O Tesouro dos
Espíritas
Miguel Vives y Vives
Parte 13
Damos sequência ao estudo do clássico O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, que está sendo
aqui estudado em 16 partes, com base na tradução de J. Herculano Pires,
conforme a 6ª edição publicada pela Edicel.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Qual a principal obrigação do espírita?
B. Que pensar dos que dizem que as obras de Kardec não
trazem novidades e que há obras mais interessantes?
C. É o Espiritismo religião?
Texto para
leitura
150. A obrigação principal do espírita, diz Irmão Saulo(1),
é zelar pelo seu tesouro: a Doutrina Espírita. Para isso, temos de estudá-la e
conhecê-la bem, pois, do contrário, como poderemos zelar por ela? “O
Espiritismo – lembra ele – não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente
manifestações de espíritos. É a Doutrina do Consolador, do Espírito da Verdade,
do Paráclito, prometida e enviada pelo Cristo para nos orientar.” (P. 165)
151. Se Jesus nos trouxe a mensagem redentora do Evangelho
e prometeu que nos enviaria o Consolador, é que temos de conhecer o Evangelho e
conhecer o Espiritismo. “Os cristãos estudam a Lei Nova, que está no Novo
Testamento. Os espíritas, que são os cristãos renascidos da água e do espírito,
devem estudar as obras de Kardec, que são a Codificação do Espiritismo, a Nova
Revelação.” (P. 166)
152. Há espíritas que se deixam levar pelos falsos
profetas, encarnados e desencarnados, que enchem o nosso mundo de novidades
absurdas e perturbam o movimento doutrinário, impedindo a boa divulgação da
luz. Acreditam eles que Kardec está superado e que, portanto, a obra de Kardec
não tem mais nada a nos ensinar. “Ah, como se enganam esses pobres irmãos,
levados por ilusões momentâneas!” (P. 167)
153. Alguns confrades dizem: As obras de Kardec não trazem
novidades; há outros livros que nos falam de coisas mais interessantes,
contando-nos fatos desconhecidos, dando-nos ensinamentos novos. “Ah, pobres
irmãos que não fazem conta da promessa do Senhor, que menosprezam a sua dádiva!
Então o Senhor e Mestre nos promete o Consolador e no-lo envia, para agora o
deixarmos de lado e corrermos como loucos atrás dos falsos profetas, dos falsos
Cristos, dos falsos Kardecs, que enxameiam na vaidade humana?” (PP. 168 e 169)
154. Não temos o direito de pensar assim. O Espiritismo é a
Verdade Maior que podemos conhecer, nesta fase evolutiva da Terra. O seu
aparecimento foi preparado pelo Alto. Antes de Kardec encarnar-se, para cumprir
a sua missão, já numerosos fatos espíritas ocorreram no mundo, predispondo-nos
à compreensão do trabalho do Codificador. (P. 169)
155. O próprio Codificador viveu cinquenta anos
preparando-se, adquirindo cultura e experiência, conquistando toda a ciência do
seu tempo, antes de receber do Alto a incumbência de investigar os fenômenos e
organizar a Doutrina, embora fosse um dos mais lúcidos discípulos de Jesus, que
este enviou à Terra para cumprir a promessa do Consolador. E queremos, por
acaso, ser mais do que ele e do que o Espírito da Verdade, que o assistia e
guiava? (P. 169)
156. Outros irmãos alegam: O Espiritismo é muito simples, é
o ABC da Espiritualidade; temos maiores instruções na Teosofia ou com os
Rosa-Cruzes. “Deviam antes pensar, diz Irmão Saulo, que necessitamos justamente
do ABC, pois somos ainda analfabetos espirituais. O Espiritismo não tem a
pretensão de tudo saber e tudo ensinar. Porque as doutrinas que tudo ensinam,
na verdade nada sabem.” (P. 170)
157. Não pensemos, porém, que o Espiritismo é doutrina
estática, que não quer ir além. Pelo contrário, ele é doutrina dinâmica e
avança sempre. Mas avança na medida do possível e do conveniente, com os pés na
terra, para evitar a vertigem das alturas. “Na proporção em que crescermos
moralmente – prestemos bem atenção a esta palavra: moralmente – o próprio
Espiritismo, dentro das próprias obras de Kardec, desvelará novos mundos e
novos ensinos aos nossos olhos. Mas, então, estaremos em condições de
compreendê-los.” (P. 172)
158. Em conclusão: O espírita deve estudar constantemente
as obras de Kardec, que são o fundamento do Espiritismo, e não deixar-se levar
por fascinações da vaidade ou da ambição de saber o que não pode. (PP. 172 e
173)
159. O Espiritismo é a Religião em espírito e verdade, de
que Jesus falou à mulher samaritana. Mas há espíritas que não compreendem isso
e negam a religião espírita. “É possível tirarmos do Espiritismo a fé em Deus e
a lei da caridade?” (P. 174)
160. Todo o problema, que tanta celeuma tem levantado entre
alguns irmãos intelectuais, se resume na falta de compreensão do que seja religião.
