quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pílulas gramaticais (40)


Considere este texto: “Se você não fizer a lição, vai aver-se com seu pai”.
Há quem o escreva de forma diferente: “Se você não fizer a lição, vai haver-se com seu pai”.
Há algum erro neles?
Sim, ambos estão errados, pois não existe o verbo aver e, no caso mencionado, o verbo apropriado é avir.
Derivado do latim advenire, avir significa: V. t. d.: Pôr em concórdia; conciliar, harmonizar. Combinar, ajustar. V. p.: Sair-se de dificuldade; arranjar-se. Pôr-se em concórdia; conciliar-se, harmonizar-se. Combinar-se, ajustar-se.
Sua conjugação segue as formas verbais do verbo vir: avenho, avéns, avém, avimos, avindes, avêm etc.
Exemplos:
Nem o juiz conseguiu avir os dois inimigos. (... conseguiu conciliar os dois inimigos.)
Deixe-os pra lá; que eles se avenham. (... que eles se harmonizem.)
Se você não fizer a lição, vai avir-se com seu pai. (... vai arranjar-se com seu pai.)
Você vai se avir comigo. (... vai se entender comigo.)
Não se preocupe; depois eu me avenho com o patrão. (... eu me arranjo com o patrão.)

*

Embora bem parecidos, os vocábulos africâner e africânder têm significados diferentes.
Africâner é o nome da língua falada na África do Sul e em parte da Namíbia, originada do holandês do séc. XVII. Como adjetivo, significa o que é pertencente ou relativo a esse idioma. A palavra tem um sinônimo: africanês.
Africânder é o nome que se dá ao indivíduo sul-africano branco, em geral descendente de holandeses. Como adjetivo, significa o que pertence ou é relativo a africânder.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Reflexões num domingo à tarde com chuva


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Os dias são sempre diferentes; porém, noutro aspecto, muito parecidos: são oportunidades para nos reconciliarmos conosco e com o próximo, de nos inserirmos com carinho na vida para a busca do progresso.
Alguns podem discordar desse pensamento e até ratificar, com palavras, que já estão plenamente realizados e felizes e não precisam de mais nada; estão prontos.
Fico refletindo:
– Se o dia – parte integrante do andamento da vida – se repete a fim de nos favorecer, a cada brilhante manhã, novas floradas, luminosos brilhos solares e sopros vitais, como alguém pode querer se persuadir de que já vive a plenitude? Talvez o orgulho exacerbado ainda o impeça de enxergar com nitidez.
E assim, também, certos pensamentos perigosos quando nos tomam o ser, realmente, se fortalecem e ganham forma. Tornam-se imprescindíveis o equilíbrio, o conhecimento e a disciplina para que possamos, ao menos, identificá-los e, assim, rechaçá-los, evitando um dano maior.
E a chuva caía.
Na mesinha ao lado da poltrona, coloquei uma xícara com chá para ir bebendo enquanto estou aqui, no entanto, devido ao tempo de espera – por causa das reflexões – ficou frio, mas ainda é uma erva em infusão. Demorei alguns segundos olhando para a xícara e tanto mais me veio à mente. Olhei pela janela e tudo continuava.
A chuva mansa me deixa tão bem, a poltrona macia ampara, confortavelmente, meu corpo. Pelo vidro, mesmo com gotículas, posso ver o horizonte, a paisagem, a vida mais calma; é domingo à tarde.
Depois do horizonte, olhei para o céu, só para o céu, e agradeci a ocasião. Também pedi força para seguir e, mais uma vez, me senti feliz: amanhã é outro dia, outro presente do Pai. Entretanto, atentei-me que não devo deixar sempre para depois o que hoje posso realizar.
Tomei o restinho do chá frio, olhei mais uma vez a paisagem e o sentimento de que somos eternos me envolveu, contudo, a construção da estrada depende do agora. Posso ajudar e receber ajuda, mas o caminho a perseverar é individual.
Foram algumas reflexões num domingo à tarde.
Esplêndido! Junto com a chuva veio o sol. Chuva de verão.
     
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Animismo e mistificação não são a mesma coisa


Realizou-se nesta noite o estudo de mais um tema relacionado com o livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Espírito), obra psicografada pelo médium Chico Xavier. Como, por motivo de saúde, não pudemos comparecer, nossa companheira Maria Neuza coordenou a atividade.

Três foram as questões propostas:

1. No momento da morte, D. Elisa reviu cenas do seu passado na Terra?
2. É possível ao moribundo, no momento da morte, desprendendo-se da matéria, avisar os entes queridos acerca do seu falecimento?
3. Animismo é o mesmo que mistificação inconsciente?

*

Depois de oportunas considerações em torno das questões citadas, foram lidas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e o estudo do texto-base relativo ao tema da noite.

Eis as respostas dadas, de forma resumida, às questões propostas:

1. No momento da morte, D. Elisa reviu cenas do seu passado na Terra?
Sim. Foi como se um relâmpago lhe rasgasse a noite mental, um desses raros minutos que valem séculos para a alma, em que ela reviu apressadamente o passado, quando todas as cenas da infância, da mocidade e da madureza lhe reapareceram no templo da memória, como que a convidá-la a escrupuloso exame de consciência. Em seguida, Dona Elisa projetou-se na vida post mortem, mantendo-se, ainda, ligada ao corpo denso por um laço de substância prateada. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 21, pp. 203 e 204.)
 
