sábado, 28 de fevereiro de 2015

Carnaval e falência nacional


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amigos, como já lhes dissemos alhures, o carnaval veio para o Brasil com o nome de entrudo e aqui foi introduzido por nossos irmãos galegos. Interessante é que a palavra é formada pelas sílabas de car (carne), na (nada) e val (vale): carne nada vale.
Mas será que a carne nada vale, mesmo? Vá a um açougue, amiga, e peça um quilo de filé mignon, depois me diga quanto pagou pela carne. E aí, a carne nada vale mesmo ou vale o olho da cara?
Por falar em "olho da cara", dizem que, no carnaval, as pessoas se mascaram, mas há controvérsia. Um filósofo cujo nome não me lembra, no momento, garante que é o contrário, elas se desmascaram.
Sei que muitas pessoas vão ficar furiosas com este "médium psicógrafo", por externar meu pensamento a respeito dessa festa pagã, mas a verdade tem que ser dita. Para o país, pesados os prós e os contra desses dias, que na Bahia e no Nordeste, em geral, se transformam em semanas, os contra falam muito mais alto. E ainda mais agora, que a PETROBRAS, o BNDS, a Vale sambaram antes mesmo do carnaval e agora, também, nada valem. Que tragédia!
O que se gasta com a festa não compensa a vinda dos "gringos" para o Brasil, mesmo que o real tenha caído na real ante o dólar e agora pouco valha. O perigo de morrer esfaqueado, nas avenidas cariocas e outras mais, por este Brasil a fora é enorme. Assim, até mesmo as boas famílias desta terra tupiniquim ou vão para os salões sambar, onde há relativa segurança, ou ficam em casa, curtindo o desfile da Mangueira, da Beija-Flor, da Vai-Vai (campeã paulista), da Vila Izabel e até da rebaixada Mancha Verde (Que pena! Ainda bem que não sou palmeirense).
Então, meu caro amigo, não se iluda com a festa de rua, que de rua não tem mais nada, em nossos dias, a não ser trombadinhas, estupradores, bêbado, homens e mulheres despudorados. Mas isso nós vemos no Big Brother, como já dissemos crônica atrás.
Feito o balanço do que se gastou com o que foi arrecadado, avaliadas as consequências familiares para as dezenas de pessoas assassinadas, roubadas ou mortas em acidentes violentos, o que sobra do carnaval é mais lamento do que alegria.
A alegria real é a da família unida, que se reúne com outras famílias e participam de agradáveis encontros, nos quais as crianças brincam em segurança e os adultos conversam animadamente sobre diversos assuntos, inclusive... carnaval.
Este ano, o Brasil não vai crescer economicamente, já está certo, na previsão dos mais otimistas contadores e agentes econômicos. Para infelicidade maior, é o ano em que a seca nordestina se transferiu, de mala e cuia, para São Paulo; e o Rio de Janeiro, além do Centro Oeste, correm idêntico perigo.
Ainda assim, o povão brasileiro, em seu incorrigível otimismo e escracho com os usurpadores das nossas empresas e salários, cai na folia, como se nada visse, nada ouvisse e, consequentemente, nada soubesse. Se é que sabe de alguma coisa...
Mas, como diria Vítor Hugo, cuidado com as manifestações de revolta popular. Mais cuidado ainda com o grito de um povo que, durante séculos, vem sendo usurpado pelo coronelismo, voto de cabresto e urna eletrônica, cosa nostra.
Como ninguém é cabra, a não ser o paraibano, que, como todo nordestino, além de "cabra da peste", é "paraíba masculina, muié macho, sim senhor", uma hora dessas o "rebanho" estoura. Principalmente, sem a bolsa-família.
Depois não digam que não avisei!
Boa Quaresma para todos.
Saudações do Machado.




sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Jesus encarnou em um corpo físico ou teve somente um corpo fluídico?


Um leitor pergunta-nos: “Como nos colocarmos quando surgem dúvidas quanto à formação do corpo de Mestre Jesus? Jesus encarnou em um corpo físico? Jesus utilizou um corpo fluídico (agênere)?”
Há no meio espírita duas correntes diametralmente opostas quanto à discussão sobre a natureza do corpo que Jesus utilizou em sua estada entre nós, como filho de Maria de Nazaré.
Uma corrente, com fundamento na obra Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing, crê firmemente que Jesus valeu-se tão somente de um corpo fluídico, ou seja, teria sido um agênere.
A outra corrente, fundamentada na obra A Gênese, de Allan Kardec, entende que Jesus teve sim, como todos os homens, um corpo material, além do corpo fluídico inerente às criaturas humanas.
Aliam-se à corrente kardequiana escritores de renome no meio espírita, como José Herculano Pires, Carlos Imbassahy e Deolindo Amorim, entre outros.
Os argumentos utilizados por Allan Kardec podem ser vistos no cap. XV, itens 64 a 66, do livro A Gênese, sua última obra publicada em vida, fato que se deu em 1868. Kardec, como se sabe, desencarnou em 31 de março de 1869.
Pela lógica e pela racionalidade de sua exposição, aliamo-nos também ao pensamento do Codificador do Espiritismo, que reproduzimos em seguida:

