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segunda-feira, 19 de junho de 2023

 



Entre os Dois Mundos

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 5

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco em 2004.

Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

37. Quem é Laércio, cujo fracasso moral é focalizado num dos capítulos desta obra?

Laércio Urbano de Souza, eis o seu nome. Conforme palavras do Dr. Arquimedes, ele se encontrava em lamentável estado de desequilíbrio espiritual, decorrente de sucessivas situações perturbadoras. O mentor resumiu assim o seu caso: “Laércio é o exemplo típico do fracasso que decorre da invigilância. Portador de títulos de respeitabilidade, encontra-se dominado por pertinaz obsessão que o consome a largos passos”. Segundo o mentor espiritual, remanesciam em Laércio as complexas perturbações dos longínquos dias do período de Catarina de Médicis, na França, particularmente antes, durante e depois da terrível noite que passou à história como a Noite de São Bartolomeu. (Entre os Dois Mundos. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)

38. Que participação teve Laércio naqueles episódios de tão triste lembrança?

Vinculado pessoalmente a Carlos IX, um dos três últimos reis Valois da França, filho de Catarina, François-Piérre – esse era o seu nome – desempenhou papel relevante na grande matança. Envolveu-se então em lutas acerbas e vergonhosas, fingindo defender a fé religiosa e a flor-de-lis, símbolo da monarquia francesa. Dissoluto e venal, aproveitou-se da loucura coletiva que invadiu o Palácio das Tulherias, em Paris, a fim de beneficiar-se, adquirindo prestígio e poder, ao lado dos aturdidos governantes. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)

39. Que fatos levaram, na atual existência, ao seu fracasso?

Com a ajuda de um médium respeitável, de quem se tornou próximo, Laércio foi informado pelos benfeitores sobre as graves tarefas que deveria desenvolver na Terra e os perigos ingentes que o cercavam e à família, em razão dos acontecimentos anteriores, que lhe foram relatados com riqueza de detalhes. Ele não poderia nem deveria falhar, consciente que estava da oportunidade incomum da reencarnação, em cujas malhas conseguiria a reabilitação. Aceito o convite do Além, Laércio pôs-se na lide com toda a força da vontade rígida, mas essa mesma vontade, quase férrea, seria um dos empecilhos à sua vitória, porque o fazia intransigente, intolerante em relação às faltas alheias e severo em demasia no lar e com os amigos, tornando-se, não poucas vezes, uma presença desagradável, quando não temida. Seu futuro, entretanto, desenhava-se rico de bênçãos, caso vencesse as tentações sexuais e a ânsia do poder, remanescentes das experiências caprichosas do passado. Contudo, de invigilância em invigilância, acabou tombando em vergonhosa cilada preparada por seus inimigos, fato que o afastou até mesmo da oração e da ajuda espiritual, que ele recusava. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)

40. O fracasso de Laércio teve alguma relação com sexo?

Com o sexo indisciplinado, sim, pelo qual deixou arrastar-se, desrespeitando o lar que lhe era sagrado, quando se encontrava no auge da programação espiritual. Seus inimigos, impossibilitados de arrastá-lo à queda, aproximaram do seu lar uma parenta portadora de muita beleza física e sensualidade, que experimentava dificuldades matrimoniais e fora recentemente abandonada pelo consorte. Insinuante e dependente das sensações do sexo mal conduzido, ela – inspirada pelos adversários de Laércio – passou a acalentar desejos lascivos em relação a ele e, pouco tempo depois, terminou por arrastá-lo ao leito do adultério, embora a confiança que em ambos depositava a esposa. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)

41. Que consequências resultaram do comportamento leviano de Laércio?

Enredado nos fluidos do desejo, hipnotizado pelo prazer e fascinado pelo gozo, Laércio entregou-se à luxúria e ao conforto que ela podia proporcionar-lhe, fugindo ao convívio da família, onde não mais parecia encontrar bem-estar ou alegria. Passados, porém, os primeiros tempos de desequilíbrio, distante da família e sentindo-se perdido, resolveu-se pela separação legal da esposa e, depois, da infeliz companheira que o arrastou ao tombo, passando a cultivar pensamentos perturbadores, telementalizado pelo adversário soez que o espreitava. Lentamente foi-se deixando vencer, sentindo-se indigno de prosseguir na tribuna e na imprensa com a sua contribuição, mantendo somente os compromissos como educador desestimulado, a fim de atender aos impositivos da lei junto aos familiares, desaparecendo de circulação. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)

42. Podemos afirmar que a vingança, além de constituir uma enfermidade da alma, é portadora de grande perigo para quem a pratica?

Sim. É exatamente isso que José Petitinga disse, no curso da doutrinação, ao implacável obsessor de Laércio. Segundo ele, à semelhança da oxidação, da ferrugem que corrói o metal e o esmigalha com o tempo, instala-se nos tecidos sutis da mente e termina por destroçá-­los. Seus efeitos são, portanto, devastadores. (Obra citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)

43. Laércio foi levado a recordar sua participação nos crimes hediondos que os católicos da França cometeram contra os huguenotes?

Sim. Ele reviu cenas do passado e, tomado de angústia indefinível, gritou, estentórico: “Recordo-me! Revejo-me ao lado do desvairado monarca, rindo e chorando, pedindo mais sangue, mais vidas para o hediondo festival da agonia...” Petitinga informou-o, então, de que ali estava uma de suas muitas vítimas, que prosseguia aferrada ao desforço. Tratava-se de Jean-Jacques de Villiers. (Obra citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)

44. Que atitude teve Laércio ao encontrar-se face a face com sua antiga vítima, hoje seu implacável obsessor?

Transido de angústia e estupor, Laércio (que se chamara naquela ocasião François-Piérre) atirou-se aos pés de sua antiga vítima, suplicando-lhe, em pranto comovedor: “Se não te for possível perdoar-me todo o mal que te fiz, pois reconheço que não o mereço, pelo menos tem misericórdia de mim”. (Obra citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)

45. O obsessor se comoveu com a súplica feita por seu antigo algoz?

Não. Contudo, em seguida, explicou ao doutrinador por que assim agia: “Eu seria até capaz de perdoar o infame, caso a mim somente houvesse tornado desditoso... O hediondo criminoso mandou violar a minha mulher diante de mim, enjaulado e enfurecido, pela soldadesca a seu serviço, enquanto, indiferente, tomando vinho e comendo queijo fétido, sorria. Não poupou os meus dois filhinhos inocentes, acusados de pertencerem ao calvinismo, que zombeteiramente os católicos denominavam como huguenotes. As dores superlativas que os dilaceraram, enquanto gritavam por mim, aguardando um socorro que jamais lhes poderia propiciar, esfacelaram-me todos os sentimentos de compaixão e de misericórdia”. (Obra citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/06/entre-os-dois-mundos-manoel-philomeno_01239854215.html

 

 

 

 

 

 

 

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