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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 11

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

81. Como se prova a existência do princípio espiritual? 

A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos efeitos que lhe são próprios. De acordo com este princípio: «Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente», ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando, só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo acudir a ninguém a ideia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.

Pela mesma razão, ninguém terá a ideia de atribuir pensamento ao corpo de um homem morto. Se, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele alguma coisa que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência, que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre. O princípio espiritual é corolário da existência de Deus; sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, visto que não se poderia conceber a soberana inteligência a reinar, pela eternidade em fora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre pedras. (A Gênese, cap. XI, itens 1 a 4.)

82. São a mesma coisa princípio vital e princípio espiritual? 

Não. Se o princípio vital fosse inseparável do princípio inteligente, haveria certa razão para que os confundíssemos. Mas, havendo, como há, seres que vivem e não pensam, quais as plantas; corpos humanos que ainda se revelam animados de vida orgânica quando já não há qualquer manifestação de pensamento; uma vez que no ser vivo se produzem movimentos vitais independentes de qualquer intervenção da vontade; que durante o sono a vida orgânica se conserva em plena atividade, enquanto que a vida intelectual por nenhum sinal exterior se manifesta, é cabível se admita que a vida orgânica reside num princípio inerente à matéria, independente da vida espiritual, inerente ao Espírito. As propriedades sui generis que se reconhecem ao princípio espiritual provam que ele tem existência própria, pois que, se sua origem estivesse na matéria, aquelas propriedades lhe faltariam. (Obra citada, cap. XI, itens 5 e 6.)

83. Quais os elementos constitutivos do Universo? 

O elemento material e o elemento espiritual. O elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos, da mesma forma que, individualizado, o elemento material constitui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos. (Obra citada, cap. XI, item 6.)

84. Qual a meta que os seres espirituais devem alcançar? 

Segundo o Espiritismo, criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades individuais, todos os seres espirituais têm por meta atingir a perfeição relativa. Essa é a finalidade, é o objetivo que lhes cumpre alcançar. (Obra citada, cap. XI, itens 7 a 9.)

85. Quem é que modela o envoltório físico do homem? 

É o próprio Espírito que modela seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe a ele empregá-los. É assim que os povos adiantados têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que os povos primitivos. (Obra citada, cap. XI, item 11.)

86. Que é que determina a morte corpórea? 

Por ser exclusivamente material, o corpo sofre as vicissitudes da matéria. Depois de funcionar por algum tempo, ele se desorganiza e se decompõe. O princípio vital, não mais encontrando elemento para sua atividade, se esgota e o corpo morre. A união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. (Obra citada, cap. XI, itens 13 e 18.)

87. Os primeiros homens aparecidos na Terra tinham alguma semelhança com o macaco? Há, para eles, uma origem comum? 

Quanto à semelhança, a resposta é sim. Desse fato, concluíram alguns fisiologistas que o corpo do homem seria apenas uma transformação do segundo, tendo, por conseguinte, uma origem comum. Nada aí há de impossível, porque bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que vieram encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequada ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem. Fique, contudo, bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre seu Espírito e o do macaco. (Obra citada, cap. XI, itens 15 e 16.)

88. Como se opera, na encarnação, a união do Espírito com o corpo?

Dada a sua essência espiritual, o Espírito é um ser abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, que, de certo modo, faz parte integrante dele. Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em via de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vitomaterial do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde podermos dizer que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior. (Obra citada, cap. XI, itens 17 e 18.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 10 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 


Sexo e Destino

 

André Luiz

 

Parte 6

 

Damos sequência ao estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Esta é a décima obra do mesmo autor, integrante da Série Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.

Eis as questões de hoje:

 

41. Qual foi a reação de Cláudio ao ser informado do encontro pretendido por sua filha com o jovem Gilberto?

Ele procurou Gilberto, a quem solicitou que confirmasse sua ida ao encontro, comprometendo-se, porém, a não comparecer. Alegando preocupação com a saúde mental de Marita, Cláudio pediu o concurso de Gilberto a fim de que Marita sofresse menos. Era preciso, pois, que rompessem quaisquer ligações afetivas, evitando com isso um mal maior para ambos. (Sexo e Destino, capítulo XII, pp. 139 a 141.)

