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sábado, 29 de abril de 2023

 



Miséria material e moral

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

 

Almas irmãs, vou contar-lhes um caso interessante, após a definição dos espíritos sobre o que é a miséria.

No item 707 d’O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: “É comum faltarem a certos indivíduos os meios de subsistência, mesmo quando cercados pela abundância. A que se deve atribuir esse fato?”

Resposta: “Ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que devem. Na maioria das vezes, porém, deve-se atribuir esse fato a eles mesmos. Buscai e achareis. Estas palavras não querem dizer que basta olhar a terra para encontrar o que se deseja, mas que é preciso procurar com ardor e perseverança, e não com indolência, sem se deixar desanimar pelos obstáculos, que muitas vezes são simples meios de experimentar a vossa constância, a vossa paciência e a vossa firmeza.”

Em seguida, Kardec faz diversas considerações sobre a miséria e cita, como exemplo de esforço para erradicá-la, os “povos mais adiantados”, que tudo fazem para “melhorar a condição material dos homens”.

Ainda sobre o tema, transcrevo as perguntas e respostas contidas nos itens 814 e 815 d’O Livro dos Espíritos:

814. Por que Deus concedeu a uns a riqueza e o poder, e a outros a miséria?

“Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos que, no entanto, nelas sucumbem frequentemente.”

815. Qual das duas provas é mais perigosa para o homem, a da miséria ou a da riqueza?

“Ambas o são igualmente. A miséria provoca as queixas contra a Providência; a riqueza leva a todos os excessos.”

Esta história, ouvi de um amigo aqui de Brasília:

— Estávamos, eu e a esposa, tomando uma sopa num self service da Asa Norte, à noite, quando se aproximou de nós um senhor mal vestido, que nos pediu uma ajuda, segundo ele, para comer, alegando estar com fome. Penalizado, mas cauteloso, separei as torradas, ainda intocadas por nós, juntamente com um pequeno pote de creme, também não mexido, como primeiro socorro, pronto para tirar da carteira pequeno valor monetário, como acréscimo de ajuda, haja vista que alguns clientes também não negam auxílio aos necessitados que sempre vão ali.

O pobre homem, sentindo-se humilhado e sem saber qual era minha intenção, falou-nos, agressivamente: “— Não sou cachorro, para comer resto de alimentos”. E afastou-se. A esposa, assustada com aquela grosseria, ouviu quando ele disse mais adiante: “— Miserável!”

E desapareceu na noite.  Aqui termina, meu amigo, seu relato.

Como dizem os espíritos, diversas pessoas causam a própria miséria, mas revoltam-se contra quem os quer ajudar, quando se julgam humilhados. Outros agradecem e ainda dizem: “Que Deus o abençoe!”, o que desencadeia um acréscimo de compaixão e auxílio de quem é abençoado.

Para isso, é necessário crer em Deus, mas também crer nos homens e mulheres de bem, sendo humilde e agradecido, nas pequenas coisas, o que não fazem os revoltados. Muitos deles nem ao menos creem em Deus. Se cressem, perceberiam que o Senhor socorre seus filhos em provas e expiações por meio doutros filhos que já superaram a desgraça material e, principalmente, a miséria moral.

           

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