segunda-feira, 17 de julho de 2023

 



Entre os Dois Mundos

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 9

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco em 2004.

Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

73. De que modo se apresentou na sessão de doutrinação o inimigo espiritual do médium Silvério?

Presente no recinto, assim que se apercebeu do que estava ocorren­do, o Espírito bradou, tomado de injustificável fúria: “Que desejam de mim, covardes espirituais?” Na sequência, extravasou todo o ódio que nutria por Silvério, cujas razões foram elucidadas na sequência do atendimento que lhe foi prestado pelo Mentor espiritual. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

74. Qual o recurso utilizado pelo Mentor para elucidação do caso?

A regressão de memória. Logo que, graças à ajuda dos benfeitores Ângelo e Germano, o Espírito se encontrava menos aflito e respirando com relativa calma, o Mentor propôs, em um transe superficial hipnó­tico, que ele recuasse. A palavra doce e profunda penetrou­-lhe nos arquivos do inconsciente, direcionando-o a deter­minado período próximo, e ele exclamou: “Vejo-me em uma furna sombria, iluminada por ar­chotes vermelhos, sob vigilância de figuras satânicas...”. Começava desse modo a ser deslindado o problema que o ligava ao médium Silvério. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

75. Qual a origem do ódio que o obsessor nutria para com o médium Silvério?  

O ódio provinha de fatos ocorridos em uma época nefasta na história do mundo, quando os mouros situados em Granada, Espanha, em fins do século XV, foram cruelmente perseguidos e massacrados por religiosos ligados à Igreja Católica. As maldades começaram ali e tiveram seguimento nas décadas seguintes. Aquele Espírito, então partidário da religião muçulmana, sofrera horrores nas mãos dos seus algozes. Silvério fora um deles. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

76. Autor de crimes e atos deploráveis no passado, o médium Silvério já havia resgatado sua dívida para com a Lei?

Sim. Aquele que tantas maldades cometeu já não era o mesmo. No largo período que medeia entre o ontem e o hoje, ele experimentara renascimentos bastante dilaceradores, na lepra, na loucura, na paralisia, até que a Misericórdia Divina o concitou à reabilitação pelo amor. Atualmente, sob a ins­piração de Jesus, vinha reunindo suas vítimas do passado, a fim de auxiliá-las no encontro com a vida, com a esperança e com a paz. Mais de trezentos anos de sofrimentos contínuos, de escárnio, de solidão, de trânsitos dolorosos por veredas ásperas, credenciaram-no ao amor, que vinha agora vivenciando junto àqueles mesmos a quem afligiu. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

77. Se o inimigo de Silvério não quisesse perdoá-lo, que aconteceria?

Em resposta a pergunta semelhante feita pelo espírito, o Mentor lhe disse que, em tal caso, ele sofreria o efeito da própria rebeldia. Foi então que, tomado de grande espanto, o sofredor percebeu en­contrar-se utilizando-se da mediunidade daquele a quem detestava. Ficou aturdido e sem palavras. O mentor comentou: “Sim, meu amigo, o Amor de Deus não tem limi­tes. É da Lei Divina que o algoz alce às cumeadas da feli­cidade todos aqueles que atirou ribanceira abaixo, quando enlouquecido. Eis o antigo verdugo distendendo-lhe mãos generosas, rogando-lhe perdão sem palavras, oferecendo-lhe conforto moral e energias de refazimento”. Pranto inesperado tomou conta do comunicante, que estorcegava sob os camartelos íntimos das aflições não com­preendidas. Antes mesmo de entender tudo quanto se passava, o Mentor aplicou-lhe passes, desvinculando-o do médium em desdobramento parcial pelo sono fisiológico e transferiu-o para um dos leitos, no qual foi colocado carinhosamente. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

78. O atendimento ao espírito se encerrou aí com a doutrinação?

Não. O Mentor passou, na sequência, à etapa final do atendimento, quando então, assessorado por Ângelo e Germano, e utilizando-se de instrumentos que faziam re­cordar aqueles que eram usados nos tratamentos cirúrgicos da Terra, porém mais sofisticados, um dos quais emitia um finíssimo jato de luz, semelhante ao laser, retirou a célula fotoelétrica que se encontrava implantada no lobo tem­poral esquerdo do espírito. Transcorridos alguns minutos, o paciente espiritual foi transferido para uma sala contígua onde se recuperaria, iniciando nova etapa do seu processo evolutivo. (Obra citada. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

79. A infância e a juventude podem beneficiar-se com o acesso ao conhecimento do Espiritismo?

Sim. O conhecimento do Espiritismo na infância como na juventude constitui uma dádiva de invulgar significado pe­los benefícios que propicia, preservando as lembranças das lições trazidas do Mundo Espiritual, bem como amplian­do as áreas do discernimento, para que não tropecem com facilidade nos obstáculos que se antepõem ao processo de crescimento interior. (Obra citada. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

80. A morte pode ser considerada como a grande desveladora da verdade?

Sim. Uma grande educadora agora na vida espiritual disse e Manoel Philomeno anotou: “A morte é a grande des­veladora da verdade. Enquanto me encontrava na neblina car­nal anelava por serviço e procurei realizá-lo dentro dos limites que me caracterizaram. Empenhei-me, quanto pude, e pensei haver feito o máximo ao meu alcance. Em aqui chegando, de­pois de vencer o Estige(1), pude constatar quanto pouco havia realizado e quanto poderia ter feito, se mais me houvera dedi­cado... Constatei algo tardiamente que, enquanto o dia urge, sempre nos é possível produzir mais na Seara de Jesus”. (Obra citada. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

81. A caridade, no sentido espírita do termo, consiste em dar coisas àquele que precisa ou requer de nós algo mais?

A caridade não se resume a doar, a dar coisas. Tem grande significa­do o gesto de doar medicamento a um enfermo, no entan­to a orientação moral, a fim de que ele se liberte das mazelas internas, tem um sentido mais profundo. O agasalho que aquece é lição de desprendimento de quem o doa, mas o diálogo fraterno com o desamparado representa ato mais expressivo. Os passes reconfortantes são de alta magnitude para quem se encontra aturdido na obsessão ou noutro desequilíbrio qualquer, todavia o esclarecimento em torno das causas da aflição tem sentido de emergência. Não basta dar coisas, mas sim doar­-se, oferecendo-se ao mister do esclarecimento, da compre­ensão, da bondade. Além da contribuição externa é indis­pensável a iluminação interior, que dignifica o caído e o alça à posição de equilíbrio. Sempre quando falamos de caridade, ocorre-nos à mente o gesto de oferecer qualquer valor material, esque­cendo-nos, não poucas vezes, da oferta superior do perdão, da compreensão fraternal, da compaixão, obviamente sem descuidar da outra dádiva, a material, que atende a aflição dominante. (Obra citada. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

 

(1) Estige: rio mitológico que rodeava sete vezes os infernos. Os deuses cos­tumavam jurar pelo Estige e tal juramento era irrevogável. As suas águas tornavam invulnerável quem nelas se banhava (Tétis, mãe de Aquiles nele mergulhou o jovem herói, segurando-o pelos calcanhares, único lugar de seu corpo que ficou vulnerável - calcanhar de Aquiles.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/entre-os-dois-mundos-manoel-philomeno_01180160934.html

 

 

 

 

 

 

 

 

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