 4.872.000 ovos. Uma pequena truta põe cerca de 6.000 ovos. No mundo microscópico os números são ainda mais impressionantes. Segundo Davaine, um simples pique inoculante de uma única bactéria pode, em 72 horas, determinar o nascimento de 71 milhões de indivíduos. Cohn estimou que em cinco dias o oceano se repletaria com a prole de uma única bactéria, se as condições mesológicas a isso se prestassem. (Pág. 80)

69. As plantas oferecem-nos os mesmos exemplos de proliferação formidável, embora grande parte de seus frutos pereça. É a lei inelutável, porque em nosso orbe a evolução se processa por meio de lutas renascentes. Seja ela surda e quase imperceptível, como no reino vegetal, ou seja ostensiva, como entre os grandes carnívoros, não deixa de operar incessante, em todos os graus da escala. Uma necessidade inelutável combate a fecundidade pela destruição, e tudo isso redunda na sobrevivência do mais apto a suportar a luta pela vida. (Págs. 80 e 81)

70. Desde o aparecimento do protoplasma no seio dos mares primitivos, desde que as primeiras mônadas manifestaram fenômenos vitais, essa luta jamais teve um hiato e prossegue, imperturbável, no facetamento dos organismos com uma perseverança implacável. É dessa concorrência encarniçada que resultou a vitória dos mais aptos, dos mais robustos. E foram esses esforços perpétuos do ser, reagindo às influências destrutivas no afã de adaptar-se ao meio para lutar com os seus inimigos, que engendraram o progresso evolutivo das formas e das inteligências. (Pág. 81)

71. Podemos, então, concluir com Darwin, dizendo: “Assim é que a guerra natural, a fome e a morte originam diretamente o efeito mais admirável que possamos conceber: - a formação lenta dos seres superiores”. (Pág. 81)

72. A teoria transformista leva-nos a compreender que os animais contemporâneos não são mais que os últimos produtos de uma elaboração de formas transitórias, desaparecidas na voragem dos tempos. É por isso que todo animal que nasce reproduz no início de sua vida fetal todos os tipos anteriores pelos quais passou a raça antes dele. (Pág. 82)

73. A descendência animal do homem impõe-se, pois, com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos, evidentemente, o último ramo aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de vista anímico, as manifestações do Espírito em todos os seres são graduadas de modo a identificar uma progressão ascendente, que se acentua à proporção que nos aproximamos da Humanidade. (Pág. 83)

74. O perispírito e suas propriedades funcionais – As leis que regem a evolução atestam que nada aparece súbita e perfeitamente acabado. O sistema solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as ciências são o resultado de longa e gradual ascensão, a partir das mais rudimentares formas. Lei geral e absoluta, dela não poderia aberrar a alma humana e constituir uma exceção. (Pág. 85)

75. O Sr. Dassier, que não admitia qualquer espécie de alma no homem e nos animais, não tardou a mudar de opinião, em face das inúmeras manifestações póstumas de animais, que se apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra. A chamada luz ódica de Reichembach, o duplo fluídico da vidente de Prévorst, o fantasma póstumo do Sr. Dassier nada mais são que o perispírito. Tanto nos animais, como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no fluido universal. (Pág. 87)

76. Se o princípio inteligente do animal sobrevive, possível se torna aplicar-lhe as mesmas regras aplicáveis à alma humana, que necessita da reencarnação para evolver. O princípio inteligente viria, assim, sucessivamente utilizar organismos cada vez mais aperfeiçoados, à medida que se tornasse mais apto a dirigi-los. Nossos cavalos domésticos – observa Viana de Lima – são capazes de reconhecer o almíscar (odor muito ativo) dos inimigos de seus ancestrais, presente numa simples cama de palha. Como explicar o pavor que esses animais sentem numa situação assim? Se admitirmos a existência de um princípio inteligente no animal e que esse princípio se revista de um perispírito no qual se armazenem os instintos, as sensações e a memória, tudo se torna compreensível. (Págs. 88 a 90)

77. O Espiritismo, sem nada inventar, mostra-nos simplesmente que o perispírito é real; que ele reproduz, fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém estável, a despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o instrumento no qual se incorporam os instintos e as modificações da hereditariedade. Imutável em si mesmo, o perispírito é, por assim dizer, o estatuto das leis que regem a evolução do ser. (Pág. 90) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. A descendência animal do homem é um fato inconteste?