42. Gilberto concordou com o pedido de Cláudio?

Sim. Ele concordou com o plano assentado e autorizou o senhor Cláudio Nogueira a comunicar a Marita, na noite mencionada, que faltara ao encontro em virtude do agravamento da saúde materna. (Obra citada, capítulo XII, pp. 142 a 144.)

43. André Luiz não era visto pelo Espírito que obsidiava Cláudio. Como ele procedeu para fazer-se visível ao citado obsessor?

Ele recolheu-se em um ângulo tranquilo, à frente do mar, e orou, buscando forças. Meditou, fundo, compondo cada particularidade de sua configuração exterior, espessando traços e mudando o tom de sua apresentação habitual. Quase uma hora de elaboração difícil esgotou-se, até que percebeu estar pronto para empreender a conversação desejada. (Obra citada, capítulo XIII, pp. 145 a 147.)

44. Para salvar Marita do perigo a que se expunha, André Luiz buscou o concurso de várias pessoas encarnadas. Por que não teve êxito?

Em vão André Luiz girou da pensão ao escritório, do escritório à loja, da loja ao banco, do banco ao apartamento no Flamengo, mas não encontrou ninguém estendendo antenas espirituais, ninguém orando, ninguém refletindo. Em todos os lugares, os pensamentos eram sobre sexo ou dinheiro. Até mesmo um dos chefes de Marita, do qual André se acercou, tentando insuflar-lhe a ideia de reter a jovem até mais tarde, ao sentir-lhe a imagem na tela mental, transmitida por André, como etapa inicial do entendimento, acreditou estar pensando consigo mesmo, inclinando o assunto para questões salariais e concentrando-se, de pronto, em temas de ordem financeira e conexos. Todas as diligências foram, desse modo, inúteis. (Obra citada, capítulo XIII, pp. 149 a 151.)

45. Cláudio conseguiu seu intento de se relacionar sexualmente com Marita?

Sim. Fazendo-se passar por Gilberto, namorado da jovem, o pai adotivo atraiu-a de encontro ao peito, e beijou-a, convulso. A jovem indefesa, hipnotizada pelos próprios reflexos, abandonou-se, vencida. A energia elétrica na casa de encontros havia sido desligada de propósito, a pedido de Cláudio, que para isso subornou um funcionário da casa, revelando já nesse ato quais eram seus propósitos. (Obra citada, capítulo XIII, pp. 153 e 154.)

46. Após o encontro entre Marita e Cláudio, sua esposa (Márcia) chegou de repente e fez ao marido importante revelação. Que é que ela lhe contou?

Profundamente indignada com o que viu, Márcia disse-lhe, em prantos, que ele se havia relacionado com a própria filha, porque Marita era, em verdade, sua filha biológica. Eis suas palavras: "Como é que você não pensou? Tenho comigo todos os papéis de Aracélia, todos os seus bilhetes... Ela nunca esteve com outro homem, a não ser você mesmo!... Você nunca soube da última carta, em que ela me entregava a menina, dizendo que preferia morrer para que eu fosse feliz!... A memória dessa moça pobre e leal é a única coisa boa que eu tenho no coração... O resto você destruiu... Ah! Cláudio, Cláudio!... A que baixezas descemos nós?!... Louco! Você ultrajou sua própria filha!..." (Obra citada, capítulo XIII, pp. 155 e 156.)

47. Com a mente em desalinho, Marita procurou Gilberto. Qual foi o resultado desse encontro?

O contato foi pelo telefone e seu resultado foi desastroso. Sofreando a emoção de modo a fantasiar a alegria de Marina, sua irmã, Marita discou para a casa de Gilberto e ocorreu então o diálogo entre os dois jovens, com Marita fazendo-se passar por Marina. Na conversa, ela disse ao rapaz estar perturbada, ciumenta, e o motivo era Marita. Gilberto disse-lhe nada ter com a irmã e, na sequência, acabou revelando o caso do encontro que não houve, informando ter sido Cláudio quem lhe pediu não comparecesse à pensão. Marita ouviu o bastante para reconhecer-se desdenhada, batida, mas ainda não era tudo. Ao reportar-se ao pedido de Cláudio, Gilberto referiu-se à viagem para a Argentina, que o pai prometera oferecer a Marita, a título de refazimento. Como a moça não entendeu o que tal viagem significava, ele riu-se, acrescentando de modo sarcástico: "Sanatório, meu bem. Sanatório ou hospício. Para Marita, só sanatório e, quanto mais longe, melhor!... Argentina para uma e Petrópolis para dois." (Obra citada, capítulo XIV, pp. 161 a 163.)