2. É possível ao moribundo, no momento da morte, desprendendo-se da matéria,  avisar os entes queridos acerca do seu falecimento?
Sim, todas as pessoas, desde que o desejem, podem efetuar semelhantes despedidas quando partem da Terra. A respeito desse fato, Aulus esclareceu: "Temos aqui um dos tipos habituais de comunicação nas ocorrências de morte. Pela persistência com que se repetem, os cientistas do mundo são constrangidos a examiná-los. Alguns atribuem esses fatos a transmissões de ondas telepáticas, ao passo que outros neles encontraram os chamados fenômenos de monição. (1) Isso tudo, porém, reduz-se na Doutrina do Espiritismo à verdade simples e pura da comunhão direta entre as almas imortais". (Obra citada, cap. 21, pp. 205 a 207.)

3. Animismo é o mesmo que mistificação inconsciente?
Não. Em resposta a esta pergunta, Aulus explicou: "Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subconsciente para batizar o fenômeno”. Depois, referindo-se à manifestação anímica que ensejou a pergunta mencionada, Aulus acrescentou: “Na realidade, a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra". (Obra citada, cap. 22, pp. 211 e 212.)

(1) Monição, do lat. monitionem, significa: revelação, às vezes pelo sono, de acontecimentos presentes ou passados.

*

Na próxima semana publicaremos neste espaço as questões estudadas, para que o leitor, se o desejar, possa acompanhar o desenvolvimento dos nossos estudos.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

As mais lindas canções que ouvi (24)


Morrendo de saudade

Wilson Moreira e Nei Lopes


Estou morrendo de saudade
De um tempo feliz que passou e eu não vi
Gosto de manhã, de sapoti
Carícias no ar, um colibri
Samambaias na varanda
Tudo isso passou, perdi

Quando o manto da noite cai sobre a cidade, que saudade
E quando a passarada anuncia a alvorada, que saudade
Arde tanto o coração que me causa a impressão
Que eu tenho o peito em chamas
A saudade é um punhal
Cravado até o final no peito de quem ama.


Clicando neste link - https://www.youtube.com/watch?v=k2ERBmdqnCs - você ouvirá esta canção na interpretação de Beth Carvalho.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Leonardo da Vinci e a reencarnação


Em uma interessante matéria publicada algum tempo atrás por importante revista brasileira sobre Leonardo da Vinci e sua inventividade, o repórter, depois de discorrer longamente sobre a obra e as invenções do autor de Mona Lisa (também conhecida como La Gioconda), indaga: - Como explicar tamanha genialidade?
É claro que, não se admitindo a existência da alma, tudo quanto diga respeito ao talento acaba se resumindo à potencialidade do corpo, dos genes, da massa cerebral ou coisa que o valha. E o mesmo se dá quando, ainda que se admita a alma, circunscrevemos seu processo evolutivo aos parcos anos que constituem uma existência humana. Como tal período de tempo é claramente insuficiente para explicar a genialidade de alguns, como Einstein, Newton, Freud e o próprio Leonardo da Vinci, a tendência é procurar no instrumento – o corpo material – a origem de alguma coisa que não pode ser encontrada nele, mas sim no agente – a alma ou espírito –, o que infelizmente não passa pelas cogitações da ciência.
A tese das vidas sucessivas, que remonta à Índia antiga, de onde saiu para chegar ao Egito e a Atenas, sendo perfilhada por vultos da cultura de então do porte de Pitágoras, Sócrates e Platão, não pode ser descartada quando se discutem questões dessa ordem.
A genialidade de Leonardo não constitui um privilégio inadmissível ou um fenômeno inabitual que contempla uns e ignora a maioria.
Leonardo da Vinci adquiriu, por si próprio, o talento que o destacou, valendo-se para isso de múltiplas existências, o que implica reconhecer que pertence a ele o mérito dessa conquista.
Aos que imaginam que a Doutrina Espírita constitua voz isolada na defesa da tese reencarnacionista, lembremos que Buda e seus seguidores também a admitem e que, mesmo no seio dos seguidores de Moisés, a crença na reencarnação continua viva. Por que dizemos viva? Quem já leu os Evangelhos sabe que entre os hebreus a reencarnação constituía crença comum, designada algumas vezes pelo vocábulo ressurreição. Nesse sentido é que os apóstolos, respondendo a uma indagação de Jesus, lhe afirmaram: - “Dizem que tu és João Batista, Elias, Jeremias ou um dos profetas que voltou” (Mateus, 16:14). Ora, Jeremias morrera doente e em idade avançada, enquanto Jesus era um jovem vigoroso e de pais conhecidos. Se Jeremias devesse voltar ao cenário da Terra, como os hebreus acreditavam, só poderia fazê-lo por meio da reencarnação, jamais pela ressurreição de um corpo morto e sepultado, o que a ciência atesta ser impossível.
A velha doutrina reencarnacionista continua, no entanto, atual nos tempos em que vivemos, e não só no seio dos espíritas, como podemos ver no artigo “Imortalidade e a alma”, veiculado pela revista Morashá, edição de setembro de 2004, pp. 20 a 24, publicada pelo Instituto Morashá de Cultura, que congregava em sua equipe de supervisão religiosa os rabinos David Weitman, Efraim Laniado, Isaac Shrem e Avraham Cohen.
Reafirmando o princípio da reencarnação, que é um dos pontos fundamentais do Espiritismo, assevera o artigo em causa: “Uma mesma alma humana pode ser reencarnada várias vezes, em corpos diferentes, tendo dessa maneira oportunidade de retificar danos feitos em encarnações anteriores ou de atingir a perfeição não alcançada previamente. Em sua origem, a alma é parte da Essência Divina, sendo totalmente pura. Mas, em sua vida terrestre, pode desviar-se. Será, pois, necessário voltar para retificar os erros ou para tentar ascender a níveis espirituais mais elevados”.
Allan Kardec perguntou, mais de 150 anos atrás, aos Espíritos superiores: - Qual é o objetivo da reencarnação? E eles responderam (O Livro dos Espíritos, questão 167): “Expiação, aprimoramento progressivo da Humanidade, sem o que, onde estaria a justiça?”.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Pérolas literárias (24)


