sexta-feira, 31 de maio de 2013

Animais no plano espiritual

Em carta publicada na revista “O Consolador”, o leitor Alcídio, de São Francisco de Paula-RS, discordou de uma informação publicada na mesma revista em que foi dito a uma leitora que existem animais no plano espiritual.
Segundo ele, não há nas obras da Codificação Kardequiana nem na Revista Espírita referência à existência de animais no plano espiritual, e não é prudente fiar-nos nas informações de André Luiz, porque suas obras não teriam passado pelo critério da concordância universal, estabelecido por Allan Kardec para aferição da verdade.
Lemos na questão n. 600 d´O Livro dos Espíritos:
– Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se, depois da morte, num estado de erraticidade, como a do homem? “Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.” (Grifamos.)
É bom que o leitor atente para a expressão “quase imediatamente”, que não tem o mesmo sentido de “imediatamente”. Se a alma do animal reencarnasse imediatamente, não haveria motivo para o uso do advérbio “quase”.
Perguntaram certa vez ao conhecido escritor Celso Martins: “Na questão 600 do Livro dos Espíritos, os Espíritos esclarecem que o princípio  inteligente ainda vinculado à fase animal da evolução, após a desencarnação, é classificado pelos dirigentes espirituais e aproveitado quase imediatamente, sem entrar em relação com outras criaturas. Não é um espírito errante. No entanto, dentre outros autores espirituais, André Luiz nos dá notícia da existência de animais no mundo espiritual. Como explicar esse fato? Seriam esses animais plasmados pelos espíritos, como as plantas o são, segundo descrição de alguns autores daquele plano?”
Celso respondeu: “Kardec não podia dizer tudo de uma só vez. Até porque o mundo não entenderia, como não entende até hoje temas mais simples. A meu ver, André Luiz  apenas ampliou e aprofundou os assuntos quando a humanidade teve mais elementos na psicologia animal para entender a matéria”. (A entrevista completa pode ser lida na internet clicando-se em http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-58.htm.)
O ensino espírita é, por sua natureza, progressivo e não se fundamenta somente nas comunicações, mas igualmente na observação, fato que levou o Codificador a classificar o Espiritismo como ciência de observação.
Com respeito à presença de animais no plano espiritual os relatos são muitos e feitos por pessoas idôneas e capacitadas.
Na própria Revista Espírita, no número de maio de 1865, Kardec inseriu uma carta de um correspondente radicado em Dieppe, o qual alude à manifestação da cadelinha Mika, então desencarnada, fato esse que foi percebido pelo autor do relato, por sua mulher e por uma filha que dormia no quarto ao lado.
Comentando esse caso, o confrade Fausto Fabiano da Silva escreveu que tudo poderia ser bem simples, se déssemos alguma outra causa ao som que foi ouvido. Contudo, as palavras de um Espírito sobre o ocorrido, realizada em comunicação mediúnica, em 21 de abril de 1865, pelo médium Sr. E. Vézy, publicada no mesmo número da Revista Espírita, impõe-nos um novo rumo às conclusões, visto que esse Espírito disse textualmente: “A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira...”.
Assim, a frase encontrada na questão 600 d´O Livro dos Espíritos, a respeito da alma de um animal ("Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas”) pode ser interpretada como uma tendência geral, e não como princípio absoluto e inflexível. (O texto do confrade Fausto pode ser lido na internet clicando-se em: http://www.portalespiritualista.org/artigos-revistas/949-os-animais-no-mundo-espiritual.)
Os casos relacionados com o assunto são inúmeros. Irvênia Prada cita em sua obra dois deles, um que se passou com Chico Xavier, outro com Divaldo Franco. O pesquisador espírita Ernesto Bozzano, autor do livro “A Alma nos Animais”, publicado, originalmente, em italiano, com o título Animali e manifestazioni metapsichici, em 1923, portanto, antes da série André Luiz, relata vários casos de almas de animais que foram vistas ou ouvidas por uma ou mais pessoas, valendo ressaltar que o Padre Germano, personagem principal do clássico Memórias do Padre Germano, tanto para Chico Xavier quanto para Divaldo Franco, sempre se apresentou, em espírito, acompanhado de seu cão e fiel amigo Sultão.
De igual modo, Chico Xavier, em carta enviada a Wantuil de Freitas, relatou ao então presidente da FEB o seguinte fato: "... Em 1939, o meu irmão José deixou-me um desses amigos fiéis (um cão). Chamava-se Lorde e fez-se meu companheiro, inclusive de preces, porque, à noite, postava-se junto a mim, em silêncio, ouvindo música. Em 1945, depois de longa enfermidade, veio a falecer. Mas no ultimo instante, vi o Espírito de meu irmão aproximar-se e arrebatá-lo ao corpo inerte e, durante alguns meses, quando o José, em espírito, vinha ter comigo, era sempre acompanhado por ele, que se me apresentava à visão espiritual com insignificante diferença. Atrevo-me a contar-te as minhas experiências, porque também passaste por essa dor de perder um cão leal e amigo. Geralmente, quando falamos na sobrevivência dos animais, muita gente sorri e nos endereça atitudes de piedade. Mas a vida é uma luz que se alarga para todos..." (“Testemunhos de Chico Xavier”, de Suely Caldas Schubert, pág. 283, 2ª edição.)
Verifica-se por todo o exposto que as informações contidas nas obras de André Luiz não são descrições delirantes, pois descrevem tão-somente o que em várias partes do mundo pôde ser observado, ou seja, que existem, sim, animais desencarnados no plano espiritual, embora sua reencarnação “quase imediata” constitua a regra.



