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quinta-feira, 30 de abril de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 19

145. A desigualdade das condições sociais constitui lei da natureza? 
Não. Ela é obra do homem e não de Deus. Sendo obra humana, um dia desaparecerá, mas apenas quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará, então, apenas a desigualdade do merecimento. (O Livro dos Espíritos, questões 806 e 807.)
146. Segundo o Espiritismo, a igualdade absoluta das riquezas não é possível, por causa da diversidade dos caracteres e das faculdades humanas. Em vista disso, por que Deus concedeu a uns as riquezas e o poder, e a outros, a miséria? 
Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabemos, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com frequência. (Obra citada, questões 814 a 816.)
147. Os homens e as mulheres têm os mesmos direitos? 
Sim. Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir? (Obra citada, questões 817 a 820.)
148. Será respeitável toda e qualquer crença, ainda quando notoriamente falsa?
Sim. Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzam ao mal. (Obra citada, questão 838.)
149. O homem tem o livre-arbítrio de seus atos?
Evidentemente. Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina. (Obra citada, questões 843 e 844.)
150. Exerce o organismo alguma influência sobre os atos da vida? Em caso afirmativo, isso não prejudica o exercício do livre-arbítrio?
É inegável que a matéria exerce influência sobre o Espírito, e isso pode até embaraçar-lhe as manifestações e o exercício do livre-arbítrio. (Obra citada, questão 846.)
151. Existe fatalidade nos acontecimentos da vida? Os fatos de nossa existência estariam, assim, previamente marcados?
A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria qual máquina sem vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde que houvesse de estar invariavelmente dominado, em todos os seus atos, pela força do destino? Semelhante doutrina, se verdadeira, conteria a destruição de toda liberdade moral; já não haveria para o homem responsabilidade, nem, por conseguinte, bem nem mal, crimes ou virtudes. Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não a essas tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficam subordinados às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas circunstâncias podem os Espíritos influir pelos pensamentos que sugerem.
Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes consequência da escolha que o Espírito fez de sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral. (Obra citada, questões 851, 861 e 866. Ver também o item 872.)
152. A hora da morte é fatal? Se for, por que devemos tomar precauções para não morrermos? 
Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podemos furtar-nos. No que concerne à morte, portanto, é que o homem se acha submetido, em absoluto, à inexorável lei da fatalidade, visto que não pode escapar à sentença que lhe marca o termo da existência, nem ao gênero de morte que haja de cortar a esta o fio.
Do fato de ser infalível a hora da morte, não se deve, porém, deduzir que sejam inúteis as precauções que tomemos para evitá-la, visto que as precauções que tomamos nos são sugeridas com o fito de evitar a morte que nos ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê antes do tempo. (Obra citada, questões 853, 853-A, 854, 855 e 859.)


Observação:
Para acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_23.html




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quarta-feira, 29 de abril de 2020


Obreiros da Vida Eterna

André Luiz

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série Nosso Lar. Serão ao todo 960 questões objetivas distribuídas em 120 partes, cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos são publicados neste blog sempre às quartas-feiras.
Concluímos hoje o estudo do 4º livro da série, Obreiros da Vida Eterna, também psicografado pelo médium Chico Xavier. Na próxima quarta-feira iniciaremos o estudo do livro No Mundo Maior.

