Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 8
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A que velocidade
tem marchado o progresso do globo terrestre?
B. A transformação
moral das criaturas humanas é algo que preocupa os Espíritos?
C. Existe afinidade
entre o ideal maçônico e o Espiritismo?
Texto para leitura
90. A Revista
registra a constituição de duas novas sociedades espíritas: o Círculo Espírita,
Amor e Caridade, de Anvers, e a Sociedade Marselhesa dos Estudos Espíritas, de
Marselha. Ambas fizeram constar de seu regulamento que se colocavam sob o
patrocínio da Sociedade Espírita de Paris. “Essas adesões – diz Kardec –, dadas
espontaneamente, testemunham os princípios que prevalecem entre os espíritas, e
a Sociedade de Paris não pode deixar de sensibilizar-se com estes sinais de
simpatia, que provam a séria intenção de marchar sob a mesma bandeira.” (PP.
112 a 114)
91. Uma comunicação
espontânea recebida em Paris acerca da progressão do globo terrestre refere que
o progresso do mundo marcha a grande velocidade, no tocante aos aspectos
físicos, materiais e inteligentes. O progresso moral, contudo, foi mais lento.
(PP. 114 a 116)
92. O Espiritismo,
afirma o instrutor espiritual, vem acelerar o progresso, desvendando à
humanidade os seus destinos, e sua força pode ser aquilatada pelo número de
adeptos e a facilidade com que é compreendido. “Ele vai conduzir a uma
transformação moral ativa e, pela multiplicidade das comunicações mediúnicas, o
coração e o espírito de todos os encarnados serão trabalhados pelos Espíritos
amigos e instrutores”, acentua a mensagem. (P. 116)
93. Concluindo, o
instrutor assevera que os Espíritos, porém, não se limitam à instrução
científica: “seu dever é duplo e eles devem, sobretudo, cultivar a vossa
moral”. “Ao lado dos estudos da ciência, eles vos farão, e já fazem desde
agora, trabalhar o vosso próprio eu.” (P. 117)
94. O Espírito de
Guttemberg, o pai da imprensa, escreve sobre sua invenção, que ele chama de
revolução mãe. “Vós o vedes; até o pobre Guttemberg, a arquitetura é a escrita
universal”, assinala o comunicante, ressaltando o valor da imprensa que, como o
Sol, há de fecundar o mundo com seus raios benéficos. (PP. 117 a 119)
95. Afirmando que a
imprensa emancipou a humanidade, Guttemberg prevê que a eletricidade a fará
livre e destronará a própria imprensa que ele inventou, para pôr nas mãos dos
homens um poder de outro modo temível. (P. 119)
96. No mesmo sentido,
e falando sobre a arquitetura e a imprensa, comunicou-se na Sociedade Espírita
de Paris o Espírito de Robert de Luzarches, que foi na Terra construtor de
castelos, torreões e catedrais. (PP. 120 e 121)
97. A Revista
transcreve, logo na sequência, três comunicações que comentam as relações entre
o Espiritismo e a franco-maçonaria. Na primeira delas, Guttemberg lembra que
todo maçom iniciado é levado a crer na imortalidade da alma e no Divino
Arquiteto e a ser benfeitor, devotado, sociável, digno e humilde. Ali se pratica
a igualdade na mais larga escala, havendo, pois, nessas sociedades uma
afinidade evidente com o Espiritismo. Asseverando que muitos maçons são
espíritas e trabalham muito na propaganda desta crença, Guttemberg prevê que no
futuro o estudo espírita entrará como complemento nos estudos abertos nas
lojas. (PP. 121 e 122)
98. Na segunda
mensagem, Jacques de Molé afirma que as instituições maçônicas foram para a
sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal
era considerada crime, os homens precisavam de uma força que, submissa às leis,
fosse emancipada por suas crenças, suas instituições e a unidade de seu ensino.
“Nessa época - diz Molé - a religião ainda era, não mãe consoladora, mas força
despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo
curvar-se à sua vontade; era um assunto de pavor para quem quisesse, como livre
pensador, agir e dar aos homens sofredores alguma coragem e ao infeliz algum
consolo moral.” (P. 123)
99. Concluindo,
Jacques de Molé profetiza: “O Espiritismo fez progressos, mas, no dia em que
tiver dado a mão à franco-maçonaria, todas as dificuldades estarão vencidas,
todo obstáculo retirado, a verdade estará esclarecida e o maior progresso moral
será realizado e terá transposto os primeiros degraus do trono, onde em breve
deverá reinar”. (P. 124)
100. Na terceira
mensagem, o Espírito de Vaucanson, que se designa ainda franco-maçom, observa
que Guttemberg foi contemporâneo do monge que inventou a pólvora - invenção
essa que transformou a velha arte das batalhas -, enquanto a imprensa trouxe
uma nova alavanca à expressão das ideias, emancipando as massas e permitindo o
desenvolvimento intelectual dos indivíduos. (P. 124)
101. A
franco-maçonaria, contra a qual tanto gritaram, contra a qual a Igreja romana
não teve anátemas em quantidade suficiente, e que nem por isso deixou de
sobreviver, abriu de par em par as portas de seus templos ao culto emancipador
da ideia. “Em seu seio - afirma Vaucanson - todas as questões mais sérias foram
levantadas e, antes que o Espiritismo tivesse aparecido, os veneráveis e os
grão-mestres sabiam e professavam que a alma é imortal e que os mundos visível
e invisível se intercomunicam.” (P. 125)
Respostas às questões propostas
A. A que velocidade
tem marchado o progresso do globo terrestre?
Segundo mensagem
recebida em Paris, o progresso do mundo marchava, àquela época, a grande
velocidade, no tocante aos aspectos físicos, materiais e inteligentes. O
progresso moral, porém, era bem mais lento.
(Revista Espírita de 1864, pp. 114 a 116.)
B. A transformação moral das criaturas humanas é algo que
preocupa os Espíritos?
Sim. O papel dos instrutores espirituais vai além da
simples instrução científica. Seu dever é duplo e eles desejam, sobretudo, que
cultivemos os valores morais. “Ao lado dos estudos da ciência, eles vos farão,
e já fazem desde agora, trabalhar o vosso próprio eu.” (Obra citada, pp. 116
e 117.)
C. Existe afinidade
entre o ideal maçônico e o Espiritismo?
Três comunicações
publicadas pela Revista acerca das relações entre o Espiritismo e a
franco-maçonaria afirmam que sim. Numa delas, Guttemberg lembra que todo maçom
iniciado é levado a crer na imortalidade da alma e no Divino Arquiteto e a ser
benfeitor, devotado, sociável, digno e humilde. Ali se pratica a igualdade na
mais larga escala, havendo, pois, nessas sociedades uma afinidade evidente com
o Espiritismo. Asseverando que muitos maçons são espíritas e trabalham muito na
propaganda desta crença, Guttemberg prevê que no futuro o estudo espírita
entrará como complemento nos estudos abertos nas lojas. (Obra citada, pp. 121 e
122.)
Observação:
Para
acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/10/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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