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pílulas gramaticais (53)

É muito comum, no tocante à palavra rubrica, a pronúncia “rúbrica”, em vez de “rubríca”, que é a correta, por se tratar de palavra paroxítona, cujo acento tônico é, portanto, na sílaba “bri”.
Dá-se o nome de erro de prosódia a equívocos assim.
Segundo os especialistas, são palavras oxítonas, com acento, pois, na última sílaba:
  • Condor (condôr e não côndor)
  • Cateter
  • Mister (mistér)
  • Nobel (e não Nóbel)
  • Novel
  • Piloti
  • Ruim (ru-ím).
São paroxítonas, com acento, pois, na penúltima sílaba, as seguintes palavras:
  • Avaro
  • Aziago
  • Batavo
  • Barbaria
  • Ciclope
  • Circuito
  • Cupido
  • Decano
  • Gratuito
  • Fortuito
  • Maquinaria
  • Psique (psíque e não psiquê)
  • Oximoro (ocsimôro).

*

Não devemos confundir a palavra afim, que significa semelhante ou parente por afinidade, com as palavras a fim, componentes da locução “a fim de”, que significa “para”.
Exemplos:
  • Alma afim. Almas afins.
  • A nora é afim da sogra.
  • Maria acordou cedo a fim de deixar a roupa lavada.
  • Ele viajou a fim de prestar concurso na Capital.



quarta-feira, 29 de maio de 2013

O amparo cura a alma

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Quanto necessitamos de carinho... de ajuda!
Há alguns dias assisti a uma reportagem que muito me sensibilizou. A primeira parte foi sobre pessoas idosas e enfermas esquecidas por seus familiares num determinado hospital. Na outra metade da matéria, foi apresentado um conteúdo a respeito do abandono de crianças, também em hospitais, com paralisias ou deficiências, pelos próprios pais.
Mas sempre haverá um anjo para auxiliar o necessitado. E assim aconteceu.
Para os idosos, havia o cuidado, o alimento, um leito e o mais encantador: o amor puro dos que lá trabalhavam. E também recebiam as visitas de alguns voluntários que exerciam a caridade em dia e hora predeterminados para, simplesmente, ouvirem as histórias de vida daqueles fraternos anciãos do momento. Era grande a lista de espera dos amigos voluntários para este trabalho. Que bom! Existem muitos espíritos amorosos por aí. Ambas as partes se felicitavam. A ação se transforma em amor a partir do sentimento verdadeiro e desprendido.
 E para as crianças – ah, queridas – como não conheciam seus pais nem sua família, ganhavam, logo de início, padrinhos e madrinhas; como se sabe, na ausência dos pais, os padrinhos serão os amparadores, conforme a precisão do afilhado.
Muitos desses pequeninos demonstravam, com o brilho terno, todo amor pelos seus cuidadores, enfermeiros, doutores. Eles reconheciam, nesses amigos do presente, o pai e a mãe; o amigo e o parente; a força e o amparo, enfim, essas pessoas eram o que conheciam e podiam sentir.
No entanto, a vida está em cada alma; algumas destas, com chama mais brilhante e definida; outras, com um frágil contorno ainda disforme, mas predestinadas, todas, ao completo caminhar da bondade.
A reportagem chegou ao fim e a vida dos retratados anciãos e crianças, que representam um número não divulgado de tantas outras pessoas comuns e desconhecidas, certamente, continuaria amparada pela energia calorosa e fraterna do bem.
Somos instrumentos. Cabe ao coração decidir o trabalho a realizar, as flores a colher, a razão para viver.

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terça-feira, 28 de maio de 2013

A mediunidade e os seus cuidados

                                  
(Parte 2 e final) 

   Concluímos hoje à noite no “Nosso Lar”, em Londrina, o seminário “A mediunidade e os seus cuidados”, que foi desdobrado em duas partes. A parte inicial foi  apresentada na última terça-feira, dia 21 de maio.

Os tópicos tratados nesta noite foram:
V. Precauções que médiuns e experimentadores não podem negligenciar.
VI. Cuidados antes das reuniões.
VII. Cuidados depois das reuniões.

*

Eis, na sequência, a reprodução do texto que serviu de base ao seminário:

V - Precauções que médiuns e experimentadores não podem negligenciar

Os médiuns necessitam ter muita persistência, muita paciência, muita perseverança nas reuniões e nos estudos, para melhor se relacionarem com o Mundo Invisível. (Médiuns e Mediunidade, p. 75.)
É imprescindível sempre manter o grupo mediúnico em condições de harmonia e observar nas sessões o recolhimento e a pureza das intenções. (Revista Espírita de 1859, p. 195.]
Contar com uma direção segura nas experiências mediúnicas, porque a sua falta  pode tornar estéreis a boa vontade dos médiuns e as aspirações, ainda que legítimas, dos experimentadores.
Devem destacar-se os integrantes da equipe mediúnica pelo estudo, pelo esforço de melhoria moral, pela perseverança, pela humildade, pela assiduidade e pela disciplina.
É importantíssimo examinar com cuidado as comunicações recebidas, porque nem sempre as comunicações sérias são verdadeiras.  Embora sérias, podem conter inverdades.
É por isso que os Espíritos verdadeiramente superiores recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.
Tenhamos sempre em conta que certos Espíritos presunçosos ou pseudossábios procuram, valendo-se de uma linguagem elevada, incutir nos encarnados as mais falsas ideias e os sistemas mais absurdos.
As comunicações recebidas devem ser, pois, submetidas a rigoroso e severo exame da razão. (Médiuns e Mediunidade, p. 58.)
Os casos de mistificação não ocorrem à revelia dos mentores espirituais mais elevados, que, agindo assim, objetivam conduzir o médium à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo.
A mistificação traz sempre uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. (O Consolador, questão 401.)
Lembremos sempre que a médium Sra. Duret e Chico Xavier foram vítimas de mistificação muitas vezes. (Revista Espírita de 1860, p. 183, e No Mundo de Chico Xavier, p. 31.)
Ciente disso, o médium deve aceitar agradecido e até mesmo solicitar o exame crítico das comunicações que receber, atento à recomendação de Erasto: “Aquilo que é reprovado pela razão e pelo bom-senso deve ser rejeitado firmemente”.  (Revista Espírita de 1861, p. 257.)
“Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” (O Livro dos Médiuns, cap. XX, item 230.)
Importante evitar que ocorram abusos na prática mediúnica, porque isso poderá determinar o afastamento dos bons Espíritos, que podem fazê-lo nas situações seguintes:
1ª. Quando o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e desvirtuados do seu verdadeiro objetivo.
2ª. Quando o médium não aproveita nem leva em consideração as instruções e os conselhos recebidos.
3ª. Quando a interrupção dos fenômenos se impõe por necessidade do próprio médium, o que revela a benevolência do Benfeitor espiritual para com ele.
É imperioso impedir que médiuns obsidiados participem das reuniões práticas, às quais só deverão retornar depois de sua completa cura. (Cânticos do Coração, Volume II, p. 89.)
O médium deve evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos, a não ser para ali cumprirem seus deveres. (Emmanuel, p. 67.)
Fazer com que as sessões práticas sejam sempre privativas, porque elementos estranhos prejudicam o bom resultado dos trabalhos. (Médiuns e Mediunidade, p. 53.]
O conhecido escritor  Carlos Imbassahy  (À Margem do Espiritismo, p. 239) e Allan Kardec (Revue de 1861, p. 140) propõem idêntica medida.