48. Profundamente perturbada e decidida a suicidar-se, Marita tentou adquirir veneno em uma farmácia. O farmacêutico forneceu-lhe a droga?

Não. Sob a influência do instrutor Félix, ele percebeu qual era o real objetivo da jovem e forneceu-lhe somente comprimidos calmantes, de potencialidade suave, que, se ingeridos por ela, funcionariam beneficamente, proporcionando-lhe sono reparador. (Obra citada, capítulo XIV, pp. 165 a 167.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/blog-post_22.html 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 28 de setembro de 2021

 



Constantemente a arte de aprender e ensinar

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Todos podemos aprender e ensinar. Todos necessitamos ainda mais aprender, artigo primeiro da humildade. Diante da complexidade grandiosa da vida, impossível afirmar que tudo já se sabe, impossível.

Há incalculáveis conhecimentos no universo da vida. Há inúmeros universos no Universo. Cada conteúdo possui muitas ramificações e cada ramificação, muitas outras sucessivamente, por isso existem as palavras infinito e eterno para designarem, ainda assim, com muita simplicidade, a grandeza da criação. E quando se aceita conhecer inicia-se a compreensão.

Há duas faces da ignorância: a que, de fato, simplesmente se desconhece e a que, por orgulho ou pequenez, se deseja desconhecer. Esta, há de convir, somente atrasa e empobrece o espírito que a sustenta. A cada novo tempo, recursos, estudos, comprovações nos chegam e animam o sentido de mundo, a cada novo dia mais explicações nos dão clareza a respeito de tudo o que precisamos nos conscientizar e a cada passo assimilamos, também, que muito podemos compartilhar, ensinar e abrir as janelas para mais luz chegar.

O Planeta é uma das escolas para a realização de atividades curriculares, ou seja, necessárias, pois as extracurriculares virão com o tempo a partir de melhor qualificação. Também fator preponderante para o aprendiz é que em todo lugar e tempo se pode aprender e com todo ser também, pois ninguém desconhece tudo nem tudo sabe. A pequenina formiga traz uma lição enorme; o vento; o sol; a terra; a água, nem se fala; o ar; as estrelas; o amigo; o filho; os pais e tanto os avós; o olhar de um animalzinho; as montanhas; as planícies; as crianças e os adultos; os idosos e os bebês; o tom que se fala; o gesto; a forma que se vive e a maneira como se olha para o céu...

Todo mundo pode ensinar e todo mundo precisa aprender. Somente o tolo é que não reconhece a arte da humildade, pois aprender e ensinar apenas o humilde é capaz de compreender.

Ainda as crianças deixam claro que a forma como os adultos as ensinam é que pode fazê-las aprender mais rapidamente ou não. Elas nos mostram que, com amor, é a maneira mais produtiva de receber e doar ensinamento.

Ou seja, todo mundo tem muito a aprender e algo a ensinar.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

  

 

 

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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 



Temas da Vida e da Morte

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 3

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Temas da Vida e da Morte, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Temas da Vida e da Morte”.

Eis as questões de hoje:

 

17. De onde procedem as aptidões que a pessoa revela no curso da existência corpórea? 

Elas procedem geralmente das experiências passadas, em que o Espírito armazenou valores que lhe pesam na economia evolutiva como poderosos plasmadores da personalidade e da inclinação para uma como para outra área do conhecimento, para a vivência da virtude ou do vício. (Temas da Vida e da Morte - Tendências, aptidões e reminiscências, pp. 42 e 43.)