Parte 8 e final

57. Quem foi o autor do pedido de moratória para Albina?
Foi um garoto miúdo de oito anos aproximadamente, de nome Joãozinho. Tratava-se de um menino órfão que fora abandonado à porta de Albina, logo que nasceu, e que Loide (filha da educadora) mantinha em seu lar, desde que a mãe se recolheu à cama. Apesar da prova por que passara, Joãozinho era grande e abnegado servo de Jesus, reencarnado em missão do Evangelho e tinha largos créditos na retaguarda. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 17, pp. 264 a 266.)
58. Qual foi, em verdade, a causa da moratória de Albina?
Loide estava grávida, em vésperas do parto. O bebê prestes a nascer era abençoada companheira do menino e também tinha, como ele, admirável passado de serviço à Crosta. Associados de Albina em várias missões no passado, muito cedo ser-lhe-iam continuadores na obra de educação evangélica. Como o falecimento de Albina poderia repercutir angustiosamente no organismo de Loide, prejudicando a gestação e talvez até precipitando o advento de um aborto, aí estava a verdadeira causa da moratória. (Obra citada, cap. 17, pp. 266 e 267.)
59. Que é que mais preocupava Cavalcante nos últimos momentos de sua existência?
Seu último desejo era rever a esposa que o abandonara, porque queria pedir-lhe perdão, visto que se sentia culpado direto pelo gesto dela e não desejava partir sem a reconciliação conjugal. (Obra citada, cap. 18, pp. 268 a 274.)
60. Como era o ambiente espiritual no hospital em que Cavalcante estava internado?
Era péssimo. A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis produzidas por entidades inferiores que, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, infligindo-lhes padecimentos atrozes e sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os.  (Obra citada, cap. 18, pp. 274 a 277.)
61. Como foi o encontro entre Cavalcante e sua esposa?
A ex-esposa, que já havia desencarnado, semelhava-se em tudo a sombra espectral. Quando viu o leito do ex-marido, fitou-o com intraduzível impressão de horror e gritou, longamente, perturbando-lhe a hora de alívio. O moribundo voltou-se e viu-a. Alegre sorriso estampou-se-lhe no rosto e ele, falando com enorme dificuldade, pediu-lhe perdão, o que lhe fez imenso bem. Mas a ex-companheira também pediu-lhe perdão dizendo: "O' Joaquim! perdoa-me! Nada tenho contra ti. O tempo ensinou-me a verdade. Sempre foste meu leal amigo e dedicado marido!" Cavalcante escutou-a, esboçando expressão de intensa alegria, e murmurou: "Agora, estou satisfeito, graças a Deus!...". (Obra citada, cap. 18, pp. 277 a 281.)
62. Que ensinamentos ensejou a eutanásia praticada em Cavalcante?
O principal ensinamento foi verificar que a injeção sedativa, veiculando anestésicos em dose alta, afetara-lhe o corpo perispirítico, como se fora choque elétrico. Devido a isso, ele permanecia quase inerte, ignorando-se a si mesmo. Qualquer droga, no campo infinitesimal dos núcleos celulares, se faz sentir por propriedades elétricas específicas. Todo remédio está saturado de energias eletromagnéticas em seu raio de ação. É por isso que o veneno destrói as vísceras e o entorpecente modifica a natureza das células em si, impondo-lhes incapacidade temporária. A gota medicamentosa tem princípios elétricos, como também acontece às associações atômicas que vão recebê-la. Em plano algum a Natureza age aos saltos. O perispírito, formado à base de matéria rarefeita, mobiliza igualmente trilhões de unidades unicelulares que abandonam o corpo físico saturadas da vitalidade que lhe é peculiar. Daí os sofrimentos e angústias de determinadas criaturas, além do decesso. Os suicidas costumam sentir, durante longo tempo, a aflição das células violentamente aniquiladas, enquanto os viciados experimentam tremenda inquietação pelo desejo insatisfeito. Na eutanásia fenômeno semelhante se dá. (Obra citada, cap. 19, pp. 282 a 286.)
63. Que pedido fez Zenóbia aos colaboradores da instituição dirigida por Adelaide?
Zenóbia primeiro lembrou a todos que Adelaide, depois de muito cooperar nas obras do bem, necessitava agora de passagem livre a caminho da espiritualidade superior. Não havia, pois, qualquer sentido nos pensamentos de angústia que, partindo dos seus colaboradores, a envolviam. A aflição com que eles intentavam reter a missionária do bem era filha do egoísmo e do medo. Era indispensável, assim, não reter, com suas lamúrias, a companheira prestes a regressar à verdadeira pátria. (Obra citada, cap. 19, pp. 289 a 294.)
64. Como se deu a desencarnação de Adelaide?
Aproximando-se o momento da desencarnação, Adelaide rogou a Jerônimo lhe fosse concedido o obséquio de tentar, ela própria, a sós, a desencarnação. E assim se fez. André e Jerônimo se mantiveram em câmara próxima, em vigilância, durante as longas horas que a benfeitora consumiu no trabalho complexo e persistente da própria liberação. Jerônimo esclareceu que a cooperação do plano espiritual é indispensável no ato conclusivo da liberação, mas o serviço preliminar do desenlace, no plexo solar e mesmo no coração, pode, em vários casos, ser levado a efeito pelo próprio interessado, quando este haja adquirido o preciso treinamento com a vida espiritual mais elevada. No caso de Adelaide, com efeito, Jerônimo interveio apenas no derradeiro minuto, para desatar o apêndice prateado, com o que a agonizante estava finalmente livre. (Obra citada, cap. 19 e 20, pp. 294 a 304.)