VI – Cuidados antes das reuniões

Ter sempre em conta, na preparação para a reunião, que "a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos". ("Nos Domínios da Mediunidade", cap. 1).
Não esquecer que "toda pessoa que entra em uma reunião leva consigo Espíritos que lhe são simpáticos”. (O Livro dos Médiuns, item 330.)
A preparação para a reunião deve começar logo cedo,  cultivando-se atitude mental digna desde o momento do despertar.
Importante ingerir alimentação leve, nas horas que precedem a sessão mediúnica, porque a digestão laboriosa consome grande parcela de energia e impede a função mais clara e mais ampla do pensamento.
Lembremos: a bebida alcoólica é completamente imprópria ao componente da equipe, sobretudo no dia da sessão mediúnica.
Quanto ao fumo, à carne, ao café e aos temperos excitantes, o ideal seria a abstenção total de seu uso no dia da reunião.
É ótimo dedicar alguns minutos, nos instantes que precedem a reunião, para um momento de repouso físico e mental, após o trabalho profissional ou doméstico de cada dia.
O médium deve incluir sempre que possível, nessa preparação, leitura moralizadora e salutar, seguida de prece e meditação no próprio lar, antes de dirigir-se ao Centro espírita.
É fundamental realizar, pelo menos uma vez na semana, o culto do Evangelho em casa, porque a ele acorrem os companheiros desencarnados que estacionam no lar ou nas adjacências dele.
Também participam do culto os irmãos já desenfaixados da veste física que remanescem das tarefas de enfermagem espiritual no grupo. ("Desobsessão", cap. 70).
Necessário é ao médium integrar-se nos trabalhos de assistência aos necessitados, porque entidades sofredoras costumam acompanhar os componentes do grupo, examinando-lhes os exemplos.
Entendamos que os irmãos em revolta ou desespero não se transformam simplesmente à força de nossas palavras.
Eles são tocados principalmente pelas nossas ações, quando as nossas ações se patenteiam de acordo com os nossos ensinamentos.
Procuremos superar as dificuldades e os percalços que podem ocorrer, tais como: a chuva, a visita inesperada de alguém que chega ao nosso lar sem aviso, dificuldades de trânsito, festas familiares, aniversários e eventos semelhantes. Esses eventos podem ser postergados sem prejuízo para as pessoas.
Os mentores espirituais somente ressalvam, como impedimentos naturais: viagens inesperadas que não possam ser adiadas, moléstia grave em casa, enfermidade epidêmica, como a gripe no próprio participante, e os cuidados decorrentes da gravidez e os relativos aos períodos menstruais.
Surgindo um desses impedimentos, é importante que a pessoa se comunique, a tempo, com o dirigente da reunião, para assegurar-se a harmonia do conjunto.
Na chegada ao recinto da reunião, é preciso manter uma posição respeitosa, sem vozerio, gritos ou gargalhadas, do mesmo modo que fazemos quando vamos a um hospital.
É essencial procurar, na conversação antes da reunião, a busca da edificação comum, a pacificação do recinto, evitando-se temas contrários à dignidade da tarefa, anedotas jocosas, críticas, queixas e considerações injuriosas a quem quer que seja.
Lembremos que a pontualidade e a assiduidade, na reunião mediúnica, assumem caráter solene.
Respeitar a hora de início das tarefas, entendendo, porém, que o momento de encerramento da reunião é variável conforme as circunstâncias do trabalho.
Conveniente fechar a porta de entrada do recinto da sessão 15 minutos antes do horário da prece inicial, tempo esse que será empregado na leitura preparatória.
É importante impedir que sessão mediúnica seja aberta a curiosos e a pessoas estranhas a obra assistencial dessa natureza. (Desobsessão, cap. 18).
As recomendações relacionadas com este tópico (Cuidados antes da reunião) foram extraídas da obra “Desobsessão”, de André Luiz.