Segundo Delanne, sim. A descendência animal do homem impõe-se com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos o último ramo aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de vista anímico, as manifestações do Espírito em todos os seres são graduadas de modo a identificar uma progressão ascendente, que se acentua à proporção que nos aproximamos da Humanidade. (A Evolução Anímica, pp. 82 e 83.)

B. Que fatos levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma espécie de alma no homem e nos animais, a mudar de opinião?

Foram as inúmeras manifestações póstumas de animais, que se apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra. Verifica-se desse modo que a chamada luz ódica de Reichembach, o duplo fluídico da vidente de Prévorst e os fantasmas póstumos do Sr. Dassier nada mais são que o perispírito. Tanto nos animais, como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no fluido universal. (Obra citada, pág. 87.)

C. O perispírito é algo concreto, real?

Sim. O Espiritismo mostra-nos que o perispírito é real, que ele reproduz, fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém estável, a despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o instrumento no qual se incorporam os instintos e as modificações da hereditariedade. (Obra citada, pág. 90.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

 



CINCO-MARIAS

 

A importância dos limites

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com



Ouça e você esquece; veja e você lembra; faça e você entende
. R. Steiner

 

Tudo começa em casa – ao dar exemplo, organizando o cotidiano da criança, os pais oferecem amor e cuidado com os filhos. Pois todo pai ou toda mãe que deixa a criança “livre e solta” atua de maneira leviana, agindo tão irresponsavelmente quanto aquele pai que faz uso da violência para criar o filho.

Ora. Criar pessoas dá trabalho, exige esforço, demanda sacrifício. Porque educar é tarefa primordial dos pais. E, por isso, dar limites aos filhos é essencial à convivência familiar, pois não podemos deixar uma criança crescer confundindo direitos com desejos.

Se não houver limites, as crianças não têm como balizar suas ações. Mas como estabelecer limites?

Em primeiro lugar, os pais precisam ser coerentes. Todo limite oferecido causa frustração, e não apenas para a criança que tem que respeitar a norma sinalizada, mas também para os pais. Se o adulto não tiver firmeza suficiente para sustentar o limite estabelecido, dificultará que a criança o aceite e o interiorize (gradualmente).

Em segundo lugar, os pais devem exercer o controle combinando afeto, firmeza e segurança. Se as figuras mais importantes e influentes para a criança, seus pais, a tratam com respeito e carinho, reconhecendo seus direitos e seus deveres, ela se sentirá segura mesmo na hora de ser corrigida, abrindo-se à oportunidade de aprender a aceitar a realidade.

Independentemente do estilo disciplinar adotado pelos pais, a flexibilidade é traço também que deve estar presente na rotina da vida doméstica. De outro lado, os pais necessitam ser consistentes e conscientes de que são eles que guiam os filhos, e não o contrário – os filhos não podem mandar nos pais.

Não tem a menor graça uma criança tirana e sem limite. Logo, dizer ao filho de sete anos que não é adequado assistir à televisão no lugar de fazer a tarefa escolar, por exemplo, ensina-lhe, e desde cedo, noções sobre a realidade e o mundo.

Se somos responsáveis pela educação de uma criança, precisamos assumir o fato de que ela não dispõe de condições para ser autônoma e por isso necessita ser guiada enquanto cresce e se desenvolve em direção à vida adulta. Educar com amor implica, portanto, não aceitar tudo. Pois o amor que aceita tudo é um amor irresponsável, que impede a criança de ter acesso a normas e critérios que a ajudem a aprender a viver de uma maneira saudável e responsável por seus atos.

Infelizmente, e para muita gente, muitas vezes estamos tão ocupados para dar aos nossos filhos o que não temos (bens materiais, no geral), que não nos sobra tempo para dar a eles o que temos – amor, presença e limites.

 

Notinhas

 

A infância implica um amor exigente, que compreende que toda criança precisa de amor, atenção e disciplina. Ora, disciplina, termo que deriva do latim, significa “instrução, conhecimento, matéria a ser ensinada”. Os pais, frente aos filhos, às crianças, são transmissores de um saber, de um conhecimento, e, por isso, respondem pela organização cotidiana da vida da criança.

