sábado, 31 de janeiro de 2015

Atraso de pagamento


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Mal convalescia o público espírito do abalo que lhe proporcionou a notícia dos escândalos da Petrobras e de outras empresas públicas, surgia, no Distrito Federal, a notícia de que o dinheiro dos salários de professores, segurança e saúde fora retido para fazer caixa nas contas públicas federais. Para o leitor ou a leitora de outros estados, esclareço que essa verba é constitucionalmente repassada ao governo local de Brasília pela Administração Federal.
Nem bem o povo candango (nome originariamente atribuído aos operários que vieram do Nordeste para construir Brasília ou aos primeiros habitantes da Capital Federal) ruminou as primeiras informações de jogadas político-econômicas para livrar da acusação de improbidade a Administradora suprema da nação, eis que a imprensa brasileira denuncia rombos rotundos nas contas do ex-governador, aliado do Governo petista, disfarçados em tentativas de corromper o atual governador com gastos milionários destinados à sua residência oficial em Águas Claras, prontamente rechaçadas pelo nobre Rodrigo Rollemberg, atual Governador.
Cuidado, Governador, as ciladas e os amigos da onça multiplicar-se-ão em teu Governo de tal forma que, se não te apegares a Deus de toda a tua alma e de todo o teu coração, serás mais um defenestrado do cargo, como já virou moda no DF. Cerca-te de administradores e servidores que sejam altamente honestos, competentes e que não apenas finjam ser tais, para que a má fama da Capital Federal seja definitivamente separada do currículo dos políticos corruptos que para cá venham.
A coisa está cinza. Atualíssima, minha crônica de 21 de julho de 1878 prediz: "Nas Câmaras, os deputados deixarão o recinto quando se discutirem os projetos, e entrarão unicamente para votá-los [... ]". Que "Deus não permita, ao menos nestes séculos mais próximos".
Por via das dúvidas, alerto à amiga leitora e ao não menos amigo leitor para não fazerem o que o Governo Federal, os Governos estaduais e as Câmaras municipais vêm fazendo: superfaturando contratos, corrompendo aliados, enviando mares de dinheiros para o exterior e queimando oceanos de petróleo sob as nossas ventas, entre outras mil estrepolias.
 Ah, você quer imitar o que eles fazem, pois isto é Brasil? Não é não. Pelo menos agora que "nunca como antes neste país" a presidenta e seus ministros se comprometem tanto a prender corrompedores e corrompidos. Se ainda duvida, leia o singelo poema em redondilha maior que este seu amigo Machado, por intermédio da intuição a seu secretário lhes envia, intitulado:

Atraso de pagamento

Na vida tudo tem tempo
Há tempo de receber
Como há tempo de pagar,
Só não posso me esquecer...

Pois senão vou me lascar
E ainda dou mau exemplo
Se não pago meus impostos
Como o dízimo do templo...

Mas o governo, porém,
Mexe até com caixa dois...
Prende o salário do povo
Que promete pra depois...

Depois de fingir que tem
Dinheiro do proletário
E superávit em contas,
Adia o nosso salário...

Mas vai pagar com atraso
A conta de outro domínio,
Como a da luz ou do gás...
Não pagues teu condomínio

E te verás em perigo.
Apenas de uma tacada,
Ficarás sem gás em casa,
Tua luz será cortada...

A taxa de condomínio,
Nem penses em atrasá-la,
Pois terás como inimigo
O SPC ou a Serasa.

Entretanto, meu amigo
E amiga do coração,
Ao teu salário atrasado,
Nem um "p" de correção!

Despeço-me com a frase lapidar que a Excelentíssima Presidenta da República Federativa do Brasil atirou sobre um atônito e tonto país: "Brasil, pátria da educação!"

P.s.: Acaba de ser divulgado que, no exame do Enem deste ano, mais de 500.000 redações alcançaram a nota zero. Quanta imparcialidade na correção feita por esses desalmados professores. Seria tão simples aprovar esses textos; bastaria que atribuíssem um pontinho a quem soubesse escrever, pelo menos, o título da redação.
Parabéns, presidenta!...

Leia, quando puder, o blog www.jojorgeleite.blogspot.com


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Suicídio de crianças: como explicar?



Uma leitora radicada em São Paulo pede que comentemos o caso do suicídio de um menino de 11 anos, ocorrido em uma cidade de Mato Grosso do Sul. O garoto havia dito à sua mãe que se jogaria da janela do apartamento em que morava, localizado no 13º andar do seu prédio. A mãe não deu importância à conversa. Três dias depois, quando somente ele e uma irmã estavam em casa, o garoto cortou a tela protetora do cômodo onde se encontrava e se jogou pela janela.
Teria sido o suicídio induzido por algum Espírito?
É difícil responder se o ato suicida teve ou não a participação de Espíritos, embora o fato seja perfeitamente possível.
Gerson Simões Monteiro, vice-presidente da Rádio Rio de Janeiro, em artigo publicado algum tempo atrás na revista “O Consolador”, reportou-se ao caso de Hilda, uma jovem suicida que, após sua desencarnação, declarou que a influência de Espíritos obsessores havia constituído um fator importante no seu ato suicida. Eis o link que remete ao artigo: http://www.oconsolador.com.br/ano2/72/especial.html.
O depoimento da jovem Hilda foi publicado originalmente no livro Vozes do Grande Além, obra mediúnica de autoria de Espíritos Diversos, por intermédio das faculdades psicofônicas de Chico Xavier. Eis parte da mensagem transmitida por Hilda:

“Obsidiada fui eu, é verdade.
Jovem caprichosa, contrariada em meus impulsos afetivos, acariciei a ideia da fuga, menoscabando todos os favores que a Providência Divina me concedera à estrada primaveril.
Acalentei a ideia do suicídio com volúpia e, com isso, através dela, fortaleci as ligações deploráveis com os desafetos de meu passado, que falava mais alto no presente.
Esqueci-me dos generosos progenitores, a quem devia ternura; dos familiares, junto dos quais me empenhara em abençoadas dívidas de serviço; olvidei meus amigos, cuja simpatia poderia tomar por valioso escudo em minha justa defesa, e desviei-me do campo de sagradas obrigações, ignorando deliberadamente que elas, representavam os instrumentos de minha restauração espiritual.
Refletia no suicídio com a expectação de quem se encaminhava para uma porta libertadora, tentando, inutilmente, fugir de mim mesma.
E, nesse passo desacertado, todas as cadeias do meu pretérito se reconstituíram, religando-me às trevas interiores, até que numa noite de supremo infortúnio empunhei a taça fatídica que me liquidaria a existência na carne.”

Na Revista Espírita de maio de 1862, Kardec menciona o caso de Maximilien, um menino de 12 anos, cujo suicídio teria sido motivado, conforme consta do relato, por uma mulher de nome Elvire.
Elvire existiu realmente ou não passava de uma criação da mente de Maximilien?
Pela leitura do diálogo entre o Espírito de Maximilien e o evocador, Elvire realmente existiu, embora não haja registro de que ela e o garoto tenham tido algum relacionamento em existências passadas, o que, porém, nos parece bastante provável.
Segundo o Espiritismo, as pessoas que por motivos tolos se afastam, ainda que se amem, podem ficar apartadas por inúmeras encarnações, e esse distanciamento, essa impossibilidade de se unirem, constitui uma forma de expiação da falta cometida.
Em face dos dois casos ora mencionados, não se pode descartar a influência direta ou indireta de Espíritos no suicídio do menino de Mato Grosso do Sul, o qual, como todos os Espíritos que passam por igual situação, necessita muito das preces e das vibrações positivas de seus pais, colegas e amigos.



quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Pílulas gramaticais (139)



Veja e responda qual das frases abaixo está correta:
1. João pediu-me emprestado quarenta reais.
2. João pediu-me emprestados quarenta reais.
De acordo com vários estudiosos do idioma português, a segunda frase é que está correta: “João pediu-me emprestados quarenta reais”.
A explicação é que nas expressões “dar emprestado”, “pedir emprestado” e “tomar emprestado”, a palavra emprestado tem função de adjetivo e deve, por isso, concordar com o substantivo a que se refere.
Exemplos:
·  Meu patrão deu-me emprestados o carro e o laptop que estou usando.
·  Tive de pedir emprestada uma panela a minha vizinha.
·  Tomei emprestados os recursos de que precisei para concluir a obra.
·  O açúcar, o café e o pão pedimos emprestados ao vizinho.

Um leitor pergunta-nos por que cortês se escreve com “s” e lucidez se escreve com “z”.
Há uma explicação bem simples para isso.
A terminação –ês ocorre nos vocábulos derivados de substantivo:
·  Cortês (deriva-se de corte)
·  Burguês (deriva-se de burgo).
E assim se dá com os vocábulos montanhês, pequinês, francês, português etc.
A terminação –ez ocorre nos vocábulos derivados de adjetivo:
·  Lucidez (deriva-se de lúcido)
·  Rigidez (deriva-se de rígido) 
·  Frigidez (deriva-se de frígido).



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ninguém se eleva a pleno Céu sem plena quitação com a Terra


Reiniciaram-se ontem à noite os estudos que fazemos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), relativamente ao livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, o texto que foi estudado.

Questões para debate

A. Ascânio e Lucas também se submeteram, por expiação, a um desastre aviatório. Que fatos motivaram esse desastre?
B. Como se deu, da parte deles, a opção pelo desastre aviatório?
C. Nossas condições espirituais têm influência sobre a saúde do corpo físico?

Texto para leitura 

119. O caso Ascânio e Lucas - Para ilustrar melhor o tema "resgate coletivo", Druso relatou a seguinte experiência: "Há trinta anos, des­frutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos... Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraterni­dade santificante, suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não de­monstravam a necessária condição específica para o voo anelado. Total­mente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhan­tes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sem­pre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale... Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sen­tindo-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível". Druso disse então que, chamados a exame devido, técnicos do Plano Superior lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de obser­vação foram extraídas, então, do campo mnemônico, à maneira das ra­dioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, im­portantes conclusões surgiram à tona... Ascânio e Lucas possuíam, efe­tivamente, créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos suces­sivos; no entanto, quando a gradativa auscultação alcançou o século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação... "Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da operação magnética a que nos referimos – informou Druso –, reapare­ceram nas fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos co­metido, em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d'Arc. Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza  no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, em­briagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro." Nesse ponto, inquiridos se de­sejavam pros­seguir na sondagem singular, responderam negativamente, preferindo li­quidar a dívida, antes de novas imersões no passado. (Cap. 18, pp. 247 e 248) 

120. Objetivo dos resgates coletivos - Ascânio e Lucas suplicaram, assim, o retorno ao campo dos homens, no qual pagariam o débito alu­dido. Hilário, intrigado com o caso, quis saber a natureza do resgate e Druso informou: "Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo, optaram por ta­refas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram as suas vi­das. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de ha­verem so­frido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV". O diretor relatou, ainda, que os visitara várias vezes du­rante os preparativos da referida reencarnação. "Associavam-se – disse Druso – a grande comunidade de Espíritos amigos, em departa­mento específico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates co­letivos." Nem todos, evidentemente, puderam selecionar o gênero do resgate: apenas os que possuíam grandes créditos morais, como Ascânio e Lucas. "Assim é que a muitos vi – informou o diretor –, habili­tando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aero­náutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes ter­restres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria consciência, não alcançava semelhante prerroga­tiva, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutila­ção primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves." Hi­lário perguntou-lhe sobre os pais das pessoas que são imoladas ao pro­gresso ou à justiça: a dor deles é considerada pelos poderes que nos controlam a vida? "Como não? – respondeu Druso – as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito dis­tante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas." Hilário indagou se Ascânio e Lucas, após essa vitória, precisariam – para a subida aos planos mais altos – de nova consulta ao passado. Druso foi muito claro: "Caso não demonstrem a condição específica indispensável, serão nova­mente submetidos à justa auscultação para o exame e seleção de novos resgates que se façam precisos". Ficava, desse modo, evidente que nin­guém se eleva a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra. "Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores, até que se realize a suprema co­munhão dela com Deus, Nosso Pai", concluiu o diretor. (Cap. 18, pp. 249 a 251) 

121. O doente deve ser visto como um todo psicossomático - Depois de atender a obri­gações diversas, Druso concedeu a André e Hilário al­guns minutos de conversação educativa, quando realçou para os amigos a importância da renovação mental nos padrões do bem e a necessidade do es­tudo, para a assimilação do conhecimento superior, e do serviço ao próximo, para a colheita de simpatia, sem os quais todos os caminhos da evolução surgem complicados e difíceis de serem transitados. En­quanto prelecionava, fora colocada junto dele singular escultura – uma está­tua que reproduzia com perfeição o corpo humano, à qual fal­tava apenas o sopro espiritual para revelar-se viva. Notando a sur­presa dos ami­gos, o diretor da Mansão disse: "Habitualmente convidamos a atenção de nossos internados para os veículos de nossas manifes­tações, mostrando-lhes, quanto possível, a correspondência entre nos­sos estados espiri­tuais e as formas de que nos servimos. É indispen­sável compreendamos que todo mal por nós praticado conscientemente ex­pressa, de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão dessa espécie determina distúrbio ou mutilação no organismo que nos exterio­riza o modo de ser. Em todos os planos do Universo, somos espírito e manifestação, pensa­mento e forma. Eis o motivo por que, no mundo, a Medicina há de consi­derar o doente como um todo psicossomático, se quiser realmente inves­tir-se da arte de curar". Em seguida, tocando a bela escultura, Druso passou a dissertar sobre a grandiosidade da vida e sua manifestação no veículo carnal. (Cap. 19, pp. 253 e 254)


Respostas às questões propostas


A. Ascânio e Lucas também se submeteram, por expiação, a um desastre aviatório. Que fatos motivaram esse desastre?
Druso explicou que, submetendo-se eles à regressão da memória, viram algo ocorrido no século XV que lhes impôs dolorosa meditação – as cenas de ominoso delito por ambos cometido em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d'Arc. Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, em­briagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro. Chegados a esse ponto, inquiridos se de­sejavam pros­seguir na sondagem singular, responderam negativamente, preferindo li­quidar a dívida, antes de novas imersões no passado. (Ação e Reação, cap. 18, pp. 247 e 248.)

B. Como se deu, da parte deles, a opção pelo desastre aviatório?
Ascânio e Lucas suplicaram o retorno ao campo dos homens, com o objetivo de quitar o débito alu­dido. Como podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais já amealhados no mundo íntimo, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram suas vi­das, sofrendo, então, a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV. (Obra citada, cap. 18, pp. 249 a 251.)

C. Nossas condições espirituais têm influência sobre a saúde do corpo físico?
Sim. Existe íntima correspondência entre nos­sos estados espiri­tuais e as formas de que nos servimos. Segundo Druso, todo mal por nós praticado conscientemente expressa, de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão dessa espécie determina distúrbio ou mutilação no organismo que nos exterio­riza o modo de ser. Em todos os planos do Universo, somos espírito e manifestação, pensa­mento e forma. Eis o motivo por que, no mundo, a Medicina há de consi­derar o doente como um todo psicossomático, se quiser realmente investir-se da arte de curar. (Obra citada, cap. 19, pp. 253 e 254.) 



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A nobreza da reconciliação e a sabedoria de não conquistar desafetos


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Viver com quem se ama é sublime; respeitar quem ainda não se ama e tanto necessita amar é dever para o próprio progresso.
Tudo o que mais é preciso, de certa forma, também é mais difícil de se realizar; os deveres estão intrínsecos no coração, no entanto, muitas vezes, é mais cômodo adiar as ações decisivas e deixar o orgulho ditar o caminho para o sofrimento continuado.
Reconsidere, reavalie, retome, refaça, reconheça, busque a luz da felicidade sempre. A melhoria implica abandonar os vícios, os ranços que até agora somente atrapalharam, fazer de forma diferente e melhor.
Quando a humildade desperta a consciência das pendências tanto as mais antigas quanto as atuais, o coração abranda e sente vontade de se regenerar das feridas criadas pelo egoísmo, inflexibilidade, soberba, maldade, impaciência e demais paixões e sentimentos prejudiciais e imperfeitos.
É evidente que o coração distingue o que deve fazer, porém, muitas vezes, não o faz, pois se engana e continua a infeliz estrada, mas ele acertará o passo; a renovação exige esforço, entretanto, todo esforço tem a sua recompensa e isso não se pode olvidar.
Lidar com pessoas cuja relação possui uma certa resistência, de fato, não é nada fácil, mas são para essas pessoas a maior necessidade de restauração dos laços, do amansamento das palavras e da tolerância dos sentimentos.
Em inúmeras ocasiões se deverá olhar para o infinito do céu e sentir a grandeza imensurável do universo, reabastecer as energias com agradecimento e humildade, reconhecer que nasce outra vez mais a oportunidade de reconciliação com os companheiros e com o próprio eu; observação e decisão na vontade são imprescindíveis.
Quanto mais se demorar, tantas lágrimas além serão derramadas, principalmente, se se encontra na mesma caminhada que seu cobrador, devedor, desafeto... mas, antes de tudo, irmão; aproveite para reparar e aceite a reparação, se for o caso, por ele ofertada.
Algo a se atentar é que a lente do microscópio quando o espírito está encarnado, alma em vida, normalmente, valorizará as questões menos importantes como as paixões em desequilíbrio. E quando ocorre a mudança de plano, a lente do mesmo microscópio ampliará as essenciais e verdadeiras emoções que conduzem realmente o espírito à evolução. Alcançar, então, maior entendimento e sensibilidade.
Mas Deus é tão soberanamente bom com seus filhos que, a todo momento, lhes permite crescer por meio de incontáveis formas de retomada e avanço para o coerente caminho.
É produtivo e vantajoso reatar com quem se deve, pois não se sabe quando haverá outra ocasião, sem contar a ampliação de liberdade que o espírito conquista, pois tanto positivo ou não, o coração estará onde mais se mantiver conectado por meio do sentimento.
Todas as pessoas que passam pela vida de alguém têm um motivo, uma razão. E se isso é fato, tão favorável é dedicar bom e respeitoso tratamento, embora, em certos casos, isso exija ainda muito empenho.
A partir de mais compreensão adquirida sobre as leis da vida, esta se tornará mais exigente com o espírito em progresso. Tanto mais se acrescenta, mais será cobrado.... lei natural da vida. E como o discernimento faz bem. Essa luz traz a clareza de não se complicar os passos do caminho futuro; se se pode simplificar com amor é dispensável dificultar com a dor na estrada a seguir.
Se há tantos débitos antigos a liquidar, a atenção deve ser minuciosa para não engrossar ainda mais a bagagem individual do obrigatório resgate a expiar.
Sem dúvida, amar quem já se ama é extraordinário, porém, pelo menos respeitar quem ainda não se é capaz de amar, é lei divina. Que se queira enxergar a vida com a lente que normalmente se vê no mundo dos espíritos, uma lente de imagem nítida e real iluminada pelo carinho da fraternidade.
Então, faz-se primordial reconsiderar a melhora e viver em paz com quem já se criou, no passado, uma desventura e observar o pensamento em prece para não mais tanto adquirir novos débitos com irmãos da atual caminhada.
Quando há entendimento de que o Pai é o mesmo para todos e, consequentemente, todos são irmãos, muitos dos equívocos travados serão desfeitos e o desejo de renovação será avivado, pois só apreenderá a lição e se aproximará da pureza divina quem mais se esforçar para conseguir o bem puro e amoroso coração.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

As mais lindas canções que ouvi (125)



Somos iguais

Evaldo Gouveia e Jair Amorim


Acabei de saber
Que você riu de mim
E depois perguntou
Se eu vivi, se eu morri,
Já que tudo acabou.

Eu sei lá se você
Quis de fato saber,
Pelo sim, pelo não,
Abro o meu coração,
É melhor lhe dizer:

- Eu sou o mesmo que 
você deixou.
Eu vivo aqui onde 
você viveu.
Existe em mim o 
mesmo amor,
Aquele amor que nunca 
mais foi meu.

Por que viver a me 
humilhar assim?
Por que matar esta 
ilusão em mim?
Você e eu somos iguais,
Não mudamos jamais...


Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo clicando nos respectivos links:
Lanna Rodrigues e Elohim Seabra – https://www.youtube.com/watch?v=WgUIHU9CQhM

Se quiser ver a letra e ouvir a canção postada na semana passada, clique neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2015/01/as-mais-lindas-cancoes-que-ouvi-124.html



domingo, 25 de janeiro de 2015

A força corruptora do poder



A frase “o poder corrompe”, atribuída ao historiador inglês John Emerich Edward Dalberg, também conhecido como lorde Acton, é sempre invocada quando se desnudam fatos de corrupção e abuso de poder como esses que a Polícia Federal e o Ministério Público vêm investigando nos últimos meses.
A tese de que o poder tem a capacidade de corromper é interessante, mas, examinada à luz da doutrina da reencarnação, apresenta facetas que provavelmente escapem ao observador comum. Poder, riqueza, projeção social compõem a lista das chamadas provas a que o ser humano se submete em suas múltiplas existências corporais. A Terra é um mundo modesto e atrasado e, como tal, classificado pelo Espiritismo na categoria geral de planeta de provas e expiações.
Provas, como o próprio vocábulo indica, são testes, em tudo semelhantes aos testes que a criança e o jovem têm de enfrentar em sua passagem pelos bancos escolares, da pré-escola à faculdade. Como ninguém ignora, só ascende ao ensino médio quem enfrentou o fundamental e neste foi aprovado.
Constituindo uma das provas mais difíceis que se apresentam à criatura humana em sua romagem terrena, o poder pode efetivamente fascinar e levar à queda todos aqueles que não dispõem da qualificação necessária para vencê-lo.
Dá-se o mesmo com relação a todas as provas. A riqueza, por exemplo, é, dentre elas, uma das mais difíceis, como o próprio Cristo advertiu ao afirmar que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus.
Numa interessante mensagem que o leitor pode conferir no cap. II, segunda parte, do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, aquela que se chamou na Terra condessa Paula, desencarnada aos 36 anos de idade em 1851, declarou o seguinte:
“Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar no entanto uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa provas, mas, fracos para afrontar-lhes os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência.”
Após a revelação contida na mensagem, a ex-condessa Paula acrescentou:
“Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”
Do que acima expusemos, tornam-se claras duas coisas:
1ª. O poder corrompe, sim, mas apenas corrompe as criaturas imaturas que se seduzem com as benesses do cargo e se esquecem de que a vida é curta e que ninguém se encontra na Terra a passeio.
2ª. O conhecimento da doutrina da reencarnação e das leis divinas que regem a nossa vida faria um bem imenso aos nossos políticos e governantes, que então saberiam que a cada ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido contrário, ou seja, para valer-nos de conhecida frase de Jesus: “Quem matar com a espada morrerá sob a espada”.


sábado, 24 de janeiro de 2015

Para fazer bonito


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Acabamos de ler, no facebook, que "A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que escuta bonito". Discordo, pois tenho um amigo que não ouve bem e, em consequência... Trocaria, de início, o final da frase por: "é a pessoa que faz bonito".
Veja, leitor, se não fica melhor assim: "A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que faz bonito".
Escutar bonito é entender o que ouve até o fim da emissão sonora. Imagine, leitora, como seu interlocutor não ficará feliz se estiver falando, falando e você só ouvindo, escutando...
Fazer bonito, entretanto, é pôr em prática o que se lê, se vê, se escuta e se fala de bom e de útil.
É cumprir bem todos os nossos deveres e, em vez de estar sempre apenas visando direitos, realizar, antes, nossas obrigações de cidadão e cidadã com responsabilidade.
Fazer bonito é não mentir em discursos de bela aparência, mas que são como sepulcros caiados por fora e cheios de ossos podres por dentro, como já dizia o Mestre.
É ser tolerante com os erros alheios, mas não conivente com eles. É feio dizer, sem palavras: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". O honesto é dizer: "faça o que eu digo, mas principalmente o que eu faço" e, em seguida, só fazer bonito.
Fazer bonito é amar a todas as criaturas de Deus, seres humanos e animais, sem lhes exigir o que estes não nos podem dar, mas procurando auxiliá-los em sua evolução espiritual. Ninguém mais do que o Cristo exemplificou o bem como Ele. Isso está na questão número 625 d'O Livro dos Espíritos, escrito por Allan Kardec, que sempre se esforçou em escutar, ler, escrever e fazer bonito.
Fazer bonito é ter atitude e não se calar ante as injustiças sociais e abusos de autoridades, combatendo o nepotismo e o despotismo cínicos, hipocrisia de quem deseja o poder principalmente para si e benesses espúrias para seus familiares.
É se preparar para uma competição em nosso país, ainda que não a conquistemos, mas não correr o risco de ser desmoralizado por não se concentrar no principal: a competição... Esse é o fazer bonito politicamente correto. De que nos adianta arrumar nossa casa para os outros apenas se divertirem? Divirtamo-nos juntos.
Há muita gente que fala bonito e escuta bonito, mas faz muito feio, pois só faz isso por cálculo em benefício próprio. Parece político, antes das eleições, aperta a mão de todo o mundo. Eleito, porém, não está nem aí para o povo e suas necessidades.
Não devemos impor nossa ideologia a outrem e, sim, respeitar as convicções religiosas, políticas e sociais alheias sem abrir mão de nossas crenças sinceras. Por isso, fazer bonito é tratar com urbanidade e respeito a todas as pessoas, ainda que discordemos de suas ideias e independentemente de serem ou não religiosas.
Conclusão: fazer bonito é cultivar as duas principais virtudes humanas: o amor e a humildade. Amor ao bem, à verdade, a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Humildade para reconhecer que não somos melhores do que alguém, ainda que não tenha as mesmas crenças que nós, ainda que seja ateu, pois conforme diz Jesus: "Deus criou o Sol e a chuva para todos, justos e injustos" (Mateus, 5:45).
É, enfim, ser úteis à sociedade sem discriminação nenhuma. O que as pessoas fazem no cotidiano repercute mais do que suas crenças e promessas vãs.
Desse modo, retificamos nossa frase inicial, substituindo-a por esta: "a gente deve amar as pessoas incondicionalmente, mas admirar e se emocionar é para as que não somente escrevem, dizem e escutam bem, como igualmente fazem o bem desinteressado".
Isso, sim, é fazer bonito!  




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Pérolas literárias (89)



Miniaturas da Sociedade elegante

Artur Azevedo

1
Adriano Gonçalves de Macedo,
Homem de cabedais e alma sem siso,
Penetrou no seu quarto com um sorriso
Às dez horas da noite, muito a medo.

Uma carta de amante — era um segredo —
Ia abri-la, e, assim, era preciso
Que a sua esposa, dama de juízo,
Não na visse nem mesmo por brinquedo.

Dona Corália Augusta Colavida
Estaria nessa hora recolhida?
Levantou a cortina, devagar...

Mas, que tragédia após esse perigo...
Viu que a esposa beijava um seu amigo,
Sobre o divã, da sala de jantar.

2
No belo palacete do Furtado,
Palestrava a galante Mariquita
Com um pelintra afetado, assaz catita,
Bacharel delambido e enamorado.

De sobre a grande cômoda bonita,
Toma o moço um livrinho encadernado,
Revirando-o nas mãos, interessado,
Mas a jovem retoma-o, muito aflita:

- “Esse livro, Antonico, é meu breviário!”
Diz inquieta. E ele, cínico e falsário,
Arrebata-o às frágeis mãos trementes

Abriu-o. Mais o olhava e mais se ria...
Era um compêndio de pornografia,
Recamado de quadros indecentes.

3
Dom Castilho, notável latinista,
Realizara alentada conferência,
Sobre rígido assunto moralista,
Protegido dos membros da regência.

Foi um sucesso. E a esposa Ana Fulgência,
Nele via uma grande alma de artista,
Louvando-lhe a utilíssima existência
De homem probo e notável publicista.

Que primor de moral! e os companheiros
Escritores, poetas, conselheiros,
Foram levar-lhe um abraço camarada.

Numa corrida louca, esses senhores
Foram achá-lo em seus trajes menores,
No apartamento escuro da criada...


Artur Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão, a 7 de julho de 1855 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro a 22 de outubro de 1908. Diretor Geral de Contabilidade do Ministério da Viação, foi poeta, comediógrafo, jornalista e crítico. Membro e fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira de Martins Pena. Os sonetos acima foram psicografados por Chico Xavier e fazem parte do Parnaso de Além-Túmulo.



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pílulas gramaticais (138)



Existe diferença entre “tampouco” e “tão pouco”?
Sim. Tampouco é um advérbio e significa “também não”.
Exemplos:
·        Os irmãos não se davam e tampouco conversavam.
·    Não posso descrever o que passamos. Minha mulher tampouco.
·        O rapaz não a cumprimentou e tampouco olhou para ela.
·        Ela não dormiu, tampouco esteve acordada. 
Na expressão tão pouco temos o advérbio “tão” modificando a palavra “pouco”, que tanto pode ser um advérbio como um pronome indefinido.
Exemplos:
·        A criança dormiu tão pouco esta noite.
·        Estava com tão pouco tempo que nem ler e-mails podia.
·        Viver com tão pouco dinheiro era sua sina.
*
Um amigo diz que aprendeu nos tempos de escola que títulos e cargos de pessoas se escreviam com inicial maiúscula. Essa regra ainda permanece em vigor?
Sim, nos substantivos próprios, nos nomes que designam artes, ciências ou disciplinas, bem como nos nomes de altos cargos, dignidades ou postos, a regra determina grafar a palavra com a letra inicial maiúscula.
Exemplos:
Jeová, Via-Láctea, Sírius, Rua Tietê; Física, Matemática, Direito, Espiritismo, Medicina; Papa, Cardeal, Presidente da República, Ministro da Educação, Governador do Estado.