VII – Cuidados depois das reuniões

Finda a reunião mediúnica, é importante realizar a avaliação do trabalho. O conselho vem de André Luiz: "É interessante que dirigente, assessores, médiuns psicofônicos e integrantes da equipe, finda a reunião, analisem, sempre que possível, as comunicações havidas, indicando-se para exame proveitoso os pontos vulneráveis dessa ou daquela transmissão". (Desobsessão, cap. 60).
Lembremos que o objetivo desse exame é alertar os médiuns quanto a senões que precisem evitar, e os doutrinadores quanto às atitudes ou palavras inconvenientes que não devem repetir.
Fundamental cultivar bondade e otimismo na conversação após a reunião, evitando que ela descambe para qualquer expressão negativa.
Tenhamos em conta que os comentários desairosos, que destacam as deficiências e as falhas, constituem prejuízo na obra do progresso e na consolidação do bem.
Observemos, na saída dos companheiros, a mesma discrição verificada na sua chegada ao recinto, evitando-se gritos, gargalhadas, referências maliciosas e anedotas picantes.
Mantenhamos, no retorno ao lar, silêncio sobre os fenômenos e as revelações havidas na reunião mediúnica.
Importante lembrar, como diz Divaldo Franco, que os trabalhos do grupo mediúnico costumam ter sequência ao longo da noite, no período do sono de seus participantes,  o que implica dizer que o sono deve também ser precedido de uma boa preparação.

*

Na próxima terça-feira apresentaremos aqui a síntese do seminário “A obsessão e seu tratamento”, para que os leitores deste blog, caso queiram, possam acompanhar os estudos realizados.



segunda-feira, 27 de maio de 2013

As mais lindas canções que ouvi (37)


Luíza

Tom Jobim


Rua,
Espada nua,
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua.
Como flutua!
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas...
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer, Luíza.
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado,
Um aprendiz do teu amor,
Acorda, amor,
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração.

Vem cá, Luíza,
Me dá tua mão,
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza,
Dá-me tua boca
E a rosa louca...
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos,
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores,
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar, Luíza,
Luíza,
Luíza.


Clicando neste link - https://www.youtube.com/watch?v=G7kaXP6dQqs - você ouvirá esta canção na linda interpretação de Simone, com Tom Jobim ao piano.

domingo, 26 de maio de 2013

A ambição, a ganância e a crise que abala o Velho Mundo


Há uma diferença nítida no significado dos vocábulos ambição e ganância.
O dicionário Aurélio define do seguinte modo as palavras citadas:
Ambição - desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o amor-próprio (poder, glória, riqueza, posição social, etc.); desejo ardente de alcançar um objetivo de ordem superior; aspiração, anelo; aspiração relativamente ao futuro; desejo intenso.
Ganância - ambição de ganho; ganho ilícito; usura; por extensão: ambição desmedida.
O assunto vem a propósito da crise econômica que tem abalado a sociedade terrena nos últimos anos, especialmente na Europa, a qual, em se ampliando, acaba em última análise por afetar as pessoas mais pobres, vítimas diretas da falta de emprego.
As dificuldades por que passam gregos, espanhóis e portugueses são exemplo bem claro do que dizemos.
Vários analistas daqui e do exterior associaram a origem da crise atual – posta a nu anos atrás – à ganância de executivos dos grandes bancos e das pessoas em geral que viram na especulação a possibilidade de enriquecerem. A ganância estimulou investimentos sem as garantias devidas, o que levou à insolvência ou a perdas gigantescas bancos e empresas nos vários continentes da Terra.
Na análise dos especialistas procurou-se, corretamente, distinguir ganância de ambição.
Ora, a aspiração de uma vida melhor, a busca do bem-estar, o desejo de progredir nada têm de mau. A Doutrina Espírita, por exemplo, considera-os algo normal, inerente ao ser humano, que acarreta, por consequência, o progresso material da sociedade.
A ambição é, na opinião de vários economistas, o motor que move a sociedade capitalista e, nesse sentido, nenhum reparo se pode fazer a ela, cabendo-nos apenas ressalvar que o homem não é, em verdade, proprietário de nada, mas tão-somente usufrutuário de bens que um dia terá de restituir, quando do seu retorno à verdadeira vida, ocasião em que carregará consigo apenas o conhecimento adquirido, as virtudes conquistadas e nada mais.
Diferente dela é a ganância, cuja melhor definição, à vista da lição contida no Aurélio, é mesmo ambição desmedida, ou seja, ambição sem limite, ambição que não hesita em usar todo e qualquer meio para se obter uma vantagem. Não foi, pois, sem razão que a Igreja listou a cupidez – a ambição desmedida por riquezas – como um dos sete pecados capitais.
Quando o homem entender o significado da vida e o objetivo real de nossa passagem pela experiência corpórea, é evidente que situações como essas não mais existirão.
Claro que estamos distantes disso, dada a inferioridade geral que caracteriza o planeta. Mas, com certeza, esse dia chegará e as pessoas compreenderão, então, que a busca do bem-estar deve ser algo natural que não prejudique a ninguém e seja a consequência direta do nosso trabalho.

sábado, 25 de maio de 2013

Pérolas literárias (37)


Do Além

Antônio Nobre


Pudesse o nosso olhar, vagueando os ermos,
Ver através da própria soledade
A expressão luminosa da Verdade,
E da luz da Verdade não descrermos...

Preocupar-se aí, porém, quem há de
Com o problema de sermos ou não sermos,
Pois que o ardente desejo de o sabermos
É sempre o anelo falso da vaidade?

Peregrinos da dor, na dor andamos
Sem que a nossa miséria se desfaça
No escabroso caminho onde marchamos,

Seguindo a alma nos sonhos iludida,
Até que a dor unindo-se à desgraça
Descerre os véus que encobrem outra vida.


Antônio Nobre nasceu na cidade do Porto e faleceu na Foz do Douro, aos 33 anos de idade, em 18 de março de 1900. Distinguiu-se pela suavidade e melancolia do seu estro. O soneto acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Por que existem na Terra tantas misérias?


