sexta-feira, 26 de julho de 2024

 




Comunicações mediúnicas entre vivos

 

Ernesto Bozzano

 

Parte 25

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires e publicado pela Edicel.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo será publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Um sensitivo clarividente, além de ver à distância, pode ter acesso a fatos passados da vida de outra pessoa? 

B. Quer dizer então que a clarividência telepática não se limita a fatos ocorridos no mesmo momento, à chamada “clarividência no presente”? 

C. Que condições são necessárias à ocorrência dos fenômenos de “clarividência telepática”?

 

Texto para leitura

 

341. Eis um segundo exemplo do mesmo gênero, relatado pelo célebre estadista suíço Zshokke, que possuía qualidades excepcionais de sensitivo clarividente:

Sucede-me frequentemente que, ao esbarrar pela primeira vez com uma pessoa desconhecida e enquanto, em silêncio, eu escuto as suas palavras, vejo passar diante de meus olhos, sem procurar, e perfeitamente distinta, uma visão da sua vida passada, enquadrada no ambiente em que se desenrolou, porém quase sempre vejo uma cena principal de sua vida e nada mais. Quando isso acontece, sinto-me de tal modo absorvido na contemplação da visão que se desenvolve na minha frente, que quase não percebo mais o vulto da pessoa que me fala, embora continue contemplando o seu rosto, bem como não ouço mais a sua voz. Durante muito tempo eu tive menos confiança do que qualquer outro na veracidade de tais visões e, quando me decidia a revelar ao meu interlocutor o que estava vendo a seu respeito, esperava naturalmente ouvi-lo responder-me: “Nada disso é verdade”, e muitas vezes sentia um calafrio de horror percorrer-me os ossos quando o interlocutor respondia confirmando a minha descrição, mas, outras vezes, o espanto que lhe aparecia no rosto punha-me informado da exatidão da minha visão antes que ele a confirmasse. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

342. Eis como ele relatou um desses fatos que mais o impressionaram:

O incidente que passo a relatar foi um dos que mais me pasmaram: Cheguei certo dia à pequena cidade de Waldshut e fui hospedar-me no hotel Vine Inn, em companhia de dois jovens estudantes. Jantamos na Table d’Hôte, juntamente com numerosos outros viajantes que davam grandes gargalhadas quando se falava no Magnetismo de Mesmer e na Fisiognomia de Laváter (estudo do caráter de uma pessoa pelos traços fisionômicos). Um dos meus companheiros, que se sentia ofendido no seu orgulho nacional por aquelas risadas estúpidas, pediu-me que os contestasse e especialmente que fizesse calar um jovem que estava sentado na minha frente e que, mais do que qualquer outro, se permitia debochar e proferir ditos espirituosos contra os nomes desses dois grandes homens. No mesmo instante tive uma visão da vida do jovem e por isso lhe dirigi a palavra, perguntando-lhe se podia estar certo de que ele me responderia sinceramente se eu lhe revelasse coisas notáveis do seu passado, embora me fosse desconhecido, fazendo-lhe notar que, se eu obtivesse bom resultado, seria ir muito mais longe do que Laváter com os seus estudos.

Ele me prometeu que se as minhas revelações estivessem corretas, ele o confirmaria sem restrições. Então lhe descrevi tudo o que me havia aparecido na visão e todos os presentes ficaram, desse modo, informados da vida passada de um jovem viajante comercial a começar dos seus anos de escola para passar pelos seus muitos erros juvenis e terminar com uma falta muito mais grave com relação ao cofre de seu chefe e lhe descrevi ainda um quarto sem móveis, com as paredes caiadas de branco, onde à direita de quem entrava, em cima da mesa, se achava um pequeno cofre preto, etc., etc.

Durante a minha narração, um silêncio mortal reinava no ambiente, silêncio esse que só era por mim interrompido de vez em quando para interrogar o meu interlocutor se estava correta a minha descrição. O jovem, cheio do maior espanto, não fazia outra coisa senão confirmar as minhas palavras, todas as vezes que eu o interrogava, com frequentes movimentos da cabeça, o que fez também – e isso eu não esperava – quando lhe descrevi o último quadro. Surpreendido e comovido pela sua sinceridade, levantei-me e fui apertar-lhe a mão, do outro lado da mesa.

