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terça-feira, 30 de setembro de 2014

No interior do coração a vida pede passagem


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

O silêncio.
Como é maravilhoso quando a consciência está em paz. O coração, tranquilo, compassado, pulsa com os segundos do tempo em direção à eternidade. Não existe solidão, somente o silêncio para ouvir melhor a vida.
Estar consigo sem querer fugir de si, na verdade, querer estar o tempo todo consigo mesmo, pois se sabe que a melhor companhia deve ser o próprio eu. No entanto, para se alcançar esse bem-estar fundamental para o desenvolvimento, deve-se poder colher os frutos das boas sementes plantadas.
Sementes essas denominadas como as benéficas palavras, as benfazejas ações, a busca pelo conhecimento, as retas caminhadas, o amparo ao necessitado, pois do mesmo grão lançado à terra será a planta germinada no jardim da existência.
Não se está em companhia só quando em meio a tantas pessoas um coração se encontra, na verdade, nesse caso, em grande número de vezes, é que se verificam elevados graus de solidão.
O recolhimento e o silêncio são indispensáveis para a conquista do autoconhecer-se, pois com esse propósito se é capaz de observar e analisar melhor o próprio coração, dando bem menos importância às opiniões alheias. São as próprias atitudes que surtirão a consequência a se lidar.
E o momento para restauração da alma, as melhores reações no comportamento, ocorre com paz, calma e silêncio, assim sendo, a ligação com o Supremo torna-se mais acessível e eficaz; a ajuda superior é contínua, a vontade, prontificada, em recebê-la é que, muitas vezes, não está vigilante.
Não é em vão que as pessoas em busca do autoaprimoramento desejam lugares calmos e próximos à natureza, elas necessitam conhecer-se e ouvir-se, apresentar-se, até mesmo, a si mesmas, já que tantos corações nem sequer têm a consciência de quem são.
Voltar-se mais para a essência da vida, as tão simples coisas e tão valiosas para a alegria real da alma, pois só se poderá sorrir o autêntico sorriso quando a singeleza grandiosa começar a fazer parte da verdade da centelha, do sentimento que animará as boas ações e as palavras benfazejas. A vida, em sua magnitude, é composta por perfeitos liames e pela maravilhosa bondade do Criador, mas o que ocorre para surgir as dificuldades e os sofrimentos são os desequilíbrios por meio de atos e pensamentos, sensações de maldade e de egoísmo, ausência da luz do amor que ainda tanto se contabilizam no orbe terrestre, no entanto, no tempo definido, tendem a desaparecer para somente a luz iluminar a estrada da vida. Mundos em desenvolvimento que passam pelos estágios necessários para a sua depuração.
Diante de tamanha grandeza, somente com o silêncio da alma e com o seu recolhimento, aliados, à compreensão de quem é o próprio eu, que se poderá encontrar o bom caminho e caminhar de acordo com os passos e a estrada condizentes com a sabedoria e o entendimento de que no interior do próprio coração, universo íntimo em consonância com o universo total, já pulsam as notas da vida em progresso.
É por meio da aquietação e do silêncio, em atitude amorosa e positiva, que a evolução é considerada e o contato com a plenitude se intensifica para o recebimento de boas orientações, ensinamentos e compreensão da tão sublime essência da vida.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (107)



Meus tempos de criança

Ataulfo Alves


Eu daria tudo que eu tivesse
Pra voltar aos dias de criança,
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança...

Aos domingos missa na Matriz
Da cidadezinha onde eu nasci,
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí.

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá!
Onde andará Mariazinha,
Meu primeiro amor, onde andará?

Eu igual a toda meninada,
Quanta travessura que eu fazia,
Jogo de botões sobre a calçada,
Eu era feliz e não sabia...

Eu igual a toda meninada,
Quanta travessura que eu fazia,
Jogo de botões sobre a calçada,
Eu era feliz e não sabia...
Eu era feliz e não sabia...


Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos respectivos links:
Noite Ilustrada - https://www.youtube.com/watch?v=W-2Wnkpq9LU




domingo, 28 de setembro de 2014

Não existem motivos para não doarmos nossos órgãos


De vez em quando as emissoras de televisão exibem depoimentos de artistas conclamando as pessoas do País a terem simpatia pelo ato de doação dos órgãos de seus entes queridos. De fato, contam-se aos milhares os que aguardam a oportunidade de receber um transplante, algo que nada custa àquele que deixa este plano em seu retorno à vida espiritual.
É conhecida no meio espírita a resposta que Chico Xavier deu certa vez a alguém que lhe perguntara se os Espíritos consideravam os transplantes uma prática contrária à lei natural. “Não”, respondeu o conhecido médium. “Eles dizem que, assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com segurança e proveito.”
Convém lembrar que, no início, a questão dos transplantes não foi bem assimilada pelos espiritistas. Como Allan Kardec não tratara do assunto em suas obras, as divergências a respeito não foram poucas, e é nisso que avulta a importância do que Chico Xavier disse, complementado por declarações abalizadas como a feita, à época, pelo Dr. Jorge Andréa, que, em seu livro “Psicologia Espírita”, afirmou que não há nenhuma dúvida de que, nas condições atuais da vida em que nos encontramos, os transplantes vieram para ficar e devem, por isso, ser utilizados. “A conquista da ciência – declarou Dr. Andréa – é força cósmica positiva que não deve ser relegada a posição secundária por pieguismos religiosos.”
Hoje, passados tantos anos, ninguém tem dúvida do valor dos transplantes e dos benefícios que eles trazem, não só ao receptor, mas igualmente ao doador dos órgãos.
Se alguma dúvida houvesse, o caso Wladimir, narrado por Richard Simonetti no livro “Quem tem medo da morte?”, seria suficiente para dissolvê-la. Aos que ainda não leram referida obra, lembramos que o jovem Wladimir, valendo-se da faculdade mediúnica de Chico Xavier, revelou que, mesmo em mortes traumáticas como a que ele teve – um tiro desferido no próprio peito –, a caridade da doação é largamente compensada pelas leis estabelecidas pelo Criador.
A conclusão, então, é óbvia: todos nós podemos e devemos doar os órgãos que nosso corpo não mais utilizará, finda a existência corporal. A extração de um órgão não produz reflexos traumatizantes no perispírito do doador. O que lesa o perispírito, que é o nosso corpo espiritual, são as atitudes incorretas perpetradas por nós, e não o que é feito a ele ou ao corpo por outras pessoas. Ademais, o doador é, invariavelmente, beneficiado pelas preces e pelas vibrações de gratidão e carinho que partem dos que aqui continuam, especialmente o receptor do órgão transplantado e seus familiares.