A pergunta que dá título a este texto foi formulada por um amigo.
Já vimos em ocasião anterior que os mundos dividem-se em cinco categorias e que nos chamados mundos de expiação e provas, que é a atual condição da Terra, o mal predomina.
Essa é a razão principal por que neste planeta o homem vive a braços com tantas misérias, fato que não poupa pobres nem ricos. O recente tornado que devastou duas cidades situadas na região central dos Estados Unidos é uma prova disso.
Na Terra, escreveu o Espírito de Santo Agostinho, os Espíritos em expiação são, se assim se pode dizer, seres estrangeiros, indivíduos que já viveram em outros mundos. Contudo, acrescenta ele, nem todos os Espíritos que reencarnam neste globo vêm para cá em expiação. Os povos a que chamamos selvagens são constituídos de Espíritos que apenas saíram da infância espiritual e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos intelectualmente mais adiantados.
Existem ainda no planeta grupos de indivíduos semicivilizados, formados por aqueles mesmos Espíritos em um grau um pouco mais elevado em termos de progresso. São eles, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aqui se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares.
Essas informações de Santo Agostinho, que compõem o cap. 3 do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, obra publicada inicialmente em abril de 1864, foram de certo modo confirmadas pelo autor do livro Voltei, psicografado na década de 1940 pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Segundo o livro Voltei, mais da metade dos habitantes da Terra situam-se na condição de Espíritos bárbaros ou semicivilizados, o que explica a existência de tantas mazelas no mundo em que vivemos, fato que não teria nenhuma explicação se excluíssemos da análise a tese das vidas sucessivas e a lei do progresso, dois princípios fundamentais do Espiritismo.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pílulas gramaticais (52)


Veja estas orações e escolha a correta:
a. Estamos quase dois mil anos do advento do Cristo.
  (Alternativa: Estamos a quase dois mil anos do advento do Cristo.)
b. Mamãe morreu muitos anos.  
    (Alternativa: Mamãe morreu a muitos anos.)
c. Quando o carro bateu, estávamos a cinco minutos de casa.
  (Alternativa: Quando o carro bateu, estávamos cinco minutos de casa.)
d. O soldado foi baleado a dois passos de nós.
    (Alternativa: O soldado foi baleado dois passos de nós.)
e. O título foi descontado cinco dias do seu vencimento.
  (Alternativa: O título foi descontado a cinco dias do seu vencimento.)
Observe o leitor que em todos os casos a dúvida reside em se devemos usar ou não a forma verbal “”. Embora se trate de uma dificuldade que muitas pessoas deparam, a solução é simples: usa-se a forma verbal “há” quando for possível substituí-la pela forma verbal “faz”.
“Mamãe morreu muitos anos” é o mesmo que dizer “Mamãe morreu faz muitos anos”.
Em todas as outras orações, não é possível essa substituição. Assim, o vocábulo a ser utilizado é a preposição “a”:
Estamos a quase dois mil anos do advento do Cristo.
Quando o carro bateu, estávamos a cinco minutos de casa.
O soldado foi baleado a dois passos de nós.
O título foi descontado a cinco dias do seu vencimento.

*

Toda vez que surge, como agora, um novo surto da chamada gripe A, vem à discussão uma questão interessante relacionada com o verbo “tapar”.
Devemos dizer: tapar ou tampar o nariz?
Tampar é o ato de tapar usando tampa ou algo equivalente. Podemos assim tampar panelas, buracos, garrafas, bueiros.
Tapar significa fechar, vedar, encobrir, sem necessidade de tampa. Em face disso, o certo é tapar o nariz, tapar os ouvidos, tapar a boca.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

A EVOC lança seu segundo livro


A obra, lançada nesta data, intitula-se “Fragmentos da História pela Ótica Espírita”

Foi lançado nesta quarta-feira, dia 22 de maio, mais um livro editado pela EVOC – Editora Virtual O Consolador.
Intitulado “Fragmentos da História pela Ótica Espírita”, o livro é de autoria do conhecido escritor Eurípedes Kühl, o qual se encontra, desde já, disponível para download gratuito na página da EVOC.
Publicado inicialmente em outubro de 1996 pela Editora Petit/SP, o livro a que nos referimos esgotou-se em pouco tempo e foi reeditado várias vezes, até que não mais foi publicado, salvo agora, na forma digital, em que é oferecido, sem custo nenhum, aos leitores espíritas ou simpatizantes da doutrina espírita.
A capa da edição virtual se deve à colaboração de Maria José Bergamo, integrante da equipe que coordena a Editora.
O livro ora lançado, a bordo de intensas pesquisas, faz um passeio pela História, começando pela criação do mundo e chegando à atualidade.
A seguir, com lógica e dedução “dá um pulinho” no futuro, procurando antever o que ainda vai acontecer, segundo previsões científicas.
Sobre o fim do mundo, desmistificando agouros radicais e alarmistas, registra o que consta da obra “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, além de outras consagradas obras espíritas, todas demonstrando a incomparável Sabedoria do Criador, Sua Justiça e Seu amor por toda a Criação, o que inclui todos os seres vivos.
Já se disse, mais de uma vez, que a Evolução é pássaro que voa alto, utilizando as duas asas: a sabedoria, uma; o amor, a outra.
A História expõe acontecimentos por vezes tristes, outros felizes.
Conhecê-los nos ajudará a evoluir, evitando que aqueles sejam repetidos...

