domingo, 30 de novembro de 2014

O que não devemos dizer a uma criança


Toda vez que se discute o tema da educação da criança, logo nos vem à mente o papel dos pais, que são, sem nenhuma dúvida, os maiores interessados em que seus filhos se tornem pessoas dignas, de bom caráter e conduta ilibada.
É preciso entender, contudo, que são também eles – os pais – os grandes responsáveis para que isso se dê. Afinal, a tarefa que lhes foi conferida não pode jamais ser negligenciada ou ignorada, visto que não se trata apenas de uma tarefa, mas de verdadeira missão.
Atentemos para o que nos é ensinado na questão n. 582 d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

582. Pode-se considerar como missão a paternidade?
“É, sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”

Dias atrás chegou-nos à mão um texto interessante, intitulado 10 coisas que não devemos dizer para as crianças. Enviado por alguém ligado à Biblioteca Virtual da Antroposofia, de Florianópolis-SC, a única informação a respeito de sua autoria diz apenas que se trata de textos judaicos. Se isso for verdade, não existe neles influência das ideias cristãs e, obviamente, das ideias espíritas, fato que não lhes retira a importância e a atualidade, motivo pelo qual desejamos compartilhá-los com o leitor:

1 – Não rotule seu filho de pestinha, chato, lerdo ou outro adjetivo agressivo, mesmo que de brincadeira. Isso pode fazer com que ele se torne realmente isso.
2 – Não diga apenas sim. Os nãos e os porquês são essenciais para o desenvolvimento da criança.
3 – Não pergunte à criança se ela quer fazer uma atividade obrigatória ou ir a um evento indispensável. Diga apenas que agora é a hora de fazer.
4 – Não mande a criança parar de chorar. Se for o caso, pergunte o motivo do choro ou apenas peça que mantenha a calma.
5 – Não diga que a injeção não vai doer, porque você sabe que vai doer. A menos que seja gotinha, diga que será rápido ou apenas uma picadinha, mas não a engane.
6 – Não diga palavrões. Seu filho vai repetir as palavras de baixo calão que ouvir.
7 – Não ria do erro da criança. Fazer piada com mau comportamento ou erros na troca de letras pode inibir o desenvolvimento saudável.
8 – Não diga mentiras. Todos os comportamentos dos pais são aprendidos pelos filhos e servem de espelho.
9 – Não diga que foi apenas um pesadelo e a mande voltar para a cama. As crianças têm dificuldade de separar o mundo real do imaginário. Quando acontecer um sonho ruim, acalme seu filho e leve-o para a cama, fazendo-lhe companhia até dormir.
10 – Nunca diga que vai embora se não for obedecido. Ameaças e chantagens nunca são saudáveis.

Falando sobre a finalidade da infância, ensina o Espiritismo (O Livro dos Espíritos, questão 385) que é nessa fase da vida que se pode reformar o caráter e reprimir os maus pendores de uma criança. E é precisamente esse o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
Os conselhos que acima reproduzimos não esgotam o assunto, mas podem perfeitamente ajudar-nos nessa missão, cuja eficácia dependerá diretamente do esforço e da dedicação com que a realizarmos.




sábado, 29 de novembro de 2014

Os primeiros médiuns da codificação espírita e a iniciação espírita de Kardec


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Nos meios literários acadêmicos, é bastante comum a referência à obra A história de Joana D'Arc contada por ela mesma. Esse livro foi psicografado pela médium Ermance de la Jonchére Dufaux, médium desde os doze anos de idade, mais conhecida como Ermance Dufaux, e publicado quando esta tinha 14 anos. Em 1855. Na época, os neologismos psicografia, médium e mediunidade ainda não tinham sido criados por Allan Kardec, que conheceu a jovem no dia da publicação da primeira edição de O livro dos espíritos, em 18 de abril de 1857.
A partir desse dia, Ermance Dufaux passou a colaborar ativamente com Kardec, na segunda edição d'O livro dos espíritos, que foi ampliado de 508 para 1019 questões. São Luís, seu guia espiritual, também transmitiu-lhe mediunicamente a obra Confissões de Luís IX. História de sua vida ditada por ele mesmo, escrita em 1857, mas somente publicada em 1864, devido à censura da época, que proibiu sua publicação antes desse ano.
Outras médiuns que também colaboraram com as obras da Codificação Espírita foram as jovens Caroline Baudin (18 anos), Julie Baudin (16 anos) e Ruth Celine Japhet (20 anos) e a Sra. De Plainemaison.
Devido à intolerância religiosa da época, Kardec, cujo nome era Hippolyte-Léon Denizard Rivail, adotou o pseudônimo Allan Kardec e omitiu o nome dessas e outros médiuns, em um total de mais de dez pessoas, que colaboraram na elaboração das obras da codificação espírita, cuja autoria, já sugerida no próprio título do primeiro livro, era, em essência, dos Espíritos.
Mas como começou a missão de Kardec?
O Sr. Fortier, em dez de 1854, falou, entusiasticamente, com o professor Rivail (Allan Kardec) sobre os fenômenos das mesas girantes e falantes; mas este fez pouco caso do assunto, considerando-o um absurdo, pois mesa não tem "nervos para sentir nem cérebro para pensar".
Em 6 de janeiro de 1855, o Sr. Carlótti foi quem primeiro falou a Kardec sobre a intervenção das almas no "fenômeno da mesa". Como estudioso do magnetismo durante 35 anos, o prof. Rivail julgou que tudo não passava de animismo, ou seja, influência da própria alma do magnetizado. Ainda assim, resolveu conferir pessoalmente a informação.
E foi, então, na casa da Sra. Roger, em 1º de maio de 1855, que Kardec teve os primeiros contatos com o fenômeno intitulado "das mesas girantes". (O espiritualismo americano, decorrente dos chamados fenômenos de Hydesville, já vinha sendo praticado na França desde abril de 1853[1].) A Sra. Roger evocou o Espírito de um amigo do Sr. Pâtier e foi atendida. Nesse dia, a Sra. Plainemaison convidou Rivail (Kardec) para assistir a próxima sessão na casa dela. Ele compareceu, em 8 de maio de 1855, e, ante os fenômenos extraordinários e de alta elevação espiritual que presenciou, pela mediunidade da Sra. Plainemaison, passou a estudar e reunir-se com os demais médiuns para construir o edifício da elevada Doutrina Espírita, sob a coordenação maior do Espírito Verdade.
Começava ali o surgimento de outras grandes e extraordinárias obras literárias mediúnicas, cujo propósito principal é o de convencer-nos sobre a realidade da vida espiritual e aprimorar nossos espíritos na eterna ascensão no rumo da perfeição.
Ainda falar-vos-ei, amigo leitor, das fantásticas obras literárias derivadas das narrações do Infinito: romances, contos, poemas, crônicas...
Por ora, ficamos por aqui, eu e meu secretário, que dobrou a noite para captar de minha inspiração e de Canuto Abreu (ABREU, Canuto. O livro dos espíritos e sua tradição histórica e lendária. São Paulo: LFU, 1992) essas notas auspiciosas para vossas almas sedentas de espiritualidade.
Por ora, adeus!

Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com




[1] Os fenômenos ocorridos na pequena cidade de Hydesville, na casa da família Fox, em que o Espírito de um mascate se comunicou por meio de pancadas nas paredes da casa, onde anos antes fora assassinado e emparedado, tiveram início em março de 1848.



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes



Como a Humanidade se transformará? Vai levar tempo? Que mecanismos serão necessários para isso?
As perguntas acima são recorrentes no grupo de que participamos. Trata-se de questões importantes, sobretudo quando se processam os acontecimentos que preparam o advento de um planeta renovado, em que sua principal função não terá vínculo com provas, expiações ou reparações.
É claro que esse dia está muito longe – melhor dito, bem mais longe do que supõem os mais pessimistas –, visto que a qualidade, superior ou inferior, de um planeta é o reflexo da qualidade das pessoas que nele habitam. Assim, um mundo renovado exigirá que nele reencarnem pessoas renovadas.
Allan Kardec e Gabriel Delanne trataram do tema que ora examinamos, respectivamente, em O Livro dos Médiuns e Entre Irmãos de Outras Terras. O primeiro foi publicado inicialmente em 1861; o segundo, em 1966. A diferença de 105 anos entre uma publicação e outra não alterou, porém, a ideia que animou os dois autores.
No tocante à transformação da Humanidade, diz Kardec que tal meta somente poderá ser alcançada com o melhoramento das massas, o que pode acontecer gradualmente e pouco a pouco somente pelo melhoramento dos indivíduos. (Cf. O Livro dos Médiuns, item 350.)
Com efeito – diz o Codificador –, de que valerá crer na existência dos Espíritos, se essa crença não tornar melhor, mais benevolente e mais indulgente o indivíduo e se não o fizer mais humilde e mais paciente na adversidade? De que servirá a um indivíduo avarento ser espírita se permanecer avaro; ao orgulhoso, se continuar sempre cheio de si mesmo; ao invejoso, se estiver sempre nutrindo sentimentos de inveja? Todos os homens poderiam então crer nas manifestações e a Humanidade permaneceria estacionária. Esses não são, porém, os desígnios de Deus, e é para o fim visado pela Providência que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, concorrendo de forma ativa para que, a partir do melhoramento dos indivíduos, a sociedade também se aprimore.
A ideia, como dissemos, foi reafirmada 105 anos por Gabriel Delanne (Espírito), numa entrevista que ele concedeu a André Luiz, o mesmo autor da conhecida Série Nosso Lar.
Vejamos algumas questões propostas por André e as respostas de Delanne:

André: Exprimindo-se desse modo, refere-se à necessidade da divulgação da Doutrina Espírita?
Delanne: Sim.
André: Mas, segundo o seu conceito, a divulgação terá de efetuar-se de pessoa a pessoa. Teremos entendido certo?
Delanne: Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós.
André: Não considerará, porém, que esse processo é moroso demais para a Humanidade?
Delanne: Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias? (Entre Irmãos de Outras Terras, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.)

À vista do acima exposto, não nos é difícil compreender como a Humanidade se transformará, uma tarefa que, evidentemente, levará muito tempo. Como diz Abel Gomes, em mensagem psicografada por Chico Xavier, publicada no livro Falando à Terra, a “perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes”.
Quanto aos mecanismos, de novo se impõe a importância da educação – educação da criança, do jovem, do idoso – e da aplicação em nossa vida daquilo que aprendemos, cientes de que, como lembrou Abel Gomes na mesma mensagem acima citada: “À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas”.




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Pílulas gramaticais (131)



Como dissemos na semana passada, com relação à concordância verbal, isto é, à flexão do verbo, nas orações em que o sujeito for simples, dez são os casos especiais. Vimos na última quinta-feira cinco casos. Eis na sequência os outros cinco:

1) Sujeito formado pelas expressões alguns de nós, poucos de vós, quais de, quantos de e assemelhadas: o verbo poderá concordar com o pronome interrogativo, com o pronome indefinido ou, ainda, com o pronome pessoal (nós ou vós):
- Quais de vós passarão por aqui?
- Quais de vós passareis por aqui?
- Alguns de nós passaram por um grande aperto.
- Alguns de nós passamos por um grande aperto.
- Quantos de vós viajareis?
- Quantos de vós viajarão?

2) Sujeito formado pelas expressões qual de nós, algum de vós, quem de e assemelhadas: o verbo ficará no singular:
- Qual de vós me punirá?
- Qual de nós irá primeiro?
- Quem de vocês bateu à porta?

3) Sujeito formado por nomes que só aparecem na forma plural: se não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular. Se vier antecedido de artigo, o verbo concordará com o artigo:
- Estados Unidos é uma nação rica.
- Os Estados Unidos são a maior potência mundial.
- Emirados Árabes é rico em petróleo?
- Os Emirados Árabes são ricos em petróleo?

4) Sujeito formado pelas expressões mais de um, menos de dois, cerca de e assemelhadas: o verbo concordará com o numeral:
- Mais de um aluno compareceu à festa.
- Mais de cinco alunos compareceram à festa.
- Cerca de 80 pessoas assistiram à palestra.

5) Sujeito constituído pela palavra gente (sentido coletivo): o verbo será usado no singular, podendo ser usado na forma plural se vier afastado, na frase, do substantivo:
- A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa.
- A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa.

Nota: Para ver o texto publicado na quinta-feira passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/pilulas-gramaticais-130.html





quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sexo é força de amor nas bases da vida



Prosseguimos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Se Ildeu não amava Marcela, por que a desposou?
B. Quando a vítima evolui e nada reclama do seu algoz, a quem este deverá pagar a dívida contraída?
C. Como entender e definir o sexo? 