Os confrades antirreligiosos gastam tinta e papel em quantidade por quererem
provar um absurdo. “Alegam que Kardec se recusou a chamar o Espiritismo de
religião. Mas o próprio Kardec explicou por que o evitou – não se recusou, mas
apenas evitou – chamar o Espiritismo de religião: não queria confundir uma
doutrina de luz e liberdade com as organizações dogmáticas e fanáticas do mundo
religioso.” (PP. 174 e 175)
161. Todo homem de cultura hoje compreende que religião não
é igreja, mas sentimento. Henri Bergson ensinou que há dois tipos de religião:
a social, que é dogmática e estática, e a individual, que é livre e dinâmica.
Assim pensava também Henrique Pestalozzi, para quem a religião verdadeira é a
Moralidade. Vemos aí um dos motivos por que Kardec dizia que o Espiritismo tem
consequências morais, em vez de referir-se a consequências religiosas. “Hoje em
dia, o Codificador não teria dúvida em falar de religião, porque o conceito
atual de religião é muito mais amplo.” (PP. 175 e 176)
162. O Espiritismo tem três aspectos, como sabemos: o
científico, no qual ele se apresenta como ciência de observação e investigação,
tratando dos fenômenos espíritas; o filosófico, no qual procura interpretar os
resultados da investigação científica e dar-nos uma visão nova do mundo; e o
religioso, no qual nos ensina como aplicar, na vida prática, os princípios da
filosofia espírita. “Queremos, acaso, ficar apenas nos princípios, sem
aplicá-los?” (P. 176)
(1) Irmão Saulo é
o pseudônimo usado nesta obra pelo conhecido escritor José Herculano Pires,
tradutor do texto de Miguel Vives y Vives e autor da 2ª Parte da obra em
estudo. As partes 13 e seguintes deste estudo são de sua autoria.
Respostas às
questões preliminares
A. Qual a
principal obrigação do espírita?
A obrigação principal do espírita, diz Irmão Saulo(1),
é zelar pelo seu tesouro: a Doutrina Espírita. Para isso, temos de estudá-la e
conhecê-la bem, pois, do contrário, como poderemos zelar por ela? “O
Espiritismo – lembra ele – não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente
manifestações de espíritos. É a Doutrina do Consolador, do Espírito da Verdade,
do Paráclito, prometida e enviada pelo Cristo para nos orientar.” (O Tesouro dos Espíritas, 2ª Parte,
Marcha para o Futuro, pp. 165 e 166.)
B. Que pensar
dos que dizem que as obras de Kardec não trazem novidades e que há obras mais
interessantes?
A respeito deles, diz Irmão Saulo: “Ah, pobres irmãos que
não fazem conta da promessa do Senhor, que menosprezam a sua dádiva! Então o
Senhor e Mestre nos promete o Consolador e no-lo envia, para agora o deixarmos
de lado e corrermos como loucos atrás dos falsos profetas, dos falsos Cristos,
dos falsos Kardecs, que enxameiam na vaidade humana?” Não temos o direito de
pensar assim. O Espiritismo é a Verdade Maior que podemos conhecer, nesta fase
evolutiva da Terra. O seu aparecimento foi preparado pelo Alto. Antes de Kardec
encarnar-se, para cumprir a sua missão, já numerosos fatos espíritas ocorreram
no mundo, predispondo-nos à compreensão do trabalho do Codificador. (Obra
citada, pp. 168 e 169.)
C. É o
Espiritismo religião?
Sim. O Espiritismo é a Religião em espírito e verdade, de
que Jesus falou à mulher samaritana. Mas há espíritas que não compreendem isso
e negam a religião espírita. “É possível tirarmos do Espiritismo a fé em Deus e
a lei da caridade?” Todo o problema, que tanta celeuma tem levantado entre
alguns irmãos intelectuais, se resume na falta de compreensão do que seja
religião. Os confrades antirreligiosos gastam tinta e papel por quererem provar
um absurdo. “Alegam que Kardec se recusou a chamar o Espiritismo de religião.
Mas o próprio Kardec explicou por que o evitou – não se recusou, mas apenas
evitou – chamar o Espiritismo de religião: não queria confundir uma doutrina de
luz e liberdade com as organizações dogmáticas e fanáticas do mundo religioso.”
(Obra citada, pp. 174 a 176.)
Observação:
Eis os links que remetem aos
textos anteriores:
Parte 10 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/o-tesouro-dosespiritas-miguel-vives-y_10.html
Parte 11 – https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/o-tesouro-dosespiritas-miguel-vives-y_17.html
Parte 12 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/o-tesouro-dosespiritas-miguel-vives-y_24.html
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