*

O link que permite ao leitor acessar a EVOC – Editora Virtual O Consolador e baixar os livros por ela publicados é http://www.oconsolador.com.br/editora/evoc.htm


Entre o início e o infinito


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

O fim da tarde é sempre um frescor. É o momento em que o dia um pouco se acalma; é a conclusão de boa parte dos deveres diários; é a volta dos pássaros aos ninhos; é o retorno dos seres aos lares.
O vento sopra mais tranquilo, pois aproveitou o dia para encaminhar os sentimentos. O sol abrandou o seu calor, está mais ameno e acolhedor; a paisagem da vida está emoldurada com o acabamento da perfeição.
Neste momento, quem tanto perde é aquele que não se permitiu apreciar; aquele que, mecanicamente, andou, comeu e só trabalhou, não viveu, não se aprouve com a magnitude do infinito nem de sua beleza.
Boa tarde! Há sempre o momento para despertar... despertar para se apresentar à vida. Agora é o tempo. Hoje é o melhor dia.
Às vezes, fico, através da janela, como estou agora, admirada com a composição de uma tarde e de um final dela. Que revigorante! É o início do descanso e está próximo do amanhecer.
Se o dia foi feliz... agradecer sempre, mas se não foi expectante, ora, ora, a noite logo chega e a manhã nasce para novas oportunidades.
É assim, em qualquer etapa do dia, da vida, haverá inúmeros motivos para sua celebração. Hoje exalto o fim de tarde, momento que tanto agrada minha alma.
À vida...
Saudações, saluti, saludos, salutations, greetings, salutojn!
Ainda gostaria de compartilhar: agora mesmo, uma família de patos selvagens acabou de voar rumo ao horizonte laranja e infinito.

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terça-feira, 21 de maio de 2013

A mediunidade e os seus cuidados

    

Realizamos hoje à noite no “Nosso Lar”, em Londrina, o seminário “A mediunidade e os seus cuidados”, que foi desdobrado em duas partes. A parte final será apresentada na próxima terça-feira. 

Os tópicos tratados nesta noite foram:
I. Conceito de médium
II. Quem são os médiuns na atualidade
III. Como desenvolver ou educar a faculdade mediúnica
IV. Necessidades do médium.

*

Eis, na sequência, a reprodução do texto que serviu de base ao seminário:

I – Conceito de médium

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos.” (O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 159.)
“Médium: pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.” (L.M., cap. 32.)
Afirma Emmanuel: “A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra”. (O Consolador, questão 382.)
A faculdade mediúnica radica-se no organismo. Mencionada por Kardec, essa informação tem sido confirmada ao longo dos anos.
André Luiz descreve em sua obra o caso de Otávio que se preparou-se durante trinta anos consecutivos, para voltar à Terra em tarefa mediúnica. O objetivo de Otávio era saldar dívidas contraídas no passado. (Os Mensageiros, cap. 7, pp. 41 a 46.)

II – Quem são os médiuns na atualidade

Os médiuns, em sua generalidade, são almas que fracassaram desastradamente. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência. [Emmanuel, pp. 65 e 66.]
“Não existe médium perfeito aqui na Terra”, afirma Divaldo Franco.
“Todos somos falíveis, exceção apenas de Jesus, que foi o médium perfeito de Deus.” [Moldando o Terceiro Milênio, p. 40.]
Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho, cuja parábola é bem conhecida. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno de confiança de Jesus. Multiplicados no bem, os talentos crescem para Jesus. (O Consolador, questão 389.)
Se, porém, os talentos mediúnicos sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o médium entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação. (O Consolador, questão 389.)
No capítulo 2 do livro “Os Mensageiros” há relatos de inúmeros médiuns que fracassaram em sua tarefa e os respectivos motivos.

III - Como desenvolver ou educar a faculdade mediúnica

 A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porque nesse assunto a espontaneidade é indispensável, visto que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual. (O Consolador, questão 384.)
Ensina Léon Denis que, para colimar tal objetivo,  o homem tem de se submeter a uma complexa preparação e observar certas regras de conduta. 
É-lhe preciso, simultaneamente, a cultura da inteligência, a meditação, o recolhimento, e o desprendimento das coisas humanas.
A educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade.
Depois do conhecimento, vem a educação moral e, como consequência, o exercício e a vivência da conduta cristã. (Diretrizes de Segurança, q. 102.)
Nada se conseguirá, porém, se faltarem as principais condições, que são o trabalho e a perseverança, ao lado do estudo, do exercício, da calma e da boa vontade. (Médiuns e Mediunidade, p. 44.)
Todos os dons mediúnicos – diz Cairbar Schutel –  são suscetíveis de desenvolvimento. (Médiuns e Mediunidade, p. 44.)
O melhor meio, porém, de desenvolver a mediunidade é preparar-se moral e mentalmente para poder assumir o compromisso de se tornar médium desenvolvido. Esse preparo não pode ser rápido. (Cânticos do Coração, Volume II, p. 105.)
Se a mediunidade não se apresentar espontaneamente, é sinal de que ainda não está amadurecida o bastante para explodir. (Cânticos do Coração, Volume II, p. 105.)
A faculdade mediúnica precisa ser controlada, educada, e seu possuidor reformado em seus defeitos.  (Cânticos do Coração, Vol. II, pp. 93 e 94.)
É, pois, de bom conselho repetir aos médiuns: reeduquem-se, combatam seus vícios, inclusive os mentais, aprendam a ser bons, evangelizem-se todos os dias, sejam amigos do bons livros educativos, procurem Deus através da prece. (Cânticos do Coração, Vol. II, pp. 93 e 94.)
A evangelização do médium é a sua salvação, é o amparo celeste iluminando o seu carreiro na trilha da redenção. (Cânticos do Coração, Vol. II, p. 94.)
O médium deve estudar a Doutrina Espírita e o Evangelho, diariamente, evitando o fanatismo pelas obras mediúnicas e meditando criteriosamente sobre as clássicas. (Cânticos do Coração, Volume II, p. 109.)
O desenvolvimento da mediunidade deve ser o burilamento da criatura em si. (Chico Xavier em Goiânia, pergunta 23.)
O aperfeiçoamento do instrumento naturalmente permitirá ao Espírito manifestar-se em melhores condições. (Chico Xavier em Goiânia, pergunta 23.)
É o aprimoramento moral, adquirido à custa de bons atos, bons pensamentos e bons sentimentos, que propiciará ao médium modificar seu padrão vibratório e, com isso, sintonizar com entidades mais elevadas.

IV – Necessidades do médium

O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Frequentemente, é o personalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, os quais, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos. (O Consolador, questão 410.)
O segundo inimigo poderoso do apostolado mediúnico situa-se no próprio seio das instituições espíritas, quando o indivíduo se convenceu quanto aos fenômenos, mas não se converteu ao Evangelho pelo coração e traz para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, as suas tendências nocivas. Irônicos, acusadores, procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas. (O Consolador, questão 410.)
A primeira necessidade do médium é, pois, evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois senão pode esbarrar com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão. (O Consolador, questão 387.)
O estudo da Doutrina e o cultivo da autoevangelização devem ser para ele ininterruptos. (O Consolador, questão 409.)
O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação.  Somente assim poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada. (O Consolador, questão 392.)
O bom médium é o que simpatiza com os bons Espíritos e não recebe senão boas comunicações. (Revista Espírita de 1859, p. 3.)
Antes de cogitar da doutrinação dos outros, o médium sincero necessita compreender que é preciso a iluminação de si próprio pelo conhecimento, pelo cumprimento dos deveres mais elevados e pelo seu esforço na assimilação perfeita dos princípios doutrinários, sem jamais descuidar-se da vigilância. (O Consolador, questão 409.)
A alma exerce sobre os Espíritos uma espécie de atração, ou repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles. Os bons têm afinidade com os bons, e os maus com os maus.
Eis o que atrai os bons Espíritos: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo e o desprendimento das coisas materiais.  [L.M., item 227.]
Eis o que os repele: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. [L.M., item 227.]
De todas as disposições morais, a que maior entrada oferece aos Espíritos imperfeitos é o orgulho, que se desenvolve no médium à medida que cresce sua faculdade. (Revista Espírita de 1859, p. 36.)

*

Na próxima terça-feira apresentaremos aqui a conclusão do seminário, para que os leitores deste blog, caso queiram, possam acompanhar os estudos que fizemos.



segunda-feira, 20 de maio de 2013

As mais lindas canções que ouvi (36)


De volta pro meu aconchego

Dominguinhos e Nando Cordel


Estou de volta pro meu aconchego,
Trazendo na mala bastante saudade,
Querendo um sorriso sincero, um abraço,
Para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade...

Que bom
Poder ’tar contigo de novo,
Roçando o teu corpo e beijando você,
Pra mim tu és a estrela mais linda,
Teus olhos me prendem, fascinam,
A paz que eu gosto de ter.

É duro ficar sem você
Vez em quando,
Parece que falta um pedaço de mim,
Me alegro na hora de regressar,
Parece que vou mergulhar
Na felicidade sem fim...


Clicando neste link - http://www.youtube.com/watch?v=Lyck7UScAlQ - você ouvirá esta canção na linda interpretação de Elba Ramalho e Dominguinhos.


domingo, 19 de maio de 2013

A fé, as obras e a caridade em face do Evangelho


Um jovem pertencente às hostes evangélicas disse, maravilhado, a um amigo espírita ter aprendido com o pastor de sua igreja que, conforme ensina Tiago em sua epístola famosa, "a fé sem obras é morta", embora a admissão dessa verdade não implique diminuição da importância da fé na vida de todos nós.
Como se sabe, a carta de Tiago foi até poucos anos atrás relegada pelos cristãos a plano secundário, sobretudo depois que Lutero a chamou pejorativamente de "epístola de palha", em razão de sua "pobre doutrina dogmática". Talvez esteja nesse fato a razão pela qual as religiões protestantes em geral, incluindo aí as igrejas evangélicas, não têm dado às obras e à caridade a ênfase que elas merecem.
A receptividade do jovem evangélico à lição de Tiago e a honestidade intelectual do pastor são, pois, surpreendentes, conquanto devessem constituir a regra de conduta de todos aqueles que se valem das Escrituras para abonar o que pregam e aconselham.
Por que dizemos isto?
A resposta é simples: a epístola firmada por Tiago é, dentre todas as cartas apostólicas, a que maior e mais ampla fundamentação encontra no Novo e no Antigo Testamento, como podemos conferir nos textos bíblicos que se seguem:
Isaías, 1:16 a 1:31.
Isaías, 58:1 a 58:14.
Zacarias, 7:1 a 7:14.
Eclesiástico, 7:21 a 7:40.
Mateus, 7:21-23 e 7:24-27.
Mateus, 22:35 a 40.
Mateus, 25:31 a 46.
Lucas, 10:25 a 37.
Paulo, 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1-13, e 2ª Epístola aos Coríntios, 5:10.
Pedro, 1ª Epístola, 4:8.
Não foi, pois, sem razão que, reportando-se ao tema da caridade, a doutrina espírita firmou os quatro princípios seguintes, que devem ou deveriam nortear os passos de todo aquele que deseje fazer mais frutífera sua passagem por este globo:
  1. Não basta abster-se de praticar o mal; é preciso fazer todo o bem que esteja ao nosso alcance. (O Livro dos Espíritos, 642.)
  2. Só o bem é que assegura nossa sorte futura. (O Livro dos Espíritos, 982.)
  3. Reconhece-se o cristão por suas obras. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 18:16.)
  4. Fora da caridade não há salvação. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 15:5 e 15:10.)


sábado, 18 de maio de 2013

Pérolas literárias (36)


Ao viajor  da  vida

Artur Ragazzi


Foge à ilusão da forma que te ilude
Entre sombras e lápides terrenas
Surpreenderás, na carne, sonho apenas
De infância, mocidade e senectude...

Ri-se o berço... Depois, a juventude
É ligeira estação de horas serenas...
Depois, ainda, as lágrimas e as penas
Da velhice a chorar o inverno rude...

Que a aspereza da estrada pouco importe...
Segue, de coração piedoso e forte,
Plantando o amor na Terra vasta e rica.

Marca a esparzir o bem de escala a escala!
O bem – o dom de paz que te assinala,
Somente o bem é a luz de amor que fica.

    
Artur Ragazzi nasceu em Veneza, Itália, em 31/7/1879 e faleceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 4/11/1948. Mudou-se, ainda menino, para o Brasil, fixando-se em Ouro Preto, indo mais tarde residir em Belo Horizonte. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

O amor sempre fala mais alto


Ana nos pergunta: – Se você reencarna para ajudar outra pessoa a evoluir, mas esta não aproveita a oportunidade e você fracassa, terá você na próxima existência a mesma missão até conseguir sucesso?
Na questão 583 d´O Livro dos Espíritos, no mesmo capítulo em que é tratada a missão da paternidade, aprendemos que os pais não são considerados responsáveis pelo fracasso dos filhos quando fizeram tudo o que estava ao seu alcance para encaminhá-los na senda do bem.
É evidente que o amor sempre fala mais alto e é perfeitamente razoável admitir que aquele que ama voltará sempre a ajudar o ser que estima, ainda que não esteja a isso obrigado.
Na literatura espírita há relatos sobre dois casos de pessoas que vieram à Terra com tarefa específica de auxílio a determinada criatura – o caso Quinto Varro, que teve a permissão de ajudar seu filho Taciano, assunto central do romance “Ave, Cristo”, de Emmanuel, e o de Alcíone, que retornou especificamente para ajudar Pólux, uma história narrada no romance “Renúncia”, do mesmo autor.
Segundo o que aprendemos na Doutrina Espírita, as famílias costumam repetir no plano corpóreo as experiências vividas no passado, muitas vezes sob o mesmo título e outras sob títulos diferentes, o que implica dizer que uma mulher pode vir como mãe de uma mesma pessoa em sucessivas existências.
É o amor e a necessidade evolutiva que definem tais situações. E não é difícil entender que a repetição dessas experiências acaba fortalecendo os laços de família, dando origem assim ao que o Espiritismo chama de famílias espirituais.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pílulas gramaticais (51)


Como devemos dizer: D. Pedro abdicou da coroa ou D. Pedro abdicou a coroa?
No primeiro caso, a regência é indireta; no segundo, a regência é direta, mas ambas são corretas.
Nos textos jornalísticos devemos preferir a primeira forma:
- D. Pedro abdicou da coroa
- O presidente jamais abdicava dos seus princípios.
- A rainha já disse que não abdicará do cargo.
A segunda forma, com objeto direto, por ser menos usada, deve ser usada somente em artigos e comentários assinados:
- O rei abdicou o trono
- O deputado abdicou os seus princípios.
O verbo abdicar pode ser também intransitivo, isto é, sem complemento algum:
- O rei acaba de abdicar
- Para evitar conflitos, a rainha decidiu abdicar.

*

O verbo abolir não tem a forma correspondente à primeira pessoa do presente do indicativo, e, por conseguinte, não tem as formas do presente do subjuntivo.
Desta forma, o presente do indicativo será assim conjugado: tu aboles, ele abole, nós abolimos, vos abolis e eles abolem. Inexiste, pois, a forma eu abolo.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

O passarinho do peito amarelo ouro


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Numa árvore não muito alta nem tão vistosa, mas acolhedora, havia uma casinha de madeira, sem paredes, com ração e água para os livres pássaros, da região, poderem também se alimentar. Era um mimo para esses pequeninos, além da comida habitual fornecida pela natureza. O dono do quintal, onde estava a pequena árvore, colocara com carinho esse pouso para mais uma refeição.
Diversos pássaros vinham à casa da árvore: canário-da-terra, rolinha, sanhaço, saíra-sete-cores, sabiá-laranjeira e o sabiá-poca. Eram lindas aves. Havia os que queriam toda a comida para si ou o espaço inteiro da casinha; ainda não compreendiam que sempre haverá para todos. Talvez seja o instinto de preservação.
No entanto, um canário-da-terra do peito amarelo ouro encantava os olhos. Ele procurava organizar o andamento das visitas para que todos aproveitassem da mesma maneira esse presente. Também se alimentava, mas seus olhinhos observavam, atentamente, o desenvolvimento da casa da árvore.
Certa hora, ele percebeu que um passarinho saíra-sete-cores adulto estava com dificuldade para comer, parecia fraco para se alimentar. O canário-da-terra se aproximou e, com cuidado e leveza, pois não imaginava como o saíra poderia reagir, levou um pouquinho de quirera para o bico dessa ave mais fraquinha.
O saíra, ressabiado, observou e, bem devagar, abriu o biquinho; como um filhote frágil, recebeu o alimento doado por um companheiro de jornada.
Depois de alguns dias e mais fortalecido, o saíra-sete-cores voltou à casa da árvore, mas não para só comer. Aguardou, em um dos cantos da casa suspensa, aquele canário-da-terra que o ajudara. Logo chegou e, como de fato, estava ajudando os mais necessitados.
Então, o saíra se aproximou e, com um afago de pássaro, agradeceu ao canário-da-terra do peito amarelo ouro. Este já compreendera que quando houver a oportunidade de ajudar, é essa a decisão a ser tomada, e quando houver a necessidade de amparo, ter, assim, a humildade para recebê-lo.

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