Texto para leitura 

95. A razão dos matrimônios difíceis – Hilário indagou: por que Ildeu desposara Marcela outra vez, se não a amava? a afetividade juve­nil não constitui sinal de confiança e ternura?  "Sim – respondeu Si­las –, é preciso considerar que nos achamos ainda longe de adquirir o verdadeiro amor, puro e sublime. Nosso amor é, por enquanto, uma aspi­ração de eternidade encravada no egoísmo e na ilusão, na fome de pra­zer e na egolatria sistemática, que fantasiamos como sendo a celeste virtude. Por isso mesmo, a nossa afetividade terrestre, quando na pri­mavera dos primeiros sonhos da experiência física, pode ser um con­junto de estados mentais, consubstanciando simplesmente os nossos de­sejos. E nossos desejos se alteram todos os dias... Em razão disso, recordemos o imperativo da recapitulação. Nessa ou naquela idade fí­sica, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por deter­minadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendi­zado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutua­mente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção. Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida eterna. Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela feli­cidade dos corações que o Senhor nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino." André concluiu, assim, que Ildeu estava inter­rompendo o pagamento da dívida em que se empenhou. E Marcela? garanti­ria ela, sozinha, a sustentação do lar? "É o que esperamos – asseve­rou Silas – e tudo faremos para auxiliá-la, já que o esposo, mais uma vez, faliu nos contratos assumidos." (Ação e Reação, capítulo 14, pp. 197 e 198.) 

96. As dificuldades de quem se retarda – Marcela era, assim, cha­mada a encargos duplos. "Desejamos sinceramente que ela seja forte e se sobreponha às vicissitudes da existência – asseverou Silas –, mas se resvalar para delituosos desequilíbrios, que lhe comprometam a es­tabilidade doméstica, na qual os filhos devem crescer para o bem, mais complicado e mais extenso se fará o débito de Ildeu, porquanto as fa­lhas que ela venha a cometer serão atenuadas pelo injustificável aban­dono em que a lançou o marido. Quem se faz responsável por nossas que­das, experimenta em si mesmo a ampliação dos próprios crimes." Hilário meditou bastante e disse, em seguida: "Imaginemos, porém, que Marcela e os filhinhos consigam vencer a crise, esmagando com o tempo as ne­cessidades de que são agora vítimas... Figuremo-los terminando a atual reencarnação, com plena vitória moral em confronto com Ildeu, retar­dado, impenitente, devedor... Se a esposa e os filhos, então definiti­vamente guindados à luz, dispensarem qualquer contacto com a sombra, em franca ascensão às linhas superiores da vida, a quem pagará Ildeu o montante das dívidas em que se agrava?" Silas informou que, embora es­tejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador, em ver­dade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências. "Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos", acres­centou. Se Ildeu, mais tarde, desejar reunir-se a Marcela e aos fi­lhos, na hipótese de que estes estejam redimidos nas Esferas Superio­res, deverá possuir uma consciência tão dignificada e sublime quanto a deles, de modo a não se envergonhar de si mesmo. As dificuldades se­riam, pois, imensas, mas quem se retarda por gosto não pode queixar-se de quem avança. "A cada um segundo as suas obras", ensinou Jesus, e ninguém no Universo conseguirá fugir à Lei. (Obra citada, cap. 14, pp. 199 e 200.) 

97. O complexo de Édipo e a reencarnação – A afeição de Roberto a Mar­cela, sua mãe, lembrava muito a teoria exposta por Freud acerca do chamado complexo de Édipo, que a psicanálise freudiana pretende encon­trar na psicologia infantil. A essa observação de Hilário, Silas co­mentou: "O grande médico austríaco poderia ter atingido respeitáveis culminâncias do espírito, se houvesse descerrado uma porta aos estudos da lei de reencarnação. Infelizmente, porém, atento à pragmática cien­tífica, não teve bastante coragem para ultrapassar a observação do campo fisiológico, rigidamente considerado, imobilizando-se, por isso, nas zonas obscuras da inconsciência, em que o eu enclausura as expe­riências que realiza, automatizando os próprios impulsos. Marcela e Roberto não poderiam trair, na condição de mãe e filho, as simpatias carreadas do pretérito ao presente, tanto quanto Ildeu, Sônia e Márcia não conseguiriam fugir à predileção que os ligava desde o passado. O problema é de afinidade em sua estrutura essencial. Afinidade com dí­vidas, exigindo resgate". Como André Luiz se reportou, em seguida, ao tema "amnésia infantil", a que Freud empresta a maior importância para explicar as operações do inconsciente, Silas aduziu: "Bastaria compre­ender na encarnação terrestre um Espírito usando um corpo para enten­der que as amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o instrumento de que se utiliza. Na infância, o ego, em processo de materialização, externará reminiscências e opiniões, sim­patias e desafetos, através de manifestações instintivas, a lhe entre­mostrarem o passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, uma vez que estará movimentando a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão só por algum tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as pala­vras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alte­rações do órgão do pensamento, modificado por desgaste". (Obra citada, cap. 15, pp. 201 e 202.) 

98. Sexo é uma energia da alma – A mesma restrição pode ser feita a Freud no tocante à tese da libido. Silas asseverou que Freud "não pode ser rigorosamente apro­vado, quando pretendeu, de certo modo, explicar o campo emotivo das criatu­ras pela medida absoluta das sensações eróticas". E acrescentou: "Criação, vida e sexo são temas que se identificam essencialmente en­tre si, perdendo-se em suas origens no seio da Sabedoria Divina. Por isso, estamos longe de padronizá-los em definições técnicas, inamoví­veis. Não podemos, dessa forma, limitar às loucuras humanas a função do sexo..." O Assistente informou, então, que o sexo, como força atuante da vida, palpita em tudo, desde a comunhão dos princípios su­batômicos à atração dos astros e aos ajustes dos elementos, no plano químico. Desse modo, o sexo não poderia ausentar-se do reino espiri­tual, por ser de substância mental, determinando mentalmente as formas em que se expressa. "Representa, desse modo – afirmou Silas –, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que evolve, apri­morando a si mesma. Apreciemo-la, assim, como sendo uma força do Cria­dor na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os destinos." Silas passava de forma clara a ideia de que sexo é força de amor nas bases da vida, totalizando a glória da Cria­ção. É preciso, pois, dilatar sua conceituação, para arredá-la do campo erótico em que foi circunscrita. "Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfei­çoando, busca sempre os prazeres mais nobres", e não apenas os praze­res eróticos, explicou ele. "Temos, assim, o prazer de ajudar, de des­cobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de apren­der, de elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres, condi­zentes com os mais santificantes estágios do Espírito." Há almas que se amam profundamente, sem jamais se tocarem umas nas outras, do ponto de vista fisiológico, embora permutem os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam. (Obra citada, cap. 15, pp. 202 a 204.)

