sexta-feira, 30 de junho de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas




A Crise da Morte

Ernesto Bozzano

Parte 1

Damos início hoje ao estudo do clássico A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação Espírita Brasileira. 
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que método Bozzano adotou para elaborar esta obra?
B. Qual era a opinião do professor Hyslop acerca das chamadas “revelações transcendentais”?
C. De onde foram extraídos os fatos que compõem este livro?
D. A quem se refere o primeiro caso e o que ele nos revela?

Texto para leitura

1. Guillon Ribeiro, reportando-se às mensagens do Além sobre as quais Bozzano assentou o seu estudo, afirma que tais comunicações, dispersas, só muito relativo valor teriam, se o notável escritor italiano não as houvesse submetido ao processo científico da análise comparada, do que resultou um conjunto de revelações de irrecusável veracidade. (P. 11)
2. Bozzano diz ter aplicado a esse conjunto de “revelações transcendentais” os processos da análise comparada, obtendo resultados inesperados e importantes em torno da morte. Provou ele que numerosíssimas informações obtidas mediunicamente, a respeito do meio espiritual, concordam admiravelmente entre si, no que concerne às indicações de natureza geral, e suas discordâncias aparentes provêm de causas múltiplas, fáceis de serem apreendidas e justificáveis. (P. 15)
3. O autor afirma ter adquirido, com suas pesquisas, a certeza de que, em futuro não distante, a seção metapsíquica das “revelações transcendentais” alcançará grande valor científico e constituirá, portanto, o ramo mais importante das disciplinas metapsíquicas. (P. 16)
4. Se antes ele mesmo as desprezava, Bozzano não hesita em declarar ter mudado de parecer, relativamente ao valor teórico das “revelações transcendentais”, citando pesquisadores eminentes, como o professor Oliver Lodge, que não hesitaram em publicar declarações análogas. (P. 17)
5. Lodge, por exemplo, afirma que tudo contribui para se supor que a prova real da sobrevivência dependerá do estudo e da comparação dessas “narrações de exploradores espirituais”, mais do que das provas resultantes das informações pessoais fornecidas acerca do passado. (PP. 17 e 18)
6. Bozzano refere-se também ao professor Hyslop, que ponderou, a respeito de duas coleções de revelações sobre o Além, que nada há de impossível nas informações que ditas mensagens contêm. Diz Hyslop: “Em suma, os livros desta espécie são importantes, pois que nos dão uma primeira ideia sobre o mundo espiritual, oferecendo-nos assim oportunidade de comparar os detalhes contidos nas diferentes revelações obtidas”. (P. 18)
7. Para o professor Hyslop existe um meio de verificar as afirmações pertinentes à existência espiritual: experimentar com um número suficiente de médiuns, para comparar em seguida os resultados. “É evidente que, nessas condições – diz ele – uma concordância de informações fundamentais, repetindo-se com uma centena de indivíduos diferentes, teria valor bastante grande a favor da demonstração da existência real de um mundo espiritual análogo ao que fora revelado.” (P. 19)
8. O método de pesquisa proposto pelo professor Hyslop é, em suma, o adotado por Bozzano, que se valeu, para isso, do material imenso que se acumulara nos últimos anos, relativamente às “revelações transcendentais”. (P. 19)
9. Como o material classificado e comentado assumia proporções tais que impediriam a sua publicação em livro, Bozzano resolveu suspender temporariamente as pesquisas, para consagrar algumas monografias de ensaios aos resultados já obtidos. Este livro é uma dessas monografias. (P. 20)
10. Todos os fatos por ele citados foram tirados de coleções de “revelações transcendentais” publicadas na Inglaterra e nos Estados Unidos. O motivo é simples: não havia na França, Itália, Alemanha, Portugal e Espanha coleções de “revelações transcendentais” sob a forma de narrativas continuadas, orgânicas, ditadas por uma só personalidade mediúnica e confirmadas por provas excelentes de identidade dos defuntos que se comunicaram. (P. 21)
11. Nas poucas coleções que têm aparecido nos países referidos não se encontram episódios concernentes à crise da morte, salvo o livro “O Céu e o Inferno”, no qual se podem ler três ou quatro episódios dessa espécie; mas eles são de natureza muito vaga e geral, para poderem ser tomados em consideração numa obra de análise comparada. (PP. 21 e 22)
12. O autor ressalta, preliminarmente, que desde o começo do movimento espírita se obtiveram mensagens mediúnicas em que a existência e o meio espirituais são descritos em termos idênticos aos das mensagens obtidas atualmente, embora a mentalidade dos médiuns fosse, então, dominada pelas concepções tradicionais referentes ao paraíso e ao inferno e, por conseguinte, pouco preparada para receber mensagens de defuntos. (PP. 22 e 23)
13. O primeiro caso focalizado por Bozzano foi extraído da obra Letters and Tracts on Spiritualism, que contém artigos e monografias publicados de 1854 a 1874 pelo juiz Edmonds, que foi notável médium psicógrafo, falante e vidente. (P. 23)
14. Meses depois de sua morte, o juiz Peckam, a quem Edmonds muito estimava, ditou-lhe expressiva mensagem em que conta que, no momento em que mergulhou no mar, apareceram seu pai e sua mãe, e foi esta quem o tirou da água, mostrando uma energia incomum. (P. 23)
15. Bozzano, após transcrever a mensagem, lembra que só em casos excepcionais de mortes imprevistas, sem sofrimento e com estado sereno d’alma, é possível ao Espírito escapar à necessidade do sono reparador, como se deu com o juiz Peckam. (PP. 23 a 25)
16. Em seguida, ele relaciona os detalhes contidos na mensagem, os quais serão depois confirmados em todas as revelações do mesmo gênero: a) o fato de o desencarnado não perceber, ou quase não perceber, que se separara do corpo e, ainda menos, que se achava num meio espiritual; b) o Espírito se encontrar com uma forma humana e se ver cercado de um meio terrestre, ou quase terrestre; c) o comunicante pensar que se exprime de viva voz como antes e ouve, como antes, as palavras dos demais; d) o encontro, no limiar da nova existência, com outros Espíritos de mortos, que são geralmente parentes mais próximos, mas podem ser também amigos ou Espíritos-guias; e) o morto afirmar ter passado pela experiência da “visão panorâmica” dos atos de sua existência terrena ora finda. (PP. 25 e 26)

Respostas às questões preliminares

A. Que método Bozzano adotou para elaborar esta obra?
Ernesto Bozzano diz ter aplicado os processos da análise comparada ao conjunto de “revelações transcendentais” que lhe chegaram às mãos, cujo valor teórico havia sido reconhecido por pesquisadores eminentes, como o professor Oliver Lodge. (A Crise da Morte, pp. 11 a 18.) 
B. Qual era a opinião do professor Hyslop acerca das chamadas “revelações transcendentais”?
O professor Hyslop disse, a respeito das revelações sobre o Além, que nada há de impossível nas informações que ditas mensagens contêm. Afirmou Hyslop: “Em suma, os livros desta espécie são importantes, pois que nos dão uma primeira ideia sobre o mundo espiritual, oferecendo-nos assim oportunidade de comparar os detalhes contidos nas diferentes revelações obtidas”. Para o professor Hyslop há um meio de verificar as afirmações pertinentes à existência espiritual: experimentar com um número suficiente de médiuns, para comparar em seguida os resultados. “É evidente que, nessas condições, uma concordância de informações fundamentais, repetindo-se com uma centena de indivíduos diferentes, teria valor bastante grande a favor da demonstração da existência real de um mundo espiritual análogo ao que fora revelado.” (Obra citada, pp. 18 e 19.) 
C. De onde foram extraídos os fatos que compõem este livro?
Todos os fatos citados neste livro foram extraídos de coleções de “revelações transcendentais” publicadas na Inglaterra e nos Estados Unidos. O motivo alegado por Bozzano foi que não haviam sido publicadas em outros países como França, Itália, Alemanha, Portugal e Espanha coleções de “revelações transcendentais” sob a forma de narrativas continuadas, orgânicas, ditadas por uma só personalidade mediúnica e confirmadas por provas excelentes de identidade dos defuntos que se comunicaram. Uma exceção seria o livro “O Céu e o Inferno”, de Kardec, no qual se podem ler três ou quatro episódios dessa espécie, mas eles seriam, na opinião de Bozzano, de natureza muito vaga e geral para poderem ser tomados em consideração numa obra de análise comparada. (Obra citada, pp. 19 a 23.) 
D. A quem se refere o primeiro caso e o que ele nos revela?
Este caso foi extraído da obra Letters and Tracts on Spiritualism, que contém artigos e monografias publicados de 1854 a 1874 pelo juiz Edmonds, que foi notável médium psicógrafo, falante e vidente. Trata-se de mensagem ditada pelo juiz Peckam, que relatou ao seu amigo, meses depois de seu falecimento, como foi espiritualmente resgatado por sua mãe, após haver perecido em virtude de afogamento. (Obra citada, pp. 23 a 26.) 




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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Iniciação ao estudo da doutrina espírita




A marcha do progresso

Este é o módulo 34 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Quantos tipos de progresso existem?
2. Um indivíduo muito inteligente pode ser mau?
3. O que, segundo o Espiritismo, pode assegurar aos homens a felicidade na Terra?
4. Quais são os maiores obstáculos à marcha do progresso moral?
5. Quais são as asas que levarão o homem à perfeição?

Texto para leitura

Há dois tipos de progresso: o intelectual e o moral
1. O progresso pode ser comparado ao amanhecer. Mesmo demorando, aparentemente, culmina por lograr êxito. A ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes se tem levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos homens e dos povos.
2. Mas inevitavelmente o progresso chega, altera a face e a constituição do que encontra pela frente e desdobra recursos, fomentando a beleza, a tranquilidade e o conforto. Essa é a marcha do progresso, que erguerá, inexoravelmente, o homem do solo das imperfeições, em que ainda se detém, para a sua gloriosa destinação: a perfeição.
3. Há dois tipos de progresso: o intelectual e o moral. O homem desenvolve-se por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Os mais adiantados auxiliam então o progresso dos outros, por meio do contato social.

Um indivíduo muito inteligente pode ser mau
4. O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual. Geralmente, os indivíduos e os povos adquirem maior progresso científico e só depois, e apenas lentamente, se moralizam.
5. Com o aumento do discernimento entre o bem e o mal, pelo desenvolvimento do livre-arbítrio, cresce no ser humano a noção de responsabilidade no pensar, no falar e no agir. É que o desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.
6. O desenvolvimento intelectual não implica, pois, a necessidade do bem. Uma pessoa dotada de grande inteligência pode ser má. É o que ocorre com aqueles que têm vivido muito sem se melhorar: apenas sabem. É por isso que encontramos entre nações tecnicamente adiantadas tantas injustiças – falta-lhes a moralização dos seus integrantes.
7. Um fato indiscutível, ensina o Espiritismo, é que somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as más paixões e fazendo com que entre os homens reinem a concórdia, a paz e a fraternidade.

Orgulho e egoísmo são os maiores obstáculos ao progresso
8. No século 20 houve grandes avanços nos diversos campos do conhecimento, mas o progresso moral se acha ainda muito aquém do progresso intelectual a que chegou a Humanidade, daí porque prevalece em nossos dias uma ciência sem consciência, em que não poucas criaturas se valem de suas aquisições culturais apenas para a prática do mal.
9. Cedo ou tarde, no entanto, os resultados do mau uso do livre-arbítrio e da inteligência recairão sobre os homens, em obediência à lei de causa e efeito; então, trabalhados pela dor, eles ganharão experiência e entendimento para se equilibrarem e continuarem sua jornada evolutiva.
10. Os maiores obstáculos à marcha do progresso moral são, sem contestação, o orgulho e o egoísmo, enquanto o progresso intelectual se processa sempre.

Amor e conhecimento são as asas que levam à perfeição
11. Há quem pense que o progresso intelectual contribua para a exacerbação do egoísmo e do orgulho, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender esforços e pesquisas que esclarecem o seu Espírito e dão impulso ao progresso material da Humanidade.
12. Curta é, porém, a duração desse estado de coisas, que muda à medida que o homem compreende melhor que existe uma felicidade maior e infinitamente mais duradoura além da que o gozo dos bens terrenos proporciona. Assim, do próprio mal acaba nascendo o bem, e o progresso moral culmina por suceder ao outro.
13. O amor e o conhecimento são as asas que levarão o homem à perfeição, uma meta que, apesar das paixões nefastas que ainda predominam em nossa natureza animal, será impossível de não ser alcançada, porque assim o quer o Criador.

Respostas às questões propostas

1. Quantos tipos de progresso existem?
Dois: o progresso intelectual e o progresso moral, mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo.
2. Um indivíduo muito inteligente pode ser mau?
Sim, porque o desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do bem. Uma pessoa dotada de grande inteligência pode ser má. É o que ocorre com aqueles que têm vivido muito sem se melhorar; eles apenas sabem.
3. O que, segundo o Espiritismo, pode assegurar aos homens a felicidade na Terra?
O progresso moral é a única coisa que pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, ao refrear as más paixões e fazer com que entre os homens reinem a concórdia, a paz e a fraternidade.
4. Quais são os maiores obstáculos à marcha do progresso moral?
O orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos ao progresso moral, porque deles derivam todos os males da Humanidade.
5. Quais são as asas que levarão o homem à perfeição?
O amor e o conhecimento são as asas harmoniosas que levarão o homem à perfeição, uma meta que, apesar das paixões nefastas que ainda predominam em nossa natureza animal, será um dia atingida por todos os Espíritos.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos  textos:





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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Pílulas gramaticais (263)



Com o advento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa firmado pelo Brasil e promulgado pelo Decreto federal nº 6.583, de 29 de setembro de 2008, a Academia Brasileira de Letras, ao publicar o novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), introduziu algumas novidades na pronúncia de vários vocábulos.
De conformidade com o que estabelece o VOLP, eis como devem ser pronunciadas as palavras seguintes:
Pronúncia com som aberto (ó ou é): antolhos, aposta, apostos, canapé, cassetete, coevo, corcova, corcovos, corvos, desportos, destroços, doesto, dolo, escolta, escolhos, estreptococo, estro, fogos, fornos, incesto, inodoro, lesa, leso (paralítico, lesado, idiota), lesto, libelo (exposição acusatória), molho (feixe), morna, mornos, opa (vestimenta), pecha, pego (voragem, abismo), piloro, portos, probo, reforços, relé, servo, sesta (repouso), sestro (canhoto), socorros, Tejo, tijolos, tornos, torta, tortos, tremoços, virtuosa, virtuosos.
Pronúncia com som fechado (ô ou ê): adrede, alcova, antolho, aposto, arroto, avessas (da loc. às avessas), boda, bodas, bolo, bolos, bolsos, cesta, cocos, corça, corcovo, corno, coro, corsa, corvo, crosta, desporto, destroço, encosto, encostos, endosso, endossos, enseja, escolho, esposos, estojos, fecho, ferrolhos, forno, forro, gafanhotos, ginete, globos, golfos, gostos, gozos, ledo, libelo (trave), logros, molho (tempero), morno, odre, olmo, opa (interjeição), pego (macho da pega), pese (em que pese a), piolhos, polvos, reforço, relampeja, repolhos, rogo, rogos, rostos, sexta, socos, sogros, soldos, soros, toldos, torno, torto, tremoço, troco, virtuose, virtuoso. 
Chamam-nos a atenção na lista acima quatro palavras – libelo, molho, opa, pego – que mudam de significado conforme a pronúncia.
Exemplo:
Molho (com o sentido de tempero) diz-se “môlho”.
Molho (feixe, usado na frase “molho de chaves”) diz-se “mólho”.



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terça-feira, 27 de junho de 2017

Contos e crônicas



Nem de mais, nem de menos

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

O vento suave anima as flores, movimenta com harmonia os galhos e folhas das árvores e refresca a pele. Também tomba com delicadeza o campo de trigo sem machucá-lo. Impulsiona com sabedoria o pássaro que faz seu desenho no céu e, neste momento, a criatura do voo reforça como a liberdade é necessária para manter os olhos alegres.
Quando o vento está forte, nem as folhas, nem as flores continuam em suas plantas, são arrancadas mesmo com tempo ainda para animarem com vida e cores os nossos olhos e a composição da própria natureza. Este vento devasta o campo e tudo o que a este pertencia.
E se o vento está em sua imperceptível atividade, o sufoco desanima até quem era a própria explosão de ânimo. Tudo fica parado, logo, sem energia, já que para esta o movimento preciso a vivifica. Como querer seguir se falta a harmonia entre as partes geradoras da vida?
Quando se aproxima da quantidade coerente em tudo, o progresso é sentido, pois a sabedoria passa a administrar e todo ato torna-se positivo. Tanto o corpo como o espírito sofrem com o desequilíbrio; quando o trabalho é exagerado, as forças enfraquecem e as entradas de energias e a sua manutenção ficam precárias causando as doenças que impossibilitam a realização do que, de fato, se deveria fazer.
Quando o trabalho é de menos, sobrará tempo de mais para pensamentos, em muitos casos, não muito proveitosos ou salutares. Há que saber diferenciar o descanso do ócio já que há muito a ser feito, porém, com sabedoria e vontade.
E o espírito também pode adoecer se sua energia não for mantida com elevada vibração, ou seja, bons pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes. Quando essa elevação é mantida, naturalmente o seu andamento traz alegria e bem-estar a quem propiciou e aos que convivem com o seu promovedor. Todas as criaturas apreciam o equilíbrio e o amor, podem até não perceber, no entanto, o interior deseja as nobres realizações. Talvez só exista muito ignorância para um pequenino dicionário de cabeceira. É necessário querer ampliar para as grandes bibliotecas da vida.
Quando a chuva é torrencial, a enchente é certa, pois a rapidez e a quantidade da água não permitem que o solo usufrua, nem que os rios se mantenham equilibrados, muito menos as metrópoles sem as catástrofes construídas pelos próprios habitantes.
Mas se a chuva é calma, tanto benefício é alcançado. A natureza é banhada pelos suaves pingos e todos os seres matam a sede e todo meio é acariciado. A raiz é hidratada para que dê vida às outras necessárias partes também estarem vivas.
Porém, se a chuva é escassa não é possível alimentar a terra para que esta fecunde. Então, o alimento não nascerá nem as flores colorirão os jardins, nem as árvores serão frondosas e a sua respiração não será sustentável para os nossos pulmões. E se a chuva for pouca, então, haverá pouco brilho e grande sofrimento.
Tudo obedece a uma lei natural: o equilíbrio. Quando de mais, ocorre sofrimento; quando de menos, a dor está presente. E a vida segue o curso que obedece à lei universal e as pessoas vivem no curso natural do universo.
Nem de mais, nem de menos.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/





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segunda-feira, 26 de junho de 2017

As mais lindas canções que ouvi (248)


Prelúdio pra ninar gente grande

Luiz Vieira

Quando estou nos braços teus
Sinto o mundo bocejar.
Quando estás nos braços meus,
Sinto a vida descansar.

No calor do teu carinho
Sou menino-passarinho,
Com vontade de voar...
Sou menino-passarinho
Com vontade de voar.






Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos links indicados:
Luiz Vieira:
Ângela Maria:
Agnaldo Rayol e Sebastião Teixeira:
Fagner:




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domingo, 25 de junho de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo





Se pudéssemos ver nossos entes queridos já desencarnados, como os veríamos?

Uma questão que intriga muitas pessoas diz respeito à morfologia do perispírito – ou corpo espiritual – no que diz respeito à aparência com que os Espíritos, após sua desencarnação, se apresentam.
Três obras espíritas muito conhecidas trazem informações valiosas sobre o assunto.
Citamos em primeiro lugar, atento à ordem cronológica de sua publicação, O Livro dos Médiuns, de autoria de Allan Kardec, em que, referindo-se ao perispírito, Kardec escreveu:

Ele [o perispírito] tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que revestia o Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o perispírito, separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa maneira, por este e lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja assim. Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa igualmente a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros. (O Livro dos Médiuns, cap. I, n. 56.) [Negritamos]

A segunda é o clássico A Reencarnação, conforme tradução feita por Carlos Imbassahy, publicada pela FEB. Nele, Gabriel Delanne fornece-nos sobre o tema as seguintes informações:

1) Nota-se pelas fotografias dos fantasmas que eles têm formas reais e possuem, durante a materialização, todos os caracteres dos seres vivos.
2) Referindo-se às materializações de Katie King, William Crookes afirma que a aparição possui coração e pulmões; mas o mecanismo fisiológico de Katie King é diferente do da médium, Srta. Cook.
3) Charles Richet comprovou que a forma materializada possui circulação, calor próprio e músculos, e exala ácido carbônico.
4) O corpo fluídico é semelhante, em todos os pontos, e mesmo anatomicamente, idêntico ao corpo físico. É um ser de três dimensões, com morfologia terrestre. (A Reencarnação, págs. 44 a 55.)

A terceira obra, de confecção mais recente, é Evolução em dois Mundos, psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. No cap. IV da 2ª parte dessa obra, André Luiz oferece-nos as informações adiante resumidas:

1) As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados.
2) A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas.
3) Fácil observar, portanto, que a desencarnação libera todos os Espíritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa específica, porquanto, fora do arcabouço físico, a mente se exterioriza no veículo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem.
4) Se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém o Espírito, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens, sendo certo que, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme suas disposições íntimas. (Evolução em dois Mundos, 2ª parte, cap. IV, pp. 176 e 177.)

Quanto à plástica – masculina ou feminina – mencionada por André Luiz, é importante lembrar que o assunto não era estranho a Allan Kardec, conforme podemos conferir no artigo intitulado “As mulheres têm alma?”, publicado na Revista Espírita de janeiro de 1866.
Segundo o codificador da doutrina espírita, a influência que o Espírito encarnado sofre do organismo não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perdemos instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Pode acontecer que determinado Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que durante muito tempo possa conservar, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa.
Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o fato se dá também quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Em uma nova encarnação trará, portanto, o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Mudando de sexo na nova existência corpórea que deverá cumprir, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerente ao sexo que acabou de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres.



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sábado, 24 de junho de 2017

Contos e crônicas


A (im)paciência nossa de cada dia

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora, Humberto de Campos, em Cartas e crônicas, sob o pseudônimo Irmão X, no capítulo 19, intitulado Em torno da paz, narra a história de Anacleto, que acordara em dia claro, às 8h, e, antes de se levantar, pegou o Evangelho de João e leu a mensagem contida no capítulo 14:27, na qual o Mestre dizia: “Minha paz vos deixo, minha paz voz dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
Encantado, Anacleto fez a promessa de viver em paz pelo resto da vida, como o Cristo recomendava, em todas as situações e com todas as pessoas. Mal se levantou, procurou o terno para vestir-se e ir trabalhar, mas a calça nova do terno estava rasgada.
Agastado, chamou a esposa, Horacina, que, aflita com a filhinha de colo doente, lamentou o ocorrido e exclamou:
— Que pena! eu estou ocupada com Soninha, com pneumonia, e não vi quando os meninos, à solta, rasgaram sua calça.
Sem se preocupar com a gravidade da doença da filhinha de meses, Anacleto gritou:
— É só o que você sabe dizer? Esquece-se de que paguei uma nota preta pela calça?
A esposa, humilde, nada respondeu. Abriu o guarda-roupas, pegou outra calça parecida com a       que fora rasgada e a entregou ao marido.
Não vou contar-lhe toda a história, amiga leitora, para não lhe tirar o prazer de lê-la na obra supracitada, mas outros três contratempos ocorreram, em seguida, antes de Anacleto entrar no ônibus que o transportaria ao trabalho. Em cada um deles, nosso herói se exasperou por demais, culminando por chamar de malditas todas as pessoas que atravancaram seus passos. Houvera lido o Poeminho do Contra, de Mário Quintana, após refletir na leitura da frase do Cristo, e seu dia teria sido de plena calma:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

É então que a leitora, em relação ao incidente inicial contado, dirá:
— Ah, se fosse comigo! Eu mandava-lhe o pé na b... e dizia-lhe que o tempo da escravidão acabou. Ele que assumisse sua condição de pai e dividisse comigo a obrigação de educar nossos filhos. Pois é, Anacleto, os tempos mudaram! só você ainda não percebeu isso.
Mas é assim mesmo que as coisas acontecem, em nosso cotidiano. Somos testados a todo o tempo com base no que prometemos realizar e quase nunca o fazemos.
Só não percebemos isso porque julgamos que nos basta a teoria, a prática é problema alheio. Só adquire a sabedoria real aquele que alia ambas as coisas, como o Mestre recomendava:
 — “Observai e fazei tudo o que escribas e os fariseus fazem, mas não façais como eles, porque não praticam o que dizem” (Mateus, 23:3).







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