Entre os Dois
Mundos
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 5
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco em 2004.
Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
37. Quem
é Laércio, cujo fracasso moral é focalizado num dos capítulos desta obra?
Laércio
Urbano de Souza, eis o seu nome. Conforme palavras do Dr. Arquimedes, ele se
encontrava em lamentável estado de desequilíbrio espiritual, decorrente de
sucessivas situações perturbadoras. O mentor resumiu assim o seu caso: “Laércio
é o exemplo típico do fracasso que decorre da invigilância. Portador de títulos
de respeitabilidade, encontra-se dominado por pertinaz obsessão que o consome a
largos passos”. Segundo o mentor espiritual, remanesciam em Laércio as
complexas perturbações dos longínquos dias do período de Catarina de Médicis,
na França, particularmente antes, durante e depois da terrível noite que passou
à história como a Noite de São Bartolomeu. (Entre os Dois Mundos.
Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
38. Que
participação teve Laércio naqueles episódios de tão triste lembrança?
Vinculado
pessoalmente a Carlos IX, um dos três últimos reis Valois da França, filho de
Catarina, François-Piérre – esse era o seu nome – desempenhou papel relevante
na grande matança. Envolveu-se então em lutas acerbas e vergonhosas, fingindo
defender a fé religiosa e a flor-de-lis, símbolo da monarquia francesa.
Dissoluto e venal, aproveitou-se da loucura coletiva que invadiu o Palácio das
Tulherias, em Paris, a fim de beneficiar-se, adquirindo prestígio e poder, ao
lado dos aturdidos governantes. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de
Laércio.)
39. Que
fatos levaram, na atual existência, ao seu fracasso?
Com a
ajuda de um médium respeitável, de quem se tornou próximo, Laércio foi
informado pelos benfeitores sobre as graves tarefas que deveria desenvolver na
Terra e os perigos ingentes que o cercavam e à família, em razão dos
acontecimentos anteriores, que lhe foram relatados com riqueza de detalhes. Ele
não poderia nem deveria falhar, consciente que estava da oportunidade incomum
da reencarnação, em cujas malhas conseguiria a reabilitação. Aceito o convite
do Além, Laércio pôs-se na lide com toda a força da vontade rígida, mas essa
mesma vontade, quase férrea, seria um dos empecilhos à sua vitória, porque o
fazia intransigente, intolerante em relação às faltas alheias e severo em
demasia no lar e com os amigos, tornando-se, não poucas vezes, uma presença
desagradável, quando não temida. Seu futuro, entretanto, desenhava-se rico de
bênçãos, caso vencesse as tentações sexuais e a ânsia do poder, remanescentes
das experiências caprichosas do passado. Contudo, de invigilância em
invigilância, acabou tombando em vergonhosa cilada preparada por seus inimigos,
fato que o afastou até mesmo da oração e da ajuda espiritual, que ele recusava.
(Obra citada. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
40. O
fracasso de Laércio teve alguma relação com sexo?
Com o
sexo indisciplinado, sim, pelo qual deixou arrastar-se, desrespeitando o lar
que lhe era sagrado, quando se encontrava no auge da programação espiritual.
Seus inimigos, impossibilitados de arrastá-lo à queda, aproximaram do seu lar
uma parenta portadora de muita beleza física e sensualidade, que experimentava
dificuldades matrimoniais e fora recentemente abandonada pelo consorte.
Insinuante e dependente das sensações do sexo mal conduzido, ela – inspirada
pelos adversários de Laércio – passou a acalentar desejos lascivos em relação a
ele e, pouco tempo depois, terminou por arrastá-lo ao leito do adultério,
embora a confiança que em ambos depositava a esposa. (Obra citada. Capítulo 11:
O fracasso de Laércio.)
41. Que
consequências resultaram do comportamento leviano de Laércio?
Enredado
nos fluidos do desejo, hipnotizado pelo prazer e fascinado pelo gozo, Laércio
entregou-se à luxúria e ao conforto que ela podia proporcionar-lhe, fugindo ao
convívio da família, onde não mais parecia encontrar bem-estar ou alegria.
Passados, porém, os primeiros tempos de desequilíbrio, distante da família e
sentindo-se perdido, resolveu-se pela separação legal da esposa e, depois, da
infeliz companheira que o arrastou ao tombo, passando a cultivar pensamentos
perturbadores, telementalizado pelo adversário soez que o espreitava.
Lentamente foi-se deixando vencer, sentindo-se indigno de prosseguir na tribuna
e na imprensa com a sua contribuição, mantendo somente os compromissos como
educador desestimulado, a fim de atender aos impositivos da lei junto aos
familiares, desaparecendo de circulação. (Obra citada. Capítulo 11: O fracasso
de Laércio.)
42.
Podemos afirmar que a vingança, além de constituir uma enfermidade da alma, é
portadora de grande perigo para quem a pratica?
Sim. É
exatamente isso que José Petitinga disse, no curso da doutrinação, ao
implacável obsessor de Laércio. Segundo ele, à semelhança da oxidação, da
ferrugem que corrói o metal e o esmigalha com o tempo, instala-se nos tecidos
sutis da mente e termina por destroçá-los. Seus efeitos são, portanto,
devastadores. (Obra citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
43. Laércio
foi levado a recordar sua participação nos crimes hediondos que os católicos da
França cometeram contra os huguenotes?
Sim. Ele
reviu cenas do passado e, tomado de angústia indefinível, gritou, estentórico:
“Recordo-me! Revejo-me ao lado do desvairado monarca, rindo e chorando, pedindo
mais sangue, mais vidas para o hediondo festival da agonia...” Petitinga
informou-o, então, de que ali estava uma de suas muitas vítimas, que prosseguia
aferrada ao desforço. Tratava-se de Jean-Jacques de Villiers. (Obra citada.
Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
44. Que
atitude teve Laércio ao encontrar-se face a face com sua antiga vítima, hoje
seu implacável obsessor?
Transido
de angústia e estupor, Laércio (que se chamara naquela ocasião François-Piérre)
atirou-se aos pés de sua antiga vítima, suplicando-lhe, em pranto comovedor:
“Se não te for possível perdoar-me todo o mal que te fiz, pois reconheço que
não o mereço, pelo menos tem misericórdia de mim”. (Obra citada. Capítulo 12:
Terapia desobsessiva.)
45. O
obsessor se comoveu com a súplica feita por seu antigo algoz?
Não.
Contudo, em seguida, explicou ao doutrinador por que assim agia: “Eu seria até
capaz de perdoar o infame, caso a mim somente houvesse tornado desditoso... O
hediondo criminoso mandou violar a minha mulher diante de mim, enjaulado e
enfurecido, pela soldadesca a seu serviço, enquanto, indiferente, tomando vinho
e comendo queijo fétido, sorria. Não poupou os meus dois filhinhos inocentes,
acusados de pertencerem ao calvinismo, que zombeteiramente os católicos
denominavam como huguenotes. As dores superlativas que os dilaceraram, enquanto
gritavam por mim, aguardando um socorro que jamais lhes poderia propiciar,
esfacelaram-me todos os sentimentos de compaixão e de misericórdia”. (Obra
citada. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
Observação:
Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/06/entre-os-dois-mundos-manoel-philomeno_01239854215.html
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