A morte de Nhá Mina

Cornélio Pires

Nhá Mina morre aos poucos, num palheiro!...
Lembra a orquestra do Mestre Carmelinho...
Quando moça, rasgava o cavaquinho
Nas noites de alegria no terreiro.

Sozinha lembra... A flauta de Antoninho,
A sanfona de Juca Funileiro,
Depois... o mundaréu triste e inzoneiro (1),
Os maus-tratos e as mágoas do caminho...

Larga o corpo... Ouve acordes na janela,
A orquestra antiga toca junto dela,
Juca, Antoninho, Rita, Zico Prata...

A lua brilha... A noite é uma beleza!...
Nhá Mina sai... Parece uma princesa
Que vai casar no céu com serenata.


(1)  Inzoneiro (adjetivo bras.) - mexeriqueiro, intrigante; mentiroso; sonso; manhoso. 

Soneto publicado no livro O Espírito de Cornélio Pires, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Pode o falecido assistir ao próprio velório?


Cristina pergunta-nos se é verdade que há Espíritos que assistem ao próprio velório. Em caso afirmativo, podem também assistir ao próprio nascimento?
No tocante ao velório, sim, é possível aos Espíritos assistir à cerimônia que precede o sepultamento de seu próprio corpo. A literatura espírita relata vários casos que comprovam essa possibilidade. E um dos casos mais expressivos é narrado no livro Voltei, assinado por Irmão Jacob, pseudônimo de Frederico Figner, que foi no Rio de Janeiro-RJ o pioneiro da indústria do disco.
O livro foi psicografado pelo médium Chico Xavier e um resumo dele, muito interessante, no formato de vídeo, pode ser visto clicando neste linkhttps://www.youtube.com/watch?v=f6qO4WmJdJw
Quanto ao nascimento, não. Não é possível a um Espírito presenciar tal fato porque, a partir do momento em que é colhido no laço fluídico que o prende ao gérmen, ele entra em estado de perturbação que aumenta à medida que o laço se aperta, perdendo, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de modo que jamais assistirá ao seu nascimento.
O processo reencarnatório é tratado em todas as suas minúcias por André Luiz em duas de suas obras, ambas psicografadas por Chico Xavier. No livro Entre a Terra e o Céu é focalizado o processo do retorno à carne de Júlio. Em Missionários da Luz é relatada a reencarnação de Segismundo, fato que nos permite compreender quão complexo é o trabalho realizado pelo Plano Espiritual sempre que retorna ao mundo corporal um Espírito em resgate ou reajuste.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Pílulas gramaticais (39)


O superlativo de “sério” é seríssimo ou seriíssimo?
Quando o adjetivo termina em “eio” e “eia”, ou nas letras “a”, “e” e “o”, a forma do superlativo é muito simples. Eis alguns exemplos:
Feio - feíssimo
Cheio - cheíssimo
Feia - feíssima.
Pequena - pequeníssima
Pequeno - pequeníssimo
Leve - levíssimo
Cara - caríssima
Caro - caríssimo
Quando o adjetivo termina em “io” e “ia”, a forma do superlativo é diferente, conforme mostram os exemplos:
Sério - seriíssimo
Macio - maciíssimo
Macia - maciíssima
Frio - friíssimo.

*

Aqui na região em que moramos existe um hábito generalizado por parte dos que falam em público e que poucas pessoas conseguem evitar: o uso do chamado sujeito repetido. Os especialistas em nosso idioma recomendam que evitemos tal prática, a não ser em casos excepcionais, em que a repetição se torne um recurso de oratória.
Veja estes exemplos – maus exemplos –, construções que não devemos imitar:
Francisco, um dos artilheiros do campeonato, ele assina amanhã com o Flamengo.
A proposta deste programa... ela nos obriga a medidas radicais.
A Maria... ela não veio porque está muito gripada.
A empresa, apesar dos apelos em contrário, ela não cedeu à argumentação.
Kardec, discípulo de Pestalozzi, ele também sofreu perseguição do clero.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Já adultos; crianças sempre