Respostas às questões propostas


A. Se Ildeu não amava Marcela, por que a desposou?
Nossa afetividade terrestre, quando na pri­mavera dos primeiros sonhos da experiência física, pode ser um conjunto de estados mentais, consubstanciando simplesmente os nossos desejos, mas nossos desejos se alteram todos os dias. Nas uniões matrimoniais o que ocorre muitas vezes é o imperativo da recapitulação. Em determinada idade fí­sica, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por deter­minadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendi­zado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutua­mente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção.  (Ação e Reação, cap. 14, pp. 197 e 198.) 

B. Quando a vítima evolui e nada reclama do seu algoz, a quem este deverá pagar a dívida contraída?
Embora es­tejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador, em ver­dade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências. "Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos", explicou Silas. "A cada um segundo as suas obras", ensinou Jesus. Ninguém no Universo conseguirá fugir à Lei. (Obra citada, cap. 14, pp. 199 e 200.)

C. Como entender e definir o sexo? 
Segundo Silas, o sexo representa, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que evolve, apri­morando a si mesma. Apreciemos essa energia como sendo uma força do Cria­dor na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os destinos. Sexo é força de amor nas bases da vida. É preciso, pois, dilatar sua conceituação, para arredá-lo do campo erótico em que foi circunscrito. Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfei­çoando, busca sempre os prazeres mais nobres, e não apenas os praze­res eróticos. Há almas que se amam profundamente, sem jamais se tocarem umas nas outras do ponto de vista fisiológico, embora permutem os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam. (Obra citada, cap. 15, pp. 202 a 204.) 

N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/pagamos-caro-nossa-desercao-ao-dever.html



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Corpo humano, abençoado instrumento


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Sendo o planeta Terra um pequenino mundo entre inúmeros outros, muitas vezes, bem maiores que o globo azul, ele também possui os seus habitantes com invólucro adequado para a estada neste habitat, oportunidade para o espírito.
Conforme a evolução de cada planeta, assim, será a roupagem da centelha divina eterna. Há mundos inteiramente desenvolvidos, outros já capacitados, inúmeros com adiantamento em grau mediano, inicial, no entanto, sempre com o encantamento rumo ao progresso, luz abençoada.
A grandeza do universo é absoluta. Sua composição é soberana e impossível de ser imitada, pois é o conjunto de tudo o que existe desde os astros e planetas com seus imperceptíveis habitantes e até com aqueles de presença mais elaborada ou bem mais independentes.
Todo instrumento que abriga o espírito é preparado para as condições de cada mundo específico e, assim, promover o seu aperfeiçoamento.
Para o Planeta, o corpo humano é o invólucro a abrigar a centelha divina. Esse corpo é um universo em sua operação. Há as pequeninas células desenvolvendo tarefa tão preciosa; os órgãos todos cuidando de cada atividade interdependente e harmoniosamente; os músculos, também órgãos constituídos de fibras que se alongam e se contraem para produzir movimentação para o trabalho... a caminhada dos dias; os ossos, tão perfeitos, ajudam a sustentar o homem, aparência física do espírito.
Quantos mecanismos esse instrumento possui, tão afinado e capaz; no entanto, como tudo é movido por energia, o corpo sofre todo tempo influência da atitude, do pensamento, da palavra e da emoção gerada pela centelha; ainda a lei da ação e reação, presente e contínua, também se comprova no estado corporal. A afirmação “Mens sana in corpore sano”, ou seja, “mente sã em corpo são” é a máxima perfeita para compreender esse desenvolvimento. O corpo sentirá o que a mente criar.
Esse invólucro permite ao espírito a oportunidade de mais se aperfeiçoar e progredir, é extraordinário presente concedido pelo Pai e, por isso, há o dever de dele cuidar com todo respeito e atenção. A matéria pertence ao mundo material e aqui ficará, porém, o espírito responderá por sua conduta perante esse instrumento tão abençoado.
Quão mais sábio cultivá-lo, quão mais proveitoso reconhecê-lo como grande companheiro e possibilitador de mais uma encarnação. Sim, é dever da alma responsabilizar-se pelo corpo.
Em despertamento ou descanso, o instrumento continua todo o seu trabalho minuciosamente. O cuidado com o corpo permite cumprir o propósito assumido.
Muito delicado e, ao mesmo tempo, tão forte e, inúmeros trabalhos, é capaz de fazer. O corpo abraça outro corpo fortalecendo-o e amparando-o e, maravilhosamente, abriga, pelo tempo determinado, o filho desse corpo; espíritos em propósito comum.
Invólucro material maravilhoso e fecundo que tanta oportunidade oferece, no Planeta, aos seus habitantes. O molde do corpo é do que o espírito necessita.
Pois bem, a responsabilidade e conscientização da alma inicia-se já com os cuidados com o corpo físico; aquela é inteiramente responsável por este.
E o sol brilha, na companhia do céu azul tão lindo, e como tudo possui sua razão de ser, também o sol colabora com esse instrumento tão magnífico, pois emite a vitamina D, que serve para manter o equilíbrio mineral do corpo deixando-o fortalecido para a caminhada rumo ao progresso, desejo do espírito.
Por mais uma vez, entre infinitas outras, o agradecimento a Deus deve ser intensificado, pois presentes, como o esplêndido corpo, sempre devem ser valorizados e agradecidos.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (115)


Cantar

Godofredo Guedes


Se numa noite eu viesse ao clarão do luar
Cantando e aos compassos de uma canção
Te acordar,
Talvez com saudade cantasses também,
Relembrando aventuras passadas,
Ou um passado feliz com alguém.

Cantar quase sempre nos faz recordar,
Sem querer,
Um beijo, um sorriso, ou uma outra ventura qualquer.
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora
A saudade que mora no meu coração.



Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo clicando no link respectivo:
Caetano Veloso e Sylvia Patrícia - https://www.youtube.com/watch?v=b1zo5CsYmkU


domingo, 23 de novembro de 2014

Sejamos gratos a Deus, sempre


Muitas pessoas costumam dizer que há dias em que gostariam de sumir, morrer, desaparecer, envolvidas por um sentimento de desgosto da vida, de enfado, de vazio, quando em muitos casos, em verdade, nem existem motivos reais para isso.
Na principal obra da doutrina espírita, Kardec propôs aos imortais uma questão que diz respeito ao assunto. Ei-la:

– Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos?
“Efeito da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade. Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente. Ele lhe suporta as vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto obra com o fito da felicidade mais sólida e mais durável que o espera.” (O Livro dos Espíritos, questão 943.)

Se tal sentimento não se verifica todos os dias, é evidente que pode ser consequência do estresse a que muitos de nós acabamos nos submetendo, em face da agitação da vida moderna, ou, então, uma decorrência direta de alguma influência espiritual negativa.
O leitor deve compreender que uma influência espiritual dessa natureza nem sempre advém de alguém que nos queira prejudicar. Pode decorrer da simples presença de uma entidade desencarnada que, envolvida pelo mesmo sentimento, irradia em torno de si vibrações equivalentes que nos atingem ou não.
Que fazer ante ocorrências assim?
A prece, uma boa leitura, a meditação – eis medidas capazes de afastar o sentimento ruim, as quais podem ser facilitadas com o uso da música, sobretudo quando a música, por sua melodia e por sua letra, consegue atingir as fibras do nosso sentimento.
João Cabete, saudoso compositor que já retornou à pátria espiritual, compôs uma canção que tem esse poder. A canção intitula-se “Gratidão a Deus” e parece que foi composta exatamente para nos confortar quando o desgosto da vida, o enfado e o vazio desejam tomar nossa alma.
Eis a letra de “Gratidão a Deus”:

Quando a sombra da tristeza
Cobrir seus sonhos de ventura,
Quando você quiser chorar
Diante da taça da amargura...
Quando a dor bater à porta,
Ferindo bem fundo o coração,
Quando a esperança é morta
E a vida é amarga ilusão.
Olhe para trás,
Veja quanta dor,
Súplicas de paz
Clamando amor...
Olhos sempre em trevas,
Mãos mendigam pão,
Bocas que não falam
E risos sem razão...
Deixe de chorar,
Volte a sorrir,
Você é tão feliz,
Volte a cantar!
Faça uma prece,
Seja grato a Deus,
Ele sempre abençoa
Os filhos seus...

A canção acima pode ser ouvida, na voz da cantora Célia Tomboly, clicando neste link: https://www.youtube.com/watch?v=2Mna583-vr0
Trata-se de um medicamento de natureza não química que todos podemos utilizar, e não existe para remédio assim nenhuma contraindicação, como o leitor pode pessoalmente conferir.



sábado, 22 de novembro de 2014

O mistério de Charles Dickens, o Espírito


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Meu nome é Dickens, Charles Dickens.
— Prazer, Machado... Mas o que tendes a nos dizer, grande escritor britânicoWhat can I get for you?
— I met a new chapter  for my story.
— Como assim, Charles?
— Vós estais lembrado de que, antes de minha desencarnação, eu havia iniciado o romance O mistério de Edwin Drood, que não concluí, pois a indesejada de todas as gentes me surpreendeu primeiro e me levou a morar nos campos santos?
— É verdade, até hoje não sei o que ocorreu depois do capítulo...
— Pois agora já podeis saber. Conheci, daqui onde nós estamos agora, um jovem que, desde os 13 anos, não mais estudara e não gostava de literatura; porém, possuía perfeita sintonia espiritual comigo. Seu nome era Thomas P. James. Trabalhava numa oficina mecânica, mas quando lhe apareci e perguntei se poderia ser meu "escrivão", na continuação dessa obra, ele ficou entusiasmado e aceitou na hora o desafio.
Desse modo, passou alguns meses escrevendo cerca de 1200 páginas que, digitadas, dão umas quatrocentas. Com isso, dou por concluído meu romance, o qual, antes de minha desencarnação estava com um terço das 624 páginas atuais...
— Mas qual a causa do entusiasmo de James, se ele nem ao menos gostava de literatura?
— Imaginai alguém que, até a juventude, nunca escrevera mais de meia dúzia de páginas, com inúmeros erros de concordância, ortografia e pontuação e, "de repente, não mais que de repente", como diria o vosso poetinha Vinícius de Moraes, se vê diante de vós, que lhe pedis para escrever quinze, vinte páginas, sem nenhum erro gramatical, diariamente, após o expediente dele em sua oficina, onde trabalha dez horas por dia?
— Essa pessoa sairia correndo, pois jamais ouvira meu nome antes...
— No século XIX, não, certamente, mas hoje, que sois tão conhecido como eu, no mundo...
— Nem tanto, Dickens, nem tanto... Entretanto, deixai comigo os originais, para uma análise estilística entre o que escrevestes antes e o que, supostamente, concluístes, mediunicamente. Como crítico que sou, pouco condescendente com amadores, certamente não esperareis confirmação ao mundo de que fostes vós quem concluístes a obra.
— Não façais cerimônia, Machado amigo, lede a obra, do começo ao fim. Após isso, emiti a vossa abalizada opinião.  We met again in your blog.
— I hope so! Good bye!
— Good bye!
Esta foi a conversa que tive, leitor amigo, com Charles Dickens, há um mês. Agora, o espanto! Nada no texto post-mortem desmerece esse grande escritor, nas 400 páginas psicografadas. Na dúvida sobre minhas próprias impressões, consultei Sir Arthur Conan Doyle, o simplesmente autor de Sherlock Holmes, sobre o que achara da obra. Eis o que ele me disse:
— Sendo este o que seria o primeiro romance policial de Dickens, consagrado romancista inglês, talvez o maior deles, segundo alguns críticos, após atenta leitura de todo o livro, fiz minuciosa investigação do estilo do autor, continuação e conclusão da obra, em sua segunda parte, que julguei coerente com a primeira.
— E o jovem médium, continuou psicografando obras de grandes escritores?
— Nunca mais.
— Agradeci a Conan Doyle, e agora, ante a confirmação de minhas impressões por esse que é um dos maiores escritores mundiais no gênero, desafio o leitor a ler, sem pausa, o romance policial de Dickens, continuado por ele daqui e psicografado daí por James.
Tentai dizer, antes de ver a resposta no final do livro, onde termina o escrito de Charles por ele mesmo e onde continua Dickens escrevendo pelas mãos de James. Se conseguirdes isso sem "cola", amigo leitor e inteligente leitora, indico-vos para a Academia de Letras...

Acesse, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Distinção entre “alma humana” e Espírito



Um amigo nos pergunta qual é, nos fenômenos espíritas ou sonambúlicos, o limite onde se detém a ação própria da alma humana e onde começa a do Espírito?
Primeiramente, esclareça-se que a expressão “alma humana” diz respeito a um indivíduo que se encontra encarnado. Já a palavra “Espírito” diz respeito a um indivíduo desencarnado.
Essa divisão, conforme Allan Kardec nos ensina no livro Obras Póstumas, não existe, ou melhor, nada tem de absoluta, porque “alma” e “Espírito” não são, de nenhum modo, espécies distintas. A alma não é senão um Espírito encarnado, e o Espírito, uma alma livre dos laços terrestres. Trata-se, portanto, de um mesmo ser em estados ou situações diferentes; portanto, suas faculdades e aptidões são exatamente as mesmas.
O sonambulismo é um estado transitório entre a encarnação e a desencarnação, um desligamento parcial, um pé que o indivíduo coloca, por antecipação, no mundo espiritual. A alma encarnada ou o Espírito próprio do sonâmbulo ou do médium pode, pois, fazer, com pouca diferença, o que fará quando estiver desencarnada, com a única diferença de que, por sua libertação completa decorrente da desencarnação, o indivíduo desencarnado tem percepções especiais inerentes ao seu estado de Espírito livre.
A distinção entre o que, num dado efeito, é produto direto da alma do médium, e o que provém de uma fonte estranha, muitas vezes é difícil de ser feita, porquanto, com frequência, essas duas ações se confundem e se corroboram.
Assim é que, nas curas pela imposição de mãos, o indivíduo encarnado pode agir sozinho ou contar com a assistência de um desencarnado, do mesmo modo que a inspiração poética ou artística pode ter uma dupla origem. Todavia, do fato de ser difícil a distinção, não se segue que seja impossível. A dualidade, com frequência, é evidente, e, em todos os casos, ressalta quase sempre de uma observação atenta.
Nos textos psicografados, enquanto o conteúdo procede do indivíduo desencarnado que se comunica, a forma, o estilo, o modo como ele é grafado pode ser inteiramente do médium, exceto nos casos em que até o estilo do comunicante é preservado, fato que certamente fez famosa e respeitada a obra Parnaso de Além-Túmulo, de autoria de poetas diversos por intermédio do médium Francisco Cândido Xavier.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pílulas gramaticais (130)


Veremos hoje o que nos ensina a Gramática com relação à chamada concordância verbal, ou seja, a flexão do verbo de acordo com o sujeito da oração.

Iniciemos com alguns casos em que o sujeito é simples, quando, em termos gerais, o verbo concordará sempre com o núcleo do sujeito em número e pessoa:
- Ele viajou ontem.
- Nós iremos amanhã.
- João, Manoel e Maria saíram cedo.

Há dez situações que os especialistas chamam de casos especiais. Vejamos nesta edição cinco desses casos:

1) O sujeito é um substantivo coletivo - o verbo ficará no singular: 
- A multidão gritou pelo rádio.
- O povo ficou contente.
- A matilha espalhou-se pelo campo.

Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ir para o plural, ou permanecer no singular:
- A multidão de fãs aplaudiu.
- A multidão de fãs aplaudiram.

2) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria etc.) - o verbo ficará no singular ou no plural:
- A maioria dos estudantes foi mal na prova.
- A maioria dos estudantes foram mal na prova.
- Metade dos alunos viajou no final de semana.
- Metade dos alunos viajaram no final de semana.

3) O sujeito é um pronome de tratamento - o verbo ficará sempre na 3ª pessoa do singular ou do plural, conforme o caso:
- Sua Alteza pede silêncio.
- Suas Altezas pedem silêncio.
- Vossa Senhoria é uma pessoa admirável.
- Vossas Senhorias são pessoas admiráveis.

4) O sujeito é o pronome relativo que - o verbo concordará com o antecedente do pronome:
- Fui eu que escrevi o discurso.
- Fomos nós que escrevemos o discurso.

5) O sujeito é o pronome relativo quem - o verbo ficará na 3ª pessoa do singular ou concordará com o antecedente do pronome:
- Fui eu quem falou essa frase.
- Fui eu quem falei essa frase.
- Fomos nós quem conseguiu a verba.
- Fomos nós quem conseguimos a verba.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Pagamos caro nossa deserção ao dever



Demos continuidade ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar ao estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Como Silas impediu que Ildeu, com a arma na mão, matasse a própria esposa?
B. Que razões levaram Silas a apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?
C. Por que Ildeu tinha aversão por seu próprio filho? 

Texto para leitura 

91. O crime frustrado – Silas e André acompanharam-lhe a evolução do tresloucado plano, porquanto é sempre fácil penetrar o domínio das formas-pensamentos, vagarosamente construídas pelas criaturas que as edificam, apaixonadas e persistentes, em torno dos próprios passos. Assim, embora sorrisse, Ildeu exteriorizava ao olhar dos benfeitores o inconfessável projeto, armando detalhadamente o quadro criminoso, de­talhe por detalhe. Silas reforçou, então, na casa o serviço de vigi­lância, porquanto Marcela tinha a existência amparada pela Mansão. Dois Espíritos, zelosos e abnegados, alternativamente passaram a velar ali, dia e noite, de modo a entravar o pavoroso delito. Um dia, o ir­mão em serviço foi, inquieto, até Silas, para comunicar-lhe a precipi­tação dos acontecimentos. De alma aturdida pela influência de homici­das desencarnados que lhe haviam percebido os pensamentos, Ildeu re­solveu aniquilar a esposa naquela mesma noite. Silas não vacilou. Em­pregando o concurso de entidades amigas, em trabalho nas vizinhanças, inicialmente baniu os alcoólatras e delinquentes desencarnados que se acolhiam na casa. De madrugada, com o coração precipite, Ildeu exami­nava o pente de uma pistola, disposto à consumação do ato execrável. Revestindo-lhe todo o cérebro, surgia a cena do crime, movimentando-se em surpreendente sucessão de imagens... Ele pensava demandar o aposento das crianças, para trancá-las à chave, de maneira a evitar-lhes o testemunho, quando Silas, adiantando-se, avançou para o leito das meninas e chamou a pequena Márcia, em corpo espiritual, a rápida con­templação dos pensamentos paternos. A criança, ao ver aquelas cenas, experimentou tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada, como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!... Paizinho! Não mate! Não mate!..." Ildeu, nesse momento, já estava à porta, com a arma na mão. Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido. Marcela, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver... A mulher bondosa, incapaz de suspeitar das intenções dele, re­colheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cum­prido retamente todos os meus deveres... (...)  Procede como quiseres, mas não te despenhes no suicídio. Se é de tua vontade, monta nova casa em que vivas com a mu­lher que te faça feliz... Consagrarei minha exis­tência aos nossos fi­lhos. Trabalharei, conquistando o pão de nossa casa com o suor de meu rosto... entretanto, suplico, não te mates!..." (Ação e Reação, capítulo 14, pp.190 a 193.) 

92. Pagamos caro nossa deserção ao dever – A generosa atitude de Marcela sensibilizou os Espíritos presentes e o próprio Ildeu sen­tiu-se tocado de piedade, agradecendo, no íntimo, a versão que a es­posa oferecera aos acontecimentos, cuja direção não conseguira prever. En­contrando a escapatória que, de há muito, buscava, ele exclamou en­tão: "Realmente, não posso mais... Agora, para mim, só restam dois ca­minhos, suicídio ou desquite..." Marcela, com o auxílio de Silas, des­carregou o revólver, reconduziu as crianças ao sono e deitou-se, atri­bulada. Nos seus olhos tristes, lágrimas borbulhavam na sombra, en­quanto orava, súplice, na torturada quietude do seu martírio silen­cioso: "O' meu Deus, compadece-te de mim, pobre mulher desventu­rada!... que fazer, sozinha na luta, com três crianças necessita­das?..." Silas aplicou-lhe passes balsamizantes, hipnotizando-a, com o que a flagelada mulher, em desdobramento, se colocou, inquieta, diante dele e de André. O Assistente falou-lhe, então: "Marcela, somos apenas teus irmãos... Reanima-te! Não te encontras sozinha. Deus, Nosso Pai, jamais nos abandona... Concede, sim, liberdade ao teu esposo, embora saibamos que o dever é uma bênção divina da qual pagaremos caro a de­serção... Que Ildeu rompa os laços respeitáveis dos seus compromissos, se é que julga seja essa a única maneira de adquirir a experiência que deve conquistar... Haja porém o que houver, ajuda-o com tolerância e compreensão. Não lhe queiras mal algum. Antes, roga a Jesus o abençoe e ampare, onde esteja, porque o remorso e o arrependimento, a saudade e a dor para os que fogem das obrigações que o Senhor lhes confia con­vertem-se em fardos difíceis de carregar". (Obra citada, cap. 14, pp. 193 e 194.) 

93. O divórcio é mero paliativo – Silas explicou à desventurada mulher que se o esposo esmorecia, à frente da luta, em pleno exercício da faculdade de escolher, não seria justo violentar-lhe o livre arbí­trio. Ildeu ausentava-se dos contratos que abraçou e interrompia o resgate das contas que lhe eram próprias... Mais tarde, porém, volta­ria aos débitos olvidados, mais onerado talvez perante a Lei. "Sejam quais forem as lutas que te descerem ao coração – recomendou-lhe Si­las –, resigna-te e não temas. Faze dos filhinhos o apoio firme na caminhada. Todo sacrifício edificante no mundo expressa enriquecimento de nossas almas na Vida Eterna... Renun­cia, pois, ao homem querido, respeitando-lhe os caprichos do coração, e aguarda o futuro com espe­rança." Como Marcela chorasse, receando o porvir, em face das contin­gências materiais, Silas asseverou, presti­moso: "Para mãos dignas ja­mais faltará trabalho digno. Contemos com a proteção do Senhor e mar­chemos com desassombro. Enxuga o pranto e er­gue-te em espírito à Fonte do Sumo Bem!..." Nesse momento, parentes desencarnados da jovem se­nhora assomaram ao recinto, estendendo-lhe as mãos. Silas confiou-lhes Marcela e retirou-se. A mente de André fer­vilhava de indagações: por que Ildeu desdenhava o menino? por que Mar­cela era odiada tanto assim pelo marido? seria justo fortalecê-la para o desquite, ao invés de in­centivá-la à recuperação do amor do compa­nheiro? Silas lembrou ini­cialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicí­dio... Claro que a separação não soluciona o problema da re­denção, porque ninguém se reúne no casa­mento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. O ódio de Il­deu tinha raízes no pretérito. Ele e Marcela eram duas almas em pro­cesso de reajuste, havia vários séculos. Na última existência, foram também marido e mulher, em outro casamento fracassado, porque, dado a aventuras, Ildeu seduziu duas moças, filhas do mesmo lar, abandonando a esposa. (Obra citada, capítulo 14, pp. 194 a 196.) 

94. A recapitulação necessária – Ildeu, primeiramente, enganou uma das moças e passou a conviver com ela, a cujo cuidado ficara a irmã menor, entregue pelos pais, à beira da morte. Ildeu esperou a floração juvenil da menina para submetê-la igualmente aos seus capri­chos inconfessáveis. Entrando depois em franca decadência moral, pre­cipitou-as no meretrício, em cujas correntes de sombra as pobres moças se viram quais andorinhas presas à lama... Marcela, após cinco anos de solidão, aceitou a companhia de um homem digno e trabalhador, com quem passou a viver maritalmente... Os dias correram e um dia, Ildeu, rela­tivamente moço, mas doente, retornou à cidade onde se casara com Mar­cela, buscando o aconchego do primitivo lar, que ele mesmo destruíra. Pôde rever então a ex-companheira feliz, junto de outro, e movido de incompreensível ciúme, porque fora ele que renegara o lar sem motivo justo, matou-lhe o eleito do coração. Anos depois, todo o grupo infe­licitado reuniu-se na Esfera Espiritual e, com o amparo de Abnegados Benfeitores, regressou à Terra para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de esposa. Roberto é o com­panheiro assassinado; Sônia e Márcia são as duas irmãs que ele arrojou ao vício e à delinquência. A reencarnação no resgate é recapitulação perfeita. "Se não trabalhamos por nossa intensa e radical renovação para o bem – disse Silas –, através do estudo edificante que nos educa o cérebro e do amor ao próximo que nos aperfeiçoa o sentimento, somos tentados hoje pelas nossas fraquezas, como éramos tentados ainda ontem, porquanto nada fizemos pelas suprimir, passando habitualmente a reincidir nas mesmas faltas." Ildeu, como se via, continuava displi­cente e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar, desprezando a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Obra citada, capítulo 14, pp. 196 e 197.)

Respostas às questões propostas

A. Como Silas impediu que Ildeu, com a arma na mão, matasse a própria esposa?
Silas, ao ver a cena, chamou a pequena Márcia, filha de Ildeu, então desprendida do corpo físico em razão do sono corpóreo. A criança, ao ver a cena, experimentou tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada, como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!... Paizinho! Não mate! Não mate!..." Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido. A esposa, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver. Incapaz de suspeitar das intenções dele, ela re­colheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cum­prido retamente todos os meus deveres... (...)  Procede como quiseres, mas não te despenhes no suicídio”. (Ação e Reação, cap. 14, pp. 190 a 193.) 

B. Que razões levaram Silas a apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?
Explicando suas razões a André Luiz, Silas lembrou ini­cialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicí­dio. Evidentemente, a separação não soluciona o problema da re­denção, porque ninguém se reúne no casa­mento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. (Obra citada, cap. 14, pp. 194 a 196.)

C. Por que Ildeu tinha aversão por seu próprio filho? 
Ildeu e Marcela já haviam sido casados numa anterior existência em que também fracassaram. Com o amparo de Abnegados Benfeitores, o casal regressou à Terra para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de esposa. O filho Roberto era o ex-companheiro de Marcela que, por ciúme, Ildeu havia assassinado. As meninas Sônia e Márcia eram as duas irmãs que Ildeu havia arrojado ao vício e à delinquência. Ildeu, como se via, continuava displi­cente e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar, desprezando novamente a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Obra citada, cap. 14, pp. 196 e 197.) 

N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/o-caso-sabino-o-que-pode-acontecer-um.html



terça-feira, 18 de novembro de 2014

E Francisco ensinou com seu amor


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Quantos foram e são os ensinamentos de quão importante respeitar a natureza: a água que dela brota vida; a terra que faz reviver a semente e dar os frutos para a perpetuação; as plantas que reequilibram os campos, os prados, reconstruindo o ar dos caminhos da cidade; os animais, irmãozinhos menores, que nos ensinam e tanto alegram o nosso viver.
E por meio desse irmão bondoso, a caridade foi lição ministrada e a bondade, conteúdo imprescindível para um jardim de existências com mais harmonia e leveza para o espírito, centelha eterna.
Francisco de Assis abriu os olhos da alma e compreendeu a grandeza interligada da vida, desde o irmão Sol até a irmã Lua, em todo tempo e espaço, em cada pequenina criatura, quase inexistente, às grandes montanhas com flores pouco vistas e animais livres na ternura dos campos em paz.
Todos são irmãos, todos comungam da vida criada pelo Pai, todos possuem a oportunidade de crescimento perante os dias, as boas ações e o esforço empregado para extinguir os defeitos latentes e dar espaço às benéficas conquistas.
E o jovem era irmão da pequenina joaninha ao grande animal. Sob os olhos do Pai, todos são criaturas com permissão para viver. Uns são mais fortes, tantos outros mais frágeis e sensíveis, no entanto, há sempre o que doar e o que receber.
Sob o brilho do sol, Francisco caminhava em busca do bem e do auxílio e continuava sob o cintilar da lua. Parava embaixo da frondosa árvore para aproveitar sua sombra e, assim, com o canto dos pássaros, podia pensar melhor e agir com a serenidade do amor.
Os irmãos reconhecem a natureza do sentimento; mesmo espécies diferentes por completo, os animais se regozijavam com a presença de Francisco que os amava, respeitava e os amparava. As mesmas energias sempre se aproximarão.
Leis sábias e singelas regem o caminho para a felicidade. Não se trata de ações altamente complexas para se atingir esse objetivo. O desprendimento é o começo para a liberdade da essência, pois não se pode alçar voo com uma corrente segurando, ou seja, esta representada pelos sentimentos por se aniquilar, mas ainda latentes no espírito, como alguns deles: a possessividade; a falta de amor e caridade; o orgulho crescente; o egoísmo; a ausência de compaixão e de respeito; quer seja, na roupagem de homem ou de animal, de inseto ou de vegetação.
E quando essas características reprovadas começarem a se esvair pela luz mais atuante e decisiva gerada pela reforma íntima, a alma, espírito eterno, interpretará o que Francisco, nobre irmão, exemplificou para alcançar o aprimoramento.
O vento trará suavemente ao coração reformado, a doçura, a bondade, a compaixão, a caridade, a paciência e aceitação, o respeito, a delicadeza das palavras e dos gestos, trará o amor, maior energia e sentimento, e espalhará aos quatro cantos a singularidade do progresso.
Querido discípulo do amor, da pureza e do bem, antes vivera as ilusões mundanas, mas era sua essência, inerente, decisiva, a centelha divina, como para todos os espíritos e, por isso, sempre a verdade tende a ser determinante, embora o tempo se estenda, em alguns casos, quanto a essa percepção.
No entanto, depois de compreender, ele se redimiu perante os pés do Mestre, maior exemplo, e perante os olhos do Pai, nosso criador, Senhor absoluto. E desse momento em diante, nosso doce e bondoso irmão, Francisco de Assis, semeou apenas a semente da compreensão de que só o amor pode iluminar os locais de escuridão, transformar corações para o bem e, encantadoramente, guiar o universo para a sua emancipação.
O tapete de trigo se curvava diante do olhar amoroso, os pássaros vinham ao encontro dos braços abertos de Francisco, as flores voltavam-se para a energia bondosa do irmão, os prados e campinas tornaram-se os caminhos para o jovem angariar mais almas apresentando-lhes o bem, o sol o aquecia com a energia da perseverança e a lua iluminava sua estrada para o crescimento.
E a bondade desse coração aumentava a cada amanhecer e se expandia na mesma noite do dia. Mais e mais queria realizar sob o manto do amor; intensamente reencontrava irmãos e conhecia outros novos, no entanto, todos ligados pelo sentimento crescente fraterno.
Francisco, irmão bondoso e doce, promoveu lições e exemplos benfazejos que perduram e fundamentam o presente no tempo. Espírito iluminado que viu na natureza e nas pessoas, o maior sentido para viver, sempre sob o ensinamento do Mestre Jesus, o irmão maior das almas terrestres.
E a natureza precisa de outros Franciscos para ser protegida e amada. E os animais, irmãos singelos, querem o carinho da mão delicada e protetora que um dia lhes cuidou. E o Planeta, em grande transição, imprescindivelmente, carece da bondade e do amor que os olhos franciscanos sempre doaram, radiosos.
Agora é o melhor tempo para a ação viva dos ensinamentos de Francisco. Os irmãos menores confiam nos maiores e o Planeta aguarda melhoria.

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