64. O desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina.
Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pôde desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres. (Cap. XIV, nº 36.) Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
65. A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida. Desde o seu nascimento até a sua morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos. Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo.
Por virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre não é o corpo, é o Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente.
66. Aos fatos materiais juntam-se fortíssimas considerações morais. Se as condições de Jesus, durante a sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. Se tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que lhe afastasse dos lábios o cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo, até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão, de um ser tão superior. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade. Tais as consequências lógicas desse sistema, consequências inadmissíveis, porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência. (A Gênese, itens 64, 65 e 66.)

No texto acima é importante atentar para este trecho: “Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados”.
Eis, quanto a essa assertiva, uma prova mais que evidente, narrada pelo evangelista João:

E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras?
Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas?
Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria!
Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre.
Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. (João, 20:11-18.)

O episódio narrado por João comprova dois fatos:
1º - que havia notável diferença entre o corpo de Jesus que Maria Madalena conhecera de perto e o corpo de Jesus pós-crucificação;
2º - que o corpo de Jesus pós-crucificação, além de diferente do outro, a ponto de não ter sido reconhecido por Maria, não continha as marcas de sangue e os ferimentos que lhe foram causados por seus algozes.
A conclusão é óbvia e fácil: o corpo de Jesus pós-crucificação era seu corpo espiritual ou perispírito, em uma manifestação vaporosa ou tangível, tal como já foi verificado em inúmeros casos relatados na literatura espírita, dos quais os exemplos mais significativos foram as materializações de Katie King, entidade espiritual que foi examinada e fotografada pelo cientista inglês Sir William Crookes. Sobre o caso Katie King, o leitor pode obter outras informações no texto publicado na edição 59 da revista “O Consolador”. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano2/59/classicosdoespiritismo.html



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pílulas gramaticais (143)


Está certo dizer: “Hoje são 21 de julho”?
Ou o certo é: “Hoje é 21 de julho”?
Segundo os estudiosos do nosso idioma, a primeira frase está correta, porque em construções desse tipo o verbo deve concordar com o número que lhe vem à frente, ficando no singular apenas quando o número for 1.
Exemplo: Hoje é 1º de setembro. Hoje são 21 de julho.
Como a forma sugerida não soa bem foneticamente, é interessante empregar na frase a palavra “dia”, porque nesse caso o verbo, em concordância com ela, ficará no singular.
Exemplos: Hoje é dia 21 de julho. Hoje é dia 4 de setembro.

*

Um leitor perguntou-nos se as abreviaturas são também acentuadas. Depende do caso, ou seja, se a palavra que se quer abreviar é graficamente acentuada, sua abreviatura também o será.
Exemplos:
página / pág.
Gênero / gên.
Número / núm.
Álgebra / álg.




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Pérolas literárias (92)


Tempo e morte

Juvêncio de Araújo Figueredo


Sim!... Minha alma partira e os Espaços buscara,
Lá onde esplende a Luz em perenal transporte,
E viu que Alguém pintou na imensa tela clara,
Sem pincel e sem tinta, o Amor de norte a norte.

Hoje sei que, na Terra, a quem não se prepara
Na oficina do Bem que instrua e reconforte,
Abre-se a escarpa hostil de nova senda ignara
Em que a Vida ressurge atormentando a Morte.

Foge o Tempo, a sumir sorrateiro e calado...
No ergástulo de carne o Espírito enlanguesce
Entre o sol do Porvir e as brumas do Passado.

A idear no Infinito amplas visões sonoras,
Quisera, transfundindo o coração em prece,
Exaltar para o Mundo a grandeza das horas!...



