sexta-feira, 31 de maio de 2024

 




Comunicações mediúnicas entre vivos

 

Ernesto Bozzano

 

Parte 17

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires e publicado pela Edicel.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo será publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Quando um Espírito interfere na comunicação que o médium está recebendo de outro Espírito, este chega a ver o intruso espiritual? 

B. Por que razão o comunicante não veria que outro Espírito esteja interferindo na sua comunicação? 

C. São comuns os casos de comunicação no momento da morte ou na agonia? 

 

Texto para leitura

 

251. O detalhe mais interessante deste episódio se contém numa observação feita pela narradora, segundo a qual “Sunny” (que era a entidade comunicante) parece não ter visto o espírito intruso que se intrometeu na comunicação. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

252. Tal observação é teoricamente importantíssima pelas seguintes razões: O Prof. Hyslop, baseando-se em suas próprias experiências, sustentava a tese de que certos erros aparentes, certas confusões, certas incoerências, quando ocorriam nas comunicações mediúnicas e, sobretudo, certas intrusões de acidentes completamente estranhos à personalidade do morto comunicante, eram presumivelmente devidas a imprevistas ingerências de outras entidades desencarnadas, que se davam sem que de tal se inteirasse o morto comunicante. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

253. O Prof. Hyslop o afirmava com base em suas experiências, mas quem poderia aceitar tal explicação, que, além de parecer gratuita, não era cientificamente confirmável? Compreende-se bem que a afirmativa de Hyslop não fosse levada em consideração. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

254. Ora, o incidente referido linhas acima contém um exemplo de comunicações mediúnicas entre vivos capaz de confirmar experimentalmente a hipótese do Prof. Hyslop, levando-se em conta que desta vez não se trata de uma interferência não verificável do além-túmulo, mas verificável aquém-túmulo. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

255. Ao mesmo tempo se observa que o espírito do morto comunicante não tinha consciência do que estava acontecendo; percebeu apenas que se levantava para ele uma dificuldade repentina e inexplicável de se comunicar mediunicamente com o mundo dos vivos, precisamente como afirmava o Prof. Hyslop. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

256. Quanto às causas presumíveis que fazem um espírito comunicante ignorar a presença de outro que procura servir-se simultaneamente do mesmo médium, já não é de urgência teórica a sua elucidação. É lícito, porém, presumir que isto aconteça porque as comunicações mediúnicas não implicam quase a “incorporação” temporal do “espírito” no médium, podendo se dar o caso de uma transmissão telepática do pensamento do primeiro, ao órgão cerebral do segundo. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

257. Isto posto, compreende-se que se um espírito estranho, percebendo a presença de um médium, possa servir-se dele para transmitir aos vivos uma mensagem sua (provavelmente ignorando, por sua vez, que outro se serve do mesmo naquele momento), pode fazê-lo sem que o outro comunicante note a sua presença, sentindo apenas uma repentina e inexplicável dificuldade em transmitir o seu próprio pensamento, dificuldade esta proveniente da interferência de suas vibrações psíquicas pessoais com outras vibrações estranhas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

258. Casos de transição no momento da morte ou na agonia – Antes de tratar do grupo em que se consideram as comunicações entre vivos, que aparecem efetivamente transmitidas com o auxílio de uma entidade espiritual intermediária, será bom relatar alguns casos de transição, porque se referem a incidentes em que o agente que se comunica mediunicamente a distância é um moribundo que anuncia a iminência de morte, ou bem uma pessoa falecida momentos antes de ocorrer a comunicação. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

259. O que se disse para os casos do último subgrupo deve ser repetido aqui, ou seja, que tais episódios são raros, de modo que só disponho de quatro deles, um dos quais é de segunda mão e, portanto, deficiente como prova. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

260. Caso 23 – O maestro compositor Ernest Blum, que havia conhecido Victor Hugo e Auguste Vacquerie, refere em sua autobiografia o que aconteceu com Victor Hugo, nas suas experiências na ilha de Guernesey:

Victor Hugo sempre declarou estar convencido das verdades do espírito. Igualmente o estavam seus dois filhos e seus dois amigos Vacquerie e Paul Mérice. O próprio Vacquerie me narrou o seguinte fato:

– Certa noite de inverno em Guernesey se faziam experiências com o tripé. Estavam presentes o grande poeta, seus dois filhos e Vacquerie. Servia de médium Charles Hugo, que tomava conta das letras do alfabeto ditadas pela mesinha e transmitia as respostas. Subitamente lançou ele um grito de dolorosa surpresa e exclamou: “Os espíritos me participam a triste notícia de que neste momento morreu a Sra. de Girardin”. Eram dez horas da noite.

Naquela mesma noite havia Victor Hugo recebido uma carta da Sra. de Girardin na qual lhe comunicava que iria passar uns dias em Guernesey, de modo que ele deveria esperá-la de um momento para outro.

Dois dias após chegou uma carta em que se participava a morte da referida senhora. Ninguém em Guernesey podia saber de tal coisa, pois não havia telégrafo nem telefone e, portanto, Charles Hugo o ignorava, como todos os demais. O mais interessante, porém, é que ela havia falecido precisamente na noite da sessão às 10 horas.

Confesso que quando penso neste episódio sinto um calafrio, porque como pô-lo em dúvida com tais testemunhas? (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

261. No caso citado, Charles Hugo assim se expressa: “Os espíritos me participam a triste nova...”, do que se poderia concluir que não fosse precisamente a Sra. de Girardin quem comunicasse a própria morte, mas algum espírito familiar ao médium, o que pode ser certo. Como, porém, não é lícito admiti-lo baseando-nos simplesmente em uma afirmação como a exposta, devemos apegar-nos à “hipótese menos lata” aplicável ao caso que é a de uma comunicação da Sra. Girardin moribunda ou recém-falecida. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

262. Caso 24 – Emma Hardinge-Britten, em seu livro Modern American Spiritualism, pág. 500, narra uma série de manifestações mediúnicas obtidas na casa do Dr. Laird, com a mediunidade de sua própria esposa e em relação com o seu filho e o do Dr. Marsden, os quais lutavam no front da Guerra de Secessão norte-americana. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

263. Quando os dois jovens morreram na luta, manifestaram-se à médium por meio da visão clarividente e o filho do Dr. Marsden se lhe manifestou quando ainda jazia mortalmente ferido no campo de batalha. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

264. A narradora, Sra. Hardinge-Britten, que tomou parte na experiência, assim se expressa:

Nenhuma notícia dos filhos... Pela noite, quando os desolados pais se reuniram em sessão, caiu a Sra. Laird em sono mediúnico e, em tal condição, se manifestou o espírito de James Marsden, que assim falou: “Avisa a meu pai que parta imediatamente para Donaldsonville e uma vez ali, que chame o Cap. Somers, comandante da minha companhia. Foi ele quem recebeu o encargo de entregar-lhe a minha pobre crisálida dilacerada da qual a mariposa se evolou para a eternidade.”

A respeito da mensagem o Dr. Laird fez-me saber que ela adquire maior significação porque o filho do Dr. Marsden tinha um caráter jovial, despreocupado e um tanto volúvel, o que levara seus camaradas a dar-lhe por gracejo o apelido de borboleta.

O Dr. Marsden partiu logo para a localidade indicada e cinco semanas após regressou com um ataúde que continha os restos mortais do rapaz. O Cap. Somers lhe informou que seu filho caíra gloriosamente coberto de ferimentos, achando-se ainda vivo quando fora transportado para um posto de socorro, onde expirara lentamente.

Comparando-se as datas pôde-se verificar que o seu espírito se manifestara à Sra. Laird algumas horas antes de morrer, quando jazia moribundo na tenda-hospital.

Antes de expirar, havia pedido ao Cap. Somers que informasse seus pais da sorte que tivera e que o mandasse enterrar num lugar bem marcado a fim de facilitar ao pai o trabalho de identificá-lo quando viesse buscar os despojos. O Cap. Somers fizera-lhe a vontade, mas não chegou a escrever ao seu progenitor porque adoecera gravemente. Quando viu este chegar, supunha que ignorasse tudo e quando o velho lhe narrou todo o caso, informando-o do modo como soubera do acontecimento, o capitão ficara profundamente impressionado... (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

265. O episódio narrado difere dos outros porque se deu pela “mediunidade vidente” e apresenta muita analogia com os casos comuns de telepatia, salvo que em nosso caso não se tratava de um percipiente em estado normal de vigília ou sono, e sim de um médium em estado de “transe”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

266. Ademais é notabilíssima a mensagem transmitida pelo fantasma telepático-mediúnico porque encerra informações pessoais ignoradas de todos os presentes e rigorosamente verificadas, compreendendo também a simbólica alma-borboleta que da “crisálida dilacerada se evolara para a eternidade”. Tal comparação faria também supor que quando o jovem herói se manifestara à médium, já estivesse morto e assim o caso em exame se transformaria em ótimo exemplo de identificação espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

267. Caso 25 – Tomo-o do vol. I, pág. 376, do Journal of the S. P. R., o qual foi narrado pelo Prof. William Barrett. O episódio se contém em duas cartas, uma de 29 de setembro de 1882 e a outra de 24 de março de 1885, dirigidas àquele pelo Sr. Samuel Jennings. Extraio de tais cartas os seguintes trechos:

Querido professor:

Em resposta à sua pergunta, relato-lhe um caso contado pelo próprio protagonista, o Sr. Nelson, falecido há pouco. Tinha ele a faculdade de escrever automaticamente por impulso de influências estranhas...

Aconteceu certa vez que teve um sentimento de “presença espiritual” quando se achava no trem, viajando de Kaneegunge para Calcutá. Pegou então uma folha de papel e um lápis e esperou calmamente. É difícil escrever num trem em marcha, mas conseguiu fazê-lo e obteve uma comunicação em que o agente era a própria filha do Sr. Nelson, que se achava num colégio da Inglaterra. Dizia que acabara de morrer naquele instante, de uma doença inesperada, descrevendo as circunstâncias em que a sua morte se dera e as pessoas que a assistiram, acrescentando que tinha querido manifestar-se a ele a fim de lhe dar o último adeus.

A mensagem produziu no Sr. Nelson a agitação que é de se supor, pois ignorava a enfermidade da filha. Chegando em casa disse que estava muito preocupado com a saúde de sua filha Bessie, porém só deu conhecimento da comunicação a uma filha casada, pedindo-lhe que aguardasse até a chegada do correio da Inglaterra. Quando esse chegou, tudo se confirmou em seus menores detalhes. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

268. O caso exposto é importante, mas, infelizmente, é referido em segunda mão. Certo é, porém, que a autoridade do Prof. Barrett, que o recebeu e publicou, constitui prova suficiente para a autenticidade do mesmo. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância.) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Quando um Espírito interfere na comunicação que o médium está recebendo de outro Espírito, este chega a ver o intruso espiritual? 

O fato narrado pela Sra. Fred. Maturin, autora do livro de revelações mediúnicas Rachel Conforted – descrito nesta obra como o Caso 22 –, leva-nos a entender que o intruso espiritual pode realmente não ser visto pelo Espírito em cuja comunicação ele interferiu. Essa é a tese defendida pelo Prof. Hyslop, que, baseando-se em suas próprias experiências, entende que certos erros aparentes, certas confusões, certas incoerências, quando ocorrem nas comunicações mediúnicas e, sobretudo, certas intrusões de acidentes completamente estranhos à personalidade do morto comunicante, são presumivelmente devidos a ingerências de outras entidades desencarnadas, que se davam sem que de tal se inteirasse o morto comunicante. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

B. Por que razão o comunicante não veria que outro Espírito esteja interferindo na sua comunicação? 

Bozzano presume que isso talvez aconteça porque as comunicações mediúnicas não implicam quase a “incorporação” temporal do “espírito” no médium, podendo se dar o caso de uma transmissão telepática do pensamento do primeiro, ao órgão cerebral do segundo. Um espírito estranho, percebendo a presença de um médium, pode servir-se dele para transmitir aos vivos uma mensagem sua, provavelmente ignorando que outro esteja servindo-se do mesmo médium naquele momento. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo D)

C. São comuns os casos de comunicação no momento da morte ou na agonia? 

Há registros de fatos assim, mas diz Bozzano que tais episódios são raros. Nesta obra, por exemplo, ele só relata quatro casos, um dos quais é de segunda mão e, portanto, deficiente como prova. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo E)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/05/comunicacoes-mediunicas-entre-vivos_01676384603.html

 

  

 

 


 

 

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quinta-feira, 30 de maio de 2024

 



CINCO-MARIAS

 

Pais podem ajudar o processo da alfabetização

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com


Inteligência mais caráter, essa é a meta da verdadeira educação. Martin Luther King

 

A alfabetização é um processo importante para a criança e os pais, em casa, podem apoiá-la. Apontamos, aqui, algumas sugestões:

Leia para seus filhos

Ler histórias e livros para os filhos é um hábito saudável e atitude que tanto aproxima afetivamente pais e filhos quanto introduz, desde cedo, o prazer envolvido na leitura.

Pais leigos podem cooperar com a escola

É tarefa da escola ensinar a criança a ler e escrever, No entanto, os pais podem estimular a leitura e supervisionar as tarefas escolares, respeitando, é claro, o tempo de aprendizagem de cada criança.

A criança pode inventar histórias

Uma forma interessante de ajudar na alfabetização é incentivar o uso da imaginação. Peça ao seu filho que lhe conte uma história. Você pode, por exemplo, escrever a história que ele lhe contou e, depois, mostrar a ele algumas palavras que se repetem, que se destacam, que tenham sons parecidos...

Ensine os nomes das letras e seus sons

Óbvio que o ensino formal das letras é feito na escola. Contudo, há muitos jogos, brinquedos, livros etc. que ajudam a criança a aprender a discernir nomes de letras e seus sons. Você pode solicitar também sugestões de jogos, livros etc. à escola.

Ouça seu filho ler

Quando seu filho começar a levar livros para casa, peça que ele leia para você. Se a leitura tiver erros, peça-lhe que leia novamente – e diga isso de uma forma tranquila. Você pode alternar, lendo alguns trechos para ele. A leitura oral repetida, é sabido, torna os alunos melhores leitores.

Incentive a escrita

Ter livros e revistas disponíveis em casa ajuda a despertar o interesse pela leitura. Escrever bilhetes, cartões, criar histórias – tudo isso promove a escrita e ajuda o processo de alfabetização na escola.

Leitura como um hábito familiar

Faça da leitura uma parte da vida cotidiana familiar. Desliguem TV, nada de Internet e se dediquem a ler. Isso estimulará a criança a incorporar os livros como parte integrante de sua vida.

 

*

 

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 



 

 

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quarta-feira, 29 de maio de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 12

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Se o demônio é que provoca a obsessão, por que o exorcismo é ineficaz?

B. Que é que Kardec dizia a respeito da perseguição sofrida pelo Espiritismo?

C. Como evitar as maquinações dos inimigos do Espiritismo?

 

Texto para leitura

 

131. Determinando Espírito, nas duas primeiras evocações, portou-se com muita violência. A terceira evocação já foi um pouco melhor e o Espírito conversou familiarmente com o doutrinador espírita. A causa da perseguição foi então revelada: o motivo era fazer Rosa pagar-lhe uma velha dívida. Na quarta evocação, ele orou e assim, a cada evocação realizada, as coisas foram se normalizando, enquanto Rosa era magnetizada por 12 a 15 minutos em cada vez, o que a deixava perfeitamente tranquila. (Pág. 169.)

132. As crises cessaram e Rosa voltou às ocupações habituais, que haviam sido interrompidas por meses inteiros durante os anos em que o processo obsessivo se verificou. Para a cura, além do esclarecimento proporcionado ao Espírito, muito contribuiu a fé da ex-obsidiada, porque, além do fervor e de sua confiança no Criador, ela procurou reprimir seu caráter naturalmente impulsivo, fato que não mais permitia ao obsessor adquirir força sobre si mesmo. Depois do tratamento que beneficiou a ambos, ele dá a ela muito bons conselhos. Além disso, de oito em oito dias, Rosa se submete a uma magnetização e, de tempos em tempos, o ex-perseguidor é evocado, para desse modo fortificar-se nas boas resoluções que tomou ao pôr um fim às perseguições. (Págs. 169 e 170.)

133. Os guias espirituais que colaboraram para o sucesso do tratamento informaram que a cura chegara ao fim e que o ex-obsessor um dia tudo faria pela pobre família que atormentou por tantos anos. O grupo espírita não poderia, no entanto, abandoná-los. Evocando aquele Espírito, de tempos em tempos, o grupo aumentaria a sua coragem e a sua perseverança no bem. Magnetizando a mulher periodicamente, dissipar-se-ia o fluido malsão que a envolveu durante tanto tempo, evitando assim que ela ficasse exposta à influência de outros Espíritos igualmente malévolos. (Pág. 171.)

134. Comentando as peripécias desse caso, Kardec observa que os espíritas de Barcelona envolvidos no episódio davam, ao realizar tais trabalhos, importante exemplo de abnegação e de prática do bem sem ostentação. Os casos de cura como esse, os de Marmande e outros constituem, diz ele, um encorajamento e são excelentes lições práticas que mostram a que resultados se pode chegar pela fé, pela perseverança e por uma sábia e inteligente direção. (Págs. 171 e 172.)

135. É nos centros animados por sentimentos dessa ordem que se obtêm os melhores resultados, porque aí – enfatiza o Codificador – se é verdadeiramente forte contra os maus Espíritos. Concluindo, ele assevera: “É compreender o verdadeiro objetivo da doutrina empregá-la a fazer o bem aos desencarnados, como aos encarnados; é pouco recreativo para certas pessoas, temos que convir, mas é mais meritório para os que a isso se devotam. Assim, temos a satisfação de ver multiplicarem os centros que se dão a esses úteis trabalhos”. (Pág. 172.)

136. Reportando-se à cura de Rosa N..., de Barcelona, a qual padecera de um processo obsessivo por 14 anos, Kardec observa: “Suponhamos que a mulher Rosa tivesse acreditado nas asserções do pregador e que tivesse repelido o Espiritismo. Que teria acontecido? Não se teria curado; teria caído na miséria, por não poder trabalhar; ela e o marido talvez tivessem amaldiçoado a Deus, ao passo que agora o bendizem, e o Espírito mau não se teria convertido ao bem.” O Codificador adverte então que, do ponto de vista teológico, três almas foram salvas pelo Espiritismo, mas elas se perderiam se atendida a vontade do pregador.  (Págs. 172 e 173.)

137. Prosseguindo a sua análise, Kardec indaga: Se o diabo é o verdadeiro ator em todos os casos de obsessão, de onde vem a impotência dos exorcismos? Ora, a volta do obsessor ao bem e a cura do doente provam que não é o demônio que provoca a obsessão, mas um mau Espírito suscetível de se melhorar. Enquanto o exorcismo irrita o obsessor, o doutrinador espírita lhe fala com doçura, procura fazer vibrar nele a corda do sentimento, mostra-lhe a misericórdia de Deus e, fazendo-o entrever de novo a esperança, consegue trazê-lo ao caminho do bem. Esse é o segredo da eficácia do método espírita. (Pág. 173.)

138. No caso de Rosa N... um fato particular se verificava: a suspensão das crises durante a gravidez. De onde vinha isto? Eis a explicação de Kardec: “O Espírito obsessor exercia uma vingança. Deus o permitia para servir de provação e de expiação à mãe e, além disso, porque, mais tarde, a cura desta devia melhorar o Espírito. Mas as crises durante a gestação poderiam prejudicar a criança.” Foi para evitar que sofresse o inocente que ao perseguidor foi tirada toda a liberdade de ação durante esse período. (Pág. 174.)

139. Em um jornal da Rússia, denominado Doukhownaia Beceda (Práticas Religiosas), dois jovens de Moscou publicaram um artigo contendo violentas críticas às sessões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de que eles teriam participado em novembro último. Kardec os chama de espiões, pessoas que diziam agir de boa fé e, no entanto, relataram de forma mentirosa o que ali viram. (Págs. 174 a 181.)

140. Em sua resposta aos jovens russos, Kardec arrola as inverdades e bobagens constantes do artigo e, com veemência, refuta a informação divulgada pelos rapazes de que era preciso pagar para assistir às reuniões da Sociedade Espírita de Paris. (Págs. 175 a 181.)

141. A nova tática dos adversários do Espiritismo – observa a seguir o Codificador – estava evidente: não podendo combater lealmente as ideias espíritas, eles partiam decididamente para a mentira e a calúnia, tentando com isso denegrir a doutrina e os espiritistas. A luta estava, pois, longe de chegar ao fim, o que não se deveria lamentar, porquanto foi pela oposição que lhe fizeram que o Espiritismo cresceu. A exemplo do Cristianismo, que não foi abalado pelas perseguições e mesmo cresceu por seus mártires, o Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e desprendido dos abusos, crescerá do mesmo modo, sob a perseguição, porque – como a doutrina cristã – ele também é uma verdade.  (Págs. 181 e 182.)

142. O Espiritismo – adverte Kardec – tem ainda que passar por duras provas e é aí que Deus reconhecerá seus verdadeiros seguidores pela coragem, firmeza e perseverança que demonstrarem. O meio de evitar as maquinações dos inimigos é seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela doutrina: a sua moral, que é sua parte essencial e inatacável. Praticando-a, não se dá entrada a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa e, por isso mesmo, sem credibilidade. (Págs. 183 a 185.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Se o demônio é que provoca a obsessão, por que o exorcismo é ineficaz?

Reportando-se à cura de Rosa N..., de Barcelona, a qual padecera um processo obsessivo por 14 anos, Kardec indaga: Se o diabo é o verdadeiro ator em todos os casos de obsessão, de onde vem a impotência dos exorcismos? Ora, a volta do obsessor ao bem e a cura do doente provam que não é o demônio que provoca a obsessão, mas um mau Espírito suscetível de se melhorar. Enquanto o exorcismo irrita o obsessor, o doutrinador espírita lhe fala com doçura, procura fazer vibrar nele a corda do sentimento, mostra-lhe a misericórdia de Deus e, fazendo-o entrever de novo a esperança, consegue trazê-lo ao caminho do bem. Esse é o segredo da eficácia do método espírita. (Revista Espírita de 1865, pp. 172 e 173.)

B. Que é que Kardec dizia a respeito da perseguição sofrida pelo Espiritismo?

Ele dizia, a respeito do assunto, que a luta estava longe de acabar, mas isso não se deveria lamentar porque foi pela oposição que lhe fizeram que o Espiritismo cresceu. A exemplo do Cristianismo, que não foi abalado pelas perseguições e mesmo cresceu por seus mártires, o Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e desprendido dos abusos, crescerá do mesmo modo sob a perseguição, porque – como a doutrina cristã – ele também é uma verdade. (Obra citada, pp. 181 e 182.)

C. Como evitar as maquinações dos inimigos do Espiritismo?

Lembrando que o Espiritismo tem ainda que passar por duras provas, quando então Deus reconhecerá seus verdadeiros seguidores pela coragem, firmeza e perseverança que demonstrarem, Kardec diz que o meio de evitar as maquinações dos inimigos é seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela doutrina: a sua moral, que é sua parte essencial e inatacável. Praticando-a, não se dá entrada a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa e, por isso mesmo, sem credibilidade. (Obra citada, pp. 183 a 185.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/05/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0786164425.html

 

 

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 28 de maio de 2024

 




Eternidade em vez de efemeridade

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Embora a beleza externa ainda seja demasiadamente valorizada, não se compara ao bem-estar ao lado de alguém cuja beleza interna se evidencia. Quando os olhos são sorriso, luz e bondade, sem dúvida, apresentam riqueza imensurável. E algo inquestionável é a energia de cada ser. Basta aproximar-se ou mesmo apenas ver e já teremos determinada sensação, positiva ou não. Chegará o momento em que cada um verá apenas almas e não corpos, e quando esse momento chegar quão diferente será a relação humana, será humanamente verdadeira.

Na medida em que nos desenvolvemos, começamos a apreciar as nobres características, ou seja, as qualidades de um espírito que deseja conhecer mais a luz. E quanto mais vivenciamos os bons sentimentos e atitudes, mais será essa harmonia que nos interessará. Sempre será, de fato, inestimável a boa expressão interna, pois esta é a eterna, enquanto que a externa é indiscutivelmente efêmera.

Quando a nossa alma observar mais as outras almas a essência , haverá mais harmonia e felicidade, porque nos aproximaremos ou distanciaremos conforme a identificação energética, e não nos enganaremos mais com uma imagem meramente irreal externa. Será ideal quando nos interessarmos pela essência em vez da aparência. No entanto já é tempo para iniciarmos essa fase, basta vontade para a aprimoração.

Mesmo durante o nosso singelo desenvolvimento, podemos diferenciar pelo menos um pouco e sem tanto esforço uma companhia agradável de outra ainda densa. Essa percepção nos poupará sofrimento e nos apresentará momentos mais felizes.

O tempo nos comprovará que o valor estará sempre na essência, pois independente de tempo e lugar, é o verdadeiro caminho do progresso para todos os seres. Quando nos encantarmos com as almas devido à energia benfazeja, não nos atentaremos a nenhuma aparência material, pois o que toca a alma é eterno. E da mesma maneira será quando não nos identificarmos com a essência menos lapidada ainda.

A beleza real será sempre a que alegra o coração, que cria a feliz expectativa de um novo encontro, que nos faz bem e nos traz paz.

Quando apreciarmos a vida com os olhos da alma, tão mais venturosos nos sentiremos e mais bondade estará presente. A essência é eterna e não efêmera.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 


 

 

 

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