18. Como devemos proceder com relação às más tendências que trazemos do passado? 

Devemos, evidentemente, corrigi-las, tanto quanto devemos cultivar as aptidões superiores. As tendências devem ser disciplinadas, corrigidas a qualquer esforço, para que sejam superadas. As tendências doentias, heranças pessoais dos gravames anteriores, devem ser canalizadas para as realizações positivas, como experiência inicial que se automatizará, dando margem às paixões elevadas, aquelas que promovem o indivíduo à sua condição de conquistador da razão a caminho da intuição, ao tempo em que se liberta do atavismo primário das imantações do reino animal. (Obra citada - Tendências, aptidões e reminiscências, pp. 43 e 44.)

19. Que causas influem na vida das pessoas?

São de duas classes as causas que influem na vida das pessoas: as próximas, ligadas a esta reencarnação, na qual nos movimentamos, e as remotas, que procedem das ações pretéritas. Estas últimas estabeleceram já os impositivos de reparação a que o indivíduo não pode fugir, amenizando-os ou vencendo-os através de atuais ações do amor, que promovem quem as vitaliza e aquele a quem são dedicadas. As primeiras, porém, as da presente existência, vão gerando novos compromissos que, se forem negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação. O tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a sexolatria, a glutoneria, entre outros fatores dissolventes e destrutivos, são de livre opção atual, não incursos no processo educativo de ninguém. Aquele que se vincula a qualquer deles padecer-lhe-á, inexoravelmente, o efeito prejudicial, não se podendo queixar ou aguardar solução de emergência. (Obra citada - Comportamento e vida, pp. 46 e 47.)

20. Podemos afirmar que nosso comportamento é responsável pela vida que temos ou que teremos? 

De modo geral, sim. São muitos os agentes dos infortúnios que o homem aceita no seu comportamento, afetando-lhe a vida. Entretanto, através de outras atitudes e conduta, ele pode preservá-la, prolongá-la, dar-lhe beleza, propiciando-lhe harmonia e felicidade. O comportamento do Espírito, no corpo ou fora dele, é responsável por sua vida, contribuindo de maneira eficaz na sua programática e interferindo na conduta do grupo em que se movimenta e onde atua, bem como dos descendentes que se lhe vinculam. As ações corretas prolongam a existência do corpo e promovem o equilíbrio da mente, enquanto as atribuladas e agressivas produzem o inverso. (Obra citada - Comportamento e vida, pp. 47 a 49.)

21. Pais e filhos podem ser comparsas dos mesmos delitos? 

Evidentemente. Pais e filhos crucificados nas traves invisíveis das enfermidades físicas, psíquicas ou morais são geralmente comparsas dos mesmos delitos, novamente reunidos para a renovação dos propósitos, através do ressarcimento dos débitos que ficaram após a morte anterior e que não foram saldados. As leis da vida reúnem os incursos nos mesmos códigos da Justiça e os trazem aos sítios onde delinquiram, de modo que, reunidos outra vez, recomponham a paisagem moral danificada, soerguendo os que ficaram vitimados por sua tirania ou insensibilidade. Assim é que as inteligências que se compraziam na luxúria e na tirania retornam nas patologias da idiotia, assim como os suicidas que esfacelaram o crânio, esmigalhando o cérebro, volvem nas expressões da excepcionalidade, do mongolismo, da hidrocefalia, vinculados àqueles que, de alguma forma, se fizeram comparsas da delinquência a que se entregaram. (Obra citada - Destino e responsabilidade, pp. 52 a 54.)

22. Que causas podem dar origem ao medo?

Originário no Espírito enfermo, o medo pode ser examinado como decorrência de três causas fundamentais:

a) conflitos herdados da existência passada, quando os atos reprováveis e criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se consubstanciaram em ações reparadoras;

b) sofrimentos vigorosos que foram vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas que ressurgiram da morte açodaram as consciências culpadas, levando-as a martírios inomináveis, ou quando se arrojaram contra quem as infelicitou, em cobranças implacáveis;

c) desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o temor, em virtude da indiferença pessoal no trato doméstico ou da agressividade adotada. (Obra citada - Medo e responsabilidade, pp. 57 e 58.)

23. O medo pode levar uma pessoa ao suicídio? 

Sim. O medo está presente na raiz de muitos males e pode ser tão cruel que, diante de enfermidades irreversíveis e problemas graves de alto porte, é capaz de induzir sua vítima à morte pelo suicídio, numa forma extravagante de expressar o medo de morrer sob sofrimento demorado, gerando desse modo mais rudes aflições a se estenderem por tempo indeterminado. (Obra citada - Medo e responsabilidade, pp. 58 e 59.)

24. Como podemos combater o medo? 

O medo se combate orando e agindo. O hábito de desincumbir-se das tarefas nobres cria condicionamentos positivos que se vão incorporando ao modus operandi até fazer-se automatismo na área das realizações. O medo recua na razão direta em que a disposição de atuar se faz mais forte, da mesma maneira que o inverso é verdadeiro. A consciência da responsabilidade é o antídoto para o medo, do que se deduz que o desejo de agir, para recuperar-se, comanda a vontade e desarticula as engrenagens maléficas que o desequilíbrio fomentou. O medo deve, pois, ser combatido com todos os valiosos recursos ao nosso alcance, desde a oração à ação feliz. (Obra citada - Medo e responsabilidade, pp. 59 e 60.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/temas-da-vida-e-da-morte-manoel_20.html

 

  

 

 

 

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domingo, 26 de setembro de 2021

 



Por que nascemos e que viemos fazer aqui?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Em seu livro Socialismo e Espiritismo, obra publicada pela Casa Editora O Clarim, Léon Denis diz que a solução dos graves problemas que assolam nosso mundo passa por um processo educativo que explique ao homem o porquê de sua presença e de sua passagem sobre a Terra. Com efeito – observa Denis –, de que serve ao homem conquistar os ares, as águas e todas as forças materiais, se ele não aprende a conhecer e a discernir as finalidades de sua vida?

O objetivo da reencarnação dos Espíritos em planetas como o nosso é algo bem definido na doutrina codificada por Allan Kardec.

O Codificador do Espiritismo perguntou aos imortais: – Qual a finalidade da encarnação dos Espíritos?

Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, questão 132.)

Em outro momento, Kardec indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Os orientadores espirituais responderam: "Submetendo-se à prova de uma nova existência."

A finalidade da reencarnação é, pois: "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.) 

Algum tempo depois, em 1863, em um artigo publicado na Revue Spirite, Kardec examinou a tese de que os Espíritos não teriam sido criados para se encarnarem. A encarnação não seria senão o resultado de uma falta, pensamento esse que seria mais tarde defendido, equivocadamente, na obra Os Quatro Evangelhos, publicada por Jean-Baptiste Roustaing.

O Espiritismo, porém, ensina-nos o contrário, ou seja, a encarnação é uma necessidade para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma forma de castigo. Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de Sens diz que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, à qual Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do mundo em que habita. 

Na mesma época, em Paris, o tema foi focalizado por outro Espírito, que explicou que a reencarnação é necessária enquanto a matéria dominar o Espírito. Do momento em que o Espírito passa a dominar a matéria, a reencarnação não se torna mais necessária; é o estado dos chamados Espíritos puros. O texto pode ser visto na Revue Spirite de 1864, pp. 48 a 50.

Desta última comunicação destacamos os ensinamentos seguintes:

I) À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações espirituais também despertam e crescem.

II) Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais.

III) Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, uma vez encarnado, age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar.

IV) O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais.

V) Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque – depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos – deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.  

Comentando a mensagem, Kardec explica-nos que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida dos Espíritos apresenta, assim, três períodos principais:

1) O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito.

2) O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem simultaneamente.

3) O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores.

Muitas décadas depois da codificação da doutrina espírita, reafirmando a necessidade do processo reencarnatório, Emmanuel diz-nos em seu livro O Consolador, questão 96, que a reencarnação representa, em si mesma, uma estação de tratamento e de cura de certas enfermidades d’alma, às vezes tão persistentes que podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores. 