Observação:
Para acessar a parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/obreiros-da-vidaeterna-andre-luiz_22.html




Caso o leitor queira baixar o estudo completo – texto consolidado e questões objetivas – do livro “Obreiros da Vida Eterna”, clique neste link: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND  - e, em seguida, no verbete “Obreiros da Vida Eterna”.






terça-feira, 28 de abril de 2020



Em todo o tempo só o amor pode curar

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Em meio a toda história que já ocorreu sobre esta Terra – ou concordando natural ou não tão naturalmente –, só o amor é capaz de chegar às trincheiras e salvar os quase soterrados corações. Quantas guerras foram provocadas pelo desamor, pelo insensato inverso da atitude que tudo pode preservar com vida plena. Talvez a humanidade ainda passe por muitas outras guerras até querer compreender a bondade do amor.
A autoridade infligida nunca será respeitada, apenas recebida com temor, cujas palavras gritadas vão atordoar o coração. Em contrapartida, as palavras amorosas, em tom calmo, atingirão o objetivo com admirável facilidade. Porém nada será alcançado sem a lisura conquistada pelo espírito.
Os exemplos entre atos com amor e a sua ausência ocorrem sem interrupção em todos os continentes. Ainda que nosso enorme esforço para o desenvolvimento caminha pequeninos passos e tímidos são os nossos olhos para a infinitude dos bons atos, nosso coração começa a se sentir mais feliz − felicidade e paz com que nenhuma outra ação pode nos preencher.
É compreensível que a nossa lentidão estabelecida para o progresso seja bastante evidente já que a bagagem pesada acumulada de outras existências não é nenhum pouco acanhada. Mas se tudo se aprende com a história do mundo e com a nossa própria, sem dúvida, estamos em momento extremamente apropriado para os novos e muito amorosos conteúdos a serem assimilados.
Nenhum aluno aprende sob os gritos de um professor autoritário; nenhum filho admira os pais sob a violência doméstica; nenhum soldado apreende valores sob o descompromisso de um comandante; nenhum animal se aproxima voluntariamente sob a maldade iminente; nenhum ato grandioso nascerá sem amor.
Dias virão e noites entrarão, mas sei que no tempo individual e sequencialmente coletivo, o amor será acolhido por cada coração e passará a ser o regente dos brilhosos e aprimorados sentimentos e a história da humanidade será mais iluminada do que esta um pouco gris.
E a vida continua e o amor, independente da história, cura e renova.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/




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segunda-feira, 27 de abril de 2020



O ato de matar o próprio filho é designado, em nosso idioma, pela palavra filicídio, que tem como sinônimo, embora em desuso, o vocábulo gnaticídio. A pessoa que o pratica é chamada de filicida.
Se filicida diz respeito ao ato de matar o próprio filho, diga-nos quais são os vocábulos que correspondem às expressões abaixo:
1 – quem mata o pai
2 – quem mata a mãe
3 – quem mata a esposa
4 – quem mata o irmão
5 – quem mata o rei
6 – quem mata verme
7 – quem mata a si próprio
8 – quem mata formiga
9 – quem mata inseto
10 – quem atenta contra a pátria.
Eis as respostas:
1 – patricida, parricida
2 – matricida, parricida
3 – uxoricida (leia-se: uc-soricida)
4 – fratricida
5 – regicida
6 – vermicida
7 – suicida
8 – formicida
9 – inseticida
10 – parricida.





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domingo, 26 de abril de 2020



Cabe a nós resolver nossos problemas

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

Das histórias que Hilário Silva reuniu para compor seus dois livros – A vida escreve e Almas em desfile – psicografados pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier, há uma que expressa bem o que muitas pessoas buscam encontrar valendo-se do Espiritismo.
Trata-se do caso José Cardoso, o confrade que insistia, nas sessões mediúnicas de que participava, em buscar ajuda dos mentores espirituais para a descoberta de tesouros ocultos.
A região em que morava fora sede de mineração. Ali haviam sido descobertas arcas antigas e caldeirões recheados de pepitas e moedas. Devia haver, portanto, segundo pensava Cardoso, muito ouro escondido.
A cobiça era disfarçada com o uso de um argumento conhecido: com o tesouro encontrado seria possível realizar muitas obras caritativas.
Segundo o relato de Hilário, o amigo José Cardoso era persistente e não perdia ocasião de propor ao mentor do grupo questões voltadas para aquela ideia, que se lhe tornara obcecante.
O leitor pode imaginar a dificuldade dos mentores espirituais em tratar com semelhantes pessoas. Como responder ao confrade sem causar constrangimento, desapontamento e decepção?
Evidentemente, alguém mais sensato poderia ter lembrado a Cardoso e aos componentes do grupo o que nos ensina a questão 533 d´O Livro dos Espíritos, adiante reproduzida:

533. Podem os Espíritos fazer que obtenham riquezas os que lhes pedem que assim aconteça?
“Algumas vezes, como prova. Quase sempre, porém, recusam, como se recusa à criança a satisfação de um pedido inconsiderado.”

A iniciativa não foi, porém, tomada, o que motivou o mentor do grupo, quando o assunto veio novamente à baila, a dizer-lhe:
– Meu irmão, fique tranquilo. Sua petição é bem inspirada. Sua intenção é construtiva. Indicaremos caminho para um tesouro no chão.
Ao ouvir semelhantes palavras, a pequena assembleia se assustou, receando estivesse ocorrendo uma mistificação. José Cardoso estava, porém, contente.
O mentor então explicou:
– Cardoso, busque o seu quintal. Além do pátio empedrado, depois da cozinha, você vê todos os dias grande mancha de terra escura, que a tiririca está envolvendo. Cave lá, meu amigo.
José Cardoso anotou cuidadosamente a orientação e no outro dia, pela manhã, começou a cavar, e cavou até ficar exausto. Para seu desapontamento, não encontrou sinal nenhum de tesouro escondido.
Na reunião mediúnica seguinte, ele interpelou o mentor espiritual, que lhe explicou que ele cavara muito bem e que o caminho da riqueza estava pronto. E, diante da curiosidade geral, acrescentou:
– Plante na cova rasgada um pé taludo de laranjeira, regue-a e trate-a com amor e, em breve, você terá o tesouro que procura, porque uma laranjeira, Cardoso, é princípio de um laranjal...

*

A lição contida na história relatada por Hilário Silva é bem sutil, mas serve de advertência para todos os que esperam encontrar no Espiritismo a solução para os seus problemas de ordem material ou espiritual.
Nos casos de obsessão, é muito comum a família depositar a pessoa perturbada na Casa Espírita e aguardar, de braços cruzados, sua cura.
Os mentores espirituais inspiram-nos, ajudam-nos, estimulam-nos, mas é bom que lembremos que nós é que estamos encarnados e, portanto, a nós compete resolver os problemas advindos de nossa presença neste plano.
Transferir aos protetores espirituais a tarefa que nos pertence é um equívoco lamentável que não se sustenta em nenhum dos ensinamentos contidos na doutrina codificada por Kardec e desenvolvida, entre outros, por Léon Denis, Gabriel Delanne, Emmanuel, Joanna de Ângelis e André Luiz.




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sábado, 25 de abril de 2020



Em paz com a vida

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Juanita Nittla é enfermeira-chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Royal Free de Londres. No ano passado, ela contraiu tuberculose e ficou afastada do trabalho durante alguns meses. Ainda assim, neste ano, atua intensivamente, com sua equipe, nos cuidados de pacientes da Covid- 19 que necessitam respirador.
Entretanto, o número de respiradores é insuficiente ao atendimento de todos os infectados, e ela precisa tomar decisão difícil, recomendada pela equipe médica: desligar o respirador dos pacientes inconscientes e sem reação positiva ao tratamento médico, pois outros enfermos com esperança de cura aguardam um respirador. Essa é uma desencarnação, segundo ela, indolor, mas triste e solitária, pois os parentes da vítima não podem presenciar seu decesso. A morte silenciosa é presenciada apenas pela equipe de saúde da UTI.
Calcula-se que, atualmente, no mundo, mais de 140.000 pessoas já tenham morrido por contaminação desse vírus. Esse número ainda pode quintuplicar, ou aumentar muito mais do que isso, até surgir uma vacina para imunização das pessoas.
A morte do corpo, fenômeno que precede o que os espíritas chamamos de desencarnação, nada mais é do que o abandono de um revestimento temporário, formado pelo corpo espiritual de cada um de nós, o perispírito, que conserva sua aparência, pelo tempo que o Espírito precise, no mundo espírita. É também nesse mundo que se encontram nossos parentes e amigos que nos antecederam ou até mesmo ali permaneceram antes de reencarnarmos. E, assim como ao reencarnarmos, somos recebidos com alegria pelos familiares e amigos daqui, ao desencarnarmos, somos acolhidos com não menor contentamento pelos d'além...
Não há por que, pois, temer a morte. Oremos pelos que se vão para o outro lado da vida, mas também pelos que ficam. Vivamos com a consciência tranquila e, ainda que aparentemente morramos sós, estaremos apenas desencarnando em paz e cercados da companhia dos amigos do mundo real, que antecede e sucede a este: o mundo espiritual.
Para os que imaginam que chegamos ao fim do mundo, o poeta português Runa brinda-nos com este belo poema intitulado:

O mundo não acaba hoje

o nevoeiro dissipou-se
como por encanto
mas o céu continua escuro
e insondável
um veludo carregado
movendo-se lentamente
da esquerda para a direita
atrás de um destino incerto

é o último dia do calendário maia

vejo tudo isto da minha varanda
falésia de cimento
cercada pela manhã baça
à espera que aconteça alguma coisa
um sinal qualquer que me arrebate
mas não posso continuar a olhar o céu
está na hora de me vestir
e ir embora para o trabalho

o mundo não acaba hoje

RUNA. O mundo não acaba hoje. Disponível em: http://seguindooescoardotempo.blogspot.com. Acesso em: 20 de abril de 2020.




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sexta-feira, 24 de abril de 2020



O Espiritismo perante a Ciência

Gabriel Delanne

Parte 6

Continuamos o estudo do clássico O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la Science.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Por que, apesar da renovação incessante das células do nosso corpo, a memória se mantém intacta?
B. Do exame isento de todas as teorias científicas apresentadas, que dedução se extrai com relação à existência da alma?
C. O magnetismo já era conhecido entre os povos da antiguidade?

Texto para leitura

141. Luys foi o primeiro que propôs assimilar a faculdade da memória a uma ação física. Supondo as células nervosas como certos corpos capazes de armazenar, de algum modo, as vibrações que lhes chegam, tal como as substâncias fosforescentes que continuam a brilhar depois de desaparecida a fonte luminosa, assim as células nervosas poderiam vibrar, mesmo depois que cessasse de agir a causa excitante.
142. Niepe de Saint Victor, em suas pesquisas sobre as propriedades dinâmicas da luz, chegou a mostrar que as vibrações luminosas podiam armazenar-se numa folha de papel, em estado de vibrações silenciosas, durante um tempo mais ou menos longo, prestes a reaparecerem sob a ação de uma substância reveladora. Foi assim que se pôde, tendo-se conservado, na obscuridade, gravuras expostas precedentemente aos raios solares, revelar, muitos meses após a insolação, com auxílio de reativos especiais, os traços persistentes da ação fotogênica do Sol sobre a superfície delas.
143. Em apoio à sua teoria, Luys cita exemplos de fosforescência orgânica, tirados do funcionamento dos órgãos dos sentidos. Ele atribui à fosforescência orgânica as ações que derivam do hábito, como os exercícios do corpo, a dança, a esgrima, o toque dos instrumentos de música, etc. Depois, filia a essa fosforescência todos os fenômenos da memória.
144. Essa explicação não nos pode satisfazer, por muitas razões: a fosforescência dos elementos nervosos está demonstrada para um tempo muito curto; ademais, nenhuma experiência estabeleceu que ela existisse no cérebro.
145. Há uma segunda razão que destrói radicalmente a suposição de um armazenamento da vibração. Diz Luys textualmente: “Esta aptidão maravilhosa (fosforescência orgânica) da célula cerebral, incessantemente entretida pelas condições favoráveis do meio em que ela vive, mantém-se, incessantemente, em estado de verdor, enquanto as condições físicas de seu agregado material respeitadas, e ela está associada aos fenômenos vitais do organismo.”
146. Como já vimos, Moleschott supõe que o corpo se renova de trinta em trinta dias; sem ir tão longe, podemos admitir que todas as moléculas do corpo são substituídas por outras ao fim de sete anos, como quer Flourens. Esse naturalista, operando em coelhos, mostrou que, em determinado lapso de tempo, os ossos estavam inteiramente mudados, e que, em lugar dos antigos, novos se haviam formado.
147. Ora, o que se dá com os ossos, dá-se com os demais tecidos e com as células nervosas em particular. Se a fosforescência orgânica é uma propriedade do elemento nervoso, ela impressiona ou o conjunto da célula, ou as moléculas que a compõem. Quando a célula inteira se renova, isto é, quando os elementos que a constituem são absorvidos pelo organismo, as moléculas que vêm tomar o lugar das que desapareceram não possuem mais o movimento vibratório que impressionou suas antecessoras, de sorte que, quando todas as células são mudadas, não existe nenhum dos movimentos vibratórios antigos, ou por outra, a fosforescência orgânica desapareceu, tanto de cada uma das moléculas como do conjunto da célula.
148. Se só nessa propriedade residisse a memória, deveria esta ficar aniquilada completamente ao fim de um tempo mais ou menos longo, mas que não poderia exceder de sete anos. De sete em sete anos, teríamos que reaprender tudo que já sabíamos; ou melhor, como a evolução das partículas do corpo se faz constantemente, nossas lembranças desapareceriam à medida que as moléculas se renovassem, de sorte que seríamos incapazes de aprender o que quer que fosse.
149. Sabemos que não é o que acontece, e que nossa personalidade e nossa memória persistem, apesar da torrente de matéria que atravessa nosso corpo. A despeito das moléculas diversas que se incorporam em nós, temos a lembrança e a consciência de sermos sempre os mesmos, e isto só se pode explicar admitindo a existência de uma força que não varia como a matéria na qual se registram os conhecimentos que adquirimos pelo trabalho. Esta força, essência imaterial, é a alma, que, apesar das negações materialistas, revela sua presença, por pouco que se estudem, imparcialmente, os fenômenos que se passam em nós.
150. Luys define o automatismo: A propriedade que apresentam as células nervosas vivas de entrarem espontaneamente em movimento e traduzirem de modo inconsciente os estados diversos da célula postos em agitação. Por outra forma: A atividade automática da célula viva é a reação espontânea da sensibilidade íntima da célula, solicitada de qualquer maneira.
151. É sempre a teoria do elemento nervoso que age diretamente, em virtude de suas forças íntimas, e de modo próprio; e é com tal equívoco que o autor pode interpretar o fato a seu favor. É incontestável que se passam em nós ações de que não temos consciência. As experiências de Charles Robin, feitas no cadáver de um supliciado, mostraram que as funções da medula se perpetuavam enquanto a vida dos elementos não havia desaparecido, e isto com tanta regularidade como se o cérebro as dirigisse.
152. Devemos atribuí-las às propriedades íntimas das células nervosas? Para o saber, recorramos a Claude Bernard, que assim se exprime:

“No homem há duas espécies de movimentos: 1°. os conscientes ou voluntários; 2º. os inconscientes, involuntários, ou reflexos (ou automáticos), porque, sob nomes diversos, são a mesma coisa.
O movimento reflexo é um movimento para cuja execução concorrem sempre três ordens distintas de elementos do sistema nervoso: o elemento sensitivo, o elemento motor e a célula.
Se se produzisse um movimento sem uma dessas condições, sem a participação de um desses elementos, não seria mais um movimento reflexo. Com efeito, todo movimento reflexo implica três coisas bem distintas:
1º. uma excitação do nervo sensitivo num lugar qualquer de seu comprimento;
2º. uma excitação do nervo motor que se traduz pela contração de um músculo;
3º. um centro que serve de transição e, por assim dizer, de traço de união desses dois elementos, de maneira a produzir a irritação do segundo, sob a influência do primeiro.”

153. Sabemos que a matéria viva é inerte, que não pode entrar em movimento por si própria; as ações automáticas são devidas sempre à irritação de um nervo sensitivo, que transmite a excitação a um nervo motor por meio da célula. É por esta forma que se executam os atos da respiração, da contração do coração, da digestão etc., nos quais a vontade não intervém habitualmente; entretanto, verificou-se que existe um ponto colocado no cérebro que modera as ações reflexas. A alma manifesta, por conseguinte, a sua presença sempre, quer de maneira direta, pelos movimentos voluntários, quer indireta, nas ações reflexas, pela intervenção dos centros moderadores.
154. A argumentação de Luys limita-se a afirmações desmentidas pela ciência, de sorte que seus raciocínios, apoiando-se em bases falsas, chegam a deduções em oposição formal à verdade. Nem a sensação, nem a fosforescência, nem o automatismo têm o sentido e o alcance que se lhes quer emprestar. É por meio dessas interpretações mutiladas que a teoria materialista parece ter uma força que efetivamente ela não possui.
155. Das teorias examinadas até agora, nenhuma dá a certeza de que a alma não seja uma entidade. Com um exame atento, deduz-se, pelo contrário, a convicção de que o espírito ou alma existe realmente e manifesta sua presença em todas as ações da vida. Nem os profundos conhecimentos químicos de Moleschott, nem o grande talento de sábios como Broussais, Buchner, Carl Vogt, Luys etc. são suficientes não só para invalidar a crença na alma como, simplesmente, para fazer duvidar de sua realidade.
156. Há um século temos a nosso alcance um poderoso instrumento de investigação que nos revela, de maneira formal, a existência da alma; queremos falar da ciência magnética. Nas discussões precedentes, ainda podem subsistir dúvidas no espírito de certos leitores. Mas, com os fatos fornecidos pelo magnetismo, separa-se a alma do corpo; ela dele se desprende e manifesta sua realidade por fenômenos surpreendentes; ela se afirma separada do seu invólucro carnal e se diz vivendo uma existência especial.
157. Esta é a razão pela qual nos ocuparemos, na segunda parte, dos fatos que deixam fora de dúvida a existência do eu pensante, da alma.
158. Muito tempo desconhecido, ridicularizado e mesmo perseguido, o magnetismo, como todas as grandes verdades, tem vida forte; longe de definhar ao sopro das perseguições, tomou um desenvolvimento considerável e se nos apresenta com seu cortejo de homens ilustres e eruditos, com milhões de experiências probantes, como para mostrar à Humanidade de que aberrações são capazes as corporações científicas.
159. Há hoje uma reação em seu favor. Em todas as partes, os jornais e as revistas médicas se ocupam com os fatos maravilhosos produzidos pelo hipnotismo, nome novo de que o magnetismo se revestiu. Ao abrigo desse pseudônimo, insinuou-se no santuário dos príncipes da ciência, que o não reconhecendo, a princípio, lhe fizeram boa acolhida; agora, porém, sabendo com que tratam, desejaria negar-lhe o parentesco estreito com o magnetismo, que continuam a proscrever.
160. Antes de estudar esse recém-chegado em capítulo especial, ocupemo-nos do magnetismo propriamente dito. Na primeira parte desta obra, ficou estabelecido que a ciência não autorizava ninguém a falar em seu nome, quando se trata de combater a existência da alma. Os mais eminentes fisiologistas reconhecem sua incapacidade para explicar a vida intelectual, sem a intervenção de uma força inteligente. A filosofia concluiu pela necessidade do princípio pensante; a experiência, por sua vez, prova à evidência, pelos processos do magnetismo, a presença da alma como potência diretriz da máquina humana.
161. Há um século pesquisas minuciosas se fazem nesse domínio. Homens sérios, convictos e dedicados mostraram que o charlatanismo não tem parte alguma nas verdadeiras ações magnéticas e que se achavam em face de uma modificação nervosa que era preciso estudar.
162. Puységur, Deleuze, Du Potet, Charpignon, Lafontaine e outros, homens de ciência e de incontestada honestidade, descreveram, em suas numerosas publicações, milhares de experiências verídicas, que constam em atas assinadas pelos nomes mais honestos e mais conhecidos. Negar hoje os fatos seria infantilidade ou má-fé.
163. A fim de mostrar nossa imparcialidade, só tomaremos, como demonstração da existência da alma, as experiências bem averiguadas; reportar-nos-emos, em grande parte, ao relatório sobre o magnetismo apresentado à Academia de Medicina, e lido nas sessões de 21 e 28 de junho de 1831, em Paris, por Husson, relator.
164. Os outros testemunhos serão tomados, ora a adversários das doutrinas espiritualistas, que não poderão ser acusados de complacência, ora a escritores especiais, que trataram destas questões, mas, neste caso, as suas narrativas se apoiam na autoridade de médicos, que as acompanharam em todas as suas fases.
165. A ciência magnética compreende certo número de divisões, conforme as diferentes categorias de fenômenos. Assinalaremos, aqui, os fatos que se relacionam com o desprendimento da alma, deixando de lado o aspecto terapêutico dessa ciência cultivada pelos nossos antepassados.
166. Sem fazer a história detalhada do magnetismo, podemos lembrar que ele foi conhecido em todos os tempos. Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes.
167. Os magos da Caldeia, os brâmanes da Índia curavam pelo olhar e por meio dele proporcionavam o sono. Ainda hoje, na Ásia, os sacerdotes estão de posse do segredo dos seus predecessores, e particularmente no Hindostão os faquires cultivam com êxito as práticas magnéticas, como relatam os viajantes que percorreram essas regiões.
168. Os egípcios colheram sua religião e seus mistérios na grande fonte da Índia; empregavam, no alívio dos sofrimentos, os passes e a aposição de mãos, como os executamos ainda em nossos dias. Cita Heródoto, em muitas passagens, os santuários onde iam ter os peregrinos, desejosos de curar-se com os remédios que os hierofantes descobriam em sonho. Diodoro de Sicília diz positivamente que os doentes chegavam em multidão ao templo de Ísis, para aí serem adormecidos pelos sacerdotes. A maior parte dos pacientes caíam em crise e indicavam, eles mesmos, o tratamento que os devia reconduzir à saúde.
169. O templo de Serápis, de Alexandria, era afamado, porque restituía o sono aos que dele se viam privados. Conta Estrabão que, em Mênfis, os sacerdotes adormeciam e nesse estado davam consultas médicas. A História está repleta das narrações de curas por esse processo. Arnóbio, Celso e Jâmblico ensinam em seus escritos que havia entre os egípcios, em todas as épocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposição das mãos e de insuflações, conseguindo, muitas vezes, fazer desaparecer doenças tidas como incuráveis.

Respostas às questões preliminares

A. Por que, apesar da renovação incessante das células do nosso corpo, a memória se mantém intacta?
Esse fato só se pode explicar admitindo-se a existência de uma força que não varia como a matéria na qual se registram os conhecimentos que adquirimos pelo trabalho. Esta força, essência imaterial, é a alma, que, apesar das negações materialistas, revela sua presença, por pouco que se estudem, imparcialmente, os fenômenos que se passam em nós. (O Espiritismo perante a Ciência, Primeira Parte, Cap. II - O materialismo positivista.)
B. Do exame isento de todas as teorias científicas apresentadas, que dedução se extrai com relação à existência da alma?
De acordo com Delanne, nenhuma das teorias examinadas nos dá a certeza de que a alma não seja uma entidade. Com um exame atento, deduz-se, pelo contrário, a convicção de que o espírito ou alma existe realmente e manifesta sua presença em todas as ações da vida. (Obra citada, Primeira Parte, Cap. II – O materialismo positivista.)
C. O magnetismo já era conhecido entre os povos da antiguidade?
Sim. Ele foi conhecido em todos os tempos. Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes, seja na Caldeia, na Índia ou no Egito. (Obra citada, Segunda Parte, Cap. I – O magnetismo e sua história.)

Observação:
Para acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-espiritismoperante-ciencia-gabriel_17.html




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