Os pais são também professores dos filhos. Como tais, é dever ensinar aos filhos o que é adequado (escovar os dentes, pedir por favor, ser honesto, guardar os brinquedos etc.) e o que é inadequado (maltratar o colega, mentir, comer doce em vez do almoço, não fazer a tarefa etc.), por exemplo, e comunicar critérios de comportamento e valores de modo claro e coerente.

Cabe castigo? Mario Sergio Cortella avisa: “sempre. Mas não o castigo que agride ou machuca, mas aquele que serve como alerta. Não é colocar a criança ajoelhada no milho, é a responsabilização por seus atos. Os castigos variam com a idade da criança e de acordo com a circunstância. Não adianta dizer a uma criança de dois anos: sábado você não vai ao cinema. Ela ainda não tem a noção de tempo, portanto, sábado é algo que não faz sentido. Com essa criança, devemos trabalhar com o ‘agora’: Agora você não vai assistir à televisão. Ela tem que entender que toda ação corresponde a uma responsabilidade.” Mas bater nunca!

 

*

 

Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro deste ano, traz sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação.

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a formação em Psicanálise. Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 



Revista Espírita de 1861

 

Allan Kardec

 

Parte 5

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. O perispírito é penetrável à matéria sólida?

B. Como os Espíritos superiores veem a música?

C. Há festas no mundo espiritual?

 

Texto para leitura

 

73. Analisando um curioso fato ocorrido na Lituânia, onde o cólera atingiu muitas pessoas, São Luís fala sobre a causa dos flagelos materiais, e, a propósito do assunto, Kardec reitera o ensinamento de que todos os deuses do paganismo não têm outra origem senão as manifestações espíritas. (PP. 148 e 149)

74. A Revista noticia interessantes fenômenos de transporte ocorridos em Orléans, e informa que tais fatos tanto podem se dar com o médium adormecido como em vigília. (PP. 150 a 153)

75. As flores transportadas são colhidas pelo Espírito nos jardins. Os bombons são tirados do lugar onde lhe apraz. No caso noticiado, o anel foi retirado do túmulo e levado à filha da mulher falecida, a quem ele pertencera. (PP. 154 e 155)

76. O Dr. Glas, espírita fervoroso, morto aos 35 anos de idade, evocado a pedido de seu pai, diz que se encontrava com frequência junto da esposa, do filho e do pai. Mesmo estando na Sociedade, ele podia vê-los em casa, sem esforço; mas Kardec ressalva que um Espírito inferior não o poderia. “Os que têm uma certa elevação são os que podem ver simultaneamente de pontos diferentes”, ensina Kardec. “Os outros estão ainda muito terra a terra.” (PP. 152 e 153)

77.O Dr. Glas confirmou que os Espíritos passam através de tudo, como tudo passa através deles. (P. 159)

78. Podendo, em estado fluídico, ocupar o mesmo assento ocupado por um encarnado, se o corpo espiritual ficasse tangível ele teria, forçosamente, de mudar de lugar, reconstruindo-se ao lado. (P. 160)

79. Kardec explica: “No estado normal, isto é, fluídico e invisível, o perispírito é perfeitamente penetrável à matéria sólida; no estado de visibilidade, já há um começo de condensação que o torna menos penetrável; no estado de tangibilidade, a condensação é completa e a penetrabilidade desaparece”. (P. 160)

80. Kardec diz a Jobard não ser possível obter provas materiais de identidade do Espírito de personagens antigas. O nome nesses casos não é relevante e só se deve ligar-lhe uma importância secundária. (PP. 162 e 163)

81. Depois da morte – diz Kardec – a alma reflete as qualidades e defeitos que tinha na vida corporal. (P. 166)

82. Devem ser consideradas, assim, como apócrifas as comunicações que, em todos os pontos, desmintam o caráter do Espírito cujo nome levam. É, contudo, injusto lhes condenar o conjunto por causa de algumas manchas parciais. (P. 167)

83. Falando sobre as artes, Lamennais afirma que a música, a seu ver, é a arte que vai mais diretamente ao coração. A pintura, a arquitetura, a escultura atingem primeiro o cérebro. “Numa palavra, a música vai do coração ao espírito, a pintura do pensamento ao coração”, diz o Espírito, esclarecendo que a música séria, religiosa, eleva a alma e os pensamentos, enquanto a música leve faz vibrar apenas os nervos, nada mais.  (P. 167)

84. Felícia conta que há festas frequentes no mundo espiritual, e elas têm um encanto indescritível. (P. 168) 

85. Ferdinand, em mensagem dada em Bordéus, assevera que o Espiritismo é a aplicação da moral evangélica pregada pelo Cristo, em toda a sua pureza, e os homens que o condenam sem o conhecer são pouco prudentes. (PP. 168 e 169) 

86. Kardec informa quem foi Channing: William Ellery Channing, nascido em 1780 em Newport e falecido em 1842 em Boston, o qual se tornou em 1803 ministro da capela unitária – uma seita protestante – de Boston. (P. 173)

87. Reproduzindo partes de um discurso feito por Channing em 1834, Kardec mostra que sua descrição da vida futura concorda perfeitamente com a doutrina ensinada pelos Espíritos duas décadas mais tarde. (PP. 177 e 178)                  

88. O grande poeta Milton, citado por Channing, emite sobre o mundo invisível uma opinião conforme à de Channing, a qual é também a dos espíritas modernos. Eles eram, diz Kardec, espíritas por intuição, e não o sabiam. (P. 178)

89. Kardec acusa o recebimento de uma carta do Sr. Roustaing, advogado em Bordéus. (P. 179)                 

90. Na carta, Roustaing fala de seus estudos espíritas, diz compreender que a Terra é um lugar de exílio, um mundo de provas ou de expiação, e afirma sua crença na reencarnação, como realidade e não como alegoria. (PP. 179 e 180)

91. A reencarnação – diz Roustaing – ao mostrar que não há rei que não descenda de um pastor, nem pastor que não descenda de um rei, apaga todas as vaidades terrenas, liberta do culto material e nivela moralmente a todos. (P. 182)

 

Respostas às questões propostas

 

A. O perispírito é penetrável à matéria sólida?

Conforme as explicações de Kardec, no seu estado normal, isto é, fluídico e invisível, o perispírito é perfeitamente penetrável à matéria sólida. Contudo, no estado de visibilidade, já há um começo de condensação que o torna menos penetrável, e no estado de tangibilidade a condensação é completa e a penetrabilidade desaparece. (Revista Espírita de 1861, pp. 159 e 160.)

B. Como os Espíritos superiores veem a música?

Diz Lamennais que a música, a seu ver, é a arte que vai mais diretamente ao coração. A pintura, a arquitetura, a escultura atingem primeiro o cérebro. “Numa palavra, a música vai do coração ao espírito, a pintura do pensamento ao coração.” Segundo o mesmo Espírito, a música séria, religiosa, eleva a alma e os pensamentos, enquanto a música leve faz vibrar apenas os nervos, nada mais. (Obra citada, p. 167.)                                                          

C. Há festas no mundo espiritual?

Sim. As festas, diz o Espírito de Felícia, são frequentes no mundo espiritual e têm um encanto indescritível. (Obra citada, p. 168.)       

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 4 parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_21.html

 

 

 

 

 

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terça-feira, 27 de setembro de 2022

 



O vento soprando

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

De repente, só desejamos as coisas simples da vida e, bem que se diz, que a simplicidade é a sofisticação, pois é a pura essência. De repente, cansamos de toda aquela superficialidade, aparências mil e assunto banal. Ansiamos pela verdade, naturalidade, por tudo aquilo que alimenta e faz sentido à alma, por tudo que está ligado à energia essencial.

E desejamos comida simples feita em casa; parques onde a natureza nos acalma um pouquinho; frutas; menos tecnologia e mais conexão com a vida; um abraço; um olhar; um sorriso; acariciar um animalzinho e receber dele todo o seu verdadeiro carinho. Desejamos nos aproximar do que é real para o nosso “atma” (alma em sânscrito) porque ele está desgastado, sobrecarregado de tanta energia desimportante; ele não consegue viver sufocado como está e deseja ser livre. Nós o prendemos com tantos pensamentos negativos e inteiramente materialistas. A alma é espírito num corpo. Sua essência é transcendental e não material. A alma tanto anseia se fortalecer.

Então, as coisas simples começam a ser imprescindíveis, começam a nos aproximar do que faz bem ao nosso ser. Passamos a sentir e a valorizar o vento soprando o nosso rosto, o sabor delicioso da água fresca, o pôr do sol e as estrelas, a paz em vez da ansiedade, menos quantidade de coisas materiais e mais tempo para meditação. Passamos a nos valorizar e a perceber quantos aborrecimentos não precisam acontecer, pois vale imensuravelmente mais a consciência tranquila em vez de apostas ganhas e opiniões impostas. Cada um está em um estágio na evolução e cada um compreende a vida como é capaz.

Tão mais aprazíveis as simples coisas e ocasiões. Não é necessário provar nada a ninguém, basta sentir o que é bom, basta, para o coração, o verdadeiro caminho para a sua paz.

Os nossos olhos vão adorar observar os pássaros no céu, as flores coloridas, as abelhas, as andorinhas, as formigas; os nossos ouvidos vão amar ouvir as lindas sinfonias tranquilizando a nossa alma; as nossas mãos vão querer sentir a água do mar e ficaremos felizes sentindo o aroma do frescor da vida.

E poderemos nos sentir mais vivos do que robotizados, mais perto de Deus e habitantes, de fato, desse magnífico Universo. E amaremos sentir o vento em nosso rosto e o coração mais leve e realizado.

A vida é grandiosamente sábia e simples, nós é que a complicamos.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

 

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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

 



Tormentos da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 16

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Tormentos da Obsessão, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 2001.

Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

91. Em que condições desencarnou Gustavo Ribeiro?

Depois de abandonar a Casa Espírita onde se beneficiara, Gustavo transformou-se no que conhecemos pelo nome de “espírita de gabinete”, eufemismo elaborado para justificar-se a preguiça, a inutilidade pessoal, distanciando-se do trabalho e quedando-se na postura de atirador de pedras. A família não lhe recebeu a orientação espiritual conveniente, os filhos cresceram sem formação religiosa e sem a necessária assistência paterna em razão das dificuldades de relacionamento, quando foi acometido de pertinaz enfermidade que o consumiu lentamente. Nesse comenos, procurou apoio espiritual na antiga Instituição onde anteriormente se beneficiara, mas, não obstante a abnegação dos seareiros de boa vontade, o processo cancerígeno prostático era irreversível, e o caro confrade desencarnou em situação penosa, assinalada pela revolta surda contra a Vida. (Tormentos da Obsessão, cap. 16 – Prova e fracasso.)

92. Somos o que cultivamos em nosso pensamento?

Sim. Foi exatamente isso que Dr. Inácio afirmou ao procurar esclarecer o desfecho do caso Gustavo Ribeiro. E, para melhor situar seu pensamento, acrescentou: “Semeamos ventos mentais e colhemos tempestades morais avassaladoras. Enquanto não nos resolvamos pela solução dos problemas íntimos, alterando nossa conduta mental, adquirindo lúcida compreensão das Leis de Deus para vivenciá-las, estaremos cercados pelos tesouros da felicidade sem nos apercebermos, antes barafustando-nos pelos lugares onde nos encontrarmos”. (Obra citada, cap. 16 – Prova e fracasso.)

93. Qual é, em verdade, a função da Doutrina Espírita em relação a nós, simples criaturas humanas?

A resposta nos é dada nesta obra pelo Dr. Inácio Ferreira: “A função da Doutrina Espírita é preparar o ser humano para a compreensão da sua imortalidade, jamais para ajudá-lo a conquistar coisas e posições terrenas que o destacam no grupo social, mas não o dignificam nem o engrandecem moralmente”. Segundo ele, muitos simpatizantes do pensamento espírita cultivam a falsa ideia de coletar benefícios pessoais e sociais quando aderem aos postulados kardequianos, tendo a vida modificada para mais prazer e maior soma de comodidades, enquanto outros, igualmente equivocados, mantêm a respeito do Espiritismo a falsa ideia mitológica em torno das Entidades Nobres, que devem estar às suas ordens, solucionando-lhes os problemas que engendram e atendendo-os nas suas questiúnculas e necessidades do processo evolutivo. (Obra citada, cap. 16 – Prova e fracasso.)

94. Honório, um dos internos do Sanatório, debatia-se com desesperação, como se quisesse livrar-se de agressores invisíveis. Quem eram esses agressores?

Honório lutava contra formas hediondas que o ameaçavam e logravam atacá-lo, mas, em verdade, tratava-se de formas-pensamento, que foram elaboradas por ele mesmo durante quase toda a existência de adulto, e de que não se conseguiu desembaraçar na Terra, continuando no seu campo mental após a morte física. Tão vívida era a sua constituição que adquiriram existência e eram nutridas agora pelo medo e pelo mecanismo da consciência culpada. (Obra citada, cap. 17 – Alucinações espirituais.)

