Entre os Dois
Mundos
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 9
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco em 2004.
Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
73. De
que modo se apresentou na sessão de doutrinação o inimigo espiritual do médium
Silvério?
Presente
no recinto, assim que se apercebeu do que estava ocorrendo, o Espírito bradou,
tomado de injustificável fúria: “Que desejam de mim, covardes espirituais?” Na
sequência, extravasou todo o ódio que nutria por Silvério, cujas razões foram
elucidadas na sequência do atendimento que lhe foi prestado pelo Mentor
espiritual. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no
Ministério.)
74. Qual
o recurso utilizado pelo Mentor para elucidação do caso?
A
regressão de memória. Logo que, graças à ajuda dos benfeitores Ângelo e
Germano, o Espírito se encontrava menos aflito e respirando com relativa calma,
o Mentor propôs, em um transe superficial hipnótico, que ele recuasse. A
palavra doce e profunda penetrou-lhe nos arquivos do inconsciente,
direcionando-o a determinado período próximo, e ele exclamou: “Vejo-me em uma
furna sombria, iluminada por archotes vermelhos, sob vigilância de figuras
satânicas...”. Começava desse modo a ser deslindado o problema que o ligava ao
médium Silvério. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)
75. Qual
a origem do ódio que o obsessor nutria para com o médium Silvério?
O ódio
provinha de fatos ocorridos em uma época nefasta na história do mundo, quando
os mouros situados em Granada, Espanha, em fins do século XV, foram cruelmente
perseguidos e massacrados por religiosos ligados à Igreja Católica. As maldades
começaram ali e tiveram seguimento nas décadas seguintes. Aquele Espírito,
então partidário da religião muçulmana, sofrera horrores nas mãos dos seus
algozes. Silvério fora um deles. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações
no Ministério.)
76. Autor
de crimes e atos deploráveis no passado, o médium Silvério já havia resgatado
sua dívida para com a Lei?
Sim.
Aquele que tantas maldades cometeu já não era o mesmo. No largo período que
medeia entre o ontem e o hoje, ele experimentara renascimentos bastante
dilaceradores, na lepra, na loucura, na paralisia, até que a Misericórdia
Divina o concitou à reabilitação pelo amor. Atualmente, sob a inspiração de
Jesus, vinha reunindo suas vítimas do passado, a fim de auxiliá-las no encontro
com a vida, com a esperança e com a paz. Mais de trezentos anos de sofrimentos
contínuos, de escárnio, de solidão, de trânsitos dolorosos por veredas ásperas,
credenciaram-no ao amor, que vinha agora vivenciando junto àqueles mesmos a
quem afligiu. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)
77. Se o
inimigo de Silvério não quisesse perdoá-lo, que aconteceria?
Em
resposta a pergunta semelhante feita pelo espírito, o Mentor lhe disse que, em
tal caso, ele sofreria o efeito da própria rebeldia. Foi então que, tomado de
grande espanto, o sofredor percebeu encontrar-se utilizando-se da mediunidade
daquele a quem detestava. Ficou aturdido e sem palavras. O mentor comentou:
“Sim, meu amigo, o Amor de Deus não tem limites. É da Lei Divina que o algoz
alce às cumeadas da felicidade todos aqueles que atirou ribanceira abaixo,
quando enlouquecido. Eis o antigo verdugo distendendo-lhe mãos generosas,
rogando-lhe perdão sem palavras, oferecendo-lhe conforto moral e energias de
refazimento”. Pranto inesperado tomou conta do comunicante, que estorcegava sob
os camartelos íntimos das aflições não compreendidas. Antes mesmo de entender
tudo quanto se passava, o Mentor aplicou-lhe passes, desvinculando-o do médium
em desdobramento parcial pelo sono fisiológico e transferiu-o para um dos
leitos, no qual foi colocado carinhosamente. (Obra citada. Capítulo 17:
Tribulações no Ministério.)
78. O
atendimento ao espírito se encerrou aí com a doutrinação?
Não. O
Mentor passou, na sequência, à etapa final do atendimento, quando então,
assessorado por Ângelo e Germano, e utilizando-se de instrumentos que faziam recordar
aqueles que eram usados nos tratamentos cirúrgicos da Terra, porém mais
sofisticados, um dos quais emitia um finíssimo jato de luz, semelhante ao
laser, retirou a célula fotoelétrica que se encontrava implantada no lobo temporal
esquerdo do espírito. Transcorridos alguns minutos, o paciente espiritual foi
transferido para uma sala contígua onde se recuperaria, iniciando nova etapa do
seu processo evolutivo. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no
Ministério.)
79. A
infância e a juventude podem beneficiar-se com o acesso ao conhecimento do
Espiritismo?
Sim. O
conhecimento do Espiritismo na infância como na juventude constitui uma dádiva
de invulgar significado pelos benefícios que propicia, preservando as
lembranças das lições trazidas do Mundo Espiritual, bem como
ampliando as áreas do discernimento, para que não tropecem com facilidade nos
obstáculos que se antepõem ao processo de crescimento interior. (Obra
citada. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)
80. A
morte pode ser considerada como a grande desveladora da verdade?
Sim. Uma
grande educadora agora na vida espiritual disse e Manoel Philomeno anotou: “A
morte é a grande desveladora da verdade. Enquanto me encontrava na neblina carnal
anelava por serviço e procurei realizá-lo dentro dos limites que me
caracterizaram. Empenhei-me, quanto pude, e pensei haver feito o máximo ao meu
alcance. Em aqui chegando, depois de vencer o Estige(1), pude
constatar quanto pouco havia realizado e quanto poderia ter feito, se mais me
houvera dedicado... Constatei algo tardiamente que, enquanto o dia urge,
sempre nos é possível produzir mais na Seara de Jesus”. (Obra citada.
Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)
81. A
caridade, no sentido espírita do termo, consiste em dar coisas àquele que
precisa ou requer de nós algo mais?
A
caridade não se resume a doar, a dar coisas. Tem grande significado o gesto de
doar medicamento a um enfermo, no entanto a orientação moral, a fim de que ele
se liberte das mazelas internas, tem um sentido mais profundo. O agasalho que
aquece é lição de desprendimento de quem o doa, mas o diálogo fraterno com o
desamparado representa ato mais expressivo. Os passes reconfortantes são de alta
magnitude para quem se encontra aturdido na obsessão ou noutro desequilíbrio
qualquer, todavia o esclarecimento em torno das causas da aflição tem sentido
de emergência. Não basta dar coisas, mas sim doar-se, oferecendo-se ao mister
do esclarecimento, da compreensão, da bondade. Além da contribuição externa é
indispensável a iluminação interior, que dignifica o caído e o alça à posição
de equilíbrio. Sempre quando falamos de caridade, ocorre-nos à mente o gesto de
oferecer qualquer valor material, esquecendo-nos, não poucas vezes, da oferta
superior do perdão, da compreensão fraternal, da compaixão, obviamente sem
descuidar da outra dádiva, a material, que atende a aflição dominante. (Obra
citada. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)
(1) Estige: rio mitológico que rodeava sete vezes os infernos. Os deuses
costumavam jurar pelo Estige e tal juramento era irrevogável. As suas águas
tornavam invulnerável quem nelas se banhava (Tétis, mãe de Aquiles nele
mergulhou o jovem herói, segurando-o pelos calcanhares, único lugar de seu
corpo que ficou vulnerável - calcanhar de Aquiles.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/entre-os-dois-mundos-manoel-philomeno_01180160934.html
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