terça-feira, 31 de julho de 2012

É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos


Demos continuidade nesta data – 31 de julho –, no Centro Espírita Nosso Lar, ao estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade, obra escrita por André Luiz (Espírito) por intermédio de Francisco Cândido Xavier. A obra é uma referência em matéria de estudo sobre a mediunidade.
Os estudos realizam-se semanalmente. A turma noturna reúne-se na terça-feira às 18h30. A diurna, na quinta-feira às 14h30. Cada reunião tem a duração de 70 minutos. O “Nosso Lar” localiza-se na Rua Santa Catarina, 429, em Londrina.
Quatro foram hoje as questões examinadas.
Ei-las:
1. Por que há estudiosos que comparam nosso mundo mental a um espelho?
2. A moralidade, o sentimento e o caráter das pessoas são perceptíveis aos olhos dos Espíritos?
3. Numa reunião mediúnica é importante o serviço de harmonização preparatória?
4. É possível a uma pessoa projetar raios mentais?
A seguir, de forma sintetizada, eis as respostas às questões citadas:
1. Por que há estudiosos que comparam nosso mundo mental a um espelho?
Essa comparação advém – segundo o Instrutor Albério – do fato de que refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que criamos.
Como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima. Por causa disso, é preciso compreender que os reflexos mentais, conforme a sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no céu ou no inferno que edificou para si mesma.
O espelho sepultado na lama não reflete o esplendor do Sol; o lago agitado não retrata a imagem da estrela. É imprescindível, pois, saber que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade de nosso trabalho. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 1, págs. 18 a 20.)
2. A moralidade, o sentimento e o caráter das pessoas são perceptíveis aos olhos dos Espíritos?
Segundo Aulus, são claramente perceptíveis, por meio de singela e ligeira inspeção. Hilário perguntou, então, se, detectando a presença de elementos arraigados ao mal numa equipe de cooperadores do bem, os instrutores espirituais providenciariam a sua expulsão. "Não será preciso", respondeu Aulus. "Se a maioria permanece empenhada na extensão do bem, a minoria encarcerada no mal distancia-se do conjunto, pouco a pouco, por ausência de afinidade." (Obra citada,, cap. 2, págs. 23 e 24.)
3. Numa reunião mediúnica é importante o serviço de harmonização preparatória?
Sim. O serviço de harmonização preparatória é muito importante. Quinze minutos de prece, quando não sejam de palestra ou leitura com elevadas bases morais, estabelecem o clima necessário à reunião, uma vez que não devemos abordar o mundo espiritual sem a atitude nobre e digna que nos outorgará a possibilidade de atrair companhias edificantes. (Obra citada, cap. 2, págs. 25 e 26.)
4. É possível a uma pessoa projetar raios mentais?
Sim. Diz Aulus que os componentes da equipe podem projetar raios mentais em via de sublimação, assimilando correntes superiores e enriquecendo os raios vitais de que são elas dínamos comuns.
Raios vitais podem também ser chamados, segundo o Instrutor, de raios ectoplásmicos. Esses raios são peculiares a todos os seres vivos. É com eles que a lagarta realiza suas complicadas demonstrações de metamorfose e é ainda na base deles que se efetuam todos os processos de materialização mediúnica, porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem liberam essas energias com mais facilidade. "Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala." (Obra citada, cap. 2, págs. 26 a 28.)

*

Na próxima terça-feira divulgaremos neste Blog o assunto que houver sido tratado nos estudos da noite, para que os interessados possam acompanhar pari passu o desenvolvimento da matéria.


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Há na vida três tipos de dores


Uma amiga pergunta-nos como entender a dor e suas causas quando ela atinge os animais, seres que, conforme ensina o Espiritismo, não são dotados de livre-arbítrio e, portanto, não podem estar sujeitos aos chamados processos expiatórios.
A questão da dor, esse elemento tão visível e presente em um planeta como a Terra, foi bem focalizada no cap. 19 do livro Ação e Reação, de autoria de André Luiz, psicografia de Chico Xavier.
Segundo o Instrutor Druso, identificamos na experiência terrestre três tipos de dores: a dor-evolução, a dor-expiação e a dor-auxílio.
Referindo-se diretamente ao caso dos animais, Druso afirma: "A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em ex­pansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifí­cio, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria pro­gresso”.
Percebe-se que a dor-evolução, cujo objetivo notório é o aprimoramento do ser, nada tem que ver com atos do passado. É o que ocorre com os animais, não somente aqueles que vivem em nosso meio, como os cães, vítimas de tantas enfermidades e problemas, mas sobretudo com os que vivem em plena selva. Imaginemos o sofrimento de uma presa abatida por seu predador e estraçalhada antes mesmo de ocorrer sua morte corpórea!
A dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, com o objetivo de regenerá-la perante a Justiça Divina, é coisa bem diferente. Existem acidentes inúmeros e enfermidades tão penosas que seria um absurdo debitá-los simplesmente à obra do acaso. No livro O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo, Kardec apresenta-nos inúmeros casos e suas vinculações com as existências passadas.
Quanto à chamada dor-auxílio, a explicação dada por Druso revela como a Providência divina não se esquece de nada. Ei-la: "Em muitas oca­siões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vul­tosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, in­teressamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melho­ria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolonga­das e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitá­vel na Vida Espiritual".


sábado, 28 de julho de 2012

Icléa, parabéns por mais um ano de vida


Participamos na tarde de hoje - dia 28 de julho - de uma linda festa, em comemoração dos 70 anos de nossa irmã Icléa. A data do aniversário registra-se, em verdade, em agosto, mas a festa foi antecipada para permitir que as crianças da família - os dez netos da Icléa - pudessem estar presentes.

A festa reuniu os amigos mais próximos e vários familiares. Da casa da Icléa faltaram apenas o marido, Francisco, e dois filhos: Juninho e Papão; mas todos os netos aqui estavam, abrilhantando a homenagem feita à querida avó (veja a foto ao lado).
Para que o leitor entenda, é bom explicar. A Icléa foi a nona criança dentre os filhos que Anita Borela e Astolfo Olegário tiveram.
Seu nascimento ocorreu após um episódio inusitado, que os espíritas da cidade de Astolfo Dutra-MG, onde o fato ocorreu, conhecem muito bem e já foi relatado pela revista O Médium, de Juiz de Fora-MG.
Corria o mês de agosto de 1942 e as crianças de nossa casa brincavam no quintal. Aos fundos, o rio Pomba estava bem cheio, devido às chuvas que caíram naquela semana. De repente, uma das crianças - com menos de 2 anos de idade - cai na água. As outras começam a gritar desesperadas. Os vizinhos do lado acorrem ao local e, por causa da gritaria, Anita Borela, grávida de 7 meses, corre em direção ao rio e, embora não soubesse nadar, pula na água e, levitando, volta à terra firme com a criança no colo.
Em face do ocorrido, o parto se antecipa e vem ao mundo, após sete meses de gestação, a menina que recebeu o nome de Icléa.
Na foto ao lado, tirada em setembro de 1942, vê-se a família reunida.
O bebê que aparece no colo da mãe é justamente a Icléa, a nossa homenageada que chega com saúde aos 70 anos e pode colher, em vida, o carinho e a dedicação de seus filhos e de seus netos.
A criança que quase morreu afogada - Eunice de Oliveira Cazetta - é a que aparece logo na frente da mãe.
Aqui está uma das fotos que expressa a alegria da Icléa na festa-surpresa de que participamos, em que ela posa juntamente com os filhos Sandro, Carla, Marcellus e Fabrício.
À Icléa, desejamos tudo de bom que alguém pode receber num mundo como este em que vivemos. Saúde, paz, harmonia e um bom proveito dos anos que, com certeza, ainda fruirá em sua atual existência.
Nós, seus irmãos, a amamos muito, como ela certamente sabe.
Ao casal Carla e José Cláudio, nossos agradecimentos pela festa tão bonita que conceberam e realizaram e da qual somos realmente felizes por havermos participado.


terça-feira, 24 de julho de 2012

A mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos


Iniciamos nesta noite – dia 24 de julho – no Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina-PR, o estudo sequencial e metódico do livro Nos Domínios da Mediunidade, obra escrita por André Luiz (Espírito) por intermédio de Francisco Cândido Xavier, que veio a lume inicialmente em 1955.
O estudo que fazemos todas as terças-feiras, com início às 18h30, tem duração exata de 70 minutos, incluindo as orações e os avisos habituais. É o tempo de uma palestra, tão comum nos Centros Espíritas. O estudo tem por base um texto condensado da obra e algumas questões objetivas que compõem cada módulo.
Hoje, na estreia do livro, cinco foram as questões examinadas.
Ei-las:
1. Que é indispensável à peregrinação libertadora para os Cimos da Vida?
2. Principal instrutor da obra em estudo, quem foi Aulus?
3. Onde se situa a base de todos os fenômenos mediúnicos?
4. O psiquismo que nos é peculiar independe dos centros nervosos?
5. Que podemos entender por vibrações compensadas?
A seguir, de forma sintetizada, eis as respostas às questões citadas:
1. Que é indispensável à peregrinação libertadora para os Cimos da Vida?
Depois de afirmar, no prefácio desta obra, que "somos instru­mentos das for­ças com as quais estamos em sintonia", Emmanuel foi bem claro e direto: "Sem noção de responsabili­dade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a pe­regrinação libertadora para os Cimos da Vida". (Nos Domínios da Mediunidade, Prefácio, págs. 9 a 12.)
2. Principal instrutor da obra em estudo, quem foi Aulus?
Aulus aliava, segundo André Luiz, uma substanciosa riqueza cultural ao mais entranhado patrimônio de amor, causando sa­tisfação vê-lo reportar-se às necessidades humanas, com o carinho do médico benevolente e sábio que desce à condição de enfer­meiro para a alegria de ajudar e salvar. Ele interessava-se pelas ex­perimentações mediúnicas desde 1779, quando conhecera Mesmer, em Pa­ris. Havendo re­encarnado no início do século passado, apreciara de perto as reali­zações de Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, e privara com Cahagnet e Balzac, Théophile Gautier e Victor Hugo, aca­bando seus dias na França, depois de vários decênios consagrados à me­diunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da Europa. No mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, observando e trabalhando em seu apostolado educativo. (Obra citada, cap. 1, pág. 13.) 
3. Onde se situa a base de todos os fenômenos mediúnicos?
Segundo o instrutor Albério, a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. Somos – diz ele – capazes de arrojar de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabe­lecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular. (Obra citada, cap. 1, págs. 15 e 16.)
4. O psiquismo que nos é peculiar independe dos centros nervosos?
Sim. O psiquismo independe dos centros nervo­sos, uma vez que, fluindo da mente, é ele que condiciona todos os fenô­menos da vida orgânica em si mesma. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 1, págs. 16 e 17.) 
5. Que podemos entender por vibrações compensadas?
Para responder a esta questão, imaginemos um suposto diálogo entre um hotentote (1) desencarnado e um sábio terrestre. Claro que, nesse contato, o desencarnado nada poderá oferecer ao sábio além dos assuntos triviais em que se lhe desdobraram no mundo as expe­riências primitivistas. Se o desencarnado fosse o sábio a comunicar-se com o hotentote encarnado, não conseguiria também facultar-lhe cooperação imediata, salvo no trabalho embrionário em que se lhe situam os inte­resses mentais, como por exemplo o auxílio a um rebanho. Obviamente, o hotentote não se sentiria feliz na companhia do sábio e vice-versa, por falta desse alimento quase imponderável que o Instrutor Albério denominou "vibrações compensadas". É da Lei, explicou ele, que nossas maio­res alegrias sejam recolhidas ao contato daqueles que, em nos compre­endendo, permutam conosco valores mentais de qualidades idênticas aos nossos, assim como as árvores oferecem maior produtividade se coloca­das entre árvores da mesma espécie, com as quais trocam seus princí­pios germinativos. (Obra citada, cap. 1, págs. 17 e 18.) 
(1) Segundo Alberto da Costa e Silva, em A Enxada e a Lança, os hotentotes, povo da África do Sul, eram basicamente pastores e raramente cultivavam a terra.
*

Todas as semanas, geralmente na terça-feira à noite, publicaremos neste Blog comentários sobre os temas estudados, para que nossos leitores, mesmo que não residam em Londrina, possam acompanhar pari passu os estudos do livro a que nos referimos, que é, como sabemos, uma referência importante em matéria de mediunidade.




domingo, 22 de julho de 2012

Como entender tantas tragédias em nosso mundo?


Um conhecido amigo nos pergunta: “Diante de tantas tragédias que vêm ocorrendo em nosso mundo, tem-se a impressão de que a vida não possui sentido algum. Você concorda com esse pensamento?”
Pergunta parecida com esta foi apresentada a um conhecido cronista brasileiro, em um debate com estudantes, que lhe indagaram o que estaria faltando para que o homem, a história, o mundo, enfim, tivessem um sentido. O cronista, em sua resposta aos jovens, afirmou então que, segundo seu modo de ver as coisas, falta à história e ao mundo uma edição final – a mesma edição que é feita no cinema, nos espetáculos e nos jornais. O mundo, a história e o homem não passariam de um making of, uma sucessão atabalhoada de cenas, frases, emoções que necessitam de uma montagem posterior.
Com efeito, observou o cronista, o que temos visto na atualidade são guerras e massacres idiotas, cidades erguidas e destruídas, homens matando outros, crianças morrendo de fome, doenças que surgem e doentes que se vão, sem falar dos terremotos, das tempestades e dos furacões. Que sentido pode ter tudo isso? Quando virá um editor final para dar sentido a tudo?
A pergunta formulada é, como se vê, dessas questões que têm intrigado e continuarão a intrigar gerações de pessoas. E não existe, obviamente, uma resposta fácil para ela, porque as filosofias e religiões conhecidas não têm discutido, como deviam, o problema.
A Terra, já o disse certa vez Emmanuel, que foi mentor espiritual do médium Chico Xavier, é uma casa em reforma. O mundo em que vivemos é um planeta ainda bastante atrasado e as pessoas que nele nascem necessitam, por isso, de passar por provas, expiações e reparações, nessa caminhada que levará a todos, passo a passo, à perfeição possível.
Se repudiamos a ideia da reencarnação, é claro que a visão do mundo e da humanidade será tão caótica quanto aparentemente o é o estado de coisas descrito pelo cronista.
A Terra não está, no entanto, como muitos pensam, à deriva. A Terra é uma nave extraordinária que tem no seu comando um condutor preparado, o ser mais evoluído que o planeta já viu e que se chama Jesus.
A toda ação corresponde uma reação, quem matar pela espada morrerá sob a espada, quem com ferro fere com ferro será ferido, a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória, a cada um segundo as suas obras. Essas regras tão conhecidas, estatuídas por Deus, é que dirigem com sabedoria o roteiro, as locações, as alternativas da vida, que parecem tão confusas e improvisadas mas que obedecem a uma programação meticulosa e a uma ordem que não podem ser compreendidas pelas doutrinas materialistas e por seus partidários.


sábado, 21 de julho de 2012

A moral dos espíritas é a mesma que Jesus nos ensinou


Um confrade propõe-nos a seguinte questão: “Sabemos que a moral adotada pelo Espiritismo é a mesma de Jesus. Se isso é verdade, que é que o Espiritismo acrescenta ao ensino cristão?”
De fato, como disse nosso amigo, Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, realmente disse, na primeira de suas obras, que "a moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, ou seja, fazer o bem e não fazer o mal" ("O Livro dos Espíritos", Introdução, item VI).
O Espiritismo não criou, portanto, nenhuma moral nova, assunto que o Codificador do Espiritismo iria esclarecer mais de dez anos depois, conforme podemos ver no livro “A Gênese”, cap. 1, item 56: "A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há outra melhor" ("A Gênese", cap. 1, item 56).
O que a moral evangélica recebeu do Espiritismo – explica Kardec nesta última obra – é a sanção, a confirmação, a certeza de sua expansão em todo o mundo, para concretização da profecia proferida por Jesus no conhecido sermão profético, em que o Mestre afirmou: "Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; - e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará; - mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. - E este Evangelho do reino será pregado em toda a Terra, para servir de testemunho a todas as nações. É então que o fim chegará". (Mateus, 24:11 a 14.)
Como novidade estranha aos evangelhos, o ensino dos Espíritos acrescentou à doutrina cristã o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e o vivos, princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado e seu futuro, dando por sanção à doutrina de Jesus as próprias leis da natureza, visto que nenhum dos princípios espíritas é fruto de decisões conciliares.
A imortalidade, a reencarnação, a comunicação com os mortos, a lei de causa e efeito não são dogmas, mas fatos observáveis pelo experimentador paciente e que nós mesmos iremos um dia atestar, sem necessidade de que ninguém os apresente aos nossos olhos.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Pílulas gramaticais - n. 13


Na língua portuguesa, o som das letras “e” e “o”, quando presentes em uma sílaba tônica, ora é aberto, ora é fechado. Nos vocábulos seguintes, o som da vogal tônica é aberto:
escolta
estafilococo
estreptococo
fogos
fornos
incesto
inodoro
leso (paralítico, lesado, idiota)
lesto
libelo
lobo, lobos (parte de um órgão)
molho (de chaves)
morna
mornos
obeso (segundo o Caldas Aulete)
obsoleto (segundo Houaiss e Aurélio)
opa (vestimenta)
Pandora
pecha.

Diferentemente dos casos acima, nestes vocábulos o som da vogal tônica é fechado:
despojo
desporto
destra
destro
destroço
empoça
encostos
endossos
enseja
envolta (adjetivo)
enxerga (substantivo)
esboço
escaravelho
escolha
escolho
esposos
estojos
extra
fecha (verbo)
fecho
ferrolhos
foro, foros
forro.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

A despedida de uma grande amiga


A notícia chegou-nos ontem, já quase à noite: D. Maria Montini sofreu um infarto!
Horas depois, veio por meio de uma amiga o complemento da notícia: D. Maria nos havia deixado e já estava a caminho da pátria verdadeira, que nos aguarda a todos e onde estão seu esposo, seus pais, inúmeros familiares e uma multidão de amigos que a precederam na viagem de volta.
Já escrevemos várias vezes, com convicção absoluta, que a morte, tal qual a entendemos, não existe.
O que morre é tão-somente a vestimenta carnal, que, como tudo que é material, tem um período existencial finito. A alma, não. A alma não morre; a alma desencarna, desprende-se do corpo morto, readquire as percepções que lhe são inerentes e volta à pátria espiritual, de onde veio um dia para realizar aqui as tarefas que a vida lhe atribuiu.
Nossa amiga Maria Montini estava com dificuldades notórias, no tocante à saúde, há muito tempo. A mulher vigorosa, ativa, decidida, que conhecemos há quase 50 anos, estava agora debilitada pela passagem dos anos e pelos problemas de saúde com que lidava.
Devido a uma virose que nos prende em casa há vários dias, não poderemos estar fisicamente presente no seu velório, mas não podemos deixar de dizer aqui algo que diríamos ao pé do seu esquife.
Maria Montini foi uma grande amiga. Sempre a tivemos como uma segunda mãe.
Trabalhadora incansável, poucos ignoram o trabalho que ela realizou ao longo da vida a favor dos mais carentes.
Os enxovais para recém-nascidos, os agasalhos para as criancinhas... quem desconhece essa faceta de suas atividades?
No Centro Espírita Nosso Lar, de cuja fundação foi também uma das pioneiras, ninguém ignora o esforço que, ao lado de suas companheiras do Departamento Feminino, desenvolveu anos a fio, contribuindo diretamente para que a obra de edificação da atual sede do “Nosso Lar” fosse a realidade que hoje conhecemos.
Os almoços confraternativos promovidos pelo “Nosso Lar” tinham sempre nela a voluntária primeira, a comandante de tudo, a chef da cozinha, tarefa a que jamais se negou, porque nunca negligenciava os deveres que assumia.
Maria trabalhou também no campo da mediunidade e, nesse sentido, podemos dizer que tivemos o privilégio de contar com ela, a nosso lado, no Grupo Mediúnico “Os Mensageiros”, do qual, enquanto pôde, foi participante assídua.
Poucos, certamente, sabem que foi ela quem criou e coordenou por longo tempo as reuniões da quinta-feira à tarde, que o “Nosso Lar” mantém desde então. E foi na sala de sua casa que inauguramos as reuniões do Círculo de Leitura “Anita Borela de Oliveira”, fundado em junho de 1996, do qual participou com entusiasmo enquanto a saúde lhe permitiu, visto que, além de pessoa dedicada ao trabalho, era também uma grande leitora e apreciadora dos romances espíritas.
Pois bem.
É essa pessoa extraordinária que volta hoje à pátria espiritual, onde um dia esperamos revê-la para lembrar, então, os bons momentos que tivemos aqui, algo que certamente jamais esqueceremos.
Até à vista, D. Maria Montini!
Que Deus a abençoe e proteja, e que você encontre logo os amigos e os irmãos que, seguramente, festejam seu regresso ao plano espiritual.

domingo, 15 de julho de 2012

A imprensa espírita e seu papel


Qual é finalidade da imprensa espírita?
Compete-lhe algum papel na defesa dos postulados espíritas?
Estas questões nunca foram tão atuais como hoje, quando nos encontramos num momento difícil em que a confusão e a dúvida imperam em vários setores da atividade espírita, motivadas de modo especial por uma profusão de livros e de ideias que têm sido veiculados sem os cuidados e os critérios recomendados por Kardec e por vultos eminentes da codificação do Espiritismo.
Como os livros espíritas são coisas públicas, é lícito à imprensa espírita comentá-los e apontar seus possíveis desvios doutrinários?
Ora, foi exatamente essa a postura de Kardec quando, ao examinar a obra de Roustaing, ressalvou nela os pontos que considerara prematuros.
Reportamo-nos a Kardec porque uma das razões alegadas pelos que defendem o mutismo da imprensa espírita ante tais questões é o medo da polêmica, assunto a que o Codificador se referiu com clareza na Revista Espírita, quando afirmou que havia um gênero de polêmica do qual sempre se afastaria: a que pode degenerar em personalismo, acrescentando, porém, que existia uma polêmica a que jamais recuaria: a discussão séria dos princípios espíritas. (Revista Espírita de 1858, pág. 305.)
A análise meticulosa, o exame rigoroso, a crítica criteriosa das comunicações espíritas são pontos conhecidos de todos nós que estudamos a Codificação Kardequiana.
Asseverou o Codificador:
I. Fora das questões morais, só se deve acolher com reservas o que vem dos Espíritos, e jamais sem exame. (Revista Espírita de 1860, pp. 233 e 234.)
II. Nem toda mensagem de origem espiritual merece ser veiculada pela imprensa, porquanto em 3.600 mensagens recebidas do plano espiritual apenas 300 serviriam à publicidade e destas somente 100 (menos de 3% do total) apresentariam um mérito inconteste. (Revista Espírita de 1863, pp. 153 a 155.)
III. Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dos Espíritos é dar prova de pouco discernimento. O exame criterioso é, pois, fundamental antes de se publicar qualquer coisa. (Revista Espírita de 1859, pág. 316.)
Erasto, que teve papel destacado na obra da codificação, era – como sabemos – ainda mais rigoroso com relação ao exame das comunicações espíritas. “Mais vale repelir dez verdades – disse ele – que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa.” (Revista Espírita de 1861, pág. 257.) “Se algum médium der motivo legítimo de suspeita, devemos repelir suas comunicações, pois há uma serpente oculta na grama”, eis o que propôs, querendo com isso enfatizar a necessidade de analisarmos com rigor todas as comunicações. (Revista Espírita de 1861, pp. 257 e 258.)
Em outra ocasião, em carta dirigida aos espíritas de Lyon, na qual advertia os lioneses sobre o perigo da fascinação, repetiu o conselho que dera em Paris: “É melhor repelir dez verdades momentaneamente do que admitir uma só mentira, uma única teoria falsa”. (Revista Espírita, pp. 323 e 324.)
Confusão semelhante à que observamos atualmente em nosso meio parecia estar ocorrendo na França daquela época, fato examinado por Erasto numa mensagem denominada “Os Conflitos”, em que afirma haver naquele momento uma recrudescência de fenômenos obsessivos, resultado da luta que, inevitavelmente, devem sustentar as ideias novas. “De todos os lados – disse ele – surgem médiuns com supostas missões, chamados, ao que dizem, a tomar em mãos a bandeira do Espiritismo e plantá-la sobre as ruínas do velho mundo, como se nós viéssemos destruir, nós que viemos para construir.” “Quase todos os médiuns, em seu início, são submetidos a essa perigosa tentação.” (Revista Espírita de 1863, pp. 381 a 383.)
Os espíritas deveriam, pois, estar atentos, não só aos ataques dos adversários vivos, mas também às manobras, ainda mais perigosas, dos adversários desencarnados. “Fortificai-vos, pois, em estudos sadios e, sobretudo, pela prática do amor e da caridade, e retemperai-vos na prece. Deus sempre ilumina os que se consagram à propagação da verdade, quando estão de boa-fé e desprovidos de toda ambição pessoal”, disse Erasto, que em seguida acrescentou: “Jamais julgueis uma comunicação mediúnica pelo nome que a assina, mas apenas por seu conteúdo intrínseco”.  (Revista Espírita de 1863, pp. 383 e 386.)

sábado, 14 de julho de 2012

Os ensinos de Jesus e sua importância em nossa vida


Começou hoje à noite, no “Nosso Lar”, a 21a Semana Espírita de Londrina, que prossegue nos próximos dias, até o próximo sábado, quando se encerrará.
A atração da noite de abertura foi a presença pela primeira vez na cidade de nosso estimado amigo e companheiro Guaraci de Lima Silveira, que integra conosco a equipe que elabora a revista “O Consolador”.
O tema da palestra foi instigante e seu desenvolvimento, mais ainda.
O orador mostrou por que Jesus nos chama ao serviço no bem e quais as vantagens que nós, pobres mortais, podemos obter ao atender a seu chamado.
Na palestra, Guaraci mencionou o exemplo de quatro figuras conhecidas do Novo Testamento – Pedro, Paulo, Levi (que conhecemos com o nome de Mateus, o evangelista) e Zaqueu, o publicano – que não titubearam ante o convite do Senhor e mostraram a todos nós o que pode a adoção do Evangelho fazer na vida de uma pessoa.
O desenvolvimento da palestra lembrou-nos o conhecido pensamento de Kardec a respeito dos ensinamentos trazidos por Jesus, quando escreveu que o ensino moral contido nos evangelhos constitui uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida pública e privada, o principio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça e, por fim e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade esperada.
Como não estamos, ainda, em condições físicas de sair à noite, devido ao estado de saúde em que nos encontramos, pudemos ouvir  - Célia e eu -  a palestra de abertura da Semana Espírita graças à Rádio Fraternidade, a Emissora do Bem, que podemos sintonizar na internet, a qual estará transmitindo, em tempo real, as palestras e os seminários da Semana Espírita.
O som da Rádio Fraternidade parece vir de uma rádio FM local, tal a nitidez, a ausência de ruídos e a perfeição com que a palavra do orador chega à nossa casa.
Aos que não puderem comparecer ao “Nosso Lar” e a todos os que residem em outras cidades, seja no Brasil, seja no exterior, basta sintonizar a Rádio Fraternidade clicando neste link - http://www.radiofraternidade.com.br/fraternidade/
Finalizamos esta nota enviando daqui os nossos parabéns ao Guaraci pela brilhante palestra e aos amigos da Rádio Fraternidade pelo presente que nos oferece de graça,  contribuindo assim para uma maior divulgação da doutrina que abraçamos.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

Os selvagens podem alcançar o paraíso?


Um amigo nos pergunta:
Os Espíritos dos chamados selvagens também estão sujeitos à lei do progresso?
Em caso afirmativo, de que forma eles progredirão?
O assunto foi tratado por Allan Kardec em seu livro A Gênese, cap. XI, itens 32 e 33.
No tocante à primeira pergunta, a resposta é afirmativa.  
Os Espíritos dos selvagens fazem parte também da Humanidade e alcançarão um dia o nível em que se acham seus irmãos mais velhos. Trata-se de um processo lento, mas gradativo.
A resposta à segunda pergunta evidencia a importância da reencarnação, cujo princípio é uma consequência direta e necessária da lei de progresso.
Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e os tempos em que prevalecia a barbárie?
Admitindo, contudo, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que, por conseguinte, as almas dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, mas almas que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo, teremos a única explicação plausível da causa do progresso social.
É isso que acontecerá com os chamados selvagens, que, a cada encarnação, vão subindo na escala evolutiva, tanto no aspecto moral como no aspecto intelectual, para o que é importantíssimo o contato com outras culturas, contrariamente ao que alguns estudiosos têm dito.
O homem não pode progredir sozinho, vivendo apartado da sociedade. É-lhe fundamental a interação com outros indivíduos. O mesmo ocorre com os selvagens, que não teriam futuro nenhum caso a existência corpórea fosse uma só.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O médium e a crítica


Qual deve ser a posição de um médium espírita ante a crítica?
Formulada por um amigo, esta mesma questão foi examinada por Kardec numa de suas obras.
Entenda-se por crítica a análise desapaixonada, imparcial, sem segundas intenções, daquilo que se faz ou se escreve, que pode ser uma peça teatral, um poema, um romance, uma obra literária qualquer.
No caso da mediunidade, tanto a psicofônica como a psicográfica, é evidente que o primeiro crítico deve ser o próprio médium. A razão é simples. Segundo Kardec, um dos grandes escolhos da mediunidade é, como sabemos, a obsessão e a fascinação. Os médiuns podem então iludir-se de boa-fé sobre o mérito das comunicações que obtêm, e os Espíritos mentirosos têm ampla liberdade quando lidam apenas com cegos.
Por maldade ou por simples diversão, característica que encontramos nos Espíritos levianos, eles podem procurar afastar o médium de todo controle e levá-lo mesmo a tomar aversão por quem poderia esclarecê-lo. Mais tarde, com a ajuda da fascinação e do isolamento, conseguirão que ele aceite tudo o que quiserem.
Esse fato – lembra-nos o codificador do Espiritismo –  não é somente um escolho, mas um perigo; melhor dizendo: um verdadeiro perigo. O único meio de evitá-lo é o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes que, julgando as comunicações com sangue frio e imparcialidade, podem abrir-lhe os olhos e fazê-lo perceber o que ele não pode ver por si mesmo.
Se o médium teme esse julgamento, eis um sinal de que se encontra no caminho da obsessão. Se crê que a luz se faz somente para ele, eis alguém completamente sob o jugo. Se fica melindrado com a crítica, se a repele, se se irrita com ela, não existe dúvida sobre a má natureza do Espírito que o assiste.
É essa a razão pela qual, na falta de suas próprias luzes, o médium deve modestamente recorrer à dos outros, segundo estes dois provérbios bem conhecidos: "quatro olhos enxergam melhor do que dois" e "nunca se é bom juiz em causa própria".
O médium bem orientado deve, por fim, aceitar com reconhecimento e mesmo solicitar o exame crítico das comunicações que recebe, porque aí está a melhor garantia contra o envolvimento com Espíritos enganadores e o perigo da fascinação.
Lembramos ao leitor que as palavras acima são um mero resumo do que podemos ler no item 329 d´O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.


domingo, 8 de julho de 2012

Orar faz bem sempre


Uma amiga nos pergunta sobre a prece, sua importância em nossa vida e em que situações devemos utilizá-la.
A prece faz parte dos chamados recursos espirituais que nós espíritas jamais poderíamos relegar a um plano secundário.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, um Espírito que fora na Terra pastor protestante - Monod - sugere que façamos nossas preces à noite, antes de dormir, e de manhã, antes de nos levantarmos. Comentando essa recomendação, Kardec explicou na Revista Espírita que a prece diária deveria ter como modelo a Oração Dominical, que todos os cristãos conhecem, pela sua profundidade, singeleza e objetividade.
Num dos livros de Yvonne A. Pereira, o Dr. Bezerra de Menezes sugere-nos também a prece na hora das principais refeições e explica o porquê da importância dessas orações. Entre outras coisas, a prece ajuda na harmonização do ambiente e torna mais substancial o efeito dos alimentos ingeridos.
Joanna de Ângelis, que é, segundo pensamos, quem melhor tratou do tema até hoje, afirma que o ato de orar com fervor, com confiança e fé é importante por si mesmo, independentemente da resposta que a oração terá. Ao orar, explica Joanna, a pessoa se põe em contato com as forças superiores que regem a vida e com isso se vitaliza.
Pesquisas recentes na área médica vêm comprovando o valor indiscutível da prece e da religião nos processos terapêuticos e imunológicos.
Concluindo, podemos então dizer que orar faz bem sempre, não importa o lugar, mas lembremos que a prece deve ser simples, clara, objetiva e, sobretudo, um ato de humildade da criatura perante o Criador, algo que a eleve espiritualmente e propicie, assim, os efeitos apontados por Joanna de Ângelis.


sábado, 7 de julho de 2012

Viver o Cristo é conviver com o próximo


Em alentado estudo constante do livro Obras Póstumas, Kardec analisa o conhecido lema da Revolução francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”. “Estas três palavras – diz o Codificador - constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação.” (Obra citada, FEB, 26a ed., pág. 233.)
Parece-nos que a solução do estado de violência que nos assusta, em que os assaltos, os sequestros e os assassínios estão na ordem do dia, passa pela aplicação da proposta feita por Kardec no aludido estudo.
Nele, em primeiro lugar, o Codificador define o que é fraternidade, que, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros.
Fraternidade significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: «Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco.» A fraternidade é, como se vê, o oposto do egoísmo, que diz: «Cada um por si.», enquanto que ela propõe: «Um por todos e todos por um.»
Como tais valores são a negação um do outro, tão impossível é que um egoísta proceda fraternalmente para com os seus semelhantes, quanto a um avarento ser generoso.
Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o reinado da fraternidade verdadeira. Impõe-se, pois, combatê-lo com todas as nossas forças, de modo que em seu lugar possa um dia reinar absoluta a fraternidade.
Feitas tais considerações e focalizando diretamente o lema dos revolucionários franceses, Kardec conclui: “Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras.”
De fato.
A vivência cristã implica um clima de convivência social em regime de fraternidade, em que todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e problemas. Viver o Cristo é conviver com o próximo, aceitando-o tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de corrigi-lo. O verdadeiro cristão inspira seu semelhante com bondade para que ele mesmo desperte e mude de conduta de moto próprio.
Diz Joanna de Ângelis que, ao descer das Regiões Felizes ao vale das aflições para nos ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. E evocando o exemplo do Cristo, a mentora de Divaldo P. Franco recomenda (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos que tu mesmo.
Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos outros.
Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.
Se eles te enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.” 


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pílulas gramaticais – n. 12


Devemos ter um cuidado especial no uso dos vocábulos caro e barato.
Caro significa “preço elevado”.
Podemos, assim, dizer: “o pão está caro”, “aluguel caro”, “roupa cara”, “os brinquedos estão caros”. Mas jamais digamos “preço caro”.
Quando tem valor de adjetivo, caro é variável: “lugares caros”, “frutas caras”, “passeio caro”. Se a função é de advérbio, ele é invariável: “O Palmeiras vendeu caro a derrota”, “Ele vendeu caro as duas casas”, “Pagamos caro os desaforos”.
Regra semelhante aplica-se ao vocábulo barato, que é variável quando na função de adjetivo e invariável quando funciona como advérbio.
Podemos dizer então: “livro barato”, “roupa barata”, “camisas baratas”. Mas diremos: “Comprei barato estas frutas”, “Saíram barato tantos desaforos”, “João vendeu barato suas propriedades”.
E, pelo mesmo motivo mencionado com relação ao vocábulo caro, evitemos dizer “preço barato”.
Quando usarmos o vocábulo preço, digamos que ele está “baixo” ou “alto”. Aliás, é o que ocorre já há algum tempo com a gasolina e também com o álcool, cujo preço jamais esteve tão alto como nestes dias.

*

Como sabemos, a letra “x” tem, às vezes, o som de ch (xerife), de z (exame) e de ss (auxílio), podendo ainda ter o som de ks (sexo), como nos vocábulos seguintes:
1.      oximoro (mô)
2.      pólux
3.      prolixo
4.      proxeneta (nê)
5.      refluxo
6.      saxofone
7.      tóxico
8.      vexilo.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Por que Jesus é chamado de Cristo pelos espíritas?


A pergunta que dá título a este texto foi-nos proposta por um amigo.
Em primeiro lugar, é bom recordar que a palavra Cristo [do lat. Christu e gr. Christós, 'o que foi ungido'] significa messias, redentor, ungido. Nesse sentido, o nome Cristo, referindo-se a Jesus de Nazaré, foi largamente usado por Paulo de Tarso em suas cartas, por Lucas em Atos dos Apóstolos, por João Evangelista no seu Evangelho e – em quase todas as suas obras – por Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.
Eis algumas passagens em que Kardec o utilizou:
“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.” (O Livro dos Espíritos, introdução.)
“Entre os Espíritos inferiores, muitos há que são infelizes. Quaisquer que sejam as faltas que estejam expiando, seus sofrimentos constituem títulos tanto maiores à nossa comiseração, quanto é certo que ninguém pode lisonjear-se de lhe não caberem estas palavras do Cristo: ‘Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado’." (O Livro dos Médiuns, cap. XXV.)
“Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas.”(O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, item I.)
“Uma nuvem de maus Espíritos pode invadir uma localidade, e  ali se manifestar de diversas maneiras. Foi uma epidemia desse gênero que maltratou a Judeia ao tempo do Cristo; ora,  o Cristo, pela sua imensa superioridade moral, tinha sobre os demônios, ou maus Espíritos, uma superioridade moral tal que lhe bastava ordenar-lhes para se retirarem, para que eles o fizessem, e não empregava para isso nem sinais, nem fórmulas.” (Obras Póstumas, Manifestações dos Espíritos, item 60.)

*

O motivo que, com certeza, levou Kardec a usar a palavra ora examinada está relacionado à ideia de Missionário divino atribuída a Jesus, a qual aparece com clareza em inúmeras passagens das obras de Kardec.
Vejamos:
No seu comentário à resposta dada à pergunta 625 d' O Livro dos Espíritos ("Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e de modelo? R.: Vede Jesus"), o Codificador escreveu: "Jesus é para o homem o tipo da perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra. Deu no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu sobre a Terra".
Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 1, item 4), o Codificador do Espiritismo afirma que o papel de Jesus "não foi simplesmente o de um legislador moralista sem outra autoridade além da palavra". "Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado a sua vinda, e a sua autoridade provinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina."

E o mesmo ensino se lê em Obras Póstumas, págs. 136 e seguintes: "Jesus era um messias divino pelo duplo motivo de que de Deus é que tinha a sua missão e de que suas perfeições o punham em relação direta com Deus." (...)  “É o filho bem-amado de Deus, porque, tendo alcançado a perfeição, que aproxima de Deus a criatura, possui toda a confiança e toda a afeição de Deus.”  
Não existe, pois, razão nenhuma para a estranheza suscitada pela pergunta de nosso amigo.