95. Honório era dominado também por um Espírito mentalmente poderoso. Como ele se identificou na sessão mediúnica presidida por Eurípedes Barsanulfo?

Ele se apresentou declarando o seguinte: “Eu sou o Senhor dos vândalos e perversos. Sou a chibata que estimula e que pune. Sou Mefistófeles, de que se utilizou Goethe, para o seu Fausto. Atendo aos chamados, inspiro e passo a comandar aqueles que se me afeiçoam e passam a dever-me a alma. Logo se me faz oportuno, arrebato-a para os meus domínios. Qual é o problema que aqui se delineia, exigindo minha presença? Venho espontaneamente, bem se vê, a fim de inteirar-me do que se deseja”. (Obra citada, cap. 17 – Alucinações espirituais.)

96. Diante de um Espírito que se julgava acima de tudo e de todos, que é que Eurípedes lhe disse?

Eurípedes lhe lembrou que na vida o único doador real é Deus, a quem tudo pertence. O que parece pertencer-nos é de Sua propriedade, especialmente no que diz respeito ao poder, que no mundo é sempre transitório e vão. (Obra citada, cap. 17 – Alucinações espirituais.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 15 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_19.html

 

 

 


 

 

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domingo, 25 de setembro de 2022

 



A arte de renovar as esperanças

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

A política, quando impregnada do desejo justo de promover o bem comum, pode ser definida como a arte de renovar as esperanças. E é o que vivenciaremos no próximo domingo, dia 2, quando se realizarão as eleições gerais em nosso país.

As eleições têm esta particularidade: renovam as nossas combalidas esperanças, até que surja, de novo, a oportunidade de fazer uma nova escolha.

Não pertencer aos quadros de um partido político não significa ser avesso aos temas que dizem respeito ao governo da nação e à possibilidade de que venhamos a construir um país melhor, em que o povo tenha melhores condições relativamente ao acesso à saúde, à educação, à segurança e ao emprego.

Ninguém, por certo, ignora quanto um governo incapaz pode produzir em termos de frustração e sofrimento. O povo brasileiro já passou por essa experiência inúmeras vezes.

Claro que o voto nem sempre acerta, mas não existe outro meio de aprender a votar, a não ser votando.

O leitor sabe que o Espiritismo vê com olhos bem diferentes a relatividade da existência corpórea. Certamente, não podemos jamais descurá-la nem imaginar que Deus a tenha criado sem razões mais sérias, não nos cabendo, pois, o direito de ignorar a finalidade essencialmente educativa das existências corpóreas.

Somos viajores em passagem por este mundo. As conquistas que aqui fazemos são pontos afirmativos no currículo que vamos escrevendo com nossos atos e nossas realizações. Devemos, pois, perseguir com todas as forças o objetivo de edificar aqui uma civilização justa e fraterna, sem esquecer, porém, que essa civilização não será duradoura se os homens que a formarem não se tornarem também, por sua vez, justos e fraternos.

Algum tempo atrás, quando passamos por um momento de esperança e de expectativas semelhantes, mais tarde frustradas por uma sucessão de equívocos, veio-nos à mente o que os Espíritos superiores disseram acerca do que eles entendem seja uma civilização completa.

“Vós a reconhecereis pelo seu desenvolvimento moral”, afirmam os imortais, advertindo que só teremos o direito de nos dizermos civilizados quando houvermos banido de nossa sociedade os vícios que a desonram e passarmos a viver como irmãos, praticando a caridade cristã. “Até esse momento, não sereis mais do que povos esclarecidos, não tendo percorrido senão a primeira fase da civilização.” (O Livro dos Espíritos, questão 173.)

Sabemos que a construção de uma civilização no nível reconhecido pelo Espiritismo é tarefa muitíssimo superior às possibilidades da política de partidos, pois requer esforço muito maior e um trabalho que não pode prescindir da cooperação ativa das religiões, tendo Jesus por farol.

Que fique, pois, com a Política – com P maiúsculo – a tarefa de renovar as esperanças, mas cuidemos, unidos pelo ideal cristão, de torná-las palpáveis e concretas neste país gigante, ao qual tanto devemos.

 

 

  

 

 

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