Dir-se-ia que cada homem traz consigo a história completa de sua vida como se ficasse escrita, em caracteres espirituais, em sua mente, onde outra pessoa, em “relação psíquica” com ele, pode lê-la. (William Howitt – History of the Supernatural, Vol. I, págs. 99/100). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

343. Também quanto a este segundo episódio, deve-se observar o que foi dito com relação ao primeiro, isto é, que os informes sobre a existência passada da pessoa submetida à indagação do sensitivo representam as coisas mais salientes do seu passado e, acima de tudo, dizem respeito exclusivamente à pessoa em questão e nunca a terceira pessoa que ele tenha conhecido quando viva. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

344. Passo a narrar um exemplo igualmente notável de leitura a distância em subconsciências alheias (clarividência telepática). O célebre mitólogo Andrew Lang em sua obra intitulada The Making of Religion (págs. 83/104) relata experiências de “visão no cristal” por ele feitas com a distinta senhorita inglesa Angus, que possuía delicados dotes dessa categoria de visões supranormais. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

345. Entre outras coisas, narra ele o seguinte episódio:

A última visão que apareceu no cristal interessava muito à sensitiva, mas desapareceu para dar lugar à aparição de uma senhora vestida com um penteador e deitada em um sofá, com os pés descalços. A Srta. Angus não conseguia distinguir o rosto dela, porque a imagem lhe aparecia voltada de costas, de modo que anunciou a nova visão com manifesta contrariedade, uma vez que estava interessada na imagem anterior. A Sra. Cockburn, entretanto, para quem nenhuma visão havia aparecido, mostrou-se contrariada com isso e particularmente me manifestou o seu cepticismo sobre a veracidade das imagens aparecidas no cristal. Em um sábado, dia 5 de fevereiro de 1897, porém, tive novamente ocasião de fazer experiências com a Srta. Angus, juntamente com a Sra. Bissott, e quando esta anunciou que havia pensado em certa coisa para aparecer no cristal, a Srta. Angus divisou no mesmo uma alameda de bosque ou de jardim perto de um rio, em um céu perfeitamente sereno e completamente azul. Na referida alameda achava-se uma senhora elegantemente vestida que, passeando, fazia girar sobre o seu ombro uma sombrinha belíssima, tendo os seus passos um encadeamento rítmico algo curioso. Ao lado dela estava um jovem cavalheiro, vestido com uma roupa branca leve como a que se usa na Índia. Tinha os ombros largos, pescoço curto, nariz afilado e escutava sorrindo, mas indiferente, as palavras da sua companheira, evidentemente muito viva e bem loquaz. O rosto dessa senhora estava um tanto pálido e descarnado, como de uma pessoa em más condições de saúde. Depois a cena mudou e apareceu o mesmo moço, sozinho, tomando conta de um grupo de trabalhadores ocupados em derrubar árvores.

A Sra. Bissott reconheceu logo, na imagem que apareceu no cristal, sua própria irmã Sra. Clifton, que se achava na Índia, e ficou muito espantada quando a Srta. Angus imitou o andar da pessoa vista no cristal, andar peculiar causado por uma enfermidade que a Sra. Clifton havia sofrido anos antes. Além disso, a Sra. Bissott e o seu marido reconheceram o cunhado no homem visto pela sensitiva e então apresentaram à Srta. Angus uma fotografia da Sra. Clifton quando noiva e a Srta. Angus observou que o retrato parecia muito com a senhora por ela vista no cristal, conquanto nele parecesse mais bonita. Depois mostrou um novo retrato da Sra. Clifton, recebido na Índia, no qual aparecia perfeitamente o rosto magro da visão no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F) (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

346. No episódio exposto, fica excluído que se pudesse tratar-se de “clarividência no presente”, visto que, no incidente dos “pés descalços”, verificou-se que havia acontecido três horas antes de ser visto no cristal, indício notório de que, uma vez estabelecida a “relação psíquica” (produzida por meio da progenitora presente à experiência), a sensitiva, ou melhor, as suas faculdades subconscientes retiraram tal incidente ainda vivo na memória da senhora afastada, incidente esse visto no cristal e transmitido pela personalidade subconsciente da sensitiva à sua própria personalidade consciente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

347. Diga-se o mesmo do episódio realizado entre a Inglaterra e a Índia e isto porque, tendo a sensitiva visto duas pessoas quando passeavam em um jardim e logo depois a outra visão de uma só delas quando dirigia um serviço de derrubada de matas, tal demonstra que, em um caso como em outro, não se podia tratar de “clarividência no presente”, mas sim de “clarividência telepática”, isto é, leitura do pensamento subconsciente de pessoas afastadas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