E é exatamente isso que nos mostram as trovas seguintes, escritas por diferentes poetas, que o leitor verá no cap. 4 do livro Na Era do Espírito, obra publicada em parceria por Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires:

 

"Para quem sofre no Além

Sob a culpa em choro inglório

O regresso ao lar terrestre

É a bênção do purgatório" (Oscar Leal)

 

"Não adianta fugir

Do débito que se atrasa,

Reencarnação chega logo

Cobrando dentro de casa" (Cornélio Pires)

 

"Quando um sábio das Alturas

Necessita reencarnar

Ninguém consegue impedir

Nem adianta evitar" (Casimiro Cunha)

 

"De quaisquer provas na Terra

A que mais amansa a gente:

Inimigo reencarnado

Sob a forma de parente" (Lulu Parola)

 

 

 

 

 

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sábado, 25 de setembro de 2021

 



Entrevista com Zilda Gama

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Salve, leitor!

Como escrevi sobre a médium Zilda Gama aqui, há pouco tempo, e por admirar esse espírito, resolvi entrevistá-la num dos meus devaneios lúcidos. Desse modo, vi-me na escola do plano espiritual dirigida por ela e, ao entrar no corredor que dá para a diretoria, avistei-a. Ela estava belíssima. Trazia nas mãos um exemplar da obra Diário dos Invisíveis, ainda em sua primeira edição, de 1929. Na capa, li o seguinte, ainda na ortografia antiga: "Livro psychographado pela autora". Essa edição da obra foi publicada pela Editora O Pensamento, de São Paulo.

Aproximando-me, perguntei-lhe se ela poderia responder-me duas ou três perguntas. Ela disse-me que sim e acrescentou:

— Fique à vontade para perguntar o que quiser. Responderei o que souber.

Agradeci-lhe e fiz a primeira pergunta:

— Quando foi que a senhora se tornou espírita?

— Meu jovem... Posso chamá-lo assim, pois se somados 91 anos, aproximados, que tive em minha última encarnação, com 52 em que estou no plano espiritual, tenho mais do que o dobro da sua idade atualmente. Então, dispense o "senhora", menino. Desde que fui criança, sentia a presença e influência dos espíritos. Filha de pais católicos, embora eu já estudasse as obras de Allan Kardec e houvesse psicografado algumas mensagens, ainda receava dizer-me espírita, principalmente naquela época, em que se demonizavam os espíritas e nossa santa doutrina. Um dia, porém, conversando com o doutor Cunha Salles, médico, médium e músico muito conhecido em Minas Gerais, ele perguntou-me:

— Você é espírita?

— Não! — respondi-lhe, vacilante. Ele olhou fixamente nos meus olhos e falou-me com grave entonação:

— Você não somente é espírita, como ainda vai psicografar algumas obras de grande valor espiritual. Detalhe: o Dr. Cunha acabara de conhecer-me...

Poucos anos depois dessa conversa, o espírito Mercedes, um dos meus guias espirituais, confirmou as palavras do Dr. Cunha Salles, anunciando-me que espíritos elevados iriam transmitir-me, pela psicografia, obras de grande cunho moral... Dias após essa revelação, passei a psicografar as belas novelas mediúnicas ditadas pelo espírito Victor Hugo.

— Que espíritos narram essa obra que você traz nas mãos? – perguntei-lhe novamente, e Zilda respondeu-me:

— O primeiro é Allan Kardec, cuja mensagem inicial ele ditou-me em 1912.

— Quê?! Você foi médium do Codificador da Doutrina Espírita?

— Sim. Nesse primeiro contato, que me emocionou, ele preveniu-me: "Sobre tua fronte está suspenso um raio luminoso, que te guiará através de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua glória ou tua condenação — conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos..."

— Querida Zilda Gama, esta entrevista está fantástica, mas o espaço é pequeno. Podemos continuar na próxima semana? — Perguntei-lhe...

— Indubitavelmente — respondeu-me —, será um prazer continuar estes esclarecimentos, de grande importância para os tempos atuais...

Agradeci-lhe e nos despedimos com um abraço espiritual, de doce vibração, seguido de minha prece de agradecimento a Deus por tão sublime oportunidade.

 

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