Passe somente no
Centro Espírita? Que é isso?
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Diz ele que sua
sogra, a quem quer muito bem, está hospitalizada com problema cardíaco e que
ele irá fazer-lhe companhia por dois ou três dias, em revezamento com a esposa dele, que já acompanhou a mãe em período semelhante e
precisa descansar. Estava com uma dúvida atroz, como passista, se podia ou não
orar e aplicar passes na doente. O motivo da pergunta devia-se a ter sido recomendado,
na casa espírita que frequenta, para nenhum dos seus passistas aplicar passes
fora daquele local.
Provavelmente, disse-lhe eu, a recomendação devia-se aos
cuidados que devemos ter com os adeptos de outras crenças ou descrentes, quando
estamos fora do local destinado aos passes, na casa espírita. Mas o passe é uma
terapêutica espiritual aplicada pelo próprio Cristo, nas curas que realizou, em
diversos locais.
O que é preciso é perguntar se a pessoa aceita ou não a
imposição simples da mão, sem contato, sobre sua cabeça enquanto oramos por
ela. Caso percebamos que a pessoa se sente incomodada, devemos nos abster de
impor-lhe as mãos e nos contentarmos em orar em seu benefício, mas em geral
raras são as pessoas que rejeitam o passe.
Expliquei-lhe que eu mesmo já apliquei diversos passes em
minha cunhada católica em sua casa. E ela, embora sendo católica, sempre
manifestou interesse nesse tratamento magnético, acompanhado de oração.
Acredito mesmo que até os ateus, no momento de grave
doença, “pelo sim, pelo não”, não rejeitariam o passe. Caso o dispensem, podemos
orar por eles à distância do local. Costuma-se dizer que, no momento de risco
de sua vida, ninguém é ateu.
Esta orientação de Gurgel ao passista iniciante é muito
importante, por isso a cito abaixo:
“O passista não é, e não poderia ser, uma exceção a esta
lei maior de responsabilidade individual. Também aqui, ao habilitar-se à
condição de obreiro da fraternidade e do auxílio, ele torna-se devedor, perante
o próximo, da sua contribuição de paz, amor e luz, em especial junto dos que
padecem a desesperança, a angústia, a descrença, a dor física e o sofrimento
moral[1].”
Com relação ao local do passe, embora confirmando que o
melhor local para ele é o Centro Espírita, Jacob Melo[2] esclarece que é preciso usar o bom senso e a razão, mas
que também tanto o Espírito André Luiz quanto Philomeno de Miranda nos
esclarecem, o primeiro, que “as necessidades físicas e morais” devem ser
atendidas “dentro dos recursos ao nosso alcance”; o segundo, que o espírita,
realmente consciente [...] armado do escudo da caridade e protegido pela
superior inspiração que haure na prece, [parte] para o serviço no lugar em que
se faz necessário, onde dele precisam”[3].
Jacob Melo[4] diz que fora da casa espírita o passista deve, em
primeiro lugar, estar certo de que o ambiente seja calmo, sem agitação de
pessoas e que haja recolhimento silencioso. Esclarecer aos envolvidos, quando
for o caso, quando o passe for na casa do necessitado, que sua situação é
excepcional, mas que o local ideal para o benefício do passe é o centro
espírita.
Em síntese, embora se recomende local apropriado, na casa
espírita, para o passe, “Guardar-se da tarefa abençoada de servir é mais que
egoísmo, é irresponsabilidade que, com certeza, trará, mais tarde,
consequências dolorosas e tristonhas”[5].
O que não se deve, também, é aplicar o passe com
movimentos bruscos, espalhafatosos, respiração ofegante. Basta que se faça uma
oração, se possível acompanhada pelo paciente, ao tempo em que se impõem as
mãos a cerca de 10cm sobre sua cabeça, que não deve ser tocada.
Termino com a frase de André Luiz, citada por JACOB MELO:
“Proibir ruídos quaisquer, baforadas de fumo, vapores alcoólicos, tanto quanto ajuntamento
de gente ou a presença de pessoas irreverentes e sarcásticas, nos recintos para
assistência espiritual”[6]. No momento do passe, passista e doente devem manter-se
mentalmente em prece que não seja muito longa. Um Pai Nosso já é
suficiente.
Paz e luz!
[1] GURGEL, L. C. de Melo. O Passe
Espírita. 6. ed. Brasília: FEB, 2015, p. 152.
[2] MELO, Jacob. O passe, seu estudo,
suas técnicas, sua prática. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992, p. 163.
[3] GURGEL, L. C. de Melo. Op. cit.,
loc. cit.
[4] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.
[5] GURGEL, L. C. de Melo. Op. cit.,
loc. cit.
[6] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.
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