348. No dia seguinte, domingo, 6 de fevereiro, a Sra. Bissott recebeu inesperadamente, da Índia, uma carta de sua irmã, datada de 20 de janeiro, carta em que a Sra. Clifton descrevia uma localidade indiana para onde ela havia ido para uma grande cerimônia e passeara num jardim, à margem de um rio. Acrescentava que, juntamente com o marido, deveria partir para outra localidade, de onde iriam para pleno campo, até o fim de fevereiro, pois que uma das atribuições de seu marido era superintender um trabalho de derrubada de matas, preparatório para a formação de novos campos de cultura. Era precisamente o que a Srta. Angus vira no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

349. Quando a cética Sra. Cockburn foi informada de tais coincidências verídicas, teve uma ideia. Escreveu à sua filha para perguntar-lhe se na quinta-feira, 2 de fevereiro, porventura ela se achava sentada em um sofá, com os pés descalços. A moça respondeu-lhe que o fato era verdadeiro, mas, quando veio a saber da forma como isso chegara a conhecimento de terceiros, expressou toda a sua reprovação por essa forma de invasão ilícita na intimidade doméstica. O incidente dos pés descalços se verificara entre as 4:30 e as 7:30 horas da tarde, ao passo que a visão correspondente se dera perto das 10 horas da noite. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

350. Do ponto de vista teórico, convém recordar, antes de tudo, que os fenômenos de “clarividência telepática” são condicionados pela necessidade imprescindível da “relação psíquica” que só pode ser produzida nas seguintes circunstâncias: quando o sensitivo conheça a pessoa afastada com a qual deseja entrar em relação ou quando a pessoa afastada, desconhecida do sensitivo, seja conhecida de outra pessoa que se encontre em companhia do sensitivo ou em relação com ele, ou quando ao sensitivo seja apresentado um objeto usado, durante muito tempo, pela pessoa afastada (psicometria). Recordemos, portanto, que fora de tais condições não é possível que um sensitivo entre em relação com uma pessoa afastada (entretanto, muitas vezes os opositores presumem que aconteça). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

351. Além disto, convém notar que, no caso exposto, como nos casos precedentes, as visões da sensitiva se referiam unicamente a incidentes estritamente pessoais dos indivíduos vistos, bem como a incidentes ainda vivos em sua subconsciência. Finalmente, não se deve esquecer que os referidos episódios representam os limites extremos a que chegam, potencialmente e rarissimamente, as faculdades inquiridoras da “leitura do pensamento” e da “clarividência telepática”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Um sensitivo clarividente, além de ver à distância, pode ter acesso a fatos passados da vida de outra pessoa? 

Sim. O relato feito pelo estadista suíço Zshokke, que possuía qualidades excepcionais de sensitivo clarividente, dá conta de um fato dessa natureza. Segundo ele mesmo contou, era comum, ao esbarrar pela primeira vez com uma pessoa desconhecida, ver passar diante de seus olhos, perfeitamente distinta, uma visão de sua vida passada, enquadrada no ambiente em que se desenrolou. O incidente dessa natureza que mais o surpreendeu é relatado neste livro. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

B. Quer dizer então que a clarividência telepática não se limita a fatos ocorridos no mesmo momento, à chamada “clarividência no presente”? 

Evidentemente. No incidente da senhora que aparecia com os “pés descalços”, a ocorrência visualizada no cristal havia acontecido três horas antes de ser vista, indício notório de que, uma vez estabelecida a “relação psíquica” (produzida por meio da progenitora presente à experiência), a sensitiva, ou melhor, suas faculdades subconscientes retiraram tal incidente ainda vivo na memória da senhora afastada, incidente esse visto no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

C. Que condições são necessárias à ocorrência dos fenômenos de “clarividência telepática”?

Segundo Bozzano, os fenômenos de “clarividência telepática” são condicionados pela necessidade imprescindível da “relação psíquica”, que só pode ser produzida nas seguintes circunstâncias: quando o sensitivo conheça a pessoa afastada com a qual deseja entrar em relação ou quando a pessoa afastada, desconhecida do sensitivo, seja conhecida de outra pessoa que se encontre em companhia do sensitivo ou em relação com ele, ou quando ao sensitivo seja apresentado um objeto usado, durante muito tempo, pela pessoa afastada, fato pertencente ao campo da psicometria. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 24 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/comunicacoes-mediunicas-entre-vivos_01905175814.html

 

 

 

 

  

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 



quinta-feira, 25 de julho de 2024

 





Criança precisa vestir-se como criança

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

 

Triste de quem não conserva nenhum vestígio da infância. Mario Quintana

 

A infância é aquela fase bonita da vida em que somos livres e protegidos para crescermos, brincarmos e nos desenvolvermos com tranquilidade, sem pressa.

