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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 



A Evolução Anímica

 

  Gabriel Delanne

 

Parte 7

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. A descendência animal do homem é um fato inconteste?

B. Que fatos levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma espécie de alma no homem e nos animais, a mudar de opinião?

C. O perispírito é algo concreto, real?

 

Texto para leitura

 

67. O homem não é um anjo decaído, a lamentar a perda de um paraíso imaginário, nem carrega pecado original algum que o estigmatize desde o berço. Tampouco de ninguém depende sua sorte. Não é preciso apelar ao milagre para explicar a criação. Basta observar as forças universais em sua constante atividade. As formas, tão diversificadas dos seres vivos, animais ou vegetais, são todas elas devidas a duas causas permanentes, que jamais deixaram de atuar e continuam a manifestar o seu poder: a influência do meio e a lei de seleção, o que vale dizer: a luta pela vida. (Pág. 78)

68. O solo, a atmosfera, a água são povoados de seres vivos em número infinito. Por toda parte os seres vivos se tocam, se comprimem, se abraçam, se alimentam uns dos outros. A fecundidade de algumas espécies impressiona a todos nós. O bacalhau, por exemplo, chega a produzir até 4.872.000 ovos. Uma pequena truta põe cerca de 6.000 ovos. No mundo microscópico os números são ainda mais impressionantes. Segundo Davaine, um simples pique inoculante de uma única bactéria pode, em 72 horas, determinar o nascimento de 71 milhões de indivíduos. Cohn estimou que em cinco dias o oceano se repletaria com a prole de uma única bactéria, se as condições mesológicas a isso se prestassem. (Pág. 80)

69. As plantas oferecem-nos os mesmos exemplos de proliferação formidável, embora grande parte de seus frutos pereça. É a lei inelutável, porque em nosso orbe a evolução se processa por meio de lutas renascentes. Seja ela surda e quase imperceptível, como no reino vegetal, ou seja ostensiva, como entre os grandes carnívoros, não deixa de operar incessante, em todos os graus da escala. Uma necessidade inelutável combate a fecundidade pela destruição, e tudo isso redunda na sobrevivência do mais apto a suportar a luta pela vida. (Págs. 80 e 81)

70. Desde o aparecimento do protoplasma no seio dos mares primitivos, desde que as primeiras mônadas manifestaram fenômenos vitais, essa luta jamais teve um hiato e prossegue, imperturbável, no facetamento dos organismos com uma perseverança implacável. É dessa concorrência encarniçada que resultou a vitória dos mais aptos, dos mais robustos. E foram esses esforços perpétuos do ser, reagindo às influências destrutivas no afã de adaptar-se ao meio para lutar com os seus inimigos, que engendraram o progresso evolutivo das formas e das inteligências. (Pág. 81)

71. Podemos, então, concluir com Darwin, dizendo: “Assim é que a guerra natural, a fome e a morte originam diretamente o efeito mais admirável que possamos conceber: - a formação lenta dos seres superiores”. (Pág. 81)

72. A teoria transformista leva-nos a compreender que os animais contemporâneos não são mais que os últimos produtos de uma elaboração de formas transitórias, desaparecidas na voragem dos tempos. É por isso que todo animal que nasce reproduz no início de sua vida fetal todos os tipos anteriores pelos quais passou a raça antes dele. (Pág. 82)

73. A descendência animal do homem impõe-se, pois, com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos, evidentemente, o último ramo aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de vista anímico, as manifestações do Espírito em todos os seres são graduadas de modo a identificar uma progressão ascendente, que se acentua à proporção que nos aproximamos da Humanidade. (Pág. 83)

74. O perispírito e suas propriedades funcionais – As leis que regem a evolução atestam que nada aparece súbita e perfeitamente acabado. O sistema solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as ciências são o resultado de longa e gradual ascensão, a partir das mais rudimentares formas. Lei geral e absoluta, dela não poderia aberrar a alma humana e constituir uma exceção. (Pág. 85)

75. O Sr. Dassier, que não admitia qualquer espécie de alma no homem e nos animais, não tardou a mudar de opinião, em face das inúmeras manifestações póstumas de animais, que se apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra. A chamada luz ódica de Reichembach, o duplo fluídico da vidente de Prévorst, o fantasma póstumo do Sr. Dassier nada mais são que o perispírito. Tanto nos animais, como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no fluido universal. (Pág. 87)

76. Se o princípio inteligente do animal sobrevive, possível se torna aplicar-lhe as mesmas regras aplicáveis à alma humana, que necessita da reencarnação para evolver. O princípio inteligente viria, assim, sucessivamente utilizar organismos cada vez mais aperfeiçoados, à medida que se tornasse mais apto a dirigi-los. Nossos cavalos domésticos – observa Viana de Lima – são capazes de reconhecer o almíscar (odor muito ativo) dos inimigos de seus ancestrais, presente numa simples cama de palha. Como explicar o pavor que esses animais sentem numa situação assim? Se admitirmos a existência de um princípio inteligente no animal e que esse princípio se revista de um perispírito no qual se armazenem os instintos, as sensações e a memória, tudo se torna compreensível. (Págs. 88 a 90)

77. O Espiritismo, sem nada inventar, mostra-nos simplesmente que o perispírito é real; que ele reproduz, fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém estável, a despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o instrumento no qual se incorporam os instintos e as modificações da hereditariedade. Imutável em si mesmo, o perispírito é, por assim dizer, o estatuto das leis que regem a evolução do ser. (Pág. 90) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. A descendência animal do homem é um fato inconteste?

Segundo Delanne, sim. A descendência animal do homem impõe-se com evidência luminosa, a todo pensador imparcial. Somos o último ramo aflorado da grande árvore da vida. Do ponto de vista anímico, as manifestações do Espírito em todos os seres são graduadas de modo a identificar uma progressão ascendente, que se acentua à proporção que nos aproximamos da Humanidade. (A Evolução Anímica, pp. 82 e 83.)

B. Que fatos levaram o Sr. Dassier, que não admitia nenhuma espécie de alma no homem e nos animais, a mudar de opinião?

Foram as inúmeras manifestações póstumas de animais, que se apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra. Verifica-se desse modo que a chamada luz ódica de Reichembach, o duplo fluídico da vidente de Prévorst e os fantasmas póstumos do Sr. Dassier nada mais são que o perispírito. Tanto nos animais, como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no fluido universal. (Obra citada, pág. 87.)

C. O perispírito é algo concreto, real?

Sim. O Espiritismo mostra-nos que o perispírito é real, que ele reproduz, fluidicamente, a forma corporal dos animais, e que se mantém estável, a despeito do fluxo perpétuo das moléculas vivas, sendo assim o instrumento no qual se incorporam os instintos e as modificações da hereditariedade. (Obra citada, pág. 90.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

 

 

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