sábado, 27 de setembro de 2014

Laicismo vs ateísmo estatal


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Boa-tarde, leitora amiga e paciente leitor. Falar-lhes-ei hoje sobre um assunto nada burlesco: a diferença entre o Estado laico e o Governo ateu.
Houve um tempo, aqui na Terra, que o Estado era a Igreja. Tudo o que infringia as normas sacras era considerado sacrílego. O Papa era a lei suprema; e ai de quem contrariasse os dogmas da religião católica apostólica universal. Anátema!
Alguns atrevidinhos e algumas ousadinhas, tais como Galileu Galilei, João Huss e Joana d'Arc, meteram-se a contrariar as ordenações, dogmas e leis vigentes na santa Igreja. Resultado, o primeiro foi submetido à prisão perpétua domiciliar; os outros dois foram reduzidos a cinzas nas fogueiras da inquisição.
Antes disso, quando o Governo era de César e os cristãos eram os inimigos do Estado, dizem que Joana de Cusa foi levada a "julgamento", por professar a fé em Jesus Cristo, juntamente com seu jovem filho, ainda adolescente. Havia uma condição para que ambos não fossem queimados vivos, após serem amarrados a um poste: Joana renegar Jesus. Assim, quando o carrasco lhes deu uma última oportunidade para trair sua crença e confirmar a lealdade a César, o filho dela suplicou-lhe chorando:
 — Renega, mãe, esse Jesus que nos desampara e nos deixa morrer queimados. Sou jovem, quero viver...
Ao que ela respondeu:
— Cala-te, meu filho, você não sabe o que está dizendo. Vamos cantar, para que nossas almas não sintam o calor do fogo e se iluminem com o amor do Cristo de Deus.
E começaram a cantar...
Diante disso, o carrasco ainda lhe perguntou:
— Esse seu Jesus só lhes ensina a morrer queimados por amor a Ele?
E Joana responde-lhe:
— Não somente a morrer por amor a Ele, mas também a vos perdoar e amar.
Dizem que foram recebidos, com a glória de heróis, diretamente por Jesus Cristo, na vida real, que é a do Espírito imortal, como está comprovado pelo Espiritismo, o Consolador cristão prometido por Jesus que respeita todas as crenças, mas esclarece os descrentes sem lhes violentar as consciências.
Veja quem tem olhos para ver, creia quem tem juízo... Não sem razão, Ele nos afirmou: "E conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará".
O tempo passou, a Igreja tornou-se a religião do Estado. Conquistou o poder temporal na Terra e, de perseguida, passou a perseguidora. Seu poder era tal que coroava ou depunha reis e rainhas.
Mas isso também mudou. Fez-se a separação entre a Igreja e o Estado. Foi um divórcio dolorido, mas com juras de amor e de respeito mútuo...
O fato de o Estado tornar-se laico, entretanto, enquanto o ateísmo não se impôs na Terra, permitia uma convivência pacífica com todas as religiões, quando a ditadura estatal intolerante não se interpunha, pela força, aos direitos de crença.
Atualmente, porém, no Brasil, a Ética e a Moral foram postas de cabeça para baixo; e a mentira, o roubo, a caça impiedosa às pessoas que atravessam o caminho dos poderosos passou a ser a norma governamental.
Hoje em dia, o cidadão é quase obrigado a se tornar hipócrita, sensual, depravado e mentiroso, porque, se deseja ser respeitado e aprovado pelo sistema, essas são suas principais credenciais aceitas. E ai de quem não fizer parte do grupo do poder. É defenestrado do seu posto, por meio de armadilhas quase insuperáveis.
Dependendo do interesse do Estado, o culpado pode virar inocente e este ser transformado em criminoso.
Estado laico significava a não imposição religiosa, neutralidade dos governantes em relação às crenças dos governados, mas também a valorização do comportamento ético, o respeito às crenças alheias em Deus e na vida espiritual, fosse qual fosse a religião adotada pelas pessoas.
Até mesmo respeitava-se o direito de não se ter crença alguma...
Estado materialista, ateu, é aquele que não mais respeita as tradições morais e as religiões de seu povo, por julgar que tudo se acaba com a morte do corpo material.
Essa é a grande diferença entre um Governo laico e um Governo ateu. O laico não precisa ser necessariamente ateu, simplesmente não interfere nas questões religiosas. O ateu aproveita-se da laicidade para impor suas teorias materialistas e ridicularizar quem tem sua fé em Deus.
O Estado laico respeita as crenças do povo governado, não permite a imposição de ideias profanas e a violação dos costumes ético-morais da sociedade. O Estado ateu faz a apologia de tudo o que considera válido em função de uma vida materialista: a sensualidade exacerbada, com fornecimento gratuito de preservativos; o casamento gay, a distribuição de cartilhas a crianças, na escola, com histórias de inversões de condutas sexuais, a apologia ao consumo de certas drogas consideradas inofensivas, as novelas com a exaltação dos personagens de atitudes violentas ou depravadores dos costumes cristãos, etc. etc. etc. O anormal virou normal e vice-versa...
Até mesmo o envio de fortunas roubadas do povo a paraísos fiscais, o crime e o assalto a bancos sob o pretexto de angariar recursos para campanhas políticas são perdoados no Estado ateu, que não tem quaisquer escrúpulos para atingir seu programa pessoal e o de seus amigos, familiares, gatos, cachorros, papagaios...
Agora que estamos nos aproximando das eleições, no Brasil, é tempo de refletir: é isso que desejamos para nosso país, para nossa família, para nós?
Depois... ainda nos resta uma esperança: tirar Dom Pedro II do exílio e restaurar a Monarquia brasileira, o mais democrático, cristão e ético Governo que já tivemos, pois a República caminha para um estado em que nossa visão futurista será uma triste realidade.

Acesse, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Pílulas gramaticais (122)


Das dez frases abaixo, apenas duas estão gramaticalmente corretas. Identifique quais são elas:

1. As discussões que se trava sobre a questão do endividamento externo serão o tema central do encontro.
2. Durante o seminário, apresentou-se três propostas diferentes de revisão da lei salarial.
3. Incluiu-se no parecer do relator as alterações aceitas de comum acordo por todos os partidos.
4. Seria ingênuo pensar que as restrições palacianas do projeto decorre apenas de idiossincrasias pessoais.
5. Eis aí um prototipo de rúbricas de um homem vaidoso.
6. Para mim a humanidade está dividida em duas metades: a dos filântropos e a dos misantropos.
7. Nesse interim chegou o médico com a contagem de leucócitos e o resultado da cultura de levedos.
8. Ávaro de informações, segui todas as pegadas do êfebo.
9. Os arquétipos de iberos são mais pudicos do que se pensa.
10. Positivamente falta clareza e seriedade na condução dos negócios públicos.

As frases n. 9 e 10 estão corretas. Eis as demais depois de feitas as correções:

1. As discussões que se travam sobre a questão do endividamento externo serão o tema central do encontro.
2. Durante o seminário, apresentaram-se três propostas diferentes de revisão da lei salarial.
3. Incluíram-se no parecer do relator as alterações aceitas de comum acordo por todos os partidos.
4. Seria ingênuo pensar que as restrições palacianas do projeto decorrem apenas de idiossincrasias pessoais.
5. Eis aí um protótipo de rubricas de um homem vaidoso.
6. Para mim a humanidade está dividida em duas partes: a dos filantropos e a dos misantropos.
7. Nesse ínterim chegou o médico com a contagem de leucócitos e o resultado da cultura de lêvedos. (Lêvedo é a designação genérica de certos fungos unicelulares da família das sacaromicetáceas, agentes de fermentação, empregados na preparação de bebidas alcoólicas não destiladas e na panificação; o mesmo que levedura.)
8. Avaro de informações, segui todas as pegadas do efebo. (Efebo designa o rapaz que chegou à puberdade; p. ext., homem jovem; mancebo.)

*

Cotovelada é assim que se escreve; não é cutuvelada. Cotovelada significa: pancada ou empurrão com o cotovelo; cotovelão; leve toque dado com o cotovelo em uma pessoa para chamar-lhe a atenção.
O cotovelo designa a articulação que conecta braço e antebraço.
Dessa palavra surgiu a conhecida expressão “falar pelos cotovelos”, que significa: falar em excesso; ser ou mostrar-se muito loquaz; engolir um disco; ter bebido água de chocalho.



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ninguém se elevará ao Céu sem plena quitação com a Terra



Um leitor pergunta-nos qual é a explicação espírita das chamadas expiações coletivas, que atingem grupos de pessoas, às vezes uma família inteira, uma cidade, uma etnia, sem distinção entre bons e maus, inocentes e culpados.
Segundo a doutrina espírita, as faltas dos indivíduos, de uma família, ou de uma nação, qualquer que seja o seu caráter, se expiam em virtude da mesma lei. O criminoso revê sua vítima, seja no plano espiritual, seja vivendo em contato com ela numa ou em várias existências sucessivas, até a reparação de todo o mal cometido. Dá-se o mesmo quando se trata de crimes cometidos solidariamente, por um certo número de pessoas. As expiações são, então, solidárias, o que não aniquila a expiação simultânea das faltas individuais.
Lembra-nos Kardec que em todo homem há três caracteres: o do indivíduo, do ser em si mesmo, o de membro de família, e, enfim, o de cidadão. Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso ou virtuoso, quer dizer, pode ser virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão, e reciprocamente. Disso derivam as situações especiais em que ele irá se encontrar em suas existências sucessivas.
Salvo as naturais exceções, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que têm uma tarefa comum, reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado ou cumprido a missão aceita.
Graças ao Espiritismo, compreendemos a justiça das aflições ou vicissitudes que não resultam de atos da vida presente, porque sabemos que se trata da quitação de dívidas perante a Lei contraídas no passado. Por que não ocorreria o mesmo com as dívidas coletivas?
Diz-se, comumente, que as infelicidades gerais atingem o inocente como o culpado; mas pode ser que o inocente de hoje tenha sido o culpado de ontem. Tenha ele sido atingido individualmente ou coletivamente, certamente é que assim mereceu. Ademais, há faltas do indivíduo e do cidadão. A expiação de umas não livra a pessoa da expiação das outras, porque é necessário que toda dívida seja quitada até o último centavo.
As virtudes da vida privada não são as da vida pública. Um indivíduo que seja excelente cidadão pode ser um mau pai de família, e outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser um péssimo cidadão e haver soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade. São essas faltas coletivas que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se reencontram para sofrerem juntos a pena de talião ou terem a ocasião de reparar o mal que fizeram, provando o seu devotamento à coisa pública, socorrendo e assistindo aqueles que outrora maltrataram.
Um expressivo exemplo de expiações coletivas nos é mostrado por André Luiz no cap. 18 do livro Ação e Reação, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, no qual é descrita a ocorrência de um desastre de avião e relatadas as providências tomadas pelos benfeitores espirituais com o objetivo de socorrer as vítimas.
Em face desse caso e de outros semelhantes, Hilário, amigo de André, perguntou ao instrutor Druso se a dor dos pais das pessoas que perecem nas lutas expiatórias coletivas é considerada pelos poderes que controlam a vida.
A resposta, além de elucidativa, é profundamente consoladora, porque comprova que a nave Terra não se encontra à deriva e tem, portanto, alguém no seu comando.
Respondeu-lhe o instrutor Druso: "Como não? as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente, ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas". (Ação e Reação, capítulo 18, pp. 249 a 251.)
Ninguém se elevará a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra. "Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores, até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, Nosso Pai", asseverou o instrutor espiritual.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Criador atende os homens por meio dos próprios homens



Continuamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Onde se situavam as causas das aflições que acometiam Laudemira, a gestante posta em situação de risco?
B. Como Deus atende às criaturas que a Ele recorrem?
C. Laudemira teria recordado, antes de reencarnar, as peripécias que enfrentou no passado?

Texto para leitura

62. O socorro à gestante – Silas informou que aquela irmã seria novamente mãe, em minutos breves, mas se encontrava algemada a provas difíceis, porquanto no passado valera-se da beleza física para acumpliciar-se com o crime: "Bela mulher, atuou em decisões políticas que arruinaram a estrada de muita gente. Padeceu muitos anos nas trevas infernais, entre a carne e a sombra, até que mereceu agora a felicidade de renascer com a tarefa de restaurar-se, restaurando alguns dos companheiros de crueldade que, na feição de filhos, com ela se levantarão para mais amplos serviços regeneradores..." Sob o olhar de Clarindo e Leonel, o Assistente convocou, então, os dois pupilos para o socorro imediato. Determinando permanecessem ambos em oração, com a destra colada ao cérebro da doente, começou a fazer operações magnéticas excitantes sobre o colo uterino. Substância leitosa, qual neblina leve, irradiava-se-lhe das mãos, espalhando-se sobre todos os escaninhos do aparelho genital. Passados alguns minutos de pesada expectativa, surgiram contrações que, pouco a pouco, se acentuaram intensamente. Silas controlou a evolução do parto, até que o médico ingressou no recinto, sorrindo satisfeito, a solicitar o concurso da enfermeira. A cesariana foi esquecida. Laudemira poderia, assim, dar prosseguimento à tarefa que lhe competia, com o êxito necessário. Leonel, que a tudo percebia, perguntou a Silas se os trabalhos a que se dedicava constituiriam alguma preparação diante do porvir, e o Assistente respondeu: "Sem dúvida. Ainda ontem lhes falei dos meus erros de médico, que praticamente jamais o fui, e comentei o plano de abraçar a Medicina no futuro, entre os encarnados, nossos irmãos. Todavia, para que eu mereça a ventura de tal reconquista, consagro-me, nas regiões inferiores que me servem de domicílio, ao ministério do alívio, criando causas benéficas para os serviços que virão..." (Ação e Reação, capítulo 10, pp. 133 e 134.)

63. O passado de Laudemira – O Assistente aclarou melhor a questão: "Um dia, consoante as dívidas que me pedem resgate, estarei novamente entre as criaturas encarnadas e, para solver minhas culpas, também sofrerei obstáculos e dúvida, enfermidade e aflição... Que mãos caridosas e amigas me amparem daqui, em nome de Deus, porque isoladamente ninguém consegue vencer... E para que braços amorosos se me estendam, mais tarde, é imperioso movimente agora os meus no voluntário exercício da solidariedade". De retorno à fazenda, Hilário perguntou se Laudemira era conhecida de Silas e que papel representavam os filhos junto dela. Tendo o cuidado de evitar qualquer indiscrição, em face da confiança que a Mansão lhe outorgava, Silas relatou em linhas gerais o caso da gestante, cujas penas resultavam de pesados débitos por ela contraídos cinco séculos atrás. Dama de elevada situação na Corte de Joana II, rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía então dois irmãos consanguíneos que lhe apoiavam todos os planos de vaidade e domínio. Vendo no seu marido um entrave às suas leviandades, arrastou-o para a morte. Viúva e dona de bens consideráveis, cresceu em prestígio e fez-se confidente da rainha, confiando-se a prazeres e dissipações em que perturbou a conduta de muitos homens de bem e arruinou muitos lares. Foi assim que, ao desencarnar, nos meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais, onde padeceu o assédio de seus ferozes inimigos que não lhe perdoaram os delitos. Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, voltando à carne por quatro vezes sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior, em cruciantes problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de mulher, embora abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e humilhações da parte de homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os sonhos... (Obra citada, capítulo 10, pp. 135 e 136.)

64. O inferno é obra humana – Em todas as vezes que se retirou nas quatro existências mencionadas, a antiga dama de Nápoles permaneceu jungida às sombras, visto que, quando a queda no abismo é de longo curso, ninguém pode emergir de um salto. "Ela naturalmente – informou Silas – entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do berço, transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de momento para outro." Hilário indagou então: "Se a situação era assim inalterável, para que retomar o corpo físico? não lhe bastaria sofrer na dolorosa purgação daqui deste lado, sem renascer na esfera carnal?" "A observação é compreensível – esclareceu Silas –, entretanto, nossa irmã, com o amparo de abnegados companheiros, voltou ao pagamento parcelado das suas dívidas, reaproximando-se de credores reencarnados, não obstante mentalmente jungida aos planos inferiores, desfrutando a bênção do olvido temporário, com o que lhe foi possível angariar preciosa renovação de forças." Silas acrescentou então que, embora ressarcisse parte de seus débitos, visto que padecera tremendos golpes no orgulho que trazia cristalizado no coração, Laudemira acabou contraindo novas dívidas, porquanto em certas ocasiões não conseguiu superar a aversão instintiva, diante dos seus adversários, chegando ao infortúnio de afogar uma criancinha que mal ensaiava os primeiros passos, para ferir a senhora da casa em que servia de ama, como vingança por crueldades recebidas. De retorno à pátria espiritual, ela contava, evidentemente, com o auxílio dos benfeitores espirituais, porque ninguém está condenado ao abandono. "Vocês não ignoram – disse Silas – que o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas. Tudo pertence a Deus." Até o inferno, visto que o inferno, embora seja obra dos homens, situa-se, como uma construção indigna e calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus. "Tendo abusado de nossa razão e conhecimento para gerar semelhante monstro, no Espaço Divino, compete-nos a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele ocupa indebitamente. Para isso, o Infinito Amor do Pai Celeste nos auxilia de múltiplos modos, a fim de que possamos atender à Perfeita Justiça", concluiu Silas. (Obra citada, capítulo 10, pp. 137 e 138.)

65. Maternidade une Laudemira a cinco ex-cúmplices – Seria possível saber as existências de Laudemira, antes de haver ingressado na Corte de Joana II, Rainha de Nápoles, no século XV? "Sim – respondeu Silas –, será fácil conhecê-las, mas não nos convém num simples estudo efetuar o tentame, porque o assunto em si reclamaria largas quotas de atenção e de tempo. Basta lhe pesquisemos a condição referida para definir-lhe as lutas redentoras de agora, porquanto nossos estágios em qualquer eminência social no mundo, seja no campo da influência ou das finanças, da cultura ou da ideia, servem como pontos vivos de referência da nossa conduta digna ou indigna, no usufruto das possibilidades que o Senhor nos empresta, designando com clareza nosso avanço na direção da luz ou nosso aprisionamento maior ou menor nos círculos da treva, pelas virtudes conquistadas ou pelos débitos assumidos." Laudemira teria recordado, antes da atual encarnação, os estágios por que passou nas difíceis provações do pretérito? O Assistente informou que a citada mulher se internara na Mansão trinta anos atrás, após padecer longos anos nas esferas inferiores. Acusava então terrível demência e foi graças à hipnose que pôde revelar os fatos que Silas já reportara. Os instrutores não acharam necessário mais amplo recuo mnemônico, e Laudemira, conturbada como estava, não dispunha de forças para articular qualquer reminiscência. Conduzida à reencarnação sob os auspícios da Mansão, ela deveria receber, em seu lar, cinco de seus antigos cúmplices, para reerguer-lhes os sentimentos, na condição de mãe, o que, em caso de êxito, lhe propiciará enorme prêmio, diante da Lei amorosa e justa. (Obra citada, capítulo 10, pp. 138 e 139.)

Respostas às questões propostas

A. Onde se situavam as causas das aflições que acometiam Laudemira, a gestante posta em situação de risco?
Suas penas resultavam de pesados débitos contraídos cinco séculos atrás. Dama de elevada situação na Corte de Joana II, rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía então dois irmãos consanguíneos que lhe apoiavam todos os planos de vaidade e domínio. Vendo no seu marido um entrave às suas leviandades, arrastou-o para a morte. Viúva e dona de bens consideráveis, cresceu em prestígio e fez-se confidente da rainha, confiando-se a prazeres e dissipações em que perturbou a conduta de muitos homens de bem e arruinou muitos lares. Foi assim que, ao desencarnar, nos meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais, onde padeceu o assédio de seus ferozes inimigos que não lhe perdoaram os delitos. Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, voltando à carne por quatro vezes sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior, em cruciantes problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de mulher, embora abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e humilhações da parte de homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os sonhos. (Ação e Reação, cap. 10, pp. 135 e 136.)

B. Como Deus atende às criaturas que a Ele recorrem?
Como sabemos, ninguém está condenado ao abandono. Segundo palavras ditas por Silas a André Luiz e seus amigos, o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas. Tudo pertence a Deus, até mesmo o inferno, visto que o inferno, embora seja obra dos homens, situa-se, como uma construção indigna e calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus. "Tendo abusado de nossa razão e conhecimento para gerar semelhante monstro, no Espaço Divino, compete-nos a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele ocupa indebitamente”, acrescentou Silas. (Obra citada, cap. 10, pp. 137 e 138.)

C. Laudemira teria recordado, antes de reencarnar, as peripécias que enfrentou no passado?
Até certo ponto, sim. Ela se internara na Mansão trinta anos atrás, após padecer longos anos nas esferas inferiores. Acusava então terrível demência e foi graças à hipnose que pôde revelar os fatos que Silas reportara aos amigos. Os instrutores não acharam necessário mais amplo recuo mnemônico, e Laudemira, conturbada como estava, não dispunha de forças para articular qualquer reminiscência. (Obra citada, cap. 10, pp. 138 e 139.)



terça-feira, 23 de setembro de 2014

Haruka, o primeiro ventinho da primavera


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Como um suspiro de alegria, o primeiro sopro da primavera surgiu; Haruka era o seu nome.
Veio anunciando a leveza das flores, a proteção do céu azul, o ar mais puro, a certeza, mais uma vez, de que Deus é o Criador incomparável da vida.
Pequeninos brotos desenvolvendo-se em presentes delicados, bem-vindos e queridos, nas flores de texturas tão doces e perfumes suaves e aconchegantes.
Os parques viraram telas de Monet, Manet, Van Gogh, tornaram-se felicidades para os olhos que os admiravam com tantas coloridas flores e cores e esperança de amanheceres melhores na caminhada dos dias.
A natureza ensina que tudo possui o seu tempo. Há o tempo das árvores floridas, há também o calor mais intenso, ainda há o momento dos galhos sem folhas e os dias mais frios e sérios.
E o prenúncio da linda estação acontecera com o primeiro ventinho, brisa anunciando que o novo ciclo estava de volta. Assim como os atos realizados. Tudo, sob os olhos do Pai, é observado e gravado na consciência individual e coletiva. O céu, entre o seu azul e o dourado do sol, cobria as flores, admirado, com tantas maravilhas da natureza, como as mariposas del aire, as infindáveis espécies de pássaros a revoar o cenário real da magnífica vida.(1)
E o recomeço, a oportunidade, o progresso são verdadeiras ocorrências para todos os seres, os que sentem a emoção, o amor e também para os seres que, reincidindo no caminho equivocado, ainda compreenderão o verdadeiro fluxo para a felicidade.
E sobre o novo tempo, flores de espécies diferentes e cores incomparáveis recebem a mesma luz do sol e a proteção sincera do céu que protege os seres. E todas são sopradas, com carinho, pelo mesmo ventinho fresco.
E os canteiros vivificados reforçam que a vida recomeça e brilha sempre. A estrela ofuscada de dia torna-se brilho intenso na apresentação da noite; tudo a seu tempo, no entanto, preenchido com a perseverante sabedoria.
Haruka aguardou dias e meses para anunciar a chegada da primavera. Teve a paciência das horas e o carinho dos dias. Recolheu-se humildemente para que as outras estações pudessem também se apresentar e, finalmente, chegara o seu momento. Quando sua autorização fora proclamada pela retirada do vento mais frio e sério, totalmente recomposta, a primavera tão autêntica e viva apresentou-se, mais uma vez, aos jardins da vida.
Lindos campos floridos, bosques alegres e olhos radiantes começaram a participar do cenário do momento e a aproveitarem o presente vindo da natureza.
Tudo a seu exato período.
Quando se compreende que há o tempo de nascer e de morrer; de falar e de calar; de amar e ser amado; de oferecer a mão e resgatar com amor; de meditar e imprimir energia para a reconstrução do universo íntimo e do coletivo, então, quando há esse entendimento bem mais sorrisos florescerão entre as flores participantes da existência tão linda.
E Haruka já compreendera seu momento nas estações. Ainda não era uma, nem outra, mas sim, o anúncio tão suave e lindo da preciosa estação das flores; ela estava feliz.
Quando o primeiro ventinho soprou, o seu propósito já se deu como iniciado e, um dia, com méritos próprios, se tornará definitivo nessa estação de tanta alegria.
Exatamente agora, Haruka começa a visitar meu rosto, com beijinhos doces de início de primavera.

(1) “Mariposa del aire” é o título de um conhecido poema dedicado às crianças. Confira em - http://www.conmishijos.com/actividades-para-ninos/cuentos/mariposa-del-aire-poesia-de-federico-garcia-lorca-para-ninos/

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (106)


Joana Francesa

Chico Buarque


Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor 
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole,
Dançar dans mes bras
Vem, moleque, me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda
Acorda, acorda, acorda...


Você pode ouvir a canção acima na interpretação dos cantores abaixo, clicando nos links respectivos:



domingo, 21 de setembro de 2014

Um péssimo exemplo de onde menos se espera


Faz pouco tempo, a imprensa divulgou com natural alarde um fato deplorável e duplamente lamentável: primeiro, porque teve como protagonistas um grupo de jovens; segundo, porque tais jovens pertencem a famílias socialmente bem situadas, o que afasta, desde logo, a ideia de que seriam pessoas movidas pelo desespero. Referimo-nos à prisão em flagrante de onze vestibulandos acusados de tentativa de fraude no vestibular de Medicina de uma das faculdades de nossa região.
De acordo com o noticiário, os celulares apreendidos com os jovens haviam recebido, por mensagem de texto, o gabarito completo da prova. Além de celulares, os envolvidos usavam também pontos eletrônicos para receber as respostas. A confirmação disso se deu depois que foram submetidos ao aparelho de detecção de metais.
Na mensagem de texto que continha o gabarito existiam códigos. “Uma das candidatas explicou os códigos. Ela disse que cada número significava uma letra”, disse à imprensa o delegado que cuidou do caso.
Feito o indiciamento, alguns dos onze envolvidos revelaram à Polícia que pagariam R$ 10 mil pelo gabarito, enquanto outros disseram que o preço seria de R$ 30 mil, pagamento a ser feito depois, em caso de aprovação no vestibular.
Quando se diz que o progresso intelectual não é seguido de imediato por igual avanço no campo moral, eis algo que todos sabemos, independentemente da crença que esposamos. O fato descrito é, nesse sentido, mais uma prova disso.
O uso de tecnologia avançada para a transmissão da informação, o concurso de alguém que conhecia o assunto e a própria decisão dos interessados em buscar o caminho da fraude para se tornarem médicos, eis pormenores reveladores de uma pobreza moral que causa pena e não apenas indignação.
Acrescente-se a isso a possível participação dos pais dos fraudadores, uma vez que sabemos que na idade em que um jovem busca o ingresso na faculdade é muito difícil possa ele dispor, sem ajuda dos pais, da quantia mencionada.
Estamos em uma época em que já era tempo de todos entenderem que, na estrada da vida, existem, conforme ensina o Evangelho, duas sendas: a senda  da perdição e a senda da retidão.
A primeira é atraente, repleta de facilidades, de jeitinhos e de ilusões.
A segunda é difícil, plena de desafios e de dificuldades.
Buscar o ingresso numa faculdade pelo caminho da fraude, prejudicando os outros candidatos que se esforçaram, que se dedicaram ao estudo, não é, convenhamos, o caminho que uma pessoa sensata deve seguir, porque tudo o que fazemos em nossa vida gera consequências, tanto para o bem quanto para o mal.
A toda ação corresponde uma reação, quem matar pela espada morrerá sob a espada, quem com ferro fere com ferro será ferido, a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória, a cada um segundo as suas obras.
Essas regras tão conhecidas, estatuídas por Deus e reveladas a nós por Jesus, é que dirigem com sabedoria o roteiro, as locações, as alternativas da vida, que parecem tão confusas e improvisadas e, no entanto, obedecem a uma programação meticulosa e a uma ordem que não podem ser compreendidas pelos materialistas e por aqueles que pensam que dinheiro pode comprar tudo.
Escreveu Paulo aos Gálatas: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gálatas, 6:7-8.)
Que o lamentável episódio seja para todos nós e para os nossos filhos exemplo do que não se deve fazer, se quisermos realmente chegar à meta para a qual Deus nos criou.



sábado, 20 de setembro de 2014

Futebol e bebida não combinam



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Pois é, meu caro leitor, “bem-aventurado é quem ri de si mesmo, pois sempre terá do que rir”. Essa frase foi colocada no vidro traseiro de um Gol em Brasília.
Por falar em gol, ainda está entalada a maior goleada sofrida pelo Brasil na história de um jogo de Copa do Mundo em nosso país. Dizem que los hermanos argentinos não perderam o ensejo para nos perguntar: — Como te sientes torcedor brasileño?
Como costumamos rir até de nós mesmos, não perdemos a ocasião para nos vingar. Quando eles foram derrotados pela Alemanha, na decisão desse mundial, lhes devolvemos a pergunta: — Como te sientes, torcedor argentino?
Apenas o gosto deles não foi tão amargo quanto o nosso, pois perder de 1 a 0, numa final, não é o mesmo que tomar um “chocolate” histórico como o que tomamos...
O importante é que perdemos o jogo, mas não perdemos o “rebolado”. Continuamos achando que somos os melhores do mundo, embora nuestros hermanos não concordem com isso, pois lá está Maradona, o melhor jogador do mundo de todos os tempos e um dos melhores da Argentina...
Nessa quarta-feira, 3 de setembro, a partir das 15h30, eles nos provarão que, por justiça, os últimos campeões do mundo são eles. Campeões morais, rs... (Nada a ver com a conhecida marmelada do mundial da Argentina, em que fomos desclassificados sem perder um único jogo, e o Peru aceitou uma goleada histórica para que os hermanos não nos substituíssem na eliminação).
Os alemães vão jogar sem cinco titulares, embora um deles seja seu artilheiro Ozil, mas isso não tem a menor importância para eles. Já os argentinos vão jogar com um sério desfalque: Lionel Messi...
Cá entre nós, amanhã, eu não acredito numa vitória argentina, sem Messi, nem se o jogo fosse contra o Brasil sem Neymar, quanto mais contra nossos carrascos alemães.
Não sou profeta, mas embora o futebol não tenha lá muita lógica, se a Argentina conseguir ao menos um empate com a Alemanha, eu desaconselharei o Dunga a desistir do amistoso brasileiro contra a Colômbia, que, em seu último jogo contra a Argentina empatou por 0 a 0 (7 jun. 2013)... (1)
Quem sabe, um jogo amistoso entre Brasil e Cuba, por exemplo, não nos faria um bem enoooooorme...
Ah, sim, jogo de futebol e não de beisebol...
Mas como disse Johnny Cash, “A distância mais curta entre duas pessoas é um sorriso”.
Alguns ainda conseguem o impossível, mesmo sem ser Brás Cubas, o defunto-autor de meu romance que revolucionou a literatura brasileira: fazer rir o leitor com sua história post-mortem.
Foi o que fez um amigo nosso que, após morrer, para nos fazer rir, ainda publicou o seu caso nas Seleções Reader’s Digest de dezembro de 2012, p. 56:

Entrei num bar e vi meu amigo sentado com um copo cheio. Cheguei perto dele e, sem mais nem menos, tomei sua bebida. Ele começou a chorar e eu disse:
— Calma, não se preocupe, eu te pago outra bebida.
— Não estou chorando por isso. Eu fui demitido porque fiz minha empresa perder 4,5 milhões de reais, e eles ainda querem que eu pague.
— Nossa! Complicado...
— E minha mulher me botou para fora de casa porque eu não arranjo emprego.
— Coitado...
— E agora nem me matar eu posso.
— Por quê?
— Você bebeu meu veneno (Luca Rocha, Fortaleza – CE).


(1) Esta crônica foi escrita antes do amistoso entre Alemanha e Argentina. Os hermanos ganharam a partida por 4 a 2.

Acesse, também, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com





sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Pílulas gramaticais (121)


Quando o Pinheiros conquistou em Santos seu oitavo título consecutivo de campeão do Troféu Maria Lenk, a manchete da Gazeta do Povo estampou: “Pinheiros é octocampeão”.
Ao leitor surgiu, então, a dúvida: octocampeão ou octacampeão?
Convenhamos que a dúvida procede, porque dizemos tetracampeão, pentacampeão, hexacampeão, heptacampeão e octaedro é o nome que se dá ao poliedro de oito faces. Octaedro origina-se do grego oktáedros, pelo latim octaedros.
A manchete do jornal está, porém, corretíssima. Não existe a palavra octacampeão. Pinheiros é octocampeão, um vocábulo que designa o indivíduo ou clube que é campeão oito vezes, e seu feminino é octocampeã.

*

Qual é o correto: cisto ou quisto?
Ambas as palavras existem e podem ser aplicadas quando nos referimos a um tumor formado por cavidade fechada, que contém matéria líquida ou semissólida.
A palavra quisto tem, contudo, um outro significado, embora de pouco uso: querido, amado.
Desse vocábulo é que surgiram os adjetivos benquisto e malquisto.
Quando dizemos: “Chico Xavier é benquisto em todos os lugares”, estamos afirmando que Chico é querido, é amado em todos os lugares.
  

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A sessão espírita não deve ser aberta a curiosos


Uma leitora de Presidente Prudente (SP) diz que frequenta há tempos uma reunião mediúnica aberta ao público, inclusive a crianças. Além de aberta, a reunião apresenta outros inconvenientes que ela menciona em sua carta, na qual nos pergunta que pensamos dos fatos por ela relatados.
Raul Teixeira disse certa vez, a propósito do movimento espírita, que este expressa o nível das pessoas que o dirigem. Segundo o conhecido confrade, “sempre que ele (o movimento espírita) esteja sob comandos ineptos e despreparados para esse comando, sofrerá as consequências dessa incapacidade”. O texto completo do que Raul disse pode ser visto clicando-se neste link http://www.oconsolador.com.br/ano5/214/raulteixeiraresponde.html
A mesma análise podemos aplicar ao centro espírita. Se as pessoas que o dirigem não estão preparadas para essa função ou desprezam deliberadamente o que as obras espíritas recomendam, a consequência será algo parecido com o que a leitora nos relatou.
No tocante às reuniões mediúnicas abertas ao público, repetimos aqui o que já escrevemos na revista “O Consolador” em mais de uma ocasião.
É preciso ter em mente – antes de tudo – que uma reunião mediúnica, especialmente quando seu objetivo é o esclarecimento das entidades desencarnadas, assemelha-se a uma enfermaria, com recursos trazidos da Espiritualidade para tratamento das criaturas conturbadas e infelizes que ali comparecem.
Esse fato é suficiente para que entendamos que a sessão não deve ser aberta a curiosos, uma advertência que Cairbar Schutel, Carlos Imbassahy e Spártaco Banal fizeram em obras publicadas antes do surgimento das obras de André Luiz no cenário editorial brasileiro.
Allan Kardec também havia tratado da questão quando respondeu aos que lhe propunham abrir ao público as sessões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Não seria, pois, diferente o entendimento de Divaldo Franco acerca do tema. “Nunca é demais recomendar – afirma o ilustre médium e tribuno baiano – que as sessões mediúnicas sejam de caráter privado.”
No cap. 21 do livro “Desobsessão”, André Luiz escreveu: "Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza”. “O serviço de desobsessão não é um departamento de trabalho para cortesias sociais que, embora respeitáveis, não se compadecem com a enfermagem espiritual a ser desenvolvida, a benefício de irmãos desencarnados que amargas dificuldades atormentam.”




quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ninguém penetrará o Céu sem paz de consciência


Demos sequência ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar ao estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Como Silas compensaria Aída do mal que lhe causara?
B. Existe, de fato, a regular nossos atos, a chamada lei de ação e reação?
C. A confissão de Silas exerceu algum efeito sobre os irmãos Clarindo e Leonel?

Texto para leitura

58. Silas fala de seu retorno à carne – Findo o relato, Leonel rompeu o silêncio perguntando a Silas se ele retornaria à existência na carne, assim tão breve. "Oh! quem me dera a ventura de regressar tão apressadamente quanto possível!..." -- suspirou o Assistente, acrescentando: "O devedor está inelutavelmente ligado ao interesse dos credores... Assim, antes de tudo, é imprescindível venha a encontrar minha madrasta, no vasto país de sombra em que nos achamos, para encetar a difícil tarefa de minha liberação moral". Era preciso lembrar novamente a lição do Senhor: "ajudai aos vossos inimigos". Sem auxiliar a mulher em cujo coração criara importante adversária de sua paz, não lhe seria possível receber o auxílio fraterno. "Vali-me da fraqueza de Aída -- lembrou Silas -- para arrojá-la ao despenhadeiro da perturbação, fazendo-a mais frágil do que já era em si mesma... Agora, eu e meu pai, que lhe complicamos o caminho, somos naturalmente constrangidos a buscá-la, soerguê-la, ampará-la e restituir-lhe o equilíbrio relativo na Terra, para que venhamos a solver, pelo menos em parte, a nossa imensa dívida..." Seu pai e sua mãe -- ela em estágio nas Esferas Mais Altas, como benfeitora de ambos --, tão logo a Divina Misericórdia o permita, voltarão à carne, na condição de cônjuges, para recolher Aída e Silas como seus filhos. "Aída e eu seremos irmãos nas teias consanguíneas", afirmou o Assistente, acrescentando que ele se consagraria à atividade médica e que sua madrasta renasceria em corpo franzino, de maneira a sanar as difíceis psicoses que estava adquirindo sob o domínio das trevas, o que lhe marcaria a existência na carne sob a forma de estranhas enfermidades mentais. "Ser-lhe-ei, assim -- concluiu Silas --, não apenas o irmão do lar, mas também o enfermeiro e o amigo, o companheiro e o médico, pagando em sacrifício e boa vontade, afeto e carinho, o equilíbrio e a felicidade que lhe furtei..." (Ação de Reação, capítulo 9, pp. 125 a 127.)

59. O serviço de resgate é pessoal e intransferível – A confissão de Silas valia por todo um compêndio vivo de experiências preciosas e, talvez por isso, todos entraram em grave meditação. Hilário, contudo, como quem não desejava perder o fio do ensinamento, indagou ao Assistente: "Meu caro, disse você estar aguardando, em comunhão com o genitor, a alegria de reencontrar a madrasta... Como entender-lhe a alegação? porventura, com o seu grau de conhecimento, sofre alguma dificuldade para saber-lhe a moradia?" Silas confirmou, tristonho: "Sim, sim..." Por que, então, os benfeitores espirituais não o orientavam, no objetivo a alcançar? A esta pergunta de Hilário, Silas respondeu explicando que, qual ocorre entre os homens, ali o professor não podia chamar a si os deveres do aluno, sob pena de subtrair-lhe o mérito da lição. "Sem dúvida -- informou -- as bênçãos de amor dos nossos dirigentes hão trazido à minhalma inapreciáveis recursos... Conferem-me luz interior para que eu sinta e reconheça minhas fraquezas e auxiliam-me a renovação, a fim de que eu possa demandar, com mais decisão e facilidade, a meta que me proponho atingir... mas, em verdade, o serviço de meu próprio resgate é pessoal e intransferível..." Falando de si mesmo, Silas trabalhava, indiretamente, para que Leonel e Clarindo se entregassem ao reajuste, e, de fato, pela expressão de ambos, via-se que os dois irmãos revelavam admirável mudança íntima. Hilário ponderou, então, que todo aquele drama deveria estar vinculado a causas do pretérito... Silas confirmou, mas lembrou que naquela atormentada região não havia tempo mental para qualquer prodígio da memória: "Achamo-nos presos à recordação das causas próximas de nossas angústias, dificultando-se-nos a possibilidade de penetrar o domínio das causas remotas, porquanto a situação de nosso espírito é a de um doente grave, necessitado de intervenção urgente, a favor do reajuste". (Obra citada, capítulo 9, pp. 127 e 128.)

60. A toda ação corresponde uma reação – Silas lembrou-lhes que o inferno encontra-se repleto de almas que, dilaceradas e sofredoras, se levantam, clamando pelo socorro da Providência Divina contra os males que geraram para si mesmas, e o Senhor lhes permite a ventura de trabalhar em benefício das suas vítimas e dos irmãos cujas faltas se afinem com os delitos cometidos. "Paguemos nossas dívidas, que respondem por sombras espessas em nossas almas, e o espelho de nossa mente, onde estivermos, refletirá a luz do Céu, a pátria da Divina Lembrança!...", acentuou o Assistente. André, cuja mente fervilhava, não se conteve: "Oh! meu Deus, quanto tempo gastamos para refazer, às vezes, a inconsequência de um simples minuto!" "Você tem razão, André -- comentou Silas --, a lei é de ação e reação... A ação do mal pode ser rápida, mas ninguém sabe quanto tempo exigirá o serviço da reação, indispensável ao restabelecimento da harmonia soberana da vida, quebrada por nossas atitudes contrárias ao bem... Por isso mesmo, recomendava Jesus às criaturas encarnadas: -- `reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto te encontras a caminho com ele...' É que Espírito algum penetrará o Céu sem a paz de consciência, e, se é mais fácil apagar as nossas querelas e retificar nossos desacertos, enquanto estagiamos no mesmo caminho palmilhado por nossas vítimas na Terra, é muito difícil providenciar a solução de nossos criminosos enigmas, quando já nos achamos mergulhados nos nevoeiros infernais". Leonel tinha os olhos umedecidos e queria falar. Via-se claramente que ele tencionava referir-se à morte de Alzira, no lago. (Obra citada, capítulo 9, pp. 128 a 130.)

61. O caso Laudemira – Na noite seguinte, de regresso ao lar de Luís, André percebeu que o quadro não se alterara. O sitiante continuava no desequilíbrio de antes, mas Clarindo e Leonel estavam claramente desligados daquele painel de sombra. Era evidente que haviam tomado a confissão de Silas para valiosas reflexões. Observando-lhes a metamorfose, o Assistente convidou-os a acompanhá-lo e, pouco depois, conseguindo ambos volitar, unidos à caravana socorrista, chegaram com André, Hilário e o Assistente a vasto hospital situado em movimentada cidade terrestre. Na portaria, um dos vigilantes espirituais dirigiu-se carinhosamente a Silas, em saudação fraterna. Era Ludovino, encarregado da necessária vigilância, a benefício de alguns enfermos de cuja reencarnação cuidava a Mansão. O Assistente perguntou-lhe por Laudemira, uma das gestantes internadas no hospital, e Ludovino informou que tudo indicava que ela sofreria perigosa intervenção, esclarecendo: "Envolta nos fluidos anestesiantes que lhe são desfechados pelos perseguidores, durante o sono, tem a vida uterina sensivelmente prejudicada por extrema apatia. O cirurgião voltará dentro de uma hora e, na hipótese de os recursos aplicados não surtirem efeito, providenciará uma cesariana como remédio aconselhável..." Silas mostrou-se preocupado com a cirurgia, porque -- segundo informou -- Laudemira deveria receber ainda mais três filhos, o que seria inviável com a cesariana. Não havia, pois, tempo a perder, e eles se dirigiram, de imediato, a uma pequena enfermaria, onde jovem senhora se lamentava, aflita, tendo a seu lado simpática matrona de cabelos nevados, em cuja ternura percebia-se a presença materna. (Obra citada, capítulo 10, pp. 131 a 133.)

Respostas às questões propostas

A. Como Silas compensaria Aída do mal que lhe causara?
Aída e ele reencarnariam mais tarde, na condição de irmãos consanguíneos. Ele se consagraria à atividade médica e a ex-madrasta renasceria em corpo franzino, de maneira a sanar as difíceis psicoses que estava adquirindo sob o domínio das trevas, o que lhe marcaria a existência na carne sob a forma de estranhas enfermidades mentais. "Ser-lhe-ei, assim – explicou Silas –, não apenas o irmão do lar, mas também o enfermeiro e o amigo, o companheiro e o médico, pagando em sacrifício e boa vontade, afeto e carinho, o equilíbrio e a felicidade que lhe furtei..." (Ação e Reação, cap. 9, pp. 125 a 127.)

B. Existe, de fato, a regular nossos atos, a chamada lei de ação e reação?
Sim. A lei é, com efeito, de ação e reação. A ação do mal pode, às vezes, ser rápida, mas ninguém sabe quanto tempo exigirá o serviço da reação, indispensável ao restabelecimento da harmonia da vida, quebrada por nossas atitudes contrárias ao bem. Espírito algum – explicou Silas – penetrará o Céu sem a paz de consciência, e, se é mais fácil apagar as nossas querelas e retificar nossos desacertos enquanto estagiamos no mesmo caminho palmilhado por nossas vítimas na Terra, é muito difícil providenciar a solução de nossos criminosos enigmas quando já nos achamos mergulhados nos nevoeiros infernais. (Obra citada, cap. 9, pp. 128 a 130.)

C. A confissão de Silas exerceu algum efeito sobre os irmãos Clarindo e Leonel?
Evidentemente. Os irmãos citados haviam tomado a confissão de Silas para valiosas reflexões. Foi por isso que, observando-lhes a metamorfose, Silas convidou-os a acompanhá-lo e, pouco depois, conseguindo ambos volitar, unidos à caravana socorrista, chegaram com André, Hilário e o Assistente a vasto hospital situado em movimentada cidade terrestre. (Obra citada, cap. 10, pp. 131 a 133.)