A Gênese
Allan Kardec
Parte 11
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
81. Como se prova a
existência do princípio espiritual?
A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não
precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio
material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus
efeitos, como a matéria pelos efeitos que lhe são próprios. De acordo com este
princípio: «Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma
causa inteligente», ninguém há que não faça distinção entre o movimento
mecânico de um sino que o vento agite e o movimento desse mesmo sino para dar
um sinal, um aviso, atestando, só por isso, que obedece a um pensamento, a uma
intenção. Ora, não podendo acudir a ninguém a ideia de atribuir pensamento à
matéria do sino, tem-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele
serve de instrumento para que ela se manifeste.
Pela mesma razão, ninguém terá a ideia de atribuir pensamento ao corpo de
um homem morto. Se, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele alguma coisa que
não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a
inteligência, que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está
no homem a que faz que este obre. O princípio espiritual é corolário da
existência de Deus; sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, visto que
não se poderia conceber a soberana inteligência a reinar, pela eternidade em
fora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um
monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre pedras.
(A Gênese, cap. XI, itens 1 a 4.)
82. São a mesma coisa
princípio vital e princípio espiritual?
Não. Se o princípio vital fosse inseparável do princípio inteligente,
haveria certa razão para que os confundíssemos. Mas, havendo, como há, seres
que vivem e não pensam, quais as plantas; corpos humanos que ainda se revelam
animados de vida orgânica quando já não há qualquer manifestação de pensamento;
uma vez que no ser vivo se produzem movimentos vitais independentes de qualquer
intervenção da vontade; que durante o sono a vida orgânica se conserva em plena
atividade, enquanto que a vida intelectual por nenhum sinal exterior se
manifesta, é cabível se admita que a vida orgânica reside num princípio
inerente à matéria, independente da vida espiritual, inerente ao Espírito. As
propriedades sui generis que se reconhecem ao princípio espiritual provam que
ele tem existência própria, pois que, se sua origem estivesse na matéria,
aquelas propriedades lhe faltariam. (Obra citada, cap. XI, itens 5 e 6.)
83. Quais os elementos
constitutivos do Universo?
O elemento material e o elemento espiritual. O elemento espiritual
constitui os seres chamados Espíritos, da mesma forma que, individualizado, o
elemento material constitui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e
inorgânicos. (Obra citada, cap. XI, item 6.)
84. Qual a meta que os
seres espirituais devem alcançar?
Segundo o Espiritismo, criados simples e ignorantes, com igual aptidão
para progredir pelas suas atividades individuais, todos os seres espirituais
têm por meta atingir a perfeição relativa. Essa é a finalidade, é o objetivo
que lhes cumpre alcançar. (Obra citada, cap. XI, itens 7 a 9.)
85. Quem é que modela o
envoltório físico do homem?
É o próprio Espírito que modela seu envoltório e o apropria às suas novas
necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida
que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra,
talha-o de acordo com sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe a
ele empregá-los. É assim que os povos adiantados têm um organismo ou, se
quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que os povos
primitivos. (Obra citada, cap. XI, item 11.)
86. Que é que determina
a morte corpórea?
Por ser exclusivamente material, o corpo sofre as vicissitudes da
matéria. Depois de funcionar por algum tempo, ele se desorganiza e se decompõe.
O princípio vital, não mais encontrando elemento para sua atividade, se esgota
e o corpo morre. A união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara
sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio
deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo. Mantida que era por
uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. (Obra
citada, cap. XI, itens 13 e 18.)
87. Os primeiros homens
aparecidos na Terra tinham alguma semelhança com o macaco? Há, para eles, uma
origem comum?
Quanto à semelhança, a resposta é sim. Desse fato, concluíram alguns
fisiologistas que o corpo do homem seria apenas uma transformação do segundo,
tendo, por conseguinte, uma origem comum. Nada aí há de impossível, porque bem
pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros
Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que vieram encarnar na Terra,
sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequada ao exercício
de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de fazer
para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se
então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não
raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem. Fique,
contudo, bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo
algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do
corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança
do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre seu Espírito e o
do macaco. (Obra citada, cap. XI, itens 15 e 16.)
88. Como se opera, na
encarnação, a união do Espírito com o corpo?
Dada a sua essência espiritual, o Espírito é um ser abstrato, que não
pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário,
que é o envoltório fluídico, que, de certo modo, faz parte integrante dele.
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em via de formação, um laço
fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao
gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À
medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do
princípio vitomaterial do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades
da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde podermos
dizer que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de
certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao
seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida
exterior. (Obra citada, cap. XI, itens 17 e 18.)
Observação: Para acessar
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