Sem esquecer a época em que estamos, ser criança implica ainda sobretudo vestir-se adequadamente para poder explorar o mundo e ser condizente com a fase da vida que o ser em formação está a estagiar… Ou seja, para viver bem o começo da vida a criança deve vestir-se como criança. Nada de adultização ou vulgaridade… Tudo tem a idade ou tempo certo para acontecer. Ensinar o filho a se vestir e a escolher sua própria roupa é uma tarefa que faz parte da educação e demanda atenção, discernimento e ajuda dos pais.

Ainda que seja normal a criança querer copiar os pais: a menina, por exemplo, pedir para imitar a roupa ou a maquiagem da mãe, isso não deve ser levado a sério… Embora os filhos pequenos procurem imitar quem admiram e muitas vezes brinquem de ser gente grande, é exatamente nesta fase da vida que eles necessitam começar a entender que precisam crescer para poder usar ou fazer algumas coisas, como pintar as unhas, usar salto ou gravata…

Qual a melhor roupa para uma criança? Principalmente aquela que garantirá conforto e diversão (para o brincar).

O filho pequeno pode usar camisetas, calças, shorts, isto é, roupas que ajudem a criança a se sentir bem e confortável com a roupa que estiver vestindo, sempre de acordo com a idade que tem.

Criança, eu gostava muito das camisetas e calças de moletom. Brincava de subir nas árvores ou correr na pracinha sem medo. Para passear, os vestidos, os laços de fita…

Não esqueço especialmente um vestido amarelo, um dos preferidos para ir à casa da minha tia querida que àquela época vivia em Maringá…

A infância é uma só… e as crianças merecem ser tratadas como crianças e as roupas têm muito a dizer sobre isso! Quem duvidaria?

 

*

 

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 



 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 



quarta-feira, 24 de julho de 2024

 




Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 20 e final

 

Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. O repouso eterno após a morte é um fato ou uma quimera?

B. Pode-se dizer que o Espiritismo é uma crença?

C. Os incrédulos quando desencarnam mudam de opinião?

 

Texto para leitura

 

234. O Espírito de São Bento, reportando-se ao assunto, confirmou o que acima foi dito, isto é, que a punição de Nabucodonosor não é uma fábula. Sob o domínio de um perseguidor invisível, ele ficava privado por algum tempo do livre exercício de suas faculdades intelectuais e agia como um animal, o que transformou o poderoso déspota em objeto de piedade para todos, porquanto a Providência o tinha ferido no seu orgulho. (Págs. 337 e 338.)

235. Um assinante de Paris, referindo-se à mediunidade do vidente de Zimmerwald, lembra em carta dirigida à Revista a semelhança entre as faculdades do vidente e as de José, o chanceler do Egito. “O gênero de mediunidade que assinalais – conclui o leitor – existia, pois, entre os egípcios e os judeus.” Kardec concorda com a observação e reitera sua afirmação de que o Espiritismo não descobriu, nem inventou os médiuns, mas tão-somente as leis da mediunidade. Eis por que é ele a verdadeira chave para a compreensão do Antigo e do Novo Testamento, onde abundam fatos desse gênero. (Págs. 339 a 341.)

236. O Espírito de Sonnez, falando sobre a vida dos Espíritos, diz que o repouso eterno que os homens esperam encontrar após a morte é uma quimera. O repouso eterno não existe; aliás, nada no mundo goza de repouso, nem as montanhas, que parecem estar numa imobilidade eterna. Como a perfeição é o objetivo da criação, para atingi-la, todos – átomos, moléculas, minerais, animais, planetas e Espíritos – se empenham num movimento incessante. A vida espiritual é, assim, uma atividade incessante. (Págs. 342 e 343.)

237. Na seção de livros, a Revista informa que estava no prelo, para sair em poucos dias, a 3a edição de O Evangelho segundo o Espiritismo, revista, corrigida e modificada. (Pág. 343.)

238. O número de dezembro de 1865 começa com um apelo de Cárita, a eloquente e graciosa pedinte, em favor dos pobres de Lyon. Depois de transcrever a mensagem assinada por esse Espírito, Kardec acrescentou: “É com felicidade que nos fazemos intérpretes da boa Cárita e esperamos que ela não tenha dito em vão: abri-me! Se ela bate à porta com tanta insistência, é que o inverno aí bate por seu lado”. (Págs. 345 a 347.)