Juvêncio de Araújo Figueredo nasceu em Desterro, atual Florianópolis, Santa Catarina, em 27 de setembro de 1864 e faleceu na mesma cidade em 6 de Abril de 1927. Grande amigo e discípulo de Cruz e Souza, foi membro da Academia Catarinense de Letras e do Centro Catarinense de Letras. Segundo Osvaldo F. de Melo. (Int. Hist. Lit. Cat., pág. 119), Araújo Figueredo, na última década de sua vida, encontrou na filosofia espírita um porto para seus anseios místicos e um céu para seus voos metafísicos. O soneto acima faz parte do livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.



terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O bem sempre será o progresso diante da vida


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Muitos acontecimentos que, num tempo mais recente ou não, chocaram, abateram, dizimaram boa parte da humanidade, pela mesma razão, mas com um aspecto mais contemporâneo, ainda se repetem, desorientam e debilitam tristemente a nação humana.
Os conflitos se modificam, no entanto, a sua sustentação, causa e continuidade são as mesmas desde o remoto tempo: egoísmo e orgulho.
E a presente data mostra tão nitidamente as inúmeras lições sem aprendizado na cartilha da vida, esta que sempre procura ensinar por meio das observações e dos exemplos, pois nem tudo se necessita passar a fim de que o espírito aprenda.
Sem questionamentos do notável número de boas realizações e grandes conquistas, porém, as desarmônicas ocorrências estão incomodando uma maior soma de seres e isso é o passo para o progresso.
Infelizmente ainda o que se percebe são as duas mesmas razões em todos os sofrimentos. Enquanto não se aprender o novo conteúdo de bondade não haverá mérito para seguir a estrada do adiantamento.
As câmaras de gás e as grandes guerras dão lugar à violência incontida; à falta de estrutura aos mais carentes, gerada, pelo desinteresse de governantes; ao abuso do poder, posição social, hierarquia somente com validade ilusória no território terreno, pois quando se deixa o instrumento veicular denominado corpo físico e o espírito segue a sua jornada, o percurso na dimensão real, só mesmo o amor maior para fortalecer esse espírito devedor e tão corrompido.
Toda essa história não se modifica em um só amanhecer, mas pode num novo raiar de sol começar a trilhar uma melhor e tão mais feliz história. Olhe o céu, a infinitude está presente e já se pode iniciar o encurtamento da dor, ao mesmo tempo, aumentar o período imediato para a felicidade verdadeira acompanhada da humildade e caridade. Os que tanto causaram dor são rememorados com pesar e tristeza, então que venha, para a história, o maior número possível de grandes homens por seus eminentes feitos benfazejos. Sempre haverá dignas oportunidades para o nobre e bondoso coração.
Se os atos negativos do passado enevoaram a estrada, impossibilitando a percepção das lindas e dóceis flores, então, que a estrada de agora se apresente limpa com o colorido estimulante e sem mais nenhum antigo horror disfarçado por outra roupagem. Independente se é dia ou noite, o bem, que é a ramificação do amor, a mais eminente das energias, sempre será o bem e a sua antítese carregará a energia negativa de seu próprio início.
Ações egoístas e maldosas originaram traumas que atravessaram séculos e enclausuraram infindáveis quantidades de espíritos que foram almas e já voltaram a ser espíritos tantas vezes, e ainda sofrem por não conseguirem se livrar da sensação de sofrimento experienciada.
A vida é ação magnânima e presente incomparável e a forma mais bela e reconhecida de vivê-la é deixar rastro de luz e felicidade, ocasionado, pelo amor que restaura, fortalece, ampara, constrói, emana o progresso de todas as formas possíveis e pacifica os corações mais perversos levando-os à compreensão dos duros atos e ao ressarcimento pela infelicidade provocada.
Sabe-se que o orgulho é ferida dolorosa do espírito que necessita se curar. No fervor das emoções e no desequilíbrio das atitudes, muitas vezes, as paixões humanas são mais vigorosas e decisivas, no entanto, no silêncio solitário, a consciência, ligada ao universo, cobra incansavelmente os débitos acumulados ao longo dos dias.
Quando os possíveis futuros pensamentos incoerentes forem percebidos antes de ganharem vida, melhor deixá-los sem espaço e nem razão para o seu acontecimento. E que os erros passados possam se tornar reais exemplos a não mais serem cultuados e nem repetidos, pois maldade é retrocesso, prisão e amargura e o progresso está à frente, é agradável e traz a mais nobre garantia: a liberdade tranquila da centelha divina.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

As mais lindas canções que ouvi (129)



Amigos para Sempre

(Friends for Life)

Andrew Lloyd Webber e Don Black

(Versão brasileira de Carlos Cezar e Sônia Mara)


Eu não tenho nada pra dizer
Você parece no momento até saber
O quanto eu estou sofrendo.
Vem, veja através dos olhos meus
A emoção que sinto em estar aqui
Sentir seu coração e amando.

Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre
(bis)

Você pode estar longe, muito longe, sim
Mas por te amar sinto você perto de mim
E o meu coração contente
Não nos perderemos, não te esquecerei
Você é minha vida, tudo que sonhei
E quis para mim um dia

Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre
(bis)


A canção acima foi composta para os Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona e interpretada por Sarah Brightman e José Carreras na cerimônia de encerramento dos Jogos. A versão brasileira é de Carlos Cezar e Sônia Mara.
Você pode ouvi-la na voz dos seguintes intérpretes:
André Rieu e seus cantores - https://www.youtube.com/watch?v=-o6zyvSx0j8
Sarah Brightman e José Carreras - https://www.youtube.com/watch?v=DNSVGMfzZEQ




domingo, 22 de fevereiro de 2015

O apego aos bens é um obstáculo real ao nosso progresso


A doutrina espírita, pela voz de seus inúmeros autores encarnados e desencarnados, é bem clara quando trata do tema propriedade.
De que somos realmente proprietários no mundo em que vivemos?
Pascal (Espírito) a isso se refere numa mensagem publicada por Allan Kardec no cap. XVI, item 9, de seu livro O Evangelho segundo o Espiritismo.
Diz Pascal:

“O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura.” Pascal. (Genebra, 1860.) (Grifamos.)

A compreensão do ensinamento acima teria grande influência nas relações interpessoais e no progresso individual e coletivo, se essa ideia fosse assimilada e aceita pelas criaturas humanas.
A busca incessante da riqueza e o uso de meios ilícitos para obtê-la não mais teriam razão de existir, porque todos entenderiam qual é, em verdade, o propósito de nossa passagem pela experiência reencarnatória.
Inteligência, conhecimentos, qualidades morais – eis o que, segundo a visão espírita, constitui a nossa real propriedade, a bagagem que, por conseguinte, poderemos levar para a chamada pátria espiritual e as futuras existências corporais que nos aguardam.
A experiência de Zaqueu narrada pelo evangelista Lucas é, nesse sentido, expressiva.
Recordemos o caso:

“Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.
Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...
Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo.
Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Lucas, 19:1-10.)

Por que, ante a decisão de Zaqueu, Jesus declarou: “Hoje entrou a salvação nesta casa”?
Não é difícil entender a frase dita por Jesus. Zaqueu, um homem abastado, dava naquele momento um sinal claríssimo de desapego, entendendo finalmente que os bens que Deus nos concede a título de usufruto não podem servir tão somente a nós e à nossa prole, mas devem servir a todos.
Se vieram às nossas mãos, cabe-nos o dever de bem utilizá-los, certos de que do emprego que lhes dermos teremos de prestar contas e que, no retorno à pátria espiritual, levaremos somente os bens que realmente nos pertencem – inteligência, conhecimentos, qualidades morais –, fato que por si só demonstra  que o apego aos bens materiais é um equívoco e um obstáculo real ao nosso progresso.