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Mesmo com muitas primaveras no caminho, sempre seremos crianças para os nossos pais. A comida de que o filho gosta, a mãe faz para agradá-lo; se o vento está fresco, a mão materna logo traz o casaco e arruma, com ternura, o cabelo despenteado.
O pai lhe pergunta se precisa de alguma coisa e afirma:
– Sabe que o pai está aqui – diz o patriarca para seu herdeiro.
Quantos amanheceres esses pais já viveram ao lado dos seus filhos e quantos mais ainda o querem! Os cuidados paternais são eternos.
Há quem diga que já é grande o suficiente para se resolver na vida; contudo, na primeira ocasião mais delicada, é da fisionomia do pai e da doçura da voz materna que a mente do filho se lembrará.
A mãe é o porto de amor e afeto a esperá-lo, é a esperança que os olhos mais novos carecem avistar; o pai, com menos palavras e afagos mais leves, é o sim quando devido e o não, decidido, para orientá-lo nas escolhas do andamento da vida; em alguns casos, essa ordem se inverte, porém, são eternos ninhos de proteção e amparo. São dois companheiros importantes em nossa jornada.
Hoje escrevo como filha, com enorme amor e admiração por meus pais queridos.
Sei que ainda sou, para eles, a menina da infância, a filha pequena que precisava de atenção; e eles continuam, para mim, o meu abrigo seguro com a orientação equilibrada quando necessito.
Assim são os pais. Para eles, nós, os filhos, sempre seremos eternas crianças.
Saibamos respeitá-los e amá-los como nossos companheiros mais velhos e tão valorosos. E que esse apreço se estenda aos pais de nossos amigos, conhecidos, avós e a todos aqueles que hoje são pais e para os que o serão no futuro.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O ódio é como o incêndio que tudo consome


Levamos a efeito nesta noite o estudo de mais um tema relacionado com o livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Espírito), obra psicografada pelo médium Chico Xavier.

Três foram as questões propostas:

1. Que palavras disse Aulus sobre a vingança e o ódio?
2. Por que a oração é sempre um recurso importante?
3. Dona Elisa, cujo estado se agravara, sentia a presença de seu filho Olímpio (o filho desencarnado) a seu lado. Ele estava ali realmente?

*

Depois de ligeiras considerações acerca das questões citadas, foram lidas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e o estudo do texto-base relativo aos assuntos da noite.

Eis as respostas dadas, de forma resumida, às questões propostas:

1. Que palavras disse Aulus sobre a vingança e o ódio?
O diálogo foi entre ele e Anésia, a esposa enganada pelo marido. A compaixão – sugeriu Aulus – deveria ser a sua represália, jamais a vingança. "Consoante a lição do Mestre que hoje abraçamos, o amor deve ser nossa única atitude para com os adversários", ponderou Aulus. "A vingança, Anésia, é a alma da magia negra. Mal por mal significa o eclipse absoluto da razão." Por mais aflitiva que lhe fosse a lembrança daquela mulher, deveria recordá-la em suas preces e em suas meditações, por irmã necessitada de assistência fraterna. Não sabemos o que nos aconteceu no passado, nem o que nos ocorrerá no futuro. Quem terá sido ela no pretérito? Alguém que ajudamos ou ferimos? Quem será ela para nós no porvir? Nossa mãe ou nossa filha? Ditas tais palavras, Aulus pediu-lhe: "Não condene! O ódio é como o incêndio que tudo consome, mas o amor sabe como apagar o fogo e reconstruir". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 20, pp. 194 a 196.)

2. Por que a oração é sempre um recurso importante?
A prece é uma luz abençoada porque assimila correntes superiores de força mental que nos auxiliam no resgate ou na ascensão. No caso Anésia, Aulus explicou: "Encontramos aqui precioso ensinamento acerca da oração... Anésia, mobilizando-a, não conseguiu modificar os fatos em si, mas logrou modificar a si mesma. As dificuldades presentes não se alteraram. Jovino continua em perigo, a casa prossegue ameaçada em seus alicerces morais, a velhinha doente aproxima-se da morte, entretanto, nossa irmã recolheu expressivo coeficiente de energias para aceitar as provações que lhe cabem, vencendo-as com paciência e valor. E um Espírito transformado, naturalmente, transforma as situações". (Obra citada, cap. 20, pp. 196 a 198.)

3. Dona Elisa, cujo estado se agravara, sentia a presença de seu filho Olímpio (o filho desencarnado) a seu lado. Ele estava ali realmente?
Sim. Dona Elisa disse à filha: “Meu filho desceu do Céu e veio buscar-me... Não tenho dúvida... é meu filho, sim... meu filho...". Anésia acreditou no que ouvia, mas convidou a genitora ao serviço da prece, o que se fez, sob a assistência de Teonília, a esforçar-se por envolver a velhinha em fluidos calmantes. André observou, então, que Olímpio, o rapaz assassinado noutro tempo, jungia-se à mãe, à maneira de planta parasitária asfixiando um arbusto raquítico. Dona Elisa supunha fosse o filho um gênio guardião, quando a realidade é que ele se deixara dominar, mesmo depois da morte carnal, pelo vício da embriaguez. (Obra citada, cap. 21, pp. 201 e 202.)

*

Na próxima terça-feira publicaremos neste espaço as questões estudadas na noite, para que o leitor, se o desejar, possa acompanhar o desenvolvimento de nossos estudos.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As mais lindas canções que ouvi (23)


Eu só peço a Deus

Leon Gieco e Raul Elwanger

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q'eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda a pobre inocência dessa gente...

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

Solo le pido a diós
Que la guerra não me sea indiferente
Es um monstro grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente...


