Continuamos ontem
à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita
Brasileira.
Eis o roteiro
e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões para debate
A. Onde se
situavam as causas das aflições que acometiam Laudemira, a gestante posta em
situação de risco?
B. Como Deus
atende às criaturas que a Ele recorrem?
C. Laudemira
teria recordado, antes de reencarnar, as peripécias que enfrentou no passado?
Texto para leitura
62. O socorro à gestante – Silas
informou que aquela irmã seria novamente mãe, em minutos breves, mas se
encontrava algemada a provas difíceis, porquanto no passado valera-se da beleza
física para acumpliciar-se com o crime: "Bela mulher, atuou em decisões
políticas que arruinaram a estrada de muita gente. Padeceu muitos anos nas
trevas infernais, entre a carne e a sombra, até que mereceu agora a felicidade
de renascer com a tarefa de restaurar-se, restaurando alguns dos companheiros
de crueldade que, na feição de filhos, com ela se levantarão para mais amplos
serviços regeneradores..." Sob o olhar de Clarindo e Leonel, o Assistente
convocou, então, os dois pupilos para o socorro imediato. Determinando
permanecessem ambos em oração, com a destra colada ao cérebro da doente,
começou a fazer operações magnéticas excitantes sobre o colo uterino.
Substância leitosa, qual neblina leve, irradiava-se-lhe das mãos, espalhando-se
sobre todos os escaninhos do aparelho genital. Passados alguns minutos de
pesada expectativa, surgiram contrações que, pouco a pouco, se acentuaram
intensamente. Silas controlou a evolução do parto, até que o médico ingressou
no recinto, sorrindo satisfeito, a solicitar o concurso da enfermeira. A
cesariana foi esquecida. Laudemira poderia, assim, dar prosseguimento à tarefa
que lhe competia, com o êxito necessário. Leonel, que a tudo percebia,
perguntou a Silas se os trabalhos a que se dedicava constituiriam alguma
preparação diante do porvir, e o Assistente respondeu: "Sem dúvida. Ainda
ontem lhes falei dos meus erros de médico, que praticamente jamais o fui, e
comentei o plano de abraçar a Medicina no futuro, entre os encarnados, nossos
irmãos. Todavia, para que eu mereça a ventura de tal reconquista, consagro-me,
nas regiões inferiores que me servem de domicílio, ao ministério do alívio,
criando causas benéficas para os serviços que virão..." (Ação e Reação, capítulo 10, pp.
133 e 134.)
63. O passado de Laudemira – O
Assistente aclarou melhor a questão: "Um dia, consoante as dívidas que me
pedem resgate, estarei novamente entre as criaturas encarnadas e, para solver
minhas culpas, também sofrerei obstáculos e dúvida, enfermidade e aflição...
Que mãos caridosas e amigas me amparem daqui, em nome de Deus, porque
isoladamente ninguém consegue vencer... E para que braços amorosos se me
estendam, mais tarde, é imperioso movimente agora os meus no voluntário
exercício da solidariedade". De retorno à fazenda, Hilário perguntou se
Laudemira era conhecida de Silas e que papel representavam os filhos junto
dela. Tendo o cuidado de evitar qualquer indiscrição, em face da confiança que
a Mansão lhe outorgava, Silas relatou em linhas gerais o caso da gestante,
cujas penas resultavam de pesados débitos por ela contraídos cinco séculos
atrás. Dama de elevada situação na Corte de Joana II, rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía então
dois irmãos consanguíneos que lhe apoiavam todos os planos de vaidade e
domínio. Vendo no seu marido um entrave às suas leviandades, arrastou-o para a
morte. Viúva e dona de bens consideráveis, cresceu em prestígio e fez-se
confidente da rainha, confiando-se a prazeres e dissipações em que perturbou a
conduta de muitos homens de bem e arruinou muitos lares. Foi assim que, ao
desencarnar, nos meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais,
onde padeceu o assédio de seus ferozes inimigos que não lhe perdoaram os
delitos. Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, voltando à
carne por quatro vezes sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior,
em cruciantes problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de
mulher, embora abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e
humilhações da parte de homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os
sonhos... (Obra citada, capítulo 10, pp. 135 e 136.)
64. O inferno é obra humana – Em
todas as vezes que se retirou nas quatro existências mencionadas, a antiga dama
de Nápoles permaneceu jungida às sombras, visto que, quando a queda no abismo é
de longo curso, ninguém pode emergir de um salto. "Ela naturalmente –
informou Silas – entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do berço,
transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de momento para
outro." Hilário indagou então: "Se a situação era assim inalterável,
para que retomar o corpo físico? não lhe bastaria sofrer na dolorosa purgação
daqui deste lado, sem renascer na esfera carnal?" "A observação é compreensível
– esclareceu Silas –, entretanto, nossa irmã, com o amparo de abnegados
companheiros, voltou ao pagamento parcelado das suas dívidas, reaproximando-se
de credores reencarnados, não obstante mentalmente jungida aos planos
inferiores, desfrutando a bênção do olvido temporário, com o que lhe foi
possível angariar preciosa renovação de forças." Silas acrescentou então
que, embora ressarcisse parte de seus débitos, visto que padecera tremendos
golpes no orgulho que trazia cristalizado no coração, Laudemira acabou
contraindo novas dívidas, porquanto em certas ocasiões não conseguiu superar a
aversão instintiva, diante dos seus adversários, chegando ao infortúnio de
afogar uma criancinha que mal ensaiava os primeiros passos, para ferir a
senhora da casa em que servia de ama, como vingança por crueldades recebidas.
De retorno à pátria espiritual, ela contava, evidentemente, com o auxílio dos
benfeitores espirituais, porque ninguém está condenado ao abandono. "Vocês
não ignoram – disse Silas – que o Criador atende à criatura por intermédio das
próprias criaturas. Tudo pertence a Deus." Até o inferno, visto que o
inferno, embora seja obra dos homens, situa-se, como uma construção indigna e
calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus. "Tendo abusado de
nossa razão e conhecimento para gerar semelhante monstro, no Espaço Divino,
compete-nos a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele
ocupa indebitamente. Para isso, o Infinito Amor do Pai Celeste nos auxilia de
múltiplos modos, a fim de que possamos atender à Perfeita Justiça",
concluiu Silas. (Obra citada, capítulo 10, pp. 137 e 138.)
65. Maternidade une Laudemira a cinco
ex-cúmplices – Seria possível saber as existências de Laudemira, antes
de haver ingressado na Corte de Joana II, Rainha de Nápoles, no século XV?
"Sim – respondeu Silas –, será fácil conhecê-las, mas não nos convém num
simples estudo efetuar o tentame, porque o assunto em si reclamaria largas
quotas de atenção e de tempo. Basta lhe pesquisemos a condição referida para definir-lhe
as lutas redentoras de agora, porquanto nossos estágios em qualquer eminência
social no mundo, seja no campo da influência ou das finanças, da cultura ou da
ideia, servem como pontos vivos de referência da nossa conduta digna ou
indigna, no usufruto das possibilidades que o Senhor nos empresta, designando
com clareza nosso avanço na direção da luz ou nosso aprisionamento maior ou
menor nos círculos da treva, pelas virtudes conquistadas ou pelos débitos
assumidos." Laudemira teria recordado, antes da atual encarnação, os
estágios por que passou nas difíceis provações do pretérito? O Assistente
informou que a citada mulher se internara na Mansão trinta anos atrás, após
padecer longos anos nas esferas inferiores. Acusava então terrível demência e
foi graças à hipnose que pôde revelar os fatos que Silas já reportara. Os
instrutores não acharam necessário mais amplo recuo mnemônico, e Laudemira,
conturbada como estava, não dispunha de forças para articular qualquer
reminiscência. Conduzida à reencarnação sob os auspícios da Mansão, ela deveria
receber, em seu lar, cinco de seus antigos cúmplices, para reerguer-lhes os
sentimentos, na condição de mãe, o que, em caso de êxito, lhe propiciará enorme
prêmio, diante da Lei amorosa e justa. (Obra citada, capítulo 10, pp. 138 e 139.)
Respostas às questões propostas
A. Onde se situavam as causas das aflições
que acometiam Laudemira, a gestante posta em situação de risco?
Suas penas
resultavam de pesados débitos contraídos cinco séculos atrás. Dama de elevada
situação na Corte de Joana II, rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía então
dois irmãos consanguíneos que lhe apoiavam todos os planos de vaidade e
domínio. Vendo no seu marido um entrave às suas leviandades, arrastou-o para a
morte. Viúva e dona de bens consideráveis, cresceu em prestígio e fez-se
confidente da rainha, confiando-se a prazeres e dissipações em que perturbou a
conduta de muitos homens de bem e arruinou muitos lares. Foi assim que, ao
desencarnar, nos meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais,
onde padeceu o assédio de seus ferozes inimigos que não lhe perdoaram os
delitos. Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, voltando à
carne por quatro vezes sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior,
em cruciantes problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de
mulher, embora abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e
humilhações da parte de homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os
sonhos. (Ação e Reação, cap. 10, pp. 135 e 136.)
B. Como Deus atende às criaturas que a Ele
recorrem?
Como sabemos,
ninguém está condenado ao abandono. Segundo palavras ditas por Silas a André
Luiz e seus amigos, o Criador atende à criatura por intermédio das próprias
criaturas. Tudo pertence a Deus, até mesmo o inferno, visto que o inferno,
embora seja obra dos homens, situa-se, como uma construção indigna e
calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus. "Tendo abusado de
nossa razão e conhecimento para gerar semelhante monstro, no Espaço Divino,
compete-nos a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele
ocupa indebitamente”, acrescentou Silas. (Obra citada, cap. 10, pp. 137 e 138.)
C. Laudemira teria recordado, antes de
reencarnar, as peripécias que enfrentou no passado?
Até certo
ponto, sim. Ela se internara na Mansão trinta anos atrás, após padecer longos
anos nas esferas inferiores. Acusava então terrível demência e foi graças à
hipnose que pôde revelar os fatos que Silas reportara aos amigos. Os
instrutores não acharam necessário mais amplo recuo mnemônico, e Laudemira,
conturbada como estava, não dispunha de forças para articular qualquer
reminiscência. (Obra citada, cap. 10, pp. 138 e 139.)