239. Em seguida, a Revista noticia a abertura de uma subscrição pública no escritório da Revista Espírita em benefício dos pobres de Lyon e das vítimas do cólera. O montante das somas recebidas e sua distribuição seriam submetidos ao controle da Sociedade Espírita de Paris. (Pág. 347.)

240. Em um artigo sobre romances espíritas, Kardec destaca dois deles: Espírita (traduzido no Brasil como O Ignorado Amor), escrito por Théophile Gautier, e A Dupla Vista, de Élie Berthet, no qual critica apenas o fato de haver apresentado a faculdade da dupla vista como uma doença. “Podem fazer-se romances sobre o Espiritismo, como sobre todas as coisas”, assevera Kardec. Quando o Espiritismo for conhecido e compreendido em sua essência, fornecerá às letras e às artes fontes inesgotáveis de deslumbrante poesia.  (Págs. 347 a 353.)

241. A Revista transcreve duas cartas dirigidas por um de seus assinantes, o Sr. Blanc de Lalésie, aos jornais Le Temps e Univers Illustré. Em ambas o missivista protesta contra as críticas injustas que vinham sendo neles publicadas reiteradamente contra o Espiritismo. A propósito dessas cartas, Kardec tece algumas considerações inéditas que importa enfatizar: I – O Espiritismo é uma crença. II - Quem quer que creia na existência e na sobrevivência das almas e na possibilidade de relações entre os homens e o mundo espiritual, é espírita, e muitos o são intuitivamente, sem jamais terem ouvido falar de Espiritismo ou de médiuns. III – É-se espírita por convicção. Por isso, não é necessário fazer parte de uma sociedade para sê-lo, e a prova é que nem a milésima parte dos adeptos frequenta reuniões. (Págs. 353 a 356.)

242. O relato de como a mediunidade da psicografia eclodiu numa jovem camponesa, quase iletrada, da pequena aldeia de E..., departamento de Aube, levou Kardec a revelar uma informação até então inédita. “Não conhecemos – disse o Codificador – um único gênero de mediunidade que não se tenha revelado espontaneamente, mesmo o da escrita.” (Págs. 357 a 359.)

243. Sob o título “Um camponês filósofo”, a Revista publica o relato que o Sr. Delanne fez a respeito de duas brochuras escritas e publicadas por um vinhateiro do interior da França, as quais têm por objeto: Deus, os anjos, as almas dos homens, a alma animal, as forças físicas, os elementos, a organização e o movimento. O autor era um humilde artesão que vivia da venda de legumes e outros produtos agrícolas. Examinando trechos das duas obras, reproduzidos pela Revista, Delanne chama a atenção para as ideias de alto alcance filosófico nelas contidas, o que demonstra que seu autor era alguém possuidor de bagagem cultural formada em existências anteriores, visto que nesta ele mal cursara a escola de sua aldeia. (Págs. 359 a 365.)

244. Tendo esses fatos sido discutidos na Sociedade Espírita de Paris, um Espírito que se intitulou Luís de França confirmou o pensamento de Delanne e, reportando-se a uma conhecida frase de Jesus, revelou que, como ao tempo do Cristo, que quis honrar e erguer o trabalhador escolhendo nascer entre os artífices, os anjos do Senhor recrutavam agora seus auxiliares entre os corações simples e honestos e os homens de boa vontade que exercem as mais humildes profissões. (Págs. 365 e 366.)

245. Quando os mais incrédulos e obstinados desencarnam, são evidentemente forçados a reconhecer que ainda vivem, que a vida continua e que, como Espíritos que são, podem comunicar-se com os homens. Sua apreciação do mundo espiritual varia, porém, em razão de seu desenvolvimento moral, de seu saber, da elevação de sua alma. Após essas considerações, Kardec transcreve na Revista quatro comunicações de pessoas bastante esclarecidas, embora incrédulas quando encarnadas, e que, situadas agora no mundo espiritual, reconhecem o erro em que incidiram na existência recém-finda. (Págs. 366 a 372.)

246. Duas comunicações do Espírito de Baluze sobre o estado social da mulher e a influência que o Espiritismo exerce e exercerá sobre a família encerram a Revista de 1865. “As mães – diz Baluze – serão realmente mães; penetradas do espírito espírita, serão a salvaguarda das filhas amadas. Ensinando-lhes o papel magnífico que estão chamadas a desempenhar, dar-lhe-ão a consciência de seu valor.” (Págs. 373 a 377.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. O repouso eterno após a morte é um fato ou uma quimera?