Clicando neste link - http://www.youtube.com/watch?v=inH4SiJBiGE - você ouvirá esta canção na linda interpretação de Mercedes Sosa e Beth Carvalho. E poderá também ouvi-la na voz de Dante Ramon Ledesma, cantor argentino naturalizado brasileiro, clicando em http://www.kboing.com.br/dante-ramon-ledesma/1-1058633/
  

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Bíblia e o celular


A internet é dessas conquistas tecnológicas que vieram para ficar, tal como se deu com o rádio, o cinema e a televisão, embora, como ninguém ignora, continue a nos surpreender a todo instante.
Claro que não nos referimos às coisas negativas que pessoas desavisadas ou mal-intencionadas veiculam pela rede. O internauta equilibrado sabe muito bem como evitá-las e, se assim quiser, jamais será por elas afetado.
Referimo-nos, é claro, às coisas boas, positivas, que concorrem para o crescimento e o amadurecimento das pessoas, como a mensagem que vem sendo veiculada pela rede, no formato PPS, com título igual ao que adotamos neste pequeno texto.
Eis o conteúdo da mensagem (1):
 “Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos o nosso celular?
E se sempre carregássemos a nossa Bíblia no bolso ou na bolsa?
E se déssemos umas olhadas nela várias vezes ao dia?
E se voltássemos para apanhá-la quando a esquecemos em casa, ou no escritório...?
E se a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos?
E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela?
E se a déssemos de presente às crianças?
E se a usássemos quando viajamos?
E se lançássemos mão dela em caso de emergência?
Ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal.
Ela 'pega' em qualquer lugar.
Não é preciso se preocupar com a falta de crédito porque Jesus já pagou a conta e os créditos não têm fim.
E o melhor de tudo: não cai a ligação e a carga da bateria é para toda a vida.
'Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto'!  (I 55:6)
Nela encontramos alguns telefones de emergência:
Quando você estiver triste, ligue João 14.
Quando pessoas falarem de você, ligue Salmo 27.
Quando você estiver nervoso, ligue Salmo 51.
Quando você estiver preocupado, ligue Mateus 6:19,34.
Quando você estiver em perigo, ligue Salmo 91.
Quando Deus parecer distante, ligue Salmo 63.
Quando sua fé precisar ser ativada, ligue Hebreus 11.
Quando você estiver solitário e com medo, ligue Salmo 23.
Quando você for áspero e crítico, ligue 1 Coríntios 13.
Para saber o segredo da felicidade, ligue Colossenses 3:12-17.
Quando você sentir-se triste e sozinho, ligue Romanos 8:31-39.
Quando você quiser paz e descanso, ligue Mateus 11:25-30.
Quando o mundo parecer maior que Deus, ligue Salmo 90.
Recebi essa relação de telefones de emergência e achei por bem compartilhar com as pessoas especiais como você!
Anote em sua agenda, um deles pode ser IMPORTANTE a qualquer MOMENTO em sua VIDA!
... Que Deus o abençoe!”

*

Fazemos nossas as palavras acima.
Que Deus abençoe o autor da mensagem e aqueles que, com todo o carinho, a formataram e a vêm divulgando na rede mundial de computadores.

  
(1) De autor desconhecido, o texto foi formatado em PPS por Wesley Simões, que autorizou sua publicação. Radicado em Ji-Paraná, Rondônia, ele mantém um site com textos e informações interessantes acerca da Bíblia.
  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pérolas literárias (23)


Desencarnação

Álvaro Sá de Castro Meneses 

Dorme a ninfa obscura em desvão da floresta...
Tênue réstia solar dissolve a névoa fina.
Agita-se o casulo. A múmia pequenina
É féretro mirim que, súbito, se enfresta.

A borboleta em luz, como alguém que protesta
Contra o sono letal sob a folha mofina,
Desdobra as asas de ouro e, leve bailarina,
Sobe às grimpas do azul em delírio de festa...

A morte é assim também... No corpo inerte, langue,
Silêncio e rigidez trabalham de partilha,
Tentando nova forma a que a vida se engrade!...

Mas do estojo larval, sem o lume do sangue,
A alma ressurge e voa, ascende, canta e brilha,
Ave do Grande Além, galgando a imensidade...


Álvaro Sá de Castro Meneses nasceu em Niterói-RJ em 3 de junho de 1883 e desencarnou no Rio de Janeiro em 7 de março de 1920. O soneto acima foi publicado no livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Destino e fatalidade existem?


Uma leitora nos pergunta: Como o Espiritismo vê a questão do destino?
O vocábulo “destino” é usado na obra espírita com dois sentidos. Na questão 177 d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ele é utilizado como sinônimo de objetivo, de finalidade da existência humana, que é a perfeição e a suprema felicidade.
No sentido vulgar do vocábulo, que é provavelmente o proposto na pergunta acima, o tema é tratado de modo especial nas questões 259, 851, 866 e 872 d´O Livro dos Espíritos.
Resumidamente, ensina o Espiritismo que nem todas as provas da vida são previstas ou propostas pelo Espírito que se prepara para reencarnar, o qual elabora, com esse objetivo, sua programação reencarnatória.
A chamada fatalidade existe, portanto, tão-somente pela escolha que o Espírito fez de enfrentar, ao encarnar, determinada prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.
Na aludida programação são previstos apenas os fatos principais, os que influem no destino e o gênero das provas. As particularidades correm por conta da posição em que a pessoa se acha e são, muitas vezes, consequências de suas próprias ações.
Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, o Espírito sabe a que arrastamentos se exporá. Ignora, porém, quais os atos que virá a praticar. Esses atos resultam do exercício de sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe também que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie e não ignora, desse modo, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão.
Os acontecimentos secundários de uma existência corpórea originam-se quase sempre das circunstâncias e da força mesma das coisas. Se tomamos uma estrada cheia de sulcos profundos, sabemos que teremos de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de cairmos. Ignoramos, porém, em que ponto cairemos e bem pode suceder que não caiamos, se formos bastante prudentes.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pílulas gramaticais (38)