sábado, 21 de fevereiro de 2015

A história de uma música


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Muito prazer em vos rever! Vós estais bonita, muito elegante, mais jovem e tão cheia de vida... Eu ainda falo de flores e declamo vosso nome...
— O que é isso, meu caro M., estais tão romântico hoje!... Ainda pareceis o mesmo poeta de outrora, exceto na aparência física, um pouco encanecida...
— É minha cara, eu mudei minha cara, mas por dentro eu não mudo. O sentimento não para, a doença não sara, pois vosso amor ainda é tudo, tudo...
— Desculpai-me, amigos, a intromissão em vossa conversa, mas, dizei-me, M., o que ocorreu nos últimos quinze anos em que entrastes na política?
— Saí de lá, Machado, sem qualquer chance de arrumar ocupação, na mídia, que tantas glórias me havia proporcionado. Um dia, porém, após uma apresentação circense, no interior de Minas Gerais, um jovem alto, todo encharcado pela chuva grossa que caía a rodo, veio a mim e me perguntou:
— Senhor, M., somos de uma dupla sertaneja e gostaríamos muito de gravar uma composição sua. O senhor nos autoriza?...
— Naquele momento, autorizaria qualquer coisa, como até hoje ainda o faço.
— E daí?
— Daí, Machado, ele saiu saltitando numa alegria imensa. Foi quando percebi, no gesto de gratidão daquele homem, acender-se uma luz no final do circo.
— Ora, M., o que essa história tem a ver com o nosso passado?
— Tem a ver, Afrodite, com algumas conclusões tiradas por mim, a partir dali, e também com o imenso sucesso, em minha carreira profissional, desde então.
— A que conclusões chegastes, M.?
— A primeira delas, "Frô" é a de que "quando a noite está mais escura é porque o dia está para amanhecer"; e a segunda é que "o mais importante no ser humano não é o cérebro, nem o coração..."
— Seria o fígado, amigo M.?
— Não, meu caro Machado, é o ombro. Um ombro amigo pode mudar muitas vidas, inclusive a nossa.
— Mas M., por que o direito autoral de uma simples música mudaria tantas vidas?
— Porque a letra musical cedida àquela dupla vendeu mais de 2,5 milhões de discos; e até hoje faz sucesso, quando gravada por outros cantores. Depois disso, amada "Frô", a dupla conquistou oito discos de ouro cantando minhas músicas. Minha vida profissional havia recomeçado naquele dia...
— Meu genial artista, M. F., qual é essa dupla sertaneja que tanto sucesso fez com vossa música e vos tirou o pé da lama?
— João Mineiro, de saudosa memória, e Marciano, grande Machado...
— E qual é a vossa melodia tão bela que vendeu mais de três milhões de discos, se os somarmos às gravações de Bruno e Marrone e outros cantores, ó amado Moacir Franco?
— Após sua citação do nome completo deste compositor da música, até o pronome de tratamento desta crônica muda... Anote, então, Afrodite: "Seu Amor Ainda é Tudo"!
— Queremos ouvi-la... Queremos ouvi-la...

Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Pílulas gramaticais (142)


Aqui estão algumas frases, locuções ou expressões muito usadas e, no entanto, incorretas:
1.      Às expensas de
2.      Em alto e bom som
3.      Duzentas gramas
4.      O garoto puxou o pai
5.      Almoço ao meio-dia e meio
6.      Benvindo a Gramado
7.      Simpatizei-me com ela
8.      Meu óculos sumiu
9.      De formas que
10.  João raspa a barba todo dia
11.  Ao ponto de chorar
12.  Minha vizinha é pão-dura
13.  Vive às custas do pai.

Feitas as correções, ei-las:
1.      A expensas de
2.      Alto e bom som
3.      Duzentos gramas
4.      O garoto puxou ao pai
5.      Almoço ao meio-dia e meia
6.      Bem-vindo a Gramado
7.      Simpatizei com ela
8.      Meus óculos sumiram
9.      De forma que
10.  João rapa a barba todo dia
11.  A ponto de chorar
12.  Minha vizinha é pão-duro
13.  Vive à custa do pai.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Os penitentes encontram também o seu dia de graças...


Concluímos na terça-feira à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), os estudos do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, as matérias estudadas na derradeira reunião.

Questões para debate

A. Aída percebeu naquele momento que estava diante de Druso e Silas?
B. Que providências Druso tomou em seguida?
C. Que solução foi arquitetada, na sequência, para o caso Druso-Aída?

Texto para leitura

128. O reencontro com a madrasta – Druso jazia entregue a lágrimas copiosas. Silas passou, então, a socorrer a infeliz. "Como te chamas?", perguntou-lhe o Assistente. "Aída", respondeu a entidade. Silas então indagou-lhe, com voz trêmula: "Aída, se és a esposa de Druso, como nos fazes crer, não te recordas de mais alguém? De mais alguém que te partilhasse no mundo a vida no lar?" Oh! sim... – retrucou a interlocutora com indizível carinho – lembro-me... lembro-me... Meu esposo trazia um filho das primeiras núpcias, um jovem médico de nome Silas..." Em seguida, dando a perceber a extrema fixação mental a que se ajustava, exclamou sussurrante: "Onde está Silas que também não me ouve? A princípio... contrariava-se com a minha presença... Entretanto... com o tempo... tornou-se-me um filho do coração, condescendente amigo... Silas!... sim... sim... quem me fez recordar o passado?!..." A surpresa de André era enorme, sobretudo quando viu que Druso e Silas caíram de joelhos em pranto insofreável. Num átimo, ele e Hilário entenderam tudo, rememorando a noite inolvidável em que Silas lhe falara de sua história. A pobre dementada era Aída, a madrasta sofredora. Somente então percebiam que o diretor e o Assistente haviam sido, na Terra, pai e filho. Druso, num gesto enternecedor, recolheu Aída nos braços generosos e, genuflexo, após conchegá-la de encontro ao peito, exclamou para o Alto, com voz sumida em lágrimas: "Obrigado, Senhor!... Os penitentes como eu encontram igualmente o seu dia de graças!... Agora que me devolves ao coração criminoso a companheira que envenenei no mundo, dá-me forças para que eu possa erguê-la do abismo de sofrimento a que se precipitou por minha culpa!..." Os soluços embargaram a voz do diretor, enquanto vasto jorro de safirina luz fluía do teto, como se a Infinita Bondade respondesse, de imediato, à comovente súplica. Silas, muito abatido, ajudou-o a levantar-se e ambos se afastaram, carregando consigo aquele trapo de mulher, com a emoção de quem conquistara valioso troféu. (Cap. 20, pp. 267 e 268)

129. Druso despede-se para reencarnar – No dia seguinte, Silas estava envolto da alegria misteriosa de quem havia solucionado um problema longamente sofrido. Druso e ele tinham sido pai e filho na última existência. Havendo ambos recebido a necessária permissão para trabalhar em busca de Aída, cuja perda haviam provocado, devotaram-se ao serviço da Mansão, sob o beneplácito de amigos do Plano Superior. Ao preço de tremendas lutas, chegaram a conquistar amizades sólidas e experiências notáveis, mas a recordação da jovem sacrificada constituía-lhes envenenado acúleo nos refolhos do ser. Era necessário a ambos ressarcir o infamante débito. Esperançoso, ele contou então que dentro de três dias seu pai deixaria o encargo de diretor da instituição, alçando-se à companhia de sua mãe, para juntos regressarem à carne. Seu pai partiria primeiro, pouco depois sua mãe o seguiria e, mais tarde, ele, como primogênito, e Aída renasceriam como filhos de Druso e sua esposa, que renunciara à alegria da ascensão imediata, em benefício deles. Hilário perguntou se ele permaneceria na Mansão. Silas respondeu: "Não. Com o afastamento de meu pai, obtive permissão para ingressar em grande educandário, no qual me habilitarei para as novas tarefas na medicina humana, com vistas à minha próxima romagem terrestre". Três dias depois, em grande recinto da Mansão Paz, Druso e Silas despediram-se dos amigos. O enorme salão estava repleto. No largo estrado, em que se destacava a direção, Druso aparecia ao lado do Instrutor Aranda, que iria substituí-lo, e da esposa querida, a mesma que lhe ofertara no mundo os sonhos doces do primeiro matrimônio e cujos olhos serenos exprimiam irradiante bondade. Outros benfeitores, incluindo Silas, ali também se encontravam, atenciosos e emocionados. Na multidão dos ouvintes, André e Hilário renteavam com os assessores e funcionários do grande hospital-escola, ao pé de mais de trezentos internos. Todos os enfermos, abrigados e servidores vinham trazer a Druso preciosos testemunhos de reconhecimento, e as manifestações comovedoras multiplicavam-se, incessantes. (Cap. 20, pp. 269 e 270)

130. Despedidas – Enquanto música leve nascia de instrumentos ocultos, espalhando-se em surdina, todos os doentes, em fila movimentada, queriam dizer uma palavra ao abnegado Instrutor que os acolhera, generoso. Velhinhos trêmulos abençoavam-lhe o nome, irmãs, cujo aspecto falava de laboriosa renovação, ofertavam-lhe as flores torturadas e tristes que o clima inquietante da Mansão era capaz de produzir, entidades diversas, recuperadas ao hálito de seu incansável devotamento, endereçavam-lhe expressões respeitosas e amigas, enquanto jovens inúmeros lhe osculavam as mãos... Druso possuía para todos uma frase de enternecimento e carinho. O novo diretor, após a cerimônia simples de transmissão de responsabilidades, levantou-se e prometeu dirigir a casa com lealdade a Nosso Senhor Jesus-Cristo. Em seguida, Druso ergueu-se e rogou permissão para orar à despedida, e todas as frontes penderam silenciosas, enquanto a voz dele se elevou para o Infinito, à maneira de melodia emoldurada de lágrimas. Em sua rogativa, Druso agradeceu a Jesus tudo o que lhe fora proporcionado naquela Casa e pediu ao Mestre que o acompanhasse, com a graça de sua bênção, no momento em que retornava à esfera dos homens. "Não permitas – rogou o Instrutor – que o reconforto do mundo me faça esquecer-te e constrange-me ao convívio da humildade para que o orgulho me não sufoque. Dá-me a luta edificante por mestra do meu resgate e não retires o teu olhar de sobre os meus passos, ainda que, para isso, deva ser o sofrimento constante a marca de meus dias." (Cap. 20, pp. 270 a 273)

Respostas às questões propostas

A. Aída percebeu naquele momento que estava diante de Druso e Silas?
Não. A prova disso é que, mesmo quando conversava com Silas, evidenciando a extrema fixação mental a que se ajustava, ela perguntou ao Assistente: "Onde está Silas que também não me ouve?” A surpresa de André diante do fato era enorme, sobretudo quando viu que Druso e Silas caíram de joelhos em pranto insofreável. Foi então que ele e Hilário entenderam tudo, rememorando a noite inolvidável em que Silas lhe falara de sua história. A pobre dementada era Aída, a madrasta sofredora, e Druso e Silas haviam sido, na Terra, pai e filho, responsáveis diretos pela morte dela. (Ação e Reação, cap. 20, pp. 267 e 268.)

B. Que providências Druso tomou em seguida?
Primeiro, ele recolheu Aída nos braços generosos e, genuflexo, após conchegá-la de encontro ao peito, exclamou para o Alto, com voz sumida em lágrimas: "Obrigado, Senhor!... Os penitentes como eu encontram igualmente o seu dia de graças!... Agora que me devolves ao coração criminoso a companheira que envenenei no mundo, dá-me forças para que eu possa erguê-la do abismo de sofrimento a que se precipitou por minha culpa!..." Os soluços embargaram a voz do diretor, enquanto vasto jorro de safirina luz fluía do teto, como se a Infinita Bondade respondesse, de imediato, à comovente súplica. Silas, muito abatido, ajudou-o a levantar-se e ambos se afastaram, carregando consigo aquele trapo de mulher, com a emoção de quem conquistara valioso troféu. (Obra citada, cap. 20, pp. 267 e 268.)

C. Que solução foi arquitetada, na sequência, para o caso Druso-Aída?
Segundo Silas, dentro de três dias seu pai deixaria o encargo de diretor da instituição, alçando-se à companhia de sua mãe, para juntos regressarem à carne. Druso partiria primeiro, pouco depois a mãe de Silas o seguiria e, mais tarde, ele, como primogênito, e Aída renasceriam como filhos de Druso e sua esposa, que renunciara à alegria da ascensão imediata, em benefício deles. Quanto a Silas, ele próprio informou: "Com o afastamento de meu pai, obtive permissão para ingressar em grande educandário, no qual me habilitarei para as novas tarefas na medicina humana, com vistas à minha próxima romagem terrestre". (Obra citada, cap. 20, pp. 269 e 270.)


N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2015/02/ha-na-vida-dor-evolucao-dor-expiacao-e.html



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Pérolas literárias (91)


Poema da amargura e da esperança 

Hermes Fontes

Falar-vos de martírios e tormentos
É perpetrar amargas redundâncias,
Redizer minhas mágoas, minhas ânsias,
Renovar minhas síncopes de dor...
Não sorvo mais os tóxicos violentos
Do desespero e da melancolia,
Após a derrocada
Das construções de um sonho superior.

Tudo outrora, Senhor,
Na minha pobre vida abandonada,
Era o tédio cruel que me impedia
De vislumbrar a claridade intensa
Da luz do sol puríssimo da crença.
Tudo em volta de mim era a cegueira,
Que torturou a minha vida inteira,
Que me seguiu o espírito ambicioso!

A carne é pobre e é cheia de fraqueza,
Simbolizando o ciclo tenebroso
Das sínteses de dor da Natureza.
E a carne subjugou-me inteiramente,
Fez-me fraco e descrente,
E transformou a minha mocidade
Num montéo de ambições, de fama e glória,
Adormeceu-me aos cantos da vaidade
E me afastou da estrada meritória
Da crença e da bondade...

Misericordiosíssimo Senhor!
De tortura em tortura amargurado,
O meu frágil espírito inferior
Viu-se presa de trevas, no passado,
E a desgraça suprema o amortalhou.
 Tudo sofri, de dor e de miséria,
Mas a tua bondade me levou
A esquecer a influência deletéria
Da carne passageira...
Rompeste a minha venda de cegueira
E divisei o excelso panorama
Do Universo infinito, que Te aclama
Como a fonte do amor ilimitado!

Relevaste, meu Deus, o meu pecado
E pude ouvir as harmonias puras
Que equilibram os mundos nas alturas!...
Cheio de amaridúlcida ansiedade,
A esperança o espírito me invade
Aguardando das lágrimas futuras
A minha redenção...
Que a confiança, pois, em Ti me anime,
Que no porvir a dor bela e sublime
Jorre em minhalma a luz da perfeição.


Hermes Fontes nasceu em 1888 na Vila de Boquim, em Sergipe, e suicidou-se no Rio de Janeiro em 26 de dezembro de 1930. Poeta de grande relevo emocional, deixou firmada sua personalidade literária, tendo publicado Apoteoses, Gênese, Lâmpada Velada e Fonte da Mata, seu último livro. O poema acima integra o livro Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Cada pessoa: um templo sagrado


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Respeito.
Acolhida.
Amor.
Paciência.
Meditação.
Paz.
Discernimento.
Vida.
São algumas das boas energias encontradas num templo dirigido pelas mãos de Deus, Senhor absoluto.
Se o espírito é centelha divina, ele deveria desenvolver e adquirir esses nobres sentimentos e atitudes. Cada pessoa é um templo inseparável de si, por isso é melhor se harmonizar consigo conquistando esses grandiosos benefícios buscados e encontrados num local religioso do que continuamente sofrer inenarráveis agonias e padecimentos causados pelo desequilíbrio, destempero e distanciamento das emoções amorosas e verdadeiras.
Sem dúvida, a energia que se encontra nas casas religiosas, ou seja, as que estão sob a luz divina, é renovadora e curadora; pois bem, todas essas nobrezas podem ser despertadas em cada espírito, alma, corpo. Todos possuem a mesma formação e derivação, porém, com seus débitos e créditos conquistados ao longo do tempo das existências.
O respeito é alicerce para a evolução. Quando ele está presente há tolerância, entendimento; a luz do progresso passa a iluminar o caminho e é tão necessário o respeito pela vida, pelo próximo, faço questão de ressaltar, e por si mesmo. Tudo deve iniciar no coração e a partir daí difundir. Se há no coração também há verdadeiramente para compartilhar.
A acolhida é outro fator preponderante; quando se é carinhosamente recebido no templo, a segurança surge e os olhos começam a brilhar, embalados, no abraço confiante. Assim é para o espírito, para a alma que necessita também sentir o próprio acolhimento.
E o amor, maior dos sentimentos, como é essencial e imprescindível senti-lo, criá-lo, propiciá-lo ao mundo e a si mesmo. O templo individual é a extensão do universo total e toda vida carece de amor.
Vem a paciência e apazigua a irritabilidade, evita sofrimentos e estende a mão da caridade do saber ouvir, do compreender sem antes ser compreendido; a paciência faz renascer a mansidão que também o próprio eu precisa sentir.
Com o espírito mais calmo, a meditação, proximidade com o divino, inicia o trabalho benfazejo do individual para o coletivo. O universo precisa de tranquilidade, o Planeta necessita asserenar-se para conquistar o estágio almejado.
Paz... abençoado sentimento que acomoda todas as outras sensações nos seus devidos lugares, deixa o espírito em estado pleno para querer se melhorar e progredir, pois passa a compreender os valores absolutos de cada ocasião. É encontrada quando o coração está harmonizado com o dever no caminho reto.
E os pés alcançam degraus mais elevados quando o coração adquire o discernimento, luz para a estrada, benefício próprio e coletivo. Quantas interrogações são desfeitas a partir do instante em que o entendimento passa a esclarecer a escuridão da ignorância.
Sim, e a vida está em todos os lugares, quanto mais disposto estiver o templo a recebê-la, então, assim, mais ela o preencherá.
Cada alma, estágio do espírito, é um templo que pode desenvolver essas maravilhosas energias e deixá-las permanentes. Com respeito, acolhida, amor, paciência, meditação, paz, discernimento tão mais se sentirá a vida. E isso tudo o espírito deve buscar em si, pois é centelha divina. Cada um pode ser um local sagrado, morada de bem-estar e luz.
Cuidemos de nossos templos, pois da maneira como vamos tratá-los será a idêntica forma com a qual nos retribuirão. E não adianta esmorecer, chorar e revoltar-se, é a lei universal.
Que cada templo pessoal seja abençoado, protegido e iluminado com a energia mais linda e amorosa... seja bendito com a luz magnânima e eterna de Deus.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

As mais lindas canções que ouvi (128)


As Pastorinhas

Noel Rosa e João de Barro (Braguinha)


A Estrela Dalva
No céu desponta
E a Lua anda tonta
Com tamanho esplendor...
E as pastorinhas,
Pra consolo da Lua,
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor:

– Linda pastora,
Morena da cor de Madalena,
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar.
Linda criança, tu não me sais da lembrança,
Meu coração não se cansa
De sempre e sempre te amar...



Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo, clicando no link correspondente: