A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 7
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. A descendência animal do homem é um fato inconteste?
B. Que fatos levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma
espécie de alma no homem e nos animais, a mudar de opinião?
C. O perispírito é algo concreto, real?
Texto para
leitura
67. O homem não é um anjo decaído,
a lamentar a perda de um paraíso imaginário, nem carrega pecado original algum
que o estigmatize desde o berço. Tampouco de ninguém depende sua sorte. Não é
preciso apelar ao milagre para explicar a criação. Basta observar as forças
universais em sua constante atividade. As formas, tão diversificadas dos seres
vivos, animais ou vegetais, são todas elas devidas a duas causas permanentes,
que jamais deixaram de atuar e continuam a manifestar o seu poder: a influência
do meio e a lei de seleção, o que vale dizer: a luta pela vida. (Pág. 78)
68. O solo, a atmosfera, a água
são povoados de seres vivos em número infinito. Por toda parte os seres vivos
se tocam, se comprimem, se abraçam, se alimentam uns dos outros. A fecundidade
de algumas espécies impressiona a todos nós. O bacalhau, por exemplo, chega a
produzir até 4.872.000 ovos. Uma pequena truta põe cerca de 6.000 ovos. No
mundo microscópico os números são ainda mais impressionantes. Segundo Davaine,
um simples pique inoculante de uma única bactéria pode, em 72 horas, determinar
o nascimento de 71 milhões de indivíduos. Cohn estimou que em cinco dias o
oceano se repletaria com a prole de uma única bactéria, se as condições
mesológicas a isso se prestassem. (Pág. 80)
69. As plantas oferecem-nos os
mesmos exemplos de proliferação formidável, embora grande parte de seus frutos
pereça. É a lei inelutável, porque em nosso orbe a evolução se processa por
meio de lutas renascentes. Seja ela surda e quase imperceptível, como no reino
vegetal, ou seja ostensiva, como entre os grandes carnívoros, não deixa de
operar incessante, em todos os graus da escala. Uma necessidade inelutável
combate a fecundidade pela destruição, e tudo isso redunda na sobrevivência do
mais apto a suportar a luta pela vida. (Págs. 80 e 81)
70. Desde o aparecimento do
protoplasma no seio dos mares primitivos, desde que as primeiras mônadas
manifestaram fenômenos vitais, essa luta jamais teve um hiato e prossegue,
imperturbável, no facetamento dos organismos com uma perseverança implacável. É
dessa concorrência encarniçada que resultou a vitória dos mais aptos, dos mais
robustos. E foram esses esforços perpétuos do ser, reagindo às influências
destrutivas no afã de adaptar-se ao meio para lutar com os seus inimigos, que
engendraram o progresso evolutivo das formas e das inteligências. (Pág. 81)
71. Podemos, então, concluir com
Darwin, dizendo: “Assim é que a guerra natural, a fome e a morte originam
diretamente o efeito mais admirável que possamos conceber: - a formação lenta
dos seres superiores”. (Pág. 81)
72. A teoria transformista
leva-nos a compreender que os animais contemporâneos não são mais que os
últimos produtos de uma elaboração de formas transitórias, desaparecidas na
voragem dos tempos. É por isso que todo animal que nasce reproduz no início de
sua vida fetal todos os tipos anteriores pelos quais passou a raça antes dele.
(Pág. 82)
73. A descendência animal do homem
impõe-se, pois, com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos,
evidentemente, o último ramo aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de
vista anímico, as manifestações do Espírito em todos os seres são graduadas de
modo a identificar uma progressão ascendente, que se acentua à proporção que
nos aproximamos da Humanidade. (Pág. 83)
74. O perispírito e suas propriedades funcionais – As leis que regem a
evolução atestam que nada aparece súbita e perfeitamente acabado. O sistema
solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as
ciências são o resultado de longa e gradual ascensão, a partir das mais
rudimentares formas. Lei geral e absoluta, dela não poderia aberrar a alma
humana e constituir uma exceção. (Pág. 85)
75. O Sr. Dassier, que não admitia
qualquer espécie de alma no homem e nos animais, não tardou a mudar de opinião,
em face das inúmeras manifestações póstumas de animais, que se apresentavam sob
as mesmas formas que tiveram na Terra. A chamada luz ódica de Reichembach, o
duplo fluídico da vidente de Prévorst, o fantasma póstumo do Sr. Dassier nada
mais são que o perispírito. Tanto nos animais, como no homem, o princípio
pensante é sempre individualizado no fluido universal. (Pág. 87)
76. Se o princípio inteligente do
animal sobrevive, possível se torna aplicar-lhe as mesmas regras aplicáveis à
alma humana, que necessita da reencarnação para evolver. O princípio
inteligente viria, assim, sucessivamente utilizar organismos cada vez mais
aperfeiçoados, à medida que se tornasse mais apto a dirigi-los. Nossos cavalos
domésticos – observa Viana de Lima – são capazes de reconhecer o almíscar (odor
muito ativo) dos inimigos de seus ancestrais, presente numa simples cama de
palha. Como explicar o pavor que esses animais sentem numa situação assim? Se
admitirmos a existência de um princípio inteligente no animal e que esse
princípio se revista de um perispírito no qual se armazenem os instintos, as
sensações e a memória, tudo se torna compreensível. (Págs. 88 a 90)
77. O Espiritismo, sem nada
inventar, mostra-nos simplesmente que o perispírito é real; que ele reproduz,
fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém estável, a
despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o instrumento no qual
se incorporam os instintos e as modificações da hereditariedade. Imutável em si
mesmo, o perispírito é, por assim dizer, o estatuto das leis que regem a
evolução do ser. (Pág. 90) (Continua no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. A
descendência animal do homem é um fato inconteste?
Segundo Delanne, sim. A descendência animal do homem
impõe-se com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos o último ramo
aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de vista anímico, as manifestações
do Espírito em todos os seres são graduadas de modo a identificar uma
progressão ascendente, que se acentua à proporção que nos aproximamos da
Humanidade. (A Evolução Anímica, pp.
82 e 83.)
B. Que fatos
levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma espécie de alma no homem e nos
animais, a mudar de opinião?
Foram as inúmeras manifestações póstumas de animais, que se
apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra. Verifica-se desse modo
que a chamada luz ódica de Reichembach, o duplo fluídico da vidente de Prévorst
e os fantasmas póstumos do Sr. Dassier nada mais são que o perispírito. Tanto
nos animais, como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no
fluido universal. (Obra citada, pág. 87.)
C. O
perispírito é algo concreto, real?
Sim. O Espiritismo mostra-nos que o perispírito é real, que
ele reproduz, fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém
estável, a despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o
instrumento no qual se incorporam os instintos e as modificações da
hereditariedade. (Obra citada, pág. 90.)
Observação:
Para acessar a Parte 6 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_23.html
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