Como devemos dizer: “Maria possui quatro filhos” ou “Maria tem quatro filhos”?
Aparentemente, ambas as orações estão corretas, o que, no entanto, não corresponde à verdade.
O verbo “possuir” significa: ter a propriedade de, estar na posse de, poder dispor de, desfrutar, desempenhar.
Assim, estão corretas estas orações:
- João possui uma bela casa.
- Helena possui muita saúde.
- Mário possui uma fazenda próspera.
- Pedro possui um alto cargo no governo.
Em todos os outros casos, em que o sentido não for um dos indicados, devemos usar o verbo “ter” em lugar de “possuir”.
Em face disso, devemos escrever:
- Maria tem quatro filhos.
- Roberto tem direito adquirido à reeleição.
- Dr. Paulo tem uma carreira de sucesso.
- Francisco tem ainda muita coisa para resolver nesta semana. 

*

O vocábulo “que” é considerado monossílabo tônico e como tal é acentuado, nos casos seguintes:
1. quando tem valor de substantivo: “Ela tem um quê de mistério”.
2. quando dá nome à letra “q”:  “O quê vem, no alfabeto, logo após o pê”.
3. quando tem valor de interjeição: “Quê!”
4. quando aparece no final da oração: “Para quê? Ela não veio por quê?”
5. na expressão: “Maria, sem quê nem pra quê, brigou com todos”.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O céu estrelado ressurge


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Antes de iniciar a aula de espanhol para meus alunos deficientes visuais, é comum perguntar-lhes como passaram a semana e se há alguma novidade. Pois bem, todos concluíram os seus pareceres e logo começamos a estudar um novo conteúdo gramatical: verbo. Essa classe morfológica é muito rica nas línguas latinas.
O tempo verbal, em questão, era o pretérito imperfeito do modo indicativo, usado para descrever uma rotina no passado ou, então, o relato de um sonho; esses são os usos mais simples e frequentes.
E foi numa atividade de conversação, cujo pedido era o de contarem algum sonho para praticar o conteúdo verbal, que uma das alunas compartilhou conosco algo muito sensibilizante.
Ela nos narrou que, como já estava há alguns anos sem enxergar devido ao surgimento de uma enfermidade, tinha muita saudade de ver o céu estrelado.
Com alegria, confidenciou-nos que dias atrás realizou o grande desejo: sonhara com o lindo céu todo brilhante de estrelas.
– El cielo estaba maravilloso. Yo agradecía a Dios cada estrellita – a aluna, emocionada, exercitou o conteúdo verbal falando sobre o sonho tão abençoado que tivera.
Somos incontáveis em todos os espaços e estamos em diversos estágios de desenvolvimento; o que, talvez, seja pouco para um, torna-se muito para outro.
O segredo da realização é valorizar os presentes que hoje temos na vida: as pessoas que nos acompanham, os trabalhos que podemos fazer. Em todos os momentos, os “regalos” existirão.
A aula terminou; despedi-me dos meus queridos alunos e, em mais uma tarde, com inesquecível exemplo, reforcei, para mim, a lição: “o que é pouco para um, é o bastante para outro.” De alguma forma, sempre haverá a disciplina das necessidades. Mais uma oportunidade da vida.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Philippe Pinel, benfeitor da Humanidade


GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
De Goiânia-GO 

Semântica é a parte da gramática que estuda o significado (que em muitos casos modifica-se com o tempo) das palavras.
Na cidade do Rio de Janeiro existe o Instituto Philippe Pinel, para tratamento de doentes mentais.
No Brasil, a palavra pinel tornou-se sinônimo de adoidado, amalucado. E certamente foi o carioca – com sua irreverência – que lhe atribuiu esse sentido. Este fato revela quanto a ignorância distorce os assuntos, pelo infeliz significado atribuído ao nome do cientista francês.
Veremos, abaixo, que nada mais equivocado e injusto para com o generoso médico que, afinal, humanizou o tratamento do doente mental, oferecendo a ele tratamento digno, amoroso.
A rigor, ‘ficar pinel’ deveria significar ‘tornar-se amoroso, fraterno, humano, pleno de compaixão’.
Essa distorção lembra o personagem do livro “Alice Através do Espelho” – de Lewis Carroll –, Humpty Dumpty que diz a ela, num tom bastante desdenhoso:
“– Quando eu uso uma palavra, ela significa exatamente o que quero que signifique: nem mais nem menos.”
Contestado por Alice, ele retruca que as palavras possuem o sentido que lhes atribui o chefe, que é, afinal, quem manda!