Dissertando sobre a vida dos Espíritos, o Espírito de Sonnez afirma que o repouso eterno que os homens esperam encontrar após a morte é uma quimera. O repouso eterno não existe; aliás, nada no mundo goza de repouso, nem as montanhas, que parecem estar numa imobilidade eterna. Como a perfeição é o objetivo da criação, para atingi-la, todos – átomos, moléculas, minerais, animais, planetas e Espíritos – se empenham num movimento incessante. A vida espiritual é, assim, uma atividade incessante. (Revista Espírita de 1865, pp. 342 e 343.)

B. Pode-se dizer que o Espiritismo é uma crença?

Sim; pelo menos é isso que Kardec dizia. O Codificador escreveu que o Espiritismo é uma crença, e quem quer que creia na existência e na sobrevivência das almas, e na possibilidade de relações entre os homens e o mundo espiritual, é espírita. Muitos o são intuitivamente, sem jamais terem ouvido falar de Espiritismo ou de médiuns. É-se espírita por convicção; assim, não é necessário fazer parte de uma sociedade para sê-lo, e a prova disso é que nem a milésima parte dos adeptos frequenta reuniões. (Obra citada, pp. 353 a 356.) 

C. Os incrédulos quando desencarnam mudam de opinião?

Segundo Kardec, quando os incrédulos desencarnam são evidentemente forçados a reconhecer que ainda vivem, que a vida continua e que, como Espíritos que são, podem comunicar-se com os homens. Mas sua apreciação do mundo espiritual varia, em razão de seu desenvolvimento moral, de seu saber e da elevação de sua alma. (Obra citada, pp. 366 a 372.) 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 19 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0105004552.html

 

 

 

 

 


 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 



terça-feira, 23 de julho de 2024

 




Somos seres eletromagnéticos

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Somos seres eletromagnéticos, emitimos e recebemos; irradiamos e atraímos. Quando se passa a compreender um pouco essa verdade, muito se decifra do que antes era profundamente enigmático. O tempo todo isso acontece e não há como evitá-lo, é cadência natural. Há, sim, como escolher os pensamentos, as atitudes, a forma de viver, pois conforme se vive o Universo retribui tão justamente. E mais uma vez se confirma que somos os próprios responsáveis pela nossa situação atual, porém com toda a possibilidade de mudança para melhor.

Tudo é energia e tudo possui um campo eletromagnético, e toda energia vibra em determinada frequência. E a energia que colocamos em tudo o que fazemos será a mesma que nos retornará; não há equívoco, nem erro de endereço, tudo é perfeitamente de acordo com o que emitimos. Por isso a autoanálise é tão pertinente, também a autorreforma, porque não basta conscientizar-se, é necessário querer reformar-se.

A reencarnação é assunto apropriado para a verificação do acúmulo natural de tudo o que um espírito viveu, sofreu, aprendeu. Tudo o que ele vibrou nos incontáveis números de existências, assim foi recebido por ele. Se houve baixa frequência, o sofrimento o visitou mais vezes; se uma frequência melhor foi experimentada, o sorriso e bem-estar foram mais assíduos visitantes. E assim continua.

É importante esclarecer que para participar de uma baixa vibração não há de realizar feitos muito inferiores, apenas comportar-se, ainda, como uma boa parcela da sociedade humana, ou seja, sentindo raiva, inveja; humilhando, desfazendo, prejudicando, difamando; agindo como há muito já deveria ter deixado de fazer. Infelizmente o prolongamento na baixa frequência ganha força e continua no tempo das existências. Entretanto a renovação pode acontecer em qualquer momento, basta, principalmente, vontade e disciplina. E esse conteúdo, as leis espíritas esclarecem com tanta segurança. Enquanto não houver a transformação, o sofrimento será mais evidente.

E como somos seres inteiramente eletromagnéticos, há de observarmos com atenção os nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes e, sob essa observação, abandonarmos de vez o que é infrutífero e alimentarmos o que nos traz mais felicidade.

E se vibrarmos em frequências mais elevadas, além de uma vida mais venturosa, poderemos também ouvir as extraordinárias melodias, sentir os benfazejos abraços energéticos e ver mais os bondosos amigos sorrindo para nós.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 


 


 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG