domingo, 31 de agosto de 2014

Quando o assunto é sexo...



Anos atrás, a imprensa internacional deu grande destaque ao pedido de desculpas que a Igreja apresentou ao mundo, reportando-se aos erros que seus membros cometeram ao longo dos anos no tocante ao tema comportamento sexual e castidade.
O pedido de desculpas tem sua origem conhecida. É que, dias antes, determinado governante de um país vizinho, ex-bispo católico, reconhecera ser pai de uma criança, resultado de um relacionamento com uma jovem quando ele ainda estava investido nas funções sacerdotais. O relacionamento teria começado quando a jovem nem havia completado 17 anos.
Na ocasião em que a notícia foi divulgada, vários casos envolvendo líderes e personalidades importantes de outros países foram lembrados, o que evidencia a fragilidade do ser humano quando o assunto envolve comportamento sexual, castidade e fidelidade.
Para os espíritas nada de surpreendente pode haver em tais fatos, visto que temos perfeita ciência de quão atrasado é o nosso planeta do ponto de vista moral. Afinal, menos de setenta anos atrás, exatamente em 1948, Frederico Figner consignou em seu livro Voltei, obra mediúnica psicografada por Francisco Cândido Xavier, a informação de que mais da metade da população do globo era constituída de Espíritos semicivilizados ou bárbaros e que apenas 30% formavam o contingente de pessoas aptas à espiritualidade superior. (Cf. Voltei, de Irmão Jacob, FEB, 7ª edição, pág. 93.)
De 1948 até agora, dada a exiguidade do tempo decorrido, temos de reconhecer que muito pouco se alterou na qualificação dos habitantes de nosso mundo, uma ideia que é corroborada pelo quadro geral de decomposição e miséria moral que tem gerado guerras, corrupção, iniquidades, violência e desmandos diversos que o noticiário nos aponta a cada dia.
O tema sexualidade assumiu na obra de Freud um papel de destaque, a que André Luiz se refere no cap. 11 de seu livro No Mundo Maior, psicografado por Francisco Cândido Xavier e publicado pela editora da FEB.
Nesse livro há a reprodução de uma palestra proferida por um Instrutor desencarnado, em que a temática do sexo e o pensamento de Freud foram focalizados. Segundo o palestrante, Freud centralizou seus estudos no impulso sexual, conferindo-lhe caráter absoluto, de maneira que, para o círculo de estudiosos essencialmente freudianos, os problemas psíquicos da personalidade se resumem todos à angústia sexual, enquanto duas correntes distintas de seus colaboradores entendem que as causas dos referidos problemas se estenderiam também à aquisição de poder e à ideia de superioridade, ou seja, além da satisfação do sexo e da importância individualista, existe também o impulso da vida superior que tortura o homem terrestre mais aparentemente feliz.
Na visão do Instrutor citado por André Luiz, as três escolas são portadoras de certa dose de razão, embora, segundo ele, não se possa afirmar que tudo nos círculos carnais constitua sexo, desejo de importância ou aspiração superior.
Em que pese essa ressalva, o Instrutor admitiu, no final de suas considerações, que mais da metade dos milhões de Espíritos encarnados na Crosta da Terra, de mente fixa na região dos movimentos instintivos, concentram suas faculdades no sexo, do qual se derivam naturalmente os mais vastos e frequentes distúrbios nervosos.
Em face de tais palavras, ninguém se surpreenda se novas decepções vierem à tona no mundo em que vivemos, situação que só se modificará com o aprimoramento moral dos habitantes do planeta, o que, obviamente, demandará muito tempo e exigirá de todos muito esforço.




sábado, 30 de agosto de 2014

Diferença capital



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Volta à ordem do dia a questão capital. Veja leitora amiga que já em 22 de janeiro de 1893 este articulista abordara o assunto.
Houve tempo no qual não se falava de outra cousa a não ser a mudança da capital federal para nova cidade. A ideia era a de não ser a nova cidade um prolongamento da Rua do Ouvidor.
Já se dizia do sonho visionário de Dom Bosco e se previra, na constituição, um espaço na região central do país. A ideia legislativa, entretanto, era Teresópolis, mas Vassouras não queria ficar atrás (Vai, vassouras!...).
Outras candidatas eram Petrópolis e Nova Friburgo. Niterói, ex-capital do Rio, nada reivindicava... Mas além-fronteira, havia Minas Gerais e sua Ouro Preto, que acabou cedendo a vez a Belo Horizonte como capital... mineira.
O certo é que a vida, sendo tão curta e a morte tão certa, acabei morrendo sem ver a nova capital ser transferida para o Centro-Oeste. O Rio de Janeiro continuou com seu Cristo Redentor, o Corcovado, as praias de Copacabana, Ipanema, Prainha, Grumari e outras sete praias maravilhosas. Além, é claro, dos teatros, do Passeio Público, da Rua do Ouvidor...

*

Agora, sim, temos uma cidade ampla, espaçosa, com largas avenidas e residências destinadas às famílias das mais variadas classes sociais. Todas as ocupações profissionais, aqui, são valorizadas e bem remuneradas. O investimento em educação e a valorização do professorado, nesta cidade, é algo invejável; parece cousa de primeiro mundo...
O trânsito é absolutamente seguro, pois, embora não sejam vistos, os agentes rodoviários e policiais estão prontos para agir em casos de acidentes, roubos e assaltos. Qualquer ocorrência nas vias públicas é imediatamente atendida por duas ou três viaturas policiais e agentes bem preparados...
Há amplos mercados, diversos shopping centers, bares e restaurantes noturnos, amplamente frequentados. Córregos, parques e pistas para caminhadas ou corridas ladeiam os condomínios com facilidade de acessos laterais, suficientemente afastados, cujas entradas são guardadas por seguranças atentos, providos de amplos recursos para acionar imediatamente as forças policiais, caso haja necessidade...
Quase não se veem policiais nas ruas... fardados; mas se alguém tentar bancar o engraçadinho com uma jovem ou senhora, se outrem ousa bater a carteira de um cidadão incauto, se pugilistas resolvem fazer dos locais públicos rings, imediatamente aparecem de todas as partes, como num passe de mágica, dezenas de agentes da segurança, à paisana e até mesmo fardados, para dar voz de prisão ao fora da lei desavisado.
A honestidade e a disciplina aqui caminham de mãos dadas. Caso a amiga leitora ou o caro leitor necessitem trocar um produto em qualquer loja da cidade, basta-lhes entregar o produto na recepção, escolher o novo produto e acertar a diferença na saída do estabelecimento.
As pessoas idosas são tratadas com respeito e dispõem de vantagens especiais, como a do desconto de 40% na compra de um imóvel para sua moradia.  Prioridades, somente para deficientes físicos ou enfermos...
A qualquer hora do dia ou da noite, você pode passear tranquilo nas ruas, pedalar sua bicicleta, frequentar o teatro ou o parque de diversões sem medo de ser assaltado. Aqui, a cidadania é respeitada e as infrações à lei são rigorosamente punidas.
— Mas e se os agentes policiais abusarem de sua autoridade? Será que tanto poder não leva à sensação de impunidade? Pergunta-me o curioso leitor.
— De jeito nenhum. O policial ou qualquer outra autoridade que se comportar inadequadamente é submetido de imediato a um conselho de justiça e, além de ser afastado de suas funções, é rigorosamente punido, sem subterfúgios de recursos protelatórios aos julgamentos. E ai do político que sair da linha... Prison for him!
— Mas Machado, você tem certeza de que está falando de Brasília?
— Claro que não, amiga leitora; refiro-me a um dos 50 estados mais pobres dos Estados Unidos da América do Norte, a Flórida.
Sobre a capital do Brasil falaremos outro dia. All right now!

Acesse, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com



sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Pílulas gramaticais (118)


Qual frase está correta?
1) A avaliação feita pelos economistas não é de toda errada.
2) A avaliação feita pelos economistas não é de todo errada.

A locução adverbial de todo significa: completamente, totalmente, e é invariável. Em face disso, devemos escrever da seguinte forma:
  • A avaliação feita pelos economistas não é de todo errada.
  • O que João fez está de todo errado.
  • As decisões do governo estão de todo equivocadas.
  • Maria naquele momento estava de todo confusa.
Lembremos, porém, que a locução de todo, invariável, como foi dito, nada tem que ver com a palavra todo. Esta palavra, usada como adjetivo ou com valor de advérbio, deve concordar com o nome a que se refere:
  • A casa ficou toda bagunçada.
  • As meninas estavam todas agitadas.
  • Quanto aos garotos, entraram todos nervosos.
  • A jovem noiva entrou no recinto toda faceira.
  • Móveis todos novos indicavam que tudo ia bem.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A qualidade do Espírito determina a qualidade do seu corpo espiritual


Uma leitora perguntou-nos:
– O Espírito pode ser perfeito quando seu corpo espiritual não é perfeito?
Para entender a resposta a essa pergunta é preciso lembrar, inicialmente, que o corpo espiritual, ou perispírito, tem uma densidade, um peso específico próprio, e que a natureza do envoltório fluídico guarda sempre relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. À condição moral do Espírito corresponde, por assim dizer, uma determinada densidade do perispírito. Maior elevação espiritual, menor densidade fluídica. Menor elevação espiritual, maior densidade, isto é, perispírito mais grosseiro, com maior condensação fluídica. É claro que, apesar de mais densos, os envoltórios fluídicos mais grosseiros continuam imponderáveis aos nossos olhos. 
No cap. XIII da obra Entre a Terra e o Céu, o ministro Clarêncio explica que o corpo espiritual é, por excelência, vibrátil e se modifica profundamente, segundo o tipo de emoção que lhe flui do âmago. Como ninguém ignora, em nosso próprio meio a máscara física altera-se na alegria ou no sofrimento, na simpatia ou na aversão. No plano espiritual, semelhantes transformações são mais rápidas e exteriorizam aspectos íntimos do ser, com facilidade e segurança, porque as moléculas do perispírito giram em mais alto padrão vibratório, com movimentos mais intensivos que as moléculas do corpo carnal. 
Os veículos perispirituais de maior peso específico chumbam os Espíritos às regiões inferiores, impossibilitando-lhes o acesso a planos mais elevados e, por isso mesmo, o ingresso em mundos de maior elevação espiritual. A acentuada densidade do perispírito de grande número de Espíritos leva-os a confundi-lo com o corpo material que utilizaram durante sua última encarnação. Esse é um dos motivos que fazem muitos Espíritos considerar-se ainda encarnados e pensar que vivem em nosso meio, na Terra, imaginando-se entregues a ocupações que lhes eram habituais.
O corpo espiritual ou perispírito dos Espíritos superiores, de reduzido peso específico, confere-lhes uma leveza que lhes permite viver em planos mais elevados e deslocar-se a outros mundos. Eles podem, evidentemente, descer aos planos inferiores e, dada a sutileza do seu envoltório, não serão percebidos pelas entidades desencarnadas inferiores.
Respondendo então à pergunta, diremos que, se o Espírito é perfeito, seu corpo espiritual, ou perispírito, também será perfeito, dada a íntima relação que existe entre um e outro.
Sobre o tema sugerimos aos interessados ler o estudo intitulado natureza e propriedades do perispírito, publicado na edição 90 da revista “O Consolador”. Eis o link que permite acessar o estudo: http://www.oconsolador.com.br/ano2/90/esde.html



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio


Teve sequência ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. Luís, que estava parcialmente desligado do corpo que dormia, viu Silas e André?
B. Onde os irmãos Leonel e Clarindo aprenderam a técnica obsessiva que aplicavam naquele caso?
C. As tentações têm ligação direta com esse “desejo-central”?

Texto para leitura

48. Com Clarindo e Leonel – Silas e André penetraram estreito compartimento, onde alguém contemplava grandes maços de papel-moeda, acariciando-os com um sorriso malicioso. Era Luís, que, desligado do corpo pela influência do sono, vinha afagar ali o dinheiro que lhe nutria as paixões. Evidentemente, o dono da casa não percebeu a presença dos visitantes, o que não ocorreu com os irmãos Clarindo e Leonel, que, de repente, penetraram o recinto e dirigiram-se desabridamente para André e Silas, tendo um deles perguntado: "Quem são? quem são vocês?" Silas respondeu, de forma enigmática: "Somos amigos". O outro então informou: "Bem, nesta casa ingressam somente aqueles que saibam valorizar o dinheiro..." E, designando Luís, acrescentou: "Para que ele não se esqueça de preservar a fortuna que é nossa". Silas ajuntou: "Sim, sim... quem não estimará os haveres que lhe pertençam?" Os irmãos, satisfeitos e esfregando as mãos, na alegria de quem supostamente encontrava mais combustível para a fogueira de sua vingança, exclamaram, então: "Muito bem! muito bem!..." E, demonstrando imediata confiança em André e Silas, disseram terem sido vítimas de terrível traição por parte de um irmão infeliz que lhes pilhou os bens, motivo por que ali estavam para o desforço justo. Clarindo, que era o mais brutalizado dos dois, gargalhou de maneira estranha e acentuou: "O maldito (...) acreditou que a morte lhe apagaria o crime e que nós, os desventurados que lhe sucumbimos às mãos, estaríamos reduzidos a pó e cinza. Apossou-se-nos dos haveres, depois de promover um acidente espetacular, no qual fomos por ele assassinados sem compaixão". Na sequência, acrescentou: "O bandido sofrerá os resultados da infâmia contra nós e aqui respira o filho dele, cujos menores movimentos governaremos, até que nos restitua a fortuna de que somos legítimos senhores..." As lamentações dos dois irmãos prosseguiram por longo tempo, findo o qual Clarindo indagou a Silas: "Não admitem vocês que temos razão?" Silas concordou, enigmático: "Sim, todos temos razão, entretanto..." O uso do vocábulo "entretanto" irritou Leonel, que atalhou, algo cínico: "Entretanto? quererá, porventura, interferir em nossos propósitos?" Silas o confortou: "Nada disso. Desejo simplesmente lembrar que por dinheiro já lutei excessivamente, crendo que o direito prevalecia de meu lado..." Como a observação algo dúbia chocou os interlocutores, o Assistente valeu-se da expectativa natural e perguntou: "Amigos, vemos que esta casa permanece largamente povoada de irmãos nossos ensandecidos... Serão todos eles credores desta família infortunada?" André compreendeu que a pergunta afetuosa tinha o objetivo de entreter a confiança dos vingadores intrigados.  (Ação e Reação, capítulo 8, pp. 107 a 109.)

49. Como nossas ideias centrais se refletem – Leonel, que parecia a André o cérebro da empresa delituosa, respondeu: "É que, até agora, precisávamos dividir o tempo entre pai e filho, e, por isso, localizamos aqui, temporariamente, os onzenários enlouquecidos que, fora do campo carnal, apenas mentalizam o ouro e os bens a que se afeiçoaram no mundo, de modo a nos favorecerem a tarefa. Acompanhando o sovina que nos obedece ao comando, constrangem-no a viver, tanto quanto possível, com a imaginação aprisionada ao dinheiro que ele ama com tresloucada paixão". As coisas tornavam-se, assim, bastante claras. Luís, o dono da fazenda, além do apego doentio à precária riqueza humana, sofria também a pressão de outras mentes, alucinadas tanto quanto a dele nos enganos da posse material, o que elevava o desejo enfermiço à tensão máxima... Os tios de Luís, no seu propósito de desforço, aprenderam essa técnica nas escolas de vingadores – organizações mantidas por Inteligências criminosas, homiziadas temporariamente nos planos inferiores. Todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, um "desejo-central" ou "tema básico" dos interesses mais íntimos. Em face disso, emitimos com mais frequência – além dos pensamentos vulgares e rotineiros – os pensamentos que nascem do "desejo-central" que nos caracteriza, os quais passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. "Desse modo – disse Leonel –, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir é, assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa forma, a fixação mental." "Através de semelhantes processos – acrescentou Leonel –, criamos e mantemos facilmente o `delírio psíquico' ou a `obsessão', que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo." (Obra citada, capítulo 8, pp. 109 e 110.)

50. Somos tentados em nossas próprias imperfeições – Sorrindo, o inteligente perseguidor disse, sarcástico: "Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio". André estava surpreso, visto que nunca ouvira um Espírito, aparentemente vulgar, com tanto conhecimento e consciência de seu papel. Silas, revelando grande interesse em torno do assunto, ponderou: "Indiscutivelmente, a exposição é perfeita. Cada qual de nós vive e respira nos reflexos mentais de si mesmo, angariando as influências felizes ou infelizes que nos mantêm na situação que buscamos... Os Céus ou as Esferas Superiores são constituídos pelos reflexos dos Espíritos santificados e o inferno..."  "... É o reflexo de nós mesmos", completou Leonel com uma gargalhada. O Assistente pediu-lhe, então, desse algum exemplo prático daquilo que afirmara, ao que ele assentiu com prazer, informando: "O avarento sob nossa vista guarda o propósito de comprar ou extorquir determinada gleba vizinha, a qualquer preço, mesmo em se tratando de transação criminosa, para valorizar as aguadas da propriedade que nos pertence. Tratando-se de assunto no tema essencial da existência dele, que é a cobiça, facilmente recolherá as imagens que eu lhe deseje transmitir, utilizando-me da própria onda mental em que as suas ideias habitualmente se exprimem..." Dito isto, passando das palavras para a ação, pôs sua destra sobre a fronte de Luís, mantendo-se na profunda atenção do hipnotizador governando a presa, e esta arregalou os olhos com a volúpia do faminto que vê um prato saboroso, a distância, a falar: "Agora! agora! as terras serão minhas! muito minhas! Ninguém concorrerá com meus preços! ninguém!..." Logo após, lépido, afastou-se, indo na direção da fazenda fronteiriça. "Viram? – perguntou Leonel –  transmiti-lhe ao campo mental um quadro fantástico, através do qual as terras do vizinho estariam em leilão, caindo-lhe, enfim, nas unhas. Bastou que eu mentalizasse uma tela nesse sentido, arquitetando o sítio à venda, para que ele a tomasse por realidade indiscutível, porquanto, em se tratando de nosso reflexo fundamental, somos induzidos a crer naquilo que desejamos aconteça..." (Obra citada, capítulo 8, pp. 111 e 112.)

Respostas às questões propostas

A. Luís, que estava parcialmente desligado do corpo que dormia, viu Silas e André?
Não. No local onde estava, contemplando grandes maços de dinheiro, Luís, então desligado do corpo pela influência do sono, não percebeu os dois visitantes que, no entanto, foram vistos pelos irmãos desencarnados Leonel e Clarindo. Estes contaram então qual era o plano que desenvolviam naquela casa, decorrente da vingança que exerciam contra seu irmão com vistas a recuperar a fortuna que lhes foi tirada. (Ação e Reação, cap. 8, pp. 107 a 109.)

B. Onde os irmãos Leonel e Clarindo aprenderam a técnica obsessiva que aplicavam naquele caso?
Eles aprenderam essa técnica nas escolas de vingadores – organizações mantidas por Inteligências criminosas, homiziadas temporariamente nos planos inferiores. A técnica consistia em exacerbar em Luís o sentimento de usura e o apego ao dinheiro. A técnica parte do pressuposto de que todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, um "desejo-central" ou "tema básico" dos interesses mais íntimos, que, no caso de Luís, era a avareza e a cupidez.  (Obra citada, cap. 8, pp. 109 e 110.)

C. As tentações têm ligação direta com esse “desejo-central”?
Sim. Cada pessoa é tentada exteriormente pela tentação que alimenta em si própria. Segundo Silas, cada qual de nós vive e respira nos reflexos mentais de si mesmo, angariando as influências felizes ou infelizes que nos mantêm na situação que buscamos... (Obra citada, cap. 8, pp. 111 e 112.) 



terça-feira, 26 de agosto de 2014

As flores nascidas das lágrimas da dor



CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Quem dera fosse a espera pelos pais que retornavam de uma viagem. O filho estava, sentadinho, esperando, mas não chegariam com novidades. A família já se reunia na casa do menino; porém, o choro foi maior do que os abraços de reencontros felizes.
Inexplicavelmente, os pais de Isaac amanheceram mortos no leito do casal. Não se sabe a causa do inesperado acontecimento... os dois de uma vez. Cogitou-se uma suposta ocorrência, com alguma comida imprópria servida na festa da noite anterior, à qual toda a família comparecera, no entanto, somente o casal sofrera tamanha complicação levando-o à fatalidade.
Poderia ser encontrado o motivo, mas não traria, ao convívio comum, os pais do menino.
De repente, as urnas chegaram para o velório; momento importante para preces e ocasião para o desapego do corpo físico, ligação mais intensa com o plano espiritual, pois a bondade do Pai é a eternidade dos dias para o espírito.
Primeiro foi o corpo da mãe a ser posicionado, em seguida, o do pai. Isaac, ficou sentadinho entre um e outro. Colocou uma mãozinha em um e depois em outro, levantou-se, olhou para cada um com tanto amor, tanto carinho.
As pessoas presentes se comoveram muito pela docilidade do menino, do filho do casal. Mesmo com a frágil situação, Isaac não se desesperava, cuidava do pai e da mãe, mesmo sem mais necessitarem do amparo físico. Sentadinho na cadeira entre os dois, balançava os pezinhos, era franzino e nem alcançava o chão para repousá-los.
Os avós, os tios, um por vez chegavam ao ouvido do menino, e com tanta brandura, perguntavam-lhe se precisava de alguma coisa; até água e suco eram levados até ele, pois não se distanciava do posto de cuidador amoroso. Somente duas vezes havia ido ao banheiro durante o período da manhã e já dois quartos da tarde também se findavam.
Isaac tanto foi cumprimentado com abraços e beijos na face, e as pessoas deixavam sempre um pouquinho de lágrima em seu rosto. Talvez essas lágrimas não fossem somente pela perda do casal, mas muito mais pela comovente atitude do pequenino órfão. A ternura de seu olhar perante os pais, adormecidos nos caixões, fora dificilmente vista antes em outros olhos.
Como se não bastasse toda essa comoção, o filho ainda conversava com os pais sobre assuntos cotidianos, como se os dois pudessem lhe responder; os três normalmente conversavam e compartilhavam com risadas e tanta felicidade as conversas simples e maravilhosas do dia a dia.
E esse momento tão marcante para Isaac estava prestes a se encerrar, pois um homem com jeito calmo e amoroso adentrara o recinto onde ocorria o velório para dizer bondosas e confortantes palavras para os presentes, enfatizando, para o filho e família. Após a mensagem de conforto, as urnas seriam recolhidas e encaminhadas até o túmulo da família, que era preparado para recebê-las.
Quando foi informado o horário para o fechamento das tampas, naturalmente, algumas pessoas mais próximas começaram a se despedir e virou um ritual as pessoas se despedirem com um olhar para os dois falecidos e com um beijo na face ou na cabeça do filho do casal.
Exatamente às dezessete horas de uma tarde primaveril, haveria o enterro dos pais de Isaac.
Como é comum, antes de haver o sepultamento, já no cemitério, é realizada mais uma oração de corpo presente e, assim, ocorreu naquele momento; entretanto, as palavras amorosas e reconfortantes foram proferidas por um filho, agora órfão, de apenas onze anos.
O menino se soltou, com calma, da mão da avó materna e pediu para dizer algo. Todos, já muito emocionados pelo pouco comum acontecimento, ainda com mais expectativa, se puseram a ouvir. Isaac, aparentemente tão frágil, começou a falar, posicionado em um local onde todos podiam vê-lo.
Com as mãos entrelaçadas à altura do coração, o pequenino começou o discurso de um filho proferindo sobre seus pais:
– Antes de tudo, agradeço a Deus por ter sido o filho desses meus pais queridos. Quantos momentos felizes passamos juntos, tantas coisas descobrimos, quanto os meus pais fizeram por mim.
O jovenzinho deu uma pausa e seus olhos brilhavam como a gota do orvalho na manhã de um novo dia, mas sem desespero, pois seus pais haviam-lhe passado ensinamento sobre o significado de uma existência em relação à eternidade da vida. Isaac era iluminado por uma luz encorajadora e calma, e amigos do outro plano o sustentavam para a ocasião. Ele continuou:
– Quando tinha medo de dormir, sozinho, à noite, mamãe conversava com papai e ele logo me buscava e em seus braços me trazia para a sua cama e, com tanta felicidade, nós três conversávamos e tanta risada surgia, mas isso só quando estava com muito medo. E nas vezes que precisava me explicar alguma coisa, quando era bem criança ainda, papai se abaixava e de joelhos ficava e me olhava na direção dos meus olhos para, assim, com palavras bem simples e de fácil entendimento, eu compreender e aprender a nova lição. Quando estava bem frio, nós três ficávamos encolhidos no sofá, mas mamãe me colocava, sentadinho entre os dois para eu ficar quentinho e protegido. Mamãe, todas as noites, fazia comigo a oração de agradecimento e pedido pelos bons acontecimentos, saúde e proteção, também para eu ser um menino e homem de bem, que respeitasse e compreendesse as pessoas, os animais e a natureza inteira, pois mamãe falava que ter respeito era o início do amor, e mesmo que ainda não amasse alguém como amo meus pais, mas com o respeito já estaria compreendendo a sua importância e um dia, também, poderia amá-lo.
Devagar algumas lágrimas escorreram dos olhinhos do menino, enquanto que no rosto dos presentes, até nos mais aparentemente insensíveis, estava o banho da lágrima das emoções. Momentos assim são pura reflexão de como está o convívio com os mais próximos e com a vida de uma forma geral.
E o filho retomou mais uma vez para a conclusão de seu discurso tão simples e verdadeiro:
– Só mais um pouquinho. Quero muito agradecer a Deus e pedir que Ele leve meus pais para um lugar bem bonito e protegido, e como papai um dia me falou: “nós nos reencontraremos, filho”, aguardo esse dia, mas com muita felicidade para viver ainda aqui, pois mamãe me falava que o sorriso dos olhos traz alegria para todas as coisas. E também agradeço a todos por estarem aqui e me fortalecerem com palavras, carinhos e muitos abraços... e agora continuarei a minha vida e, também, serei o homem de bem com que tanto mamãe se importava.
Isaac colocou uma mão em cada caixão e o soluço veio forte e incontido. As duas urnas foram descendo à medida apropriada e logo estavam recolhidas e o lugar, com o acabamento necessário.
No final daquela tarde, com os raios de sol bem fraquinhos, o menino, de mão dada com a avó materna que teria agora a importância de sua mãe, voltava para a casa sem os pais. Uma nova vida se iniciara. Aquele aparente e frágil menino caminhava amparado por seus parentes e por amigos espirituais tão dedicados ao bem comum.
Os atos obedecem a uma lei universal, à lei de Deus. Inúmeras vezes não se compreende o desencadeamento das ações e reações, no entanto tudo possui uma razão de ser. A mesma energia receberá a sua resultante em curto tempo ou na duração de existências inteiras.
Isaac estava no curso que, por algum motivo, lhe conveio essa ocasião e o amor de Deus, perfeito Criador, por meio de ajudantes amorosos encarnados e desencarnados, sempre o ajudará a buscar uma melhor maneira para o cumprimento do dever, degrau da evolução.
O livre-arbítrio é comum a todo espírito, o que diferenciará em bem ou mal são as escolhas na caminhada da vida.
E a avó de Isaac, a partir de agora, o levaria para a sua casa, cuidaria dele como o filho que em outro tempo não foi capaz de cuidar.

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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

As mais lindas canções que ouvi (102)



Esses moços, pobres moços

Lupicínio Rodrigues


Esses moços, pobre moços,
Ah se soubessem o que eu sei!
Não amavam, não passavam
Aquilo que eu já passei.

Por meus olhos, por meus sonhos,
Por meu sangue, tudo enfim,
É que eu peço a esses moços
Que acreditem em mim.

Se eles julgam
Que há um lindo futuro,
Só o amor
Nesta vida conduz,
Saibam que deixam o céu
Por ser escuro,
E vão ao inferno
À procura de luz.

Eu também tive
Nos meus belos dias
Essa mania que muito me custou,
Pois só as mágoas que eu trago hoje em dia
E estas rugas
Que o amor me deixou.

Esses moços, pobre moços,
Ah se soubessem o que eu sei!...


Você pode ouvir a canção acima na interpretação dos seguintes cantores:


domingo, 24 de agosto de 2014

As lições sempre oportunas de Cairbar



As obras de autoria de Cairbar Schutel, que desencarnou no mês de janeiro de 1938, já pertencem, desde janeiro de 2009, ao domínio público e podem, portanto, nos termos do art. 41 da Lei n. 9.610, de 19/2/1998, ser publicadas por qualquer editora que se disponha a essa tarefa.
Os livros de Cairbar são, sem exceção, importantes e merecem uma maior atenção da parte de todos nós que militamos na imprensa ou nas casas espíritas.
Schutel não se destacou apenas por sua dedicação ao bem ou à divulgação da doutrina espírita. Seu apreço pelo estudo do Espiritismo ressalta de várias de suas obras, como, por exemplo, podemos ver no livro Médiuns e Mediunidade, do qual extraímos cinco pontos que interessam de perto a todas as pessoas que se dedicam à mediunidade.
Ei-los:
1) Influência do meio sobre a reunião mediúnica – Lembra Cairbar, na obra mencionada, que as comunicações com os Espíritos exigem muito recato, muito respeito, muita civilidade e muito recolhimento. (Médiuns e Mediunidade, pp. 73 e 74.)
O meio exerce ação considerável para o bom êxito das sessões e até Jesus tinha especial cuidado com isso.
No conhecido episódio do monte Tabor, o Mestre se fez acompanhar de três apóstolos somente. Em Betsaida (Marcos (8:22), conduziu o cego fora da aldeia antes de curá-lo. Fato idêntico ocorreu com o homem surdo e gago, que Jesus tirou da multidão e atendeu à parte (Marcos, 7:32), e com a filha de Jairo (Mateus, 9:18), a quem ele curou dentro de um aposento isolado da curiosidade alheia.
2) Apelo à privacidade das sessões mediúnicas – As sessões práticas devem ser privativas, com número reduzido de assistentes convencionados e assíduos, porque elementos estranhos prejudicam o resultado dos trabalhos. (Obra citada, pp. 53 e 72.)
Não se concebe, pois, a realização de sessões mediúnicas públicas, com portas abertas, sem circunspeção e critério exigidos para a prática mediúnica, algo que ainda se vê em muitas Casas Espíritas, sem nenhum motivo que o possa justificar.
3) O que compete aos médiuns observar – Primeiramente – ensinava Cairbar – os médiuns devem estudar, porque o estudo preparatório dos que se dedicam às sessões mediúnicas é indispensável ao exercício da mediunidade. (Obra citada, pp. 75 e 76.)
Os médiuns necessitam ter, ainda, muita persistência, muita paciência, muita perseverança nas reuniões e nos estudos, para melhor se relacionarem com o mundo invisível.
4) Orientação a doutrinadores e esclarecedores – Antecipando-se ao que modernamente se sabe sobre o assunto, Cairbar recomendava já em sua época, no atendimento aos comunicantes desencarnados: “Convém deixar o Espírito comunicante falar”. (Obra citada, p. 53.)
Ele sabia, então, que a chamada doutrinação ou esclarecimento dos Espíritos equivale, no plano material, ao atendimento fraterno, em que o atendente mais ouve do que fala, possibilitando assim ao atendido dar ampla vazão aos sentimentos muitas vezes represados pelas condições do ambiente em que vive.
5) Condições do ambiente das sessões mediúnicas – As sessões mediúnicas – recomenda Cairbar – requerem um ambiente de semiobscuridade ou iluminado com uma lâmpada vermelha de luz fraca. (Obra citada, p. 51.)
Ele fazia, assim, uma recomendação que André Luiz iria fazer várias décadas mais tarde, em seu livro “Desobsessão”, psicografado em 1964.
A preocupação com o estudo e a pesquisa não se limitou, no entanto, à obra mencionada, porque seria de novo enfatizada em um de seus livros mais importantes – A Vida no Outro Mundo, em que Cairbar nos apresenta, na parte final, esta importante e atualíssima mensagem:

“O túmulo não é o ponto final da existência.
Nosso destino é grandioso.
Existem mundos de luz, onde reina a verdade; mundos que serão nossas futuras moradas!
Assim como o progresso caracteriza perfeitamente a evolução gradativa do nosso planeta, que será um dia paraíso terrenal, assim também essa Lei inflexível, que rege os mundos que se balouçam no Éter, nos prepara moradas felizes, dispersas na Casa de Deus, que é o Cosmo infinito.
Tenhamos fé e estudemos!
Ignoramos? Progridamos! Porque do estudo e da pesquisa vem a verdade que esclarece a inteligência, e, desta, a evolução espiritual, que nos guinda às alturas, para compreendermos as coisas do Espírito, coisas que Deus reserva para todos os que procuram crescer no Seu conhecimento e na Sua graça.
Que as luzes da caridade, que vamos conquistando, nos ilumine toda a Ciência, toda a Religião, toda a Filosofia, para podermos, com justos títulos, observar as magnificências do Universo e cientificarmo-nos da imortalidade e da Eternidade da Vida.” (A Vida no Outro Mundo, pág. 126.)




sábado, 23 de agosto de 2014

Presença de Machado no culto do Chico Xavier



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Mui cara leitora e estimado leitor, vocês não têm ideia de onde estive, após ter despertado do ilusório "sono eterno" há algumas décadas. Pois não se espantem, passei, certa noite, pelo lar de Chico Xavier, em Uberaba, MG.
E o que vi ali que tanto me impressionou? Havia uma sala simples, com cerca de trinta cadeiras e, ao redor de uma mesa retangular, de cerca de quatro metros de comprimento por um metro de largura, estavam treze pessoas reunidas. Uma delas era Chico, que se sentara à cabeceira da mesa, à frente duma parede branca, com uma estreita porta, à sua esquerda, a qual dava para um quartinho, nos fundos. Sobre uma mesinha desse quarto, além de moringa com água e de copos plásticos, estava um caderno para anotações de pedidos de preces em benefício de encarnados e desencarnados...
Para minha felicidade, eu adentrara, pela vez primeira, a casa do médium mineiro em pleno culto do evangelho. Eram exatamente 20 horas do dia 21 de junho de... Presente de aniversário que ganhei de Carola.
Após a prece inicial do Chico, seu filho adotivo, Eurípedes, abriu uma página do Evangelho segundo o Espiritismo e pediu às demais pessoas sentadas à mesa para comentar cada parágrafo dessa obra magistral. Nesse mesmo instante, vi um senhor alto, vestido à la romana, toga branca dos senadores da época de Nero, que após cumprimentar-me gentilmente e se apresentar como Emmanuel, dirigiu-se ao médium Xavier, o qual, munido de várias folhas em branco e não menos de vários lápis, passou a escrever, celeremente, sob a influência daquele Espírito de altíssima elevação.
A luz irradiada por Emmanuel era tão intensa que, embora a sala estivesse, até então, em penumbra, foi tomada de tal claridade que cheguei a imaginar a plena noite de Lua cheia tornar-se Sol do meio dia.
Ao final dos comentários dos integrantes da mesa, Chico já havia psicografado belíssima mensagem para nossa reflexão intitulada "Tolerância e perdão". O mais surpreendente é que tudo que fora escrito pelo médium representava fielmente as palavras de Emmanuel dirigidas a mim, que lhe fazia algumas perguntas a respeito do tema lido e comentado pelos doze participantes da mesa: Amai os vossos inimigos, cap. XII do citado Evangelho.
Embora alguma implicância do crítico literário Sílvio Romero, que tomou uma crítica nossa às suas primeiras produções literárias, como ataque pessoal, nunca tive inimigos em minha última reencarnação. Tanto é assim que a mim não me importaram muito seus comentários irônicos sobre minha literatura de "estilo gago", no seu entendimento venenoso.
À época, não faltou quem me defendesse dos apodos gratuitos do doutor Romero.
Então, pedi orientação a Emmanuel sobre como reparar as nossas ofensas, muitas vezes irrefletidas, às pessoas. E ele respondeu-me que devemos emitir vibrações mentais equilibradas em benefício de tais pessoas, buscando lembrar os favores, as gentilezas que elas porventura hajam nos proporcionado. Acrescentou, também, que devemos nos abster de qualquer referência negativa sobre o ofendido e, para reconquistar sua simpatia, ser amáveis com seus familiares e amigos.
 Mas isso não seria bajulação, meu caro Emmanuel? – perguntei-lhe.
 Não, Machado, é preciso envolver a pessoa a quem desejamos reconquistar ou cativar a simpatia com o nosso maior respeito. Todavia, nossas palavras de paz devem emergir do nosso interior, reconhecendo que a inimizade e o antagonismo, mesmo que pareçam justos, precisam ser erradicados de nossas almas.
Então, perguntei-lhe:
 E se o erro ou a agressão foram dirigidos a nós?
 É preciso consultar a própria consciência, sem autocomiseração, para que descubramos ter sido os próprios causadores da agressividade alheia. Somente assim estaremos libertos do mal.
Para finalizar, o elevado Espírito que já está entre vós, com a idade atual de quatorze anos, e renasceu em São Paulo, brindou-nos à época com esta lição magistral, registrada pelo lápis do médium mineiro e que lhes passo em primeira mão, amados leitores:

Existem companheiros e companheiras que terão sofrido golpes tão grandes que se acreditam incapazes de qualquer iniciativa para a pacificação com as criaturas que se fizeram instrumentos da amargura que lhes marcam os dias. Entretanto, lembremo-nos de que o brilhante atirado à lama, não deixará de ser brilhante, porque esteja nessa penosa e transitória condição. E, pensando nisso, entenderemos que Deus tem recursos para retirar essa preciosidade do lixo humano, fazendo-a brilhar de novo ao domínio da luz.

Agradeci a Emmanuel tão belos ensinamentos, abracei-o, junto com Chico Xavier, inspirei uma prece a Eurípedes, em benefício de todos os encarnados e desencarnados, presentes e necessitados, e saí dali volitando, direto para a nave espacial que me aguardava. Entrei na nave e parti ao encontro de Carolina, que, sob um pseudônimo qualquer, retornava de um trabalho mediúnico voltado à inspiração da mineira Carolina Maria de Jesus, futuramente famosa por sua obra literária produzida enquanto catava lixo próximo à favela onde morava: Quarto de despejo.
Leitora amiga, amigo leitor, o certo é que, ya lo creo.
Ai nostri monti ritorneremo (De volta às nossas montanhas. AS).



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Pílulas gramaticais (117)



Há construções em que existe um duplo predicado verbal com regências diferentes, fato que obriga a um maior cuidado daquele que fala ou escreve.
Veja estes exemplos que devemos evitar, por errôneos:
  • Li e gostei do artigo. (Prefira: Li o artigo e gostei dele.)
  • O vereador atacou e rompeu com o prefeito. (Prefira: O vereador atacou o prefeito e rompeu com ele.)
  • Venha ver, ouvir e dançar com o grupo. (Prefira: Venha ver e ouvir o grupo, e dançar com ele.) 
É claro que em casos assim existem exceções aceitáveis, de tão enraizadas na fala do povo.
Eis algumas delas:
  • O João vive entrando e saindo do time.
  • Não sou a favor nem contra o prefeito.
  • Antes, durante e depois da reunião o clima esteve bastante quente.

*

Os verbos adiante mencionados são defectivos.
Não se conjugam na 1ª pessoa singular do presente do indicativo e, por conseguinte, não possuem as formas do presente do subjuntivo:
Abolir: só tem as formas em que depois do L vem “e” ou “i”: aboles, abolimos, abolis.
Demolir: só tem as formas em que depois do L vem “e” ou “i”: demole, demoliu, demoliram.
Explodir: só tem as formas em que depois do D vem “e” ou “i”: explode, explodiu. (Assim não existem: eu expludo, que eu exploda etc.)
Falir: só se conjuga nas formas em que depois do L vem a vogal “i”: faliu, falimos, falirá.






quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Vingança: a principal causa da obsessão



Fábio me pergunta: - Qual é a principal causa da obsessão? 
A influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida pode ser boa ou má; isso depende apenas da natureza do agente.
Os Espíritos superiores só fazem o bem; disso é fácil deduzir que sua influência é sempre benéfica à criatura humana.
Os Espíritos levianos e zombeteiros se comprazem em causar aborrecimentos, o que deve ser levado à conta de provas para a nossa paciência.
Os Espíritos impuros, como são incapazes de perdoar o mal que lhes tenham feito, continuam após a desencarnação a exercer a vingança que hajam iniciado ou concebido ainda durante a encarnação.
Está aí – na vingança – a causa da maioria das obsessões, especialmente das mais graves, tão conhecidas no meio espírita.
Aprendemos no Espiritismo que, embora a nossa disposição interior constitua fator relevante para a neutralização da influência negativa exercida por nossos adversários encarnados ou desencarnados, a intercessão dos Benfeitores Espirituais é indiscutível, real e valiosíssima no trabalho de anulação das forças perturbadoras que rondam e ameaçam quantos se proponham a crescer espiritualmente.



quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Há desencarnados que continuam apegados ao dinheiro



Demos continuidade ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), ao estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. A avareza, a sovinice, o apego ao dinheiro podem atrair Espíritos que intensifiquem ainda mais esse apego?
B. O sono é necessário no processo de restauração de Espíritos enfermos?
C. Há indivíduos que mesmo estando desencarnados continuam apegados ao dinheiro?

Texto para leitura

44. Obsessão pelo dinheiro – Após seis dias desde o encontro com o Ministro Sânzio, a irmã Alzira (ex-esposa de Antônio Olímpio) compareceu à Mansão, em obediência ao programa que Druso lhe traçara. A nobre mulher informou, então, que Luís, seu filho, que se afinava com os antigos sentimentos paternos, apegando-se aos lucros materiais exagerados, sofria tremenda obsessão no próprio lar. Sob teimosa vigilância dos tios desencarnados, que lhe acalentavam a mesquinhez, detinha larga fortuna, sem aplicá-la em coisa alguma. Ele enamorara-se do ouro com extremada volúpia e submetia a esposa e os dois filhinhos às mais duras necessidades, receoso de perder seus haveres. Clarindo e Leonel, não satisfeitos em lhe seviciarem a mente, conduziam para a fazenda usurários e tiranos rurais desencarnados, cujos pensamentos ainda se enrodilhavam na riqueza terrestre, para lhe agravarem a sovinice. Luís respirava, assim, num mundo de imagens estranhas, em que o dinheiro era tema constante, e acreditava no poder do cofre recheado para solucionar quaisquer dificuldades da vida. Adquirira, em face disso, doentio temor de todas as situações em que pudessem surgir despesas inesperadas e relaxara a própria apresentação pessoal, obcecado pela sovinice e pelo pesadelo do ouro que lhe consumia a existência. (Ação e Reação, capítulo 8, pp. 99 e 100.)

45. O reencontro com Antônio Olímpio – Alzira informou que o afogamento dos cunhados se verificara em seus tempos de recém-casada, quando Luís mal ensaiava os primeiros passos, e que, após seis anos sobre a dolorosa ocorrência, ela também encontrara a desencarnação no mesmo lago. Antônio Olímpio lhe sobrevivera, na esfera carnal, quase três lustros e, por vinte anos, precisamente, padecera nas trevas, período em que suas vítimas se transformaram em carcereiros ferozes do delinquente, impossibilitando, de parte dela, qualquer aproximação. O filho já se encontrava, assim, em plena madureza, havendo atravessado os quarenta anos de experiência física. Silas, incumbido por Druso de ajudar as tarefas de socorro ao filho e aos irmãos de Antônio Olímpio, permitiu que Alzira mantivesse ligeiro encontro com o antigo esposo, antes da partida para a Crosta. O encontro dos ex-cônjuges deu-se em circunstâncias comoventes. O semblante de Alzira acusava visível alteração e as lágrimas borbulhavam-lhe, incoercíveis, dos olhos, conturbados então por imensa dor. Alzira afagou a cabeça de Olímpio e chamou-o pelo nome várias vezes. Ele abriu os olhos, mas pronunciou monossílabos desconexos. Percebendo-lhe a ruína mental, ela pediu a Silas permissão para orar, junto dele. Ante a aquiescência do Assistente, ajoelhou-se à cabeceira do enfermo, conchegou-lhe o busto de encontro ao colo, à maneira de abnegada mãe procurando conservar entre os braços um filhinho doente, e, levantando os olhos lacrimosos para o Alto, orou, humilde, a Maria de Nazaré, a quem rogou lançasse seu caridoso olhar sobre ela e seu companheiro, jungidos ambos às consequências do duplo homicídio. (Obra citada, capítulo 8, pp. 100 a 102.)

46. A prece e seus efeitos – Em sua prece, Alzira pediu que a Mediadora Celeste os ajudasse a voltar, juntos, à carne em que haviam delinquido, para poderem expiar os seus erros. "Concede-me a graça de segui-lo, como servidora contente e agradecida, religada a quem devo tanta felicidade!... Reúne-nos novamente no mundo e auxilia-nos a devolver com lealdade e valor aquilo que roubamos", rogou Alzira. "Não permitas, Anjo Divino, que venhamos a sonhar com o Céu, antes de resgatar nossas contas na Terra, e ajuda-nos a aceitar, dignamente, a dor que reedifica e salva!..." A suplicante, enquanto falava, coroara-se de safirino esplendor. A doce claridade que se irradiava do seu coração inundara todo o aposento e, assim que sua voz emudeceu, embargada e ofegante, excelso jorro de prateada luz desceu do Alto, atingindo a todos, especialmente o enfermo, que desferiu longo gemido de dor humanizada e consciente. A prece de Alzira lograra um êxito que as operações magnéticas de Druso não haviam conseguido alcançar. Antônio Olímpio descerrou desmesuradamente as pálpebras e mostrou no olhar a lucidez dos que despertam de longo e torturado sono... Agitou-se, sentindo na face as lágrimas da esposa que o beijava, e bradou, tomado de selvagem contentamento: "Alzira! Alzira!..." Ela conchegou-o, de encontro ao peito, com mais ternura, como quem quisesse pacificar-lhe o espírito atormentado, mas, a um sinal de Silas, dois enfermeiros aproximaram-se, restituindo-o ao sono. Todos encontravam-se, ali, envolvidos por profunda comoção, e até o Assistente tinha lágrimas nos olhos... Contemplando Alzira, agora de pé, acariciando os cabelos do infeliz, André teve a impressão de que um anjo do Céu visitava ali um penitente do inferno. Silas ofereceu, então, o braço à abnegada irmã e explicou, prestimoso: "A oração trouxe-lhe imenso bem, mas não lhe convém o despertamento senão gradativo. O sono natural e reparador ainda é uma necessidade em sua restauração positiva". Alzira afastou-se mais tranquila, apesar da flagelação moral do reencontro, e pouco depois partiram os quatro –  ela, Silas, Hilário e André –  para as terras de Luís, antigo lar de Alzira. (Obra citada, capítulo 8, pp. 103 e 104.)

47. De volta ao antigo lar terrestre – A sólida construção estava em franca decadência. Porteiras desconjuntadas, tapumes derruídos e as varandas imundas falavam, sem palavras, da desídia dos moradores. Entidades estranhas, embuçadas em largos véus de sombra, transitavam por ali, absortas, como se ignorassem a presença umas das outras. Alzira informou que eram onzenários desencarnados, levados até ali por Leonel e Clarindo, de modo a fortalecerem a usura no espírito de seu filho. Será que tais Espíritos os enxergavam?  A pergunta, feita por Hilário, foi respondida por Silas: "Não. Com certeza nos identificam a chegada, entretanto, pelo que deduzo, encontram-se demasiadamente fixados nas ideias em que se mancomunam. Não se preocupam com a nossa presença, desde que lhes não penetremos a faixa mental, comungando-lhes os interesses". O grupo penetrou no interior da casa de Luís, onde o movimento era de pasmar. Desencarnados de horripilante aspecto iam e vinham, através dos corredores extensos, conversando, aloucados, como se estivessem falando para dentro de si próprios. O ouro constituía o assunto fundamental de todos os solilóquios que se entrechocavam sem nexo. De repente, Silas ausentou-se e, decorridos alguns minutos, voltou ao recinto. Conduziu então Alzira para o aposento em que Adélia, a dona da casa, repousava junto dos filhinhos, explicando que não era conveniente que Alzira se encontrasse logo com os cunhados transformados em verdugos. Hilário, embora a contragosto, ali ficou, para a proteção da companheira. A sós com André, Silas explicou-lhe que, para efetuar o socorro com o proveito desejável, era preciso saber ouvir e que, em razão disso, procurasse não lhe estorvar as atividades, mesmo que estranhasse as atitudes que ele viesse a assumir. André compreendeu perfeitamente o recado de Silas. (Obra citada, capítulo 8, pp. 105 e 106.)

Respostas às questões propostas

A. A avareza, a sovinice, o apego ao dinheiro podem atrair Espíritos que intensifiquem ainda mais esse apego?
Sim. Foi o que ocorreu com Luís, filho de Antônio Olímpio. Afinado aos sentimentos do pai e apegando-se aos lucros materiais exagerados, sofria ele tremenda obsessão no próprio lar. Ele enamorara-se do ouro com extremada volúpia e submetia a esposa e os dois filhinhos às mais duras necessidades, receoso de perder seus haveres. Clarindo e Leonel, não satisfeitos em lhe seviciarem a mente, conduziam para a fazenda usurários e tiranos rurais desencarnados, para lhe agravarem a sovinice. (Ação e Reação, cap. 8, pp. 99 e 100.)

B. O sono é necessário no processo de restauração de Espíritos enfermos?
Evidentemente. Por isso é ele largamente usado pelos benfeitores espirituais. No caso Antônio Olímpio, graças à prece de Alzira, sua antiga esposa, viu-se que ele despertou, mas foi logo levado ao sono induzido. Silas explicou: "A oração trouxe-lhe imenso bem, mas não lhe convém o despertamento senão gradativo. O sono natural e reparador ainda é uma necessidade em sua restauração positiva". (Obra citada, cap. 8, pp. 103 e 104.)

C. Há indivíduos que mesmo estando desencarnados continuam apegados ao dinheiro?
Sim. O caso de Luís, filho de Olímpio e Alzira, constitui exemplo disso. Em sua residência, atraídos por seus tios, desencarnados de horripilante aspecto iam e vinham, através dos corredores extensos, conversando, aloucados, como se estivessem falando para dentro de si próprios. E o ouro constituía o assunto fundamental de todos os solilóquios que se entrechocavam sem nexo. (Obra citada, cap. 8, pp. 105 e 106.)



terça-feira, 19 de agosto de 2014

Tão puro quanto o algodão branco


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Era esta a explicação: há uma proteção em volta tão linda e maravilhosa, com a textura do puro algodão branco.
Assim era descrita a sensação e, certas vezes, a imagem que Amanda vivenciara em alguns episódios de sua vida.
Ela ainda completaria doze anos, no entanto, presenciara tantas cenas distintas, com pessoas estranhas do seu convívio familiar e da amizade do círculo comum de pessoas.
Desde bem pequenina, Amanda fizera amizade com o jovem Leandro, rapazinho muito educado, calmo e atencioso. Quantas coisas boas foi capaz de ensinar à menina. Quase todos os dias se viam, conversavam e tanto se divertiam juntos. Ele, por ser mais velho, cuidava feito um irmão a protegê-la; ela, tão feliz, se sentia e demonstrava, pela ocasião de um irmão maior, e o recompensava, com muito carinho, por tanta dedicação a ela direcionada.
No entanto, Amanda, à vontade, ficava na presença desses que a conheciam e eles também se sentiam tão familiarizados com a pequena menina.
Certo dia, no jardim de sua casa, a criança olhava, curiosa, uma flor branquinha que havia aberto e bem em cima, na cor alva da linda flor, uma delicada joaninha parecia reconhecer aquela textura suave.
– Oh, que lindas: flor e joaninha. Veja, Leandro! Como são lindas! Adoro esta flor – e tocou-a delicadamente.
As flores branquinhas eram lírios grandes e vistosos, perfeitos como tudo o que compõe a natureza, a vida.
– Amanda, essa flor nos passa bem-estar e tranquilidade – Leandro falou e apontou para a flor.
– Por ser tão branquinha feito o algodão e fofinha também ela ainda nos transmite conforto e ternura.
E os dois trocaram palavras e a conversa sempre fluía com a naturalidade de grandes amigos.
Quanto conversavam e riam e os semblantes eram tão singelos e serenos, sinal de coração amoroso e em paz... consciência tranquila.
Outros também se achegaram ao jardim e passaram a participar da ocasião, com palavras benfazejas e agradáveis ou, simplesmente, observando e vivenciando o momento feliz.
Quando um deles queria compartilhar alguma ideia, os outros tão respeitosamente se silenciavam e ouviam. Como Amanda era a mais nova do grupo, recebia sempre mais carinho e atenção. Conversavam sobre assuntos atuais, do passado e também sobre as suposições de um futuro quase certo.
Ao mesmo tempo que conversavam, podiam sentir a calma dos dias; contemplar o refazedor calor do brilho do sol ao corpo... à natureza; o vento suave afagando o rosto; a liberdade viva do espírito em paz pelos atos, no bem, praticados. A ternura entre eles e os pequeninos seres da natureza tornava-se evidente, pois os mais frágeis seres se sentem atraídos para a energia benéfica e protetora.
E, por isso, joaninhas buscaram as flores brancas àquela hora para estarem perto do grupo reunido; pássaros de várias espécies revoavam sobre o jardim da casa de Amanda; beija-flores, multicoloridos, aproximavam-se das flores e dos semblantes sinceros que ali brindavam mais um momento feliz da vida; as formigas e os caramujinhos se aconchegavam aos pés da menina, e as formigas até subiam os pés por mais próximas quererem estar.
E aquela manhã de outono estava com a sua energia dourada e com o amor fazendo o seu melhor: trazendo o bem-estar, em todos os graus, aos corações.
A mãe de Amanda, pela janela da sala, observou a filha sorrindo e conversando com tanta alegria. Naquele segundo nem uma amiguinha estava com ela; a mãe somente foi capaz de ver a filha querida e não percebeu mais nada a não ser a menina e o jardim. Para ela, a filha conversava sozinha e criava tantas situações ilusórias aparentes; no entanto, Amanda, simplesmente, convivia com os dois planos, o visível e o invisível; mundos que se fundem.
E essa alma tão simples e amorosa se encontrava num corpo pueril, e a companhia que a cercava era branca e bondosa como a suavidade do lírio do jardim e pura como a fofura do algodão nos campos claros do amor.
Haverá sempre o reflexo da ação.
Haverá ainda a oportunidade de cada amanhecer.
Haverá o amor eterno.
Haverá o amparo dos bons amigos.
Haverá a luz iluminando o caminho.
Haverá o progresso na evolução.
Haverá o Pai a proteger e cuidar.
Haverá sempre o livre-arbítrio, e esse ditará a estrada a seguir e o tipo de companheiros a nos acompanhar.
Amanda não se incomodava com o que as outras pessoas pudessem imaginar a respeito de seu comportamento, desejava estar com seus amigos do campo sutil e abraçar os companheiros da mesma hora na jornada atual. Sua consciência era tranquila, pois apenas não havia ainda a compreensão alheia desses acontecimentos, na verdade, tão comuns e reais.
E em todo lugar há a presença do etéreo e do físico, da brancura do algodão e do sopro suave que adentra vidas em comunhão com a eternidade.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

As mais lindas canções que ouvi (101)



Que me importa

Jair Amorim e Dilermando Reis


Que me importa saber que perdi
O amor que vivia a sonhar,
Se tu nunca foste capaz de amar?
O amor é uma arte também
Que não se ensina a ninguém,
Foste uma artista incolor
Num papel sem nenhum valor...

Que me importa saber, afinal,
Que hoje tu chamas por mim,
Se tudo de bom já chegou ao fim?
Errar é humano, bem sei
Que eu, como tu, já pequei.
Se queres pecando viver
Que me importa saber?


Você pode ouvir a canção acima na interpretação de Nelson Gonçalves clicando em https://www.youtube.com/watch?v=Et6nxHN-jFQ