*

Philippe Pinel (Saint André, 20/04/1745 – Paris, 25/10/1826) foi um médico francês que publicou em 1801 o ‘Tratado médico-filosófico sobre a alienação ou a mania’, no qual descreveu uma nova especialidade médica, que viria a se chamar Psiquiatria (1847).
Considerou doentes os que sofriam de perturbações mentais e que, ao invés de maltratados, mereciam tratamento adequado. “Foi o primeiro médico a tentar descrever e classificar algumas perturbações mentais.” Até então não havia como se falar em obsessões, em perseguições espirituais.
Eis excertos de estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas, em 2000, extraído do site: http://www.comciencia.br/reportagens/manicom/manicom8.htm
História dos manicômios
Asile, madhouse, asylum, hospizio, são alguns dos nomes que denominam as instituições cujo fim é abrigar, recolher ou dar algum tipo de assistência aos "loucos".
(...)
No século XVII os hospícios proliferam e abrigam juntamente os doentes mentais com marginalizados de outras espécies. O tratamento que essas pessoas recebiam nas instituições costumava ser desumano, sendo considerado pior do que o recebido nas prisões. Diversos depoimentos – como o de Esquirol, um importante estudioso destas instituições no século XIX – retratam este quadro:
"Eles são mais mal tratados que os criminosos; eu os vi nus, ou vestidos de trapos, estirados no chão, defendidos da umidade do pavimento apenas por um pouco de palha. Eu os vi privados de ar para respirar, de água para matar a sede, e das coisas indispensáveis à vida. Eu os vi entregues às mãos de verdadeiros carcereiros, abandonados à vigilância brutal destes. Eu os vi em ambientes estreitos, sujos, com falta de ar, de luz, acorrentados em lugares nos quais se hesitaria até em guardar bestas ferozes, que os governos, por luxo e com grandes despesas, mantêm nas capitais." (Esquirol, 1818, apud Ugolotti, 1949.)

Influenciado pelos ideais do iluminismo e da Revolução Francesa, Philippe Pinel (1745-1826), diretor dos hospitais de Bicêtre e da Salpêtrière, foi um dos primeiros a libertar os pacientes dos manicômios das correntes, propiciando-lhes uma liberdade de movimentos por si só terapêutica.
(...)
Mesmo após as reformas instituídas no século XIX por Pinel, um dos primeiros a aplicar uma "medicina manicomial", o tratamento dado ao interno do manicômio ainda era mais uma prática de tortura do que a de uma prática médico-científica.
(...)
Eram correntes as práticas de sangria, de isolamento em quartos escuros, de banhos de água fria, além dos aparelhos que faziam com que o paciente rodopiasse em macas ou cadeiras durante horas para que perdesse a consciência.(...)]
(Redação: Fábio Sanchez; Marta Kanashiro; Rafael Evangelista e Renato Nunes.)
Outro texto nos informa: Na primavera de 1793, apenas quatro anos após a Revolução Francesa, (...) um jovem doutor em Medicina corria pelos pátios da Universidade de Paris, em direção ao Hospital La Bicêtre (...).
Ali se encontravam internados (...) esquizofrênicos e psicopatas, e a esquizofrenia tida como possessão diabólica desde a Idade Média, era, portanto, uma doença irreversível, incurável. (...)
Chamou o guarda, e lhe disse:
– Eu aqui venho para libertar os pacientes; a partir de hoje os psicopatas terão direito à sua liberdade, pois não podem ficar encarcerados pelo crime de serem doentes, graças ao atraso da Medicina.
O guarda, então, lhe responde:
– Doutor, talvez o senhor não saiba que aqui se encontram os loucos mais agressivos de França e da Europa, e eu não posso abrir as celas, porque se eu abrir essas celas, eles vão me matar e depois matarão o doutor. (...)
O jovem médico pede ao guarda que lhe dê o molho de chaves e passa, ele mesmo, a efetuar a tarefa de abrir aquelas celas. Abre o cadeado central e retira a pesada corrente que se estendia por todas as portas e passa a abrir uma a uma daquelas celas. (...)
Era a escória humana; alguns estavam presos há mais de vinte anos; eram homens e mulheres de olhares perdidos, sem noção do que acontecia. Eram degradados sem qualquer identidade. Mas, de repente, um homem de cabeleira enorme, abrindo seus braços e pernas, começou a escalar as paredes daquele corredor em direção à claraboia, como se pretendesse fugir por ali, o que seria impossível, tendo em vista que esta era fechada por grossas barras de ferro.
O médico assistiu àquela cena, até que o homem pendurou-se nas barras e gritou:
– Meu Deus! Meu Deus! Eu já havia me esquecido da beleza de um raio de sol.
Soltou-se das barras, despencando no chão, e (...) rastejou até o jovem doutor, abraçou-lhe as pernas e lhe disse: Muito obrigado doutor! Muito obrigado. O médico ergueu-o pelas axilas e o abraçou ternamente.
(...) há menos de um mês, ele havia (...) proposto (...) a libertação daqueles psicopatas e os colegas lhe haviam perguntado:
– O que você pretende fazer com eles? E ele lhes havia respondido:
– Curá-los.
– E se você não conseguir?
– Então vou amá-los, restituindo-lhes o direito a serem criaturas humanas; desejo oferecer-lhes a dignidade humana.”
(Extraído de Seara Espírita Joanna de Ângelis – Jul/2008, n. 2 – Edição 17, do artigo ‘Desalento’, de Augusto Cantusio Neto.)
No livro Grilhões Partidos (Cap. 20, p. 181), Manoel P. de Miranda refere-se ao Dr. Pinel e exalta sua conduta amorosa junto aos enfermos.
‘Pinel’, pois, deveria significar ‘amoroso, fraterno, humano, pleno de compaixão’.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

As mais lindas canções que ouvi (22)


Noite dos Mascarados

Chico Buarque

- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.
- Eu sou seresteiro,
Poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro
Só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão.
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão.
Fui porta-estandarte,
Não sei mais dançar.
- Eu, modéstia à parte,
Nasci pra sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.
Deixa o dia raiar, que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!


Para ouvir a canção acima na voz de Chico Buarque, Nara Leão e MPB-4, basta clicar em http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=fgaKvFqD2CU#! E você poderá também, se preferir, ouvi-la na interpretação de Chico Buarque e Elis Regina clicando neste link -  http://www.youtube.com/watch?v=_e7ah-kyVyE


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carol Bowman e a reencarnação


A doutrina da reencarnação, que é um dos princípios fundamentais da doutrina espírita, não se fundamenta em dogma ou decisão tomada por autoridades religiosas. Trata-se de uma lei e como tal ninguém a ela poderá escapar, acredite ou não nisso.
À medida que os anos passam, fatos novos, muitas vezes ocorridos em ambientes que nada têm que ver com o Espiritismo, têm fortalecido a convicção dos espíritas e de todos os que admitem que não nos encontramos aqui na Terra pela primeira vez, mas, ao contrário, nossas vivências neste plano de vida são múltiplas e – pode-se dizer – incontáveis.
Faz pouco mais de 22 anos, recebemos em Londrina a visita de Barbara Ivanova, um nome respeitado mundialmente no campo das pesquisas psicobiofísicas, que falou a um público numeroso no Cine Teatro Ouro Verde. Um dos assuntos da conferência foi exatamente a reencarnação.
Ivanova mencionou então vários casos de crianças que se recordavam de vidas passadas, fato que sugere a existência de uma memória extracerebral, que fora até então objeto de estudo de vários pesquisadores de renome mundial, como o indiano Banerjee e o americano Ian Stevenson. Posteriormente à conferência, ela concedeu entrevista coletiva numa sala do Hotel Bourbon. Uma das perguntas versou sobre o tema reencarnação. Alguém lhe perguntou quais eram os métodos em que ela se baseava para dizer que a reencarnação estava cientificamente comprovada. Em sua resposta, Ivanova disse que toda a comunidade científica sabia disso, referindo-se certamente a seus colegas russos, e explicou, em seguida, que os métodos científicos adotados para comprovar a reencarnação são, entre outros, a comunicação com os Espíritos por meio da mediunidade, a regressão de memória e a chamada memória extracerebral.
É bom lembrar que Barbara Ivanova nasceu em 1917 em Moscou, capital da Rússia, na mesma época em que eclodiu em seu país a revolução que conduziu Lênin ao poder e, por consequência, determinou o fechamento de todas as igrejas e a eleição do materialismo dialético como filosofia de governo. A reportagem sobre a conferência de Barbara Ivanova pode ser vista clicando neste link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/163/especial2.html
Trinta e três anos depois do nascimento de Barbara Ivanova, nasceu nos Estados Unidos Carol Bowman, que levava uma vida comum, cuidando de seus dois filhos, até que algo muito estranho acontecesse. Durante a comemoração do feriado de 4 de julho, seu filho caçula, Chase, que sofria de fobia a barulho muito alto, ficou em pânico com as explosões da queima dos fogos de artifício. Como se estivesse em transe, o menino começou a narrar sua morte violenta durante a guerra civil americana, na qual dizia ele ter sido um soldado negro. Chase contou todo o desespero da guerra com uma riqueza de detalhes de que só um historiador seria capaz. Após esse acontecimento, a fobia do menino desapareceu magicamente.
A partir desse dia, a vida de Carol Bowman mudou radicalmente. Procurando compreender o fenômeno que seu filho relatara, ela começou a pesquisar incessantemente sobre experiências semelhantes, mas não encontrou nada que a satisfizesse. Então, passou a procurar pessoas que tivessem vivido alguma experiência similar e logo reuniu um vasto material que lhe permitiu escrever um livro sobre o tema vidas passadas. E assim o fez. Lançado nos Estados Unidos, o livro Children's Past Lives (Bantam, 1997), publicado no Brasil pela editora Sextante, foi editado também na Inglaterra, Austrália, Holanda, Alemanha e China.
Judia, Carol Bowman disse em entrevista ao nosso confrade José Lucas que não lhe foi difícil compatibilizar sua crença religiosa com a admissão da reencarnação, mesmo porque entre os judeus alguns acreditam na doutrina das vidas sucessivas, que, por sinal, é ensinada na Cabala.
Um dos casos relativamente à chamada memória extracerebral em que Carol Bowman esteve envolvida diz respeito ao retorno à existência corpórea de um piloto de caça americano abatido por ocasião da 2ª Guerra Mundial, um caso bastante expressivo e fartamente documentado que o leitor pode ver clicando neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2012/04/o-caso-